O ministro
Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse hoje (21) que a corte
precisa retomar o debate relativo à doação de empresas a campanhas políticas. A
decisão sobre a proibição do financiamento privado ocorreu dia 17 de
setembro, mas, segundo o ministro, ainda é preciso definir a vigência da
decisão.
No
encerramento do julgamento, o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski,
informou que proibição valeria a partir de 2016. Hoje, após uma audiência
pública no tribunal, Mendes explicou que a decisão da vigência deve passar por
votação.
“Pelo que
entendi do que está proclamado, quer dizer que a decisão tem efeito para o
futuro. Para isso, precisamos de oito votos se quisermos seguir o que está escrito
na lei.”
Mendes
acrescentou que, caso não haja a votação sobre a vigência, a proibição teria
valor retroativo e “todas as eleições realizadas no Brasil são nulas”. “Por
isso, é importante que haja segurança jurídica nesse tema. A questão terá de
ser aberta em algum momento para esclarecer”, acrescentou.
O fim do
financiamento privado recebeu votos do relator, ministro Luiz Fux, e dos
ministros Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Joaquim Barbosa (aposentado),
Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski, Rosa Weber e Carmen Lúcia. Teori Zavascki,
Gilmar Mendes e Celso de Mello votaram a favor das doações de empresas. Edson
Fachin não votou, porque substituiu Barbosa.
Eduardo
Cunha
Mais cedo, o
presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), havia informado que o
Supremo criou um problema, porque não deliberou sobre a data de validade para a
decisão relativa ao impedimento do financiamento empresarial de campanhas
políticas.
“Efetivamente,
estamos com um problema grave. O STF tinha de ter modulado e não tinha quórum
para modular. Vale a partir de quando? Tem de se modular. Tem de se esclarecer
esse episódio”, afirmou.
Segundo o
presidente da Câmara, que defende o financiamento empresarial, a decisão do STF
não tem acordão publicado e nem transitou em julgado. “Estamos tentando ver o
que pode ser feito. Uma questão de ordem ou algo do gênero tem de esclarecer
isso”.
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