quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Indícios de que o impeachment começou a ser combinado em 2013


Por Marcelo Fantaccini Brito

Olhando apenas superficialmente para os fatos, é possível pensar que a história do impeachment da Dilma Rousseff foi esta: logo depois da reeleição em 2014, políticos de partidos da então oposição de direita (PSDB/DEM), junto com movimentos recém-criados, como o Vem pra Rua, o Revoltados Online e o Movimento Brasil Livre começaram a campanha pelo afastamento. Já no primeiro semestre de 2015, conseguiram organizar grandes mobilizações de rua. Mas ainda assim, parecia que as associações empresariais, as grandes empresas de mídia, e os partidos conservadores da então base aliada (PMDB/PP/PSD/outros) ainda não estavam completamente fechados a favor do afastamento da Dilma. Aí no segundo semestre, o agravamento da crise econômica, a recusa da Dilma em implantar 100% do programa sugerido por empresários e a tentativa de ressuscitar a CPMF fizeram as associações empresariais, as grandes empresas de mídia e os partidos conservadores da então base aliada fecharam a favor do impeachment. O pedido escrito por Miguel Reale Jr. Hélio Bicudo e Janaína Pascoal foi acolhido por Eduardo Cunha, como retaliação ao PT por ter votado contra ele no Conselho de Ética. No início, havia até alguma dúvida se os 2/3 seriam alcançados. Mas aí a Lava Jato fechou o cerco em Lula, Delcídio e João Santana, e Dilma fez a tentativa desastrosa de nomear Lula ministro. O pedido de impeachment não foi respaldado em corrupção, mas mesmo assim estes eventos animaram ainda mais os movimentos de rua pelo impeachment. Aí o plenário da Câmara acabou votando pela abertura do processo.

Mas se observarmos algumas sutilezas, é possível pensar que já em 2013 os partidos da então oposição de direita, os partidos da então base aliada conservadora, as associações empresariais e as grandes empresas de mídia já estavam fazendo conversas sobre a possibilidade de impeachment da Dilma e apoio a um governo tampão ultraconservador de Michel Temer. Um sinal de que isto já estava ocorrendo é que a campanha presidencial de Aécio Neves em 2014 foi muito ruim. Foi uma campanha que pregou apenas para os já convertidos. O único público alvo da propaganda foi quem já tinha certeza de que votaria nele. A campanha serviu para empolgar uma forte mobilização de grande parte da classe média para causas da direita, mas não serviu para ganhar eleição. As forças de direita investiram mais na eleição para o Legislativo. Nas três eleições anteriores, que o PT ganhou com folga no Executivo, duas com Lula e uma com Dilma, foi eleita uma maioria conservadora no Legislativo. Em 2014, Dilma ganhou apertado e a maioria conservadora no Legislativo foi ainda mais folgada, superando os dois terços.

O comportamento das grandes empresas de mídia durante a campanha eleitoral de 2014 também pareceu atípico. Durante as campanhas eleitorais de 2006 e 2010, as grandes empresas de mídia fizeram boca de urna para Alckmin e Serra respectivamente. Durante a campanha de 2014, houve uma surpreendente imparcialidade. Os aeroportos nas terras dos parentes de Aécio Neves tiveram destaque razoável. Na véspera do segundo turno, Dilma e Aécio estavam bem próximos segundo as pesquisas. Por causa disso, alguns petistas chegaram a pensar que o Jornal Nacional de sábado à noite tentaria uma última bala de prata contra a Dilma. Não aconteceu. Talvez porque a opção por Michel Temer em comparação com Aécio Neves/Aloysio Nunes já havia sido feita.

Outro indício de que uma mudança de governo por via não eleitoral já estava sendo pensada foi que o jornal O Globo publicou um editorial em 2013 dizendo que o apoio ao golpe de 1964 foi um erro. Antes tarde do que nunca. Mas por que só 39 anos depois? Por que justamente naquele momento? Bom, talvez porque o jornal já estava pensando em apoiar o afastamento da Dilma através de um processo de impeachment em um eventual segundo mandato. Alguns setores da sociedade certamente criticariam o processo, fazendo analogia com o que aconteceu em 1964. É certo que um impeachment é diferente de uma quartelada. Mas as analogias são inevitáveis. Tratam-se de uma transição de um governo cuja principal base de apoio está nos sindicatos e nos movimentos sociais para um governo cuja principal base de apoio está nas associações empresariais sem a realização de eleição. Talvez o jornal O Globo fez aquele editorial em 2013 para se proteger de possíveis críticas que utilizam a analogia.  

A lei antiterrorismo foi outro indício que já estava sendo preparada uma guinada ultraconservadora no país e que este processo deveria ser protegido de manifestações populares. Foi a própria Dilma que preparou a lei antiterrorismo. Mas foi o senador Aloysio Nunes, líder do atual governo no Senado, que tornou a lei ainda mais dura. Nem o mais otimista entusiasta do afastamento da Dilma poderia imaginar que as manifestações contrárias a este processo seriam tão pequenas e inofensivas como realmente acabaram sendo. Pode ter ocorrido um preparativo maior para a repressão, esperando movimentos contestatórios bem mais fortes.

