Mostrando postagens com marcador SAÚDE. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador SAÚDE. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Proposta do governo limita desconto no Fies para médicos e professores

A medida provisória (MP) que prevê mudanças no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) propõe um limite para o abatimento que os estudantes podem fazer no pagamento ao trabalhar nas redes públicas de saúde e educação. Atualmente, os estudantes que financiarem seus estudos com o Fies e, depois de formados, exercerem as profissões de médico integrante de equipe de Saúde da Família e de professor da educação básica podem abater 1% do saldo devedor por mês trabalhado.

De acordo com o texto da MP 785/2017, esse abatimento passará a ser limitado a 50% do valor do financiamento. "Hoje, o estudante pode descontar 1% ao mês, ou seja, se trabalhar 100 meses na rede pública de educação ou na saúde, teoricamente não precisaria pagar o financiamento. E existe uma limitação na medida provisória de que seria de até 50%", explica  o relator da MP no Congresso Nacional, deputado Alexandre Canziani (PTB-PR).

Segundo ele, essa questão pode ser revista na MP. “Realmente, houve uma diminuição, e vamos avaliar. Estamos avaliando qual o impacto financeiro, o que isso representa”, disse. O relatório final deve ser apresentado até o início de outubro.

A MP está em vigor desde julho, mas deve ser aprovada pelo Congresso, podendo sofrer alterações.

O assunto foi abordado nessa terça-feira (5), em audiência pública da Comissão Mista que analisa a Medida Provisória 785/2017. A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) propôs que a questão seja alterada na MP. “Vamos corrigir isso, nós temos um compromisso com a educação deste país, sabemos inclusive o apagão que temos na necessidade de profissionais no magistério da educação básica". Para o deputado Átila Lira (PSB-PI), esse incentivo à saúde e ao ensino tem que ser mantido”.

O Ministério da Educação informou que o processo ainda está em tramitação no Congresso Nacional para ser discutido e pode sofrer alterações. “O MEC está acompanhando a discussão e terá posicionamento após a aprovação da MP”, disse a pasta, por meio de sua assessoria de imprensa.

A comissão ainda vai fazer mais duas audiências públicas para debater a MP. A próxima será no dia 13 de setembro, com gestores dos fundos e do sistema financeiro e a última no dia 20, com representantes do governo.

Outras mudanças
Durante a audiência pública, a diretora de Relações Institucionais da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bruna Brelaz, criticou o fato de a MP ter acabado com o prazo de carência de 18 meses para iniciar o pagamento do financiamento. Para ela, a redução da carência é contraditória com o atual período de crise econômica.

“O estudante precisa estruturar sua vida profissional após o termino da graduação. Hoje, sabemos que o estudante sai da universidade e não consegue emprego nos primeiros meses”, disse. Segundo a MP, o aluno começará a pagar as prestações respeitando a sua capacidade de renda com parcelas de, no máximo, 10% de sua renda mensal.

Canziani afirmou que o período de carência pode aumentar o valor final a ser pago pelo financiamento. “Será que não é mais correto e mais justo deixarmos claro que se a pessoa não tem renda. ela não paga, mas a partir do momento em que estiver no mercado de trabalho, por que ela não pode começar a pagar o financiamento? O Fies tem que ser retroalimentado, para possibilitar outros financiamentos”, disse o deputado.

A senadora Fátima Bezerra propôs aumentar o número de vagas oferecidas por meio do Fies com recursos públicos. “O Fies não é uma política bancária qualquer. É uma política publica de inclusão social para promover o acesso dos jovens pobres à universidade”, disse.

A partir do ano que vem, devem ser oferecidos três tipos de financiamento, sendo que 100 mil vagas serão ofertadas com recursos públicos, que terão juro zero e serão voltadas para os estudantes que tiverem renda per capita mensal familiar de três salários mínimos. As outras duas modalidades serão com recursos dos fundos constitucionais regionais e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Canziani lembrou que o Fies é um programa importante para a juventude, mas é preciso considerar que o país passa por uma crise financeira. “É lógico que eu quero dar mais vagas, mas será que temos dinheiro para isso?”

terça-feira, 25 de julho de 2017

Estudo da USP relaciona dor crônica a casos de ansiedade e depressão


Toda vez que tem crise de ansiedade, a consultora financeira Melissa Mandaloufas, de 40 anos, precisa de atendimento urgente, pois se sente mal fisicamente, com hipertensão arterial. “Fico com pressão alta, ao ponto de quase desmaiar, vou parar no hospital e aí que eu vejo que tenho que me tratar.” Ela conta que faz o tratamento com calmantes, mas depois de um tempo o problema acaba voltando. “Tenho crises de depressão também, principalmente quando estou sem atividade profissional.”

A profissional de marketing Carol Lahoz, que sofre de depressão há oito anos, ainda tem dor de cabeça e lombalgia, mesmo tomando medicamentos. “Tenho enxaqueca crônica e dores na lombar, mas quando faço atividade física percebo que não tenho crises nem de dor e nem de depressão.” Para ela, outros tratamentos também aliviam a dor física. “Quando passa a crise, já logo faço análise e acupuntura.”

Quem sofre desses sintomas já sabe que uma dor leva à outra. Mas agora, um estudo do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) mostra a relação bidirecional entre ansiedade ou depressão e algumas doenças físicas crônicas. O levantamento mensurou essa relação em pessoas adultas residentes na Região Metropolitana de São Paulo e mostra dados preocupantes. O resultado do estudo é que indivíduos com transtornos de humor ou de ansiedade tiveram incidência duas vezes maior de doenças crônicas.

A dor crônica foi a mais comum entre os indivíduos com transtorno de humor, como depressão e bipolaridade, ocorrendo em 50% dos casos de transtornos de humor, seguidos por doenças respiratórias (33%) , doença cardiovascular (10%) , artrite (9%) e diabetes (7%).

Os distúrbios de ansiedade também são largamente associados com dor crônica (45%) e doenças respiratórias (30%) , assim como com artrite e doenças cardiovasculares (11% cada