Agência Brasil
Um grupo de juristas e
representantes da sociedade civil apresentou hoje (13) no Senado um pedido de impeachment do
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Os autores são os
juristas Celso Antônio Bandeira de Mello, Fábio Konder Comparato, Sérgio
Sérvulo da Cunha e Álvaro Augusto Ribeiro da Costa; a ativista de direitos
humanos Eny Raymundo Moreira; e o ex-deputado e ex-presidente do PSB, Roberto
Amaral.
No pedido, o grupo
acusa o ministro de adotar “comportamento
partidário”, mostrando-se leniente com relação a casos de interesse do PSDB
e “extremamente rigoroso” no
julgamento de casos de interesse do PT e de seus filiados, “nomeadamente o ex-presidentes Luiz Inácio
Lula da Silva e Dilma Rousseff, não escondendo sua simpatia por aqueles e sua
ojeriza por estes”.
Para os autores, o
ministro tem ofendido a Constituição, a Lei Orgânica da Magistratura e o Código
de Ética da Magistratura ao não atuar com imparcialidade e conceder frequentes
entrevistas nas quais antecipa seus votos e discute o mérito de questões sob
julgamento do STF. Além disso, eles acusam Mendes de atuar de maneira
desrespeitosa também durante julgamentos e utilizar o cargo a favor dos
interesses do grupo político que defende.
“O partidarismo do ministro denunciado chegou a extremos constrangedores
quando do julgamento, pelo STF, da ADI 4.650-DF, interposta pelo Conselho
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil para arguir a inconstitucionalidade
das disposições legais que permitiam, nas eleições para cargos públicos, o
financiamento por empresas privadas. Com a votação, a ADI praticamente
decidida, o ministro requereu vistas dos autos [com o único objetivo, como
ficou patente, de impedir a conclusão do julgamento] e com ele permaneceu
durante longos 18 meses, frustrando a ação do STF”, cita o documento.
O pedido de impeachment cita
outros exemplos de situações em que o ministro teria faltado com o decoro e
agido partidariamente, como quando fez “graves
acusações à Procuradoria-Geral da República e aos procuradores de um modo geral”
em razão de vazamentos de delações premiadas. E ainda quando criticou a Lei da
Ficha Limpa, acusando seus autores de “bêbados”.
Na opinião dos
autores, o ministro tenta atuar como legislador ao sugerir e reclamar mudanças
na legislação eleitoral, na condição de presidente do Tribunal Superior
Eleitoral, criticando leis que “lhe
cumpre aplicar”.
Testemunhas
A peça arrola como
testemunhas o escritor Fernando Morais, a historiadora Isabel Lustosa, o
jornalista e escritor José Carlos de Assis, o ex-deputado Aldo Arantes e o
historiador e professor universitário Lincoln Penna e designa o ex-presidente
da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcelo Lavenere, como advogado para
acompanhar o processo no Senado Federal.
Como em outros casos,
o pedido de impeachment segue para apreciação inicial do presidente
do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele pode acatar, dando prosseguimento
para que o Senado avalie a admissibilidade ou determinar o arquivamento da
peça. Renan já recebeu pedido de impedimento de outros ministros do STF e do
procurador-geral da República, e determinou o arquivamento de todos.
De acordo com o Artigo
52 da Constituição, o Senado é responsável pelo julgamento, entre outras
autoridades, os ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do
Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o
Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de
responsabilidade.
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