A tentativa da mídia de associar o Marcelo Freixo com os black bloc, falando que o irmão do cachorro do cunhado da sua tia tinha ligação com a Sininho. Um PT queimado seria uma oposição enfraquecida ao novo governo. Mas seria necessário ainda queimar outras possíveis forças de oposição.

Outra observação importante foi a mudança de posicionamento de formadores de opinião anti-PT sobre o PMDB, que ocorreu a partir de 2013. Até então, o discurso anti-PT vinha acompanhado de um discurso anti-PMDB, para parecer que se tratava de um discurso anticorrupção e não um discurso ideológico de direita. A partir de 2013, alguns formadores de opinião anti-PT já começaram a fazer discursos favoráveis ao PMDB. Talvez já preparando seus leitores a apoiar um futuro governo Temer. Algumas ressalvas, porém, são necessárias ser feitas sobre este indício. Talvez, formadores de opinião de direita podiam estar pensando também na necessidade de apoio do PMDB a um eventual governo Aécio. Questões locais também pesavam. Já estava evidente que o único candidato da direita para o governo do Rio de Janeiro seria o Pezão. Isto porque ou ganhava ele, ou ganhava os representantes do populismo evangélico (Crivella, Garotinho), ou os representantes da esquerda (Lindberg, Tarcísio). Em 2006 e 2010, Sérgio Cabral foi apoiado pelo lulismo e, Denise Frossard e Fernando Gabeira foram, respectivamente, os apoiados pela antiga oposição de direita. A grande aliança de partidos conservadores em torno do Pezão em 2014 foi quase idêntica à aliança de partidos do impeachment.

Mas por que as forças políticas de direita teriam feito uma opção de afastar a Dilma no meio de seu segundo mandato e apoiar o governo tampão de Michel Temer ao invés de investir na vitória de Aécio Neves em 2014? Resposta simples: por causa da curva em formato de J do aJuste. Explicando mais detalhadamente: em 2013, já era possível observar que inevitavelmente a economia brasileira teria que passar por um ajuste. A inflação já estava acima da meta e, além disso, estava reprimida, uma vez que preços de combustíveis, energia elétrica e dólar estavam represados. O superávit primário já estava se transformando em déficit primário. Mas até o final de 2014, os problemas da economia não tinham chegado às casas das pessoas comuns. O PIB estava estagnado, mas não estava em queda. O desemprego ainda estava em torno de 5%.

Qualquer governo que iniciasse em janeiro de 2015 iria fazer o ajuste, que teria início na liberação dos preços represados. Isto aumentaria a inflação, que já estava acima do centro da meta. Medidas recessivas, como o aumento da taxa de juros, seriam utilizadas para aumentar o desemprego, e, desta forma, reduzir a inflação. A redução do déficit primário seria a outra medida recessiva. Somente com a inflação na meta, a economia brasileira estaria pronta para retomar o crescimento. Ou seja, o ajuste tem um efeito na economia que lembra uma curva em formato de J: primeiro cai, para depois subir para uma situação acima da inicial.

Se o Aécio tivesse sido eleito, ele teria assumido com o PIB ainda antes da queda e com o desemprego ainda em torno dos 5%. Ou seja, ele teria assumido antes do início da descida no J. As pessoas sentiriam o desemprego e o declínio dos salários já no governo Aécio e lembrariam dos governos do PT como governos em que o emprego e a renda cresciam. A subida no J poderia ocorrer tarde demais, insuficiente para atingir a parte alta do J em 2018. Dessa forma, dificilmente Aécio seria reeleito ou elegeria um aliado. O eventual governo Aécio poderia se aproveitar do desenrolar da Lava Jato para acuar o PT, já na oposição. Por outro lado, o próprio Aécio foi citado por delatores, e isto poderia causar prejuízo a ele como presidente. O PMDB e o PP, também no epicentro da Lava Jato, seriam base aliada de Aécio e, portanto, a operação poderia causar alguma instabilidade.

Com Dilma ganhando, ela iria iniciaria o ajuste, como de fato iniciou, com Joaquim Levy e Nelson Barbosa. No curto segundo mandato da Dilma, os preços controlados foram liberados, a taxa de juros aumentou, a despesa federal foi reduzida. Como consequência, o PIB mergulhou e o desemprego aumentou bruscamente. O timing do impeachment seria o ponto mais baixo do J. Por causa do declínio até este ponto mais baixo, as pessoas sentiriam na pele a recessão, e, assim, pouquíssimas pessoas se esforçariam para salvar o governo Dilma. Aí o governo Michel Temer poderia pegar apenas a parte ascendente do J. Seus aliados nos meios de comunicação atribuiriam a subida no J exclusivamente às ações de seu governo. Seria fácil criar a seguinte narrativa: “o petê quebrou o Brasil, aí o governo PMDB/PSDB/DEM/mídia/empresários recuperou”. Esta narrativa impulsionaria uma longa hegemonia da direita na política brasileira.

Por que as forças de direita, que incluem os líderes dos partidos, as associações empresariais, os grandes grupos de mídia e os economistas da PUC-RJ e FGV-RJ querem dois anos e meio de governo Temer, e não a realização de uma eleição direta para decidir quem governa até dezembro de 2018? Muito provavelmente, se fosse realizada uma eleição presidencial direta em outubro de 2016, junto com as eleições municipais, um candidato não esquerdista seria eleito. Mas ainda assim, com o simples fato de haver disputa, o programa “Ponte para o Futuro” se tornaria inviável de ser implementado em sua totalidade. Mesmo em um segundo turno entre dois candidatos não esquerdistas como Geraldo Alckmin e Marina Silva, os dois desejariam ser um pouco mais populares na disputa. Se verifica, desta forma, as motivações antidemocráticas dos grupos que se mobilizaram pelo impeachment.

Como foi dito anteriormente, um ajuste era inevitável para qualquer governo. Mas o que o governo Temer está fazendo no momento não é ajuste, e sim uma redução de longo prazo do Estado Social, por motivação ideológica das forças que apoiam seu governo. Aproveita-se a temor justificado do aumento da dívida pública, da continuidade da crise econômica, como uma janela de oportunidade para impor um arrocho permanente, como é a PEC do teto da despesa federal por 20 anos. Nenhuma necessidade de ajuste do orçamento federal em 2016 justifica escrever na Constituição o quanto o governo gastar em 2030. Se as forças que apoiavam a derrubada de Dilma e a posse de Temer realmente estivessem preocupadas em combater o déficit orçamentário, apoiariam a retomada, ao menos temporária da CPFM, e de outros impostos, e não fariam oposição feroz a essas medidas.

O que deu errado em toda esta estratégia? Até hoje não chegamos ao ponto mais baixo do J.

Eu estou querendo defender que tenho certeza de que todo o script do impeachment já estava combinado passo a passo desde 2013? Não. Estou fazendo suposições baseadas em fatos. É perfeitamente possível que eventos de 2015 tenham acelerado o impeachment, mas que a possibilidade do impeachment tenha sido conversada já a partir de 2013.

Aliás, a possibilidade do impeachment pode ter sido pensada já em 2009, quando o PMDB definiu que só aceitaria entrar na coligação da Dilma na eleição de 2010 se o vice na chapa fosse o Michel Temer, o peemedebista mais próximo do PSDB. O PT não tinha entusiasmo por este nome, mas engoliu porque queria o tempo de televisão do PMDB. O cientista político Luís Felipe de Alencastro discutiu este risco em uma coluna escrita para a Folha ainda em 2009. Ele não mencionou explicitamente a palavra impeachment, mas deu a entender que estava falando disso.

Para concluir, é importante lembrar que 2013 foi um ano de muitas manifestações. As forças de esquerda, incluindo não apenas aquelas que faziam parte do governo Dilma, poderiam ter percebido que a água já estava batendo na bunda. Houve muitas manifestações organizadas por grupos de esquerda, mas as manifestações mais numerosas foram aquelas mobilizadas por grupos de direita. O governo Dilma e o PT já estavam sob muita contestação, e as críticas que mais mobilizavam não eram aquelas feitas por partidos ainda mais à esquerda, como o PSOL e o PSTU.

Observação: se foi legal, se foi legítimo, se foi golpe não é objeto de discussão deste texto.
Do Trincheiras

Os guias incorretos


Escrito por Hemerson Ferreira, no Correio da Cidadania, 14 de setembro de 2011

Depois de Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, um sucesso de vendas lançado pelo então desconhecido Leandro Narloch, chegou a vez de Guia Politicamente Incorreto da América Latina, do mesmo autor, agora unido ao jornalista Duda Teixeira. Provavelmente também venderá como batata em fim de feira, sobretudo depois de ser propagandeado nos programas do Jô, Faustão e Ana Maria Braga.

“Politicamente incorreto” virou termo da moda, arranjado para substituir tudo quanto é tipo de besteirol, preconceito e ignorância. Ninguém é “politicamente incorreto” ao dizer, por exemplo, que “mulher gosta de apanhar”, “judeu ou palestino tem que morrer”, “negro é tudo macaco” ou que “veado (ou bicha) merece uma bela surra”. Sem eufemismos, o nome correto para isso é machismo, anti-semitismo, racismo e homofobia, respectivamente. É o que existe de mais velho em nossa sociedade, apresentado com “sarcasmo inteligente” e como sendo novidade.

Os dois livros de Narloch e Teixeira tiveram por objetivo atacar personagens históricos que, segundo seus autores, seriam figuras “caricatas” e “desprezíveis” só que “sacralizadas” por “historiadores e professores marxistas” ao longo dos anos. “Mitos” maldosa e trapaceiramente inventados por “comunistas”, com finalidade de “doutrinar” com suas idéias nefastas estudantes inocentes e indefesos.

Confunde-se aqui teoria historiográfica com militância política. Muitos historiadores marxistas realmente foram ou são ligados a partidos políticos, social-democratas, socialistas ou comunistas, um direito de todos. Certamente existiram mais historiadores conservadores e ligados à direita que historiadores de esquerda, mas desconhecemos estudos estatísticos neste sentido.

Para alguns, a produção historiográfica teve uma finalidade muito além das questões partidárias, sendo, sim, pessoalmente, uma obrigação profissional, moral e social. Já outros certamente mais fizeram uso desta ou daquela corrente historiográfica com fins apenas carreiristas e burocráticos. Muitos nunca militaram em partido político algum, seja de esquerda, centro ou de direita, mas enfocaram suas pesquisas em conflitos sociais, influenciados ou não pelo marxismo.

Além do mais, faz algum tempo que o culturalismo, o relativismo e a verborragia “pós-moderna” roubaram a cena nas academias. As razões disso, a chamada “crise de paradigmas”, são extensas demais para serem tratadas aqui. Falar hoje em modo de produção, exploração, imperialismo, burguesia, proletários, classes, luta de classes e demais conceitos marxistas atrai olhares esnobes, de quem vê essas questões como superada e démodé.
Os “politicamente incorretos” Narloch e Teixeira reconhecem e até elogiam este “novo” cenário historiográfico, que, segundo dizem, “nos últimos 15 ou 20 anos vem produzindo” livros “bem melhores” e “menos politizados”. Os Guias politicamente Incorretos… são apresentados assim porque, a despeito de todo o esforço da “nova-história” da qual julgam fazer parte, “alguns velhos mitos esquerdistas” ainda persistem.

Zumbi dos Palmares, Antônio Conselheiro, Lampião, Luís Carlos Prestes, Simon Bolívar, Salvador Allende e Che Guevara, entre outros, são alguns nomes tratados na versão I e II dos “politicamente incorretos”. Não teríamos espaço aqui para tratar e rebater cada uma das besteiras escritas a respeito dos mesmos. A maioria delas já foi publicada há algum tempo, em outros livros mais sérios e específicos. Os Guias, portanto, não apresentam praticamente nada de novo. São apenas versões caricatas e resumidas do que já foi dito antes. Mostram assim, por exemplo, um Zumbi dos Palmares como sendo também “um senhor de escravos”.  Só não nos dizem por que trabalhadores escravizados do século 17 assim que podiam fugiam imediatamente dos engenhos escravistas alagoanos e pernambucanos para o quilombo dos Palmares, que era um refúgio de cativos e não o inverso.

As críticas a Simon Bolívar, por sua vez, visam mais atacar o atual presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que falar de História da colonização, dos processos de independência ou do liberalismo na América Latina no séc. XIX. Não tem nada de “história isenta” ali. É puro proselitismo político-ideológico, mas os “politicamente incorretos” pensam que apenas os historiadores de esquerda é que têm ideologias.

Che Guevara é novamente tratado como um “frio assassino” e “mau estrategista”. Mas seguindo matéria já apresentada pela revista Veja recentemente, acrescentam que o guerrilheiro seria também “fedorento” por “não gostar de tomar banho”. Ora, eles queriam que o argentino fizesse uma revolução nas selvas e serras cubanas levando consigo chuveiro portátil na mochila e exalando perfumes franceses.

Não existe nada mais antigo na História que atacar tais personagens latino-americanos. A própria “História da América Latina”, em si, já foi taxada como “coisa de comunista” por certa corrente mais conservadora. O profissional de história seria sinônimo de “perigoso subversivo esquerdista”. História “boa”, para essa gente, é aquela que destaca apenas datas e “homens de bem” das classes dominantes, iniciando na Grécia e terminando nos EUA.

Como lembrou o escritor Luis Fernando Veríssimo, não bastou aos assassinos matarem Zapata. Eles tinham que capturar e tentar matar também seu cavalo, que galopava sozinho pelos campos e fazia com que os camponeses pensassem que seu dono o conduzisse, mantendo vivas as suas causas.

Zapata, Zumbi, Conselheiro, Lampião, Bolívar, Prestes, Salvador Allende ou Che Guevara morreram (a maioria assassinada porque ousou lutar) e estão enterrados há muito tempo na América Latina. Entretanto, continuam sendo símbolos populares da luta contra a exploração deste continente por impérios, governos, cartéis e banqueiros estrangeiros no plano internacional, e contra uma classe de parasitas ricos, poderosos, autoritários e corruptos, dentro de cada um de seus respectivos países.

Os “espíritos” (isto é, o que simbolizam e representam os atacados pelos “politicamente incorretos”) ainda inspiram e percorrem a imaginação, os sonhos, os anseios e as necessidades reais de imensas camadas sociais pobres e exploradas na América Latina. São lendas vivas, bandeiras de liberdade e igualdade que percorrem nossos campos e cidades. É isto que incomoda os “politicamente incorretos”.

Hemerson Ferreira é mestre em História e professor municipal do Ensino Médio no estado do Rio Grande do Sul.

Do Trincheiras

Ativistas protestam contra a lesbofobia no CCBB do Rio de Janeiro

Com uma “chuva” de balões lilases amarrados a mensagens contra a LGBTfobia, dados estatísticos e citações de matérias jornalísticas, um grupo protestou hoje (4) no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro após um casal de lésbicas ter sido vítima de preconceito e intimidação na última sexta-feira (30) no local.

O ato, chamado de Lesbianizar o CCBB, foi organizado no Facebook pelo Grupo de Estudos Cênicos da Uerj, que definiu o protesto como um “evento-coletivo-manada inclusivo” para “ocuparmos o hall do CCBB com nossos corpos, porque foi exatamente assim que surgiu o caso de lesbofobia, apenas com a presença das duas pessoas no espaço”. Nenhum representante do grupo se manifestou durante o ato.
Sócias de uma empresa de fotografia especializada em famílias e casamentos fora do padrão, Renata Ferrer e Tata Barreto participaram do protesto, mas sentiram falta de mais clareza por parte da organização. Segundo Renata, o ativismo exige “colocar a cara a tapa”.

“A gente só vai mudar as coisas quando a gente mostrar a cara, dizer 'a gente está aqui e a gente existe e você vai ter que aceitar.' Enquanto aceitar que os outros coloquem a gente dentro do armário, esse armário vai existir. A gente tem que estourar esse armário, não são os outros, não são os héteros que vão bater na porta e falar 'oi, sai daí'. Somos nós que temos que falar que não vamos viver mais lá dentro e não vamos aceitar.”

Para Tata, a militância contra a homofobia precisa se unir e sair das redes socais. “As pessoas estão meio espalhadas, não estão muito unidas, eu sinto falta de coesão, sinto falta de alguém chegar aqui e falar 'eu sou da organização do evento, vamos nos encontrar em tal lugar'. Está um pouco disperso, mas está valendo, foi uma supermobilização.”

Na falta de um discurso da organização, a ativista Marília Macedo subiu numa pequena jardineira e falou sobre a violência que as pessoas LGBT sofrem cotidianamente. “Não vamos tolerar qualquer tipo de discriminação por conta da orientação sexual ou identidade de gênero, seja verbal ou violenta. Não interessa se foi violência psicológica ou física. A gente vive uma situação muito grave no Brasil hoje, os LGBTs vivem uma vida muito dura, recebemos salários muito ruins, somos os primeiros a serem demitidos, ainda mais agora com a crise econômica. A gente enfrenta violência da polícia, violência da família, porque muitos somos expulsos de casa. E num espaço público como esse, que a gente pode frequentar, não podemos tolerar esse tipo de violência.”

CCBB
Os balões foram uma iniciativa do próprio CCBB, como forma de acolher o ato contra a lesbofobia e repudiar o ocorrido na sexta-feira. O gerente-geral da instituição, Fábio Cunha, destacou que o CCBB tomou as providências assim que soube do caso.

“Na segunda-feira a gente esclareceu o caso, no primeiro dia útil, em 12 horas de trabalho, a gente apurou com as pessoas envolvidas, com quem estava no local, com câmeras, imagens de segurança, e encaminhou para a delegacia para que fosses apuradas as responsabilidades e punidos os responsáveis. Foi feito um registro de ocorrência, denunciado como caso de discriminação, está claro isso pela imagem que o agressor deixou no painel interativo, foi um visitante.”

Segundo Cunha, o CCBB é “terminantemente contra qualquer ato de discriminação” e o episódio fará a instituição reforçar o treinamento de funcionários em relação ao acolhimento de visitantes.

A costureira aposentada Iony Costa Gouveia foi ao CCBB ver uma exposição e se surpreendeu com o ato. “Fui pega de surpresa, mas com os cartazes eu entendi que era contra a homofobia. Achei legal, porque as pessoas têm direitos iguais, igual eu, que sou cadeirante, também sofro preconceito. Hoje mesmo fui pegar um ônibus e passaram quatro sem parar. É muita maldade, cada um tem que viver do jeito que quer ser e os outros têm que aceitar.”


Agência Brasil

Nações Unidas cobram medidas urgentes contra violência nas prisões do Brasil

O escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) em Genebra, na Suíça, divulgou comunicado cobrando das autoridades brasileiras uma investigação “imediata, imparcial e efetiva” dos fatos e responsabilidades que levaram a morte de 60 detentos durante as rebeliões ocorridas em unidades prisionais de Manaus nos dois primeiros dias do ano. A nota foi divulgada nesta terça-feira (3).

“O que aconteceu em Manaus não é um incidente isolado no Brasil e reflete a situação crônica dos centros de detenção no país. Portanto, nós instamos as autoridades brasileiras a tomarem medidas para prevenir essa violência e para proteger aqueles sob custódia”, diz o comunicado.

A nota também destaca que “pessoas que estão detidas sob a custódia do Estado e, portanto, as autoridades do Estado têm responsabilidade sobre o que ocorre com elas”.

A íntegra do comunicado pode ser lida no link.

Nos últimos anos, o representante do ACNUDH para América do Sul, Amerigo Incalcaterra, vem denunciando que as violações de direitos humanos são frequentes no sistema prisional brasileiro, incluindo a prática de tortura e maus-tratos, além de condições inadequadas de vida no interior das unidades.

Em 2015, o relator das Nações Unidas contra a Tortura, Juan Méndez, concluiu que a severa superlotação das prisões brasileiras leva a condições caóticas dentro das unidades prisionais e recomendou que o governo adotasse providências imediatas.

Rebeliões
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, a rebelião no Complexo Prisional Anisio Jobim (Compaj) começou no domingo (1º) por volta das 18h a partir de uma guerra interna entre duas facções, a Família do Norte (FDN) e o Primeiro Comando da Capital (PCC). A rebelião foi controlada por volta das 8h30 da terça-feira (2). Há confirmação de que pelo menos 56 detentos foram mortos durante o confronto, no maior massacre do sistema penitenciário do estado.

Segundo relatório da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) do Amazonas, 1.224 presos cumpriam pena em regime fechado no Complexo Prisional Anisio Jobim (Compaj), número 170% maior que o número de vagas, 454.

Horas antes do massacre no Compaj, houve uma fuga em massa de presos no Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat). O Ipat fica a cerca de 5 km do Compaj.
Na tarde de segunda-feira (2), outros quatro detentos foram mortos na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), na Zona Leste da capital.


Agência Brasil

População deve redobrar cuidados com o Aedes aegypti no verão

O verão cria as condições ideais de temperatura e umidade para a reprodução do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya, por isso os cuidados para combater o inseto devem ser reforçados nesta estação.

O alerta é do secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro, Luiz Antônio Teixeira Júnior. “É fundamental que todos se mobilizem, utilizando dez minutos por semana para vistoriar as próprias casas e eliminar possíveis focos [de reprodução do mosquito]. A prevenção ainda é a forma mais eficiente para se combater o vetor.”

A principal recomendação é eliminar locais de água parada, onde o mosquito deposita suas larvas. É preciso estar atento a vasos de plantas, pneus velhos, bacias e outros recipientes que possam armazenar água.

Chikungunya

O Rio de Janeiro registra casos das três doenças transmitidas pelo Aedes aegypti e em 2017 a previsão é que o número aumente, principalmente os de chikungunya. Considerado novo no país, o vírus da doença ainda não teve contato intenso com a população, o que preocupa as autoridades de saúde pela dimensão que uma eventual epidemia pode ter.

“Já tivemos a presença do tipo 1 da dengue desde 2011, logo, boa parte da população já tem imunidade contra esse vírus. Em 2015 e 2016, tivemos a circulação intensa do vírus Zika, fazendo com que uma parte significativa das pessoas tenha sido exposta a ele. Portanto, a chikungunya é a doença que mais nos preocupa neste verão”, explicou o subsecretário estadual de Vigilância em Saúde, Alexandre Chieppe,

A chikungunya é uma doença parecida com a dengue, mas costuma provocar febre bastante elevada de início súbito, acompanhada de fortes dores nas articulações. A doença costuma ter duas ondas: a primeira é a fase aguda da febre, dor no corpo e dor na articulação; na segunda onda, o paciente pode desenvolver sinais e sintomas por meses ou até anos. A doença pode causar uma incapacidade funcional durante semanas ou meses.


Agência Brasil

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

O que é Epilepsia


Definição

É uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Se ficarem restritos, a crise será chamada parcial; se envolverem os dois hemisférios cerebrais, generalizada. Por isso, algumas pessoas podem ter sintomas mais ou menos evidentes de epilepsia, não significando que o problema tenha menos importância se a crise for menos aparente.

Sintomas

Em crises de ausência, a pessoa apenas apresenta-se “desligada” por alguns instantes, podendo retomar o que estava fazendo em seguida. Em crises parciais simples, o paciente experimenta sensações estranhas, como distorções de percepção ou movimentos descontrolados de uma parte do corpo. Ele pode sentir um medo repentino, um desconforto no estômago, ver ou ouvir de maneira diferente. Se, além disso, perder a consciência, a crise será chamada de parcial complexa. Depois do episódio, enquanto se recupera, a pessoa pode sentir-se confusa e ter déficits de memória. Tranquilize-a e leve-a para casa se achar necessário. Em crises tônico-clônicas, o paciente primeiro perde a consciência e cai, ficando com o corpo rígido; depois, as extremidades do corpo tremem e contraem-se. Existem, ainda, vários outros tipos de crises. Quando elas duram mais de 30 minutos sem que a pessoa recupere a consciência, são perigosas, podendo prejudicar as funções cerebrais.

Causas

Muitas vezes, a causa é desconhecida, mas pode ter origem em ferimentos sofridos na cabeça, recentemente ou não. Traumas na hora do parto, abusos de álcool e drogas, tumores e outras doenças neurológicas também facilitam o aparecimento da epilepsia.

Diagnóstico

Exames como eletroencefalograma (EEG) e neuroimagem são ferramentas que auxiliam no diagnóstico. O histórico clínico do paciente, porém, é muito importante, já que exames normais não excluem a possibilidade de a pessoa ser epiléptica. Se o paciente não se lembra das crises, a pessoa que as presencia torna-se uma testemunha útil na investigação do tipo de epilepsia em questão e, consequentemente, na busca do tratamento adequado.

Cura

Em geral, se a pessoa passa anos sem ter crises e sem medicação, pode ser considerada curada. O principal, entretanto, é procurar auxílio o quanto antes, a fim de receber o tratamento adequado. Foi-se o tempo que epilepsia era sinônimo de Gardenal, apesar de tal medicação ainda ser utilizada em certos pacientes. As drogas antiepilépticas são eficazes na maioria dos casos, e os efeitos colaterais têm sido diminuídos. Muitas pessoas que têm epilepsia levam vida normal, inclusive destacando-se na sua carreira profissional.

Outros Tratamentos

Existe uma dieta especial, hipercalórica, rica em lipídios, que é utilizada geralmente em crianças e deve ser muito bem orientada por um profissional competente. Em determinados casos, a cirurgia é uma alternativa.

Recomendações

Não ingerir bebidas alcoólicas, não passar noites em claro, ter uma dieta balanceada, evitar uma vida estressada demais.

Crises

Se a crise durar menos de 5 minutos e você souber que a pessoa é epiléptica, não é necessário chamar um médico. Acomode-a, afrouxe suas roupas (gravatas, botões apertados), coloque um travesseiro sob sua cabeça e espere o episódio passar. Mulheres grávidas e diabéticos merecem maiores cuidados. Depois da crise, lembre-se que a pessoa pode ficar confusa: acalme-a ou leve-a para casa.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Secretário confirma pelo menos 60 mortes durante rebelião em presídio de Manaus


O secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, confirmou que pelo menos 60 presos que cumpriam pena no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus (AM), foram mortos durante a rebelião que começou no início da tarde desse domingo (1º) e chegou ao fim na manhã de hoje (2), após mais de 17 horas de duração.

Fontes também confirmou que a chacina é resultado da rivalidade entre duas organizações criminosas que disputam o controle de atividades ilícitas na região amazônica: a Família do Norte (FDN) e o Primeiro Comando da Capital (PCC). Aliada ao Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, a FDN domina o tráfico de drogas e o interior das unidades prisionais do Amazonas. Desde o segundo semestre de 2015, líderes da facção criminosa amazonense vêm sendo apontados como os principais suspeitos pela morte de integrantes do PCC, grupo que surgiu em São Paulo, mas já está presente em quase todas as unidades da federação.

Segundo o secretário de Segurança Pública, o estado, sozinho, não tem condições de controlar uma situação como essa. A rebelião começou no início da tarde desse domingo (1º). Agentes penitenciários da empresa terceirizada Umanizzare e 74 presos foram feitos reféns. Parte desses detentos foram assassinados e ao menos seis apenados foram decapitados. Corpos foram arremessados por sobre os muros do complexo.

As autoridades estaduais ainda não sabem ao certo quantos presos conseguiram fugir do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus. Poucas horas antes do início da rebelião no Compaj, dezenas de detentos tinham conseguido escapar de outra unidade prisional de Manaus, o Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat). O próprio secretário chegou a afirmar a jornalistas que a fuga do Ipat pode ter servido como “cortina de fumaça” para acobertar a ação no Compaj.

Segundo Fontes, as forças de segurança optaram por não entrar no Compaj por considerar que as consequências seriam imprevisíveis. “[A rebelião] Foi gerida com negociação e com respeito aos direitos humanos”, disse Fontes, garantindo que os líderes da rebelião serão identificados e responderão pelas mortes e outros crimes.

Em nota, o Ministério da Justiça informou que o ministro Alexandre de Moraes esteve em contato com o governador do Amazonas, José Melo de Oliveira, durante todo o tempo. Ainda segundo o ministério, o governo estadual deve utilizar parte dos R$ 44,7 milhões de repasse que o Fundo Penitenciário do Amazonas recebeu do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) na última quinta-feira (29) para reparar os estragos na unidade.


Da Agencia Brasil

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Ao longo destes cinco anos de blog Gilmar Mendes foi pródigo em aparições intrincadas


Das participações intrincadas do ministro podemos citar as duas que mais chamam a atenção, que foram os dois pedidos de impeachment contra o jurista. Não por acaso um pedido foi arquivado por José Sarney e o último como sabemos e por motivos assemelhados, foi arquivado pelo senador Renan Calheiros.

2011

2012

2013

 2014

 2015

2016

STF recebe recurso contra arquivamento de impeachment de Gilmar Mendes


Agência Brasil

O ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar derrubar a decisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que arquivou pedido de abertura de impeachment doministro Gilmar Mendes. O mandado de segurança é relatado pelo ministro Edson Fachin.

Leia também:

A Constituição Federal determina que um pedido de impeachment de um ministro do STF deve ser analisado pelo Senado. O pedido foi feito por um grupo de juristas em setembro. De acordo com o ex-procurador, o arquivamento é ilegal. Para Fonteles, a decisão final deveria ser da Mesa da Casa. Além disso, o ex-procurador entende que o presidente do Senado é "suspeito" para analisar o caso porque Mendes votou contra o recebimento da denúncia em que o senador virou réu na Corte pelo crime de peculato.

"Renan Calheiros, que se fez juiz monocrático para repelir a denúncia contra Gilmar Mendes, por crimes de responsabilidade, teve, a seu favor, o voto do ministro Gilmar Mendes para, igualmente, rejeitar a denúncia contra si ajuizada pelo Procurador-Geral da República", sustenta Fonteles.

Ao decidir pelo arquivamento, o presidente do Senado entendeu que a denúncia baseou-se exclusivamente em matérias jornalísticas, declarações e transcrições de votos. Ele considerou "insubsistente" o conjunto de provas presente nos autos, sem vislumbrar, na sua opinião, a incompatibilidade dos atos do ministro com a honra ou o decoro, nem que outros elementos configurem crimes de responsabilidade.


Após o pedido de impeachment ser protocolado no Senado, Gilmar Mendes criticou os autores das ações  e disse que tratava-se de "um consórcio de famosos quem, daqueles que já foram e daqueles que nunca serão" e disse que a ação "era até engraçada".

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Polícia alemã 'não tem certeza' de que paquistanês preso seja autor de ataque

Agência France-Presse

A polícia de Berlim ainda não tem certeza de que o único detido pelo atentado de segunda-feira (19) contra uma feira de Natal, um requerente de asilo paquistanês, seja realmente o autor do ataque. As informações foram divulgadas hoje (20) pela Agência France-Presse (AFP).

"Na verdade, não é certo que se trate do motorista", disse o chefe da polícia, Klaus Kandt, sugerindo que o verdadeiro responsável poderia estar foragido. "O suspeito nega os fato", tuitou paralelamente a polícia, pedindo que a população permaneça vigilante.

A tragédia, que a chanceler alemã Angela Merkel classificou de "atentado terrorista" e que fez 12 mortos e 48 feridos, traumatizando o país e aumentando a polêmica sobre sua política de imigração, lembra, pelas circunstâncias, o ataque com um caminhão no dia 14 de julho na cidade costeira francesa de Nice. Na ocasião, 86 pessoas foram mortas.

O suspeito é, a priori (à primeira vista), paquistanês. Ele chegou à Alemanha, em Saint Sylvestre, em 31 de dezembro de 2015, e foi registrado antes de ir para Berlim em fevereiro", havia afirmado durante a tarde o ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière.

"Ele nega o crime. A investigação continua", disse o ministro, ao lembrar que o ataque ainda não foi reivindicado. No entanto, uma fonte da polícia de Berlim assegurou ao jornal Die Welt: "Temos o homem errado". "O verdadeiro autor do ataque ainda está foragido e armado e pode causar mais danos", acrescentou a fonte.

Segundo a polícia, uma testemunha do atentado teria ajudado na prisão do suspeito paquistanês perto de um parque. O homem teria corrido cerca de 2 quilômetros atrás do suposto autor do ataque, mantendo deste uma distância segura. Durante a perseguição, ele manteve contato por telefone com a polícia, indicando a localização do suspeito até a avenida que leva ao Portão de Brandeburgo.

Enquanto a investigação foi confiada à Procuradoria de Combate ao Terrorismo, a polícia fez buscas nesta terça-feira em um dos principais centros de refugiados de Berlim, no antigo aeroporto de Tempelhof, informaram vários meios de comunicação alemães.

Angela Merkel
Antes de surgirem as dúvidas da polícia, a chanceler Angela Merkel afirmou que, para os alemães, "será particularmente difícil suportar se for confirmado que esse ato foi cometido por uma pessoa que pediu proteção e asilo na Alemanha".

Logo após o ataque, a chanceler recebeu uma enxurrada de críticas sobre sua política de imigração generosa.

"Estes são os mortos de Merkel", denunciou em sua conta no Twitter um dos líderes do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AFD), Marcus Pretzell. "A Alemanha não é mais segura" face "ao terrorismo do Islã radical", acrescentou outro membro da AFD, Frauke Petry, questionando a decisão da chanceler de abrir as portas do país em 2015 para quase 900 mil refugiados que fugiam de conflitos e da pobreza, originários principalmente do mundo muçulmano. Aproximadamente 300 mil chegaram ao país neste ano.

A tragédia ocorreu perto da Igreja Memorial, monumento da capital alemã cujo campanário foi destruído pelos bombardeios na segunda guerra mundial. O caminhão foi retirado do local na manhã desta terça-feira.

"Eu só vi este enorme caminhão preto que cruzou o mercado e atropelou muitas pessoas. Então, todas as luzes se apagaram e tudo estava destruído", relatou uma turista australiana, Trisha O'Neill. "Havia sangue e corpos por toda parte", incluindo de crianças e idosos, acrescentou.

"Nós vimos pessoas sendo transportadas em ambulâncias, uma e outra vez, e parecia não ter fim", declarou outra turista, Sabrina Glinz, ao canal britânico Sky News.

O balanço preliminar do drama era de pelo menos 12 mortos e 48 pessoas hospitalizadas, algumas em estado crítico. Nenhuma indicação foi dada sobre a identidade das vítimas. Um deles, encontrado na cabine do caminhão, foi "morto com um tiro", e poderia ser o verdadeiro motorista do caminhão que teria sido roubado pelo atacante, informou um porta-voz do Ministério regional do Interior.
Reações

As reações de solidariedade se multiplicaram, da França aos Estados Unidos, enquanto a Europa tem sido alvo frequente de ataques reivindicados por grupos extremistas islâmicos.

O presidente russo, Vladimir Putin, se disse "chocado" com a "brutalidade e o cinismo" do ataque.

O uso de veículos, especialmente caminhões, para atropelar multidões de "infiéis" e fazer o máximo possível de vítimas é uma tática defendida pelos grupos extremistas.

A Alemanha havia sido até agora poupada de ataques de grande magnitude, mas vários incidentes  foram recentemente cometidos por indivíduos isolados.


O Estado Islâmico reivindicou dois ataques em julho, que deixaram vários feridos, um com bomba e outro com uma faca, cometidos por um sírio de 27 anos e por um requerente de asilo de 17 anos, provavelmente afegão.

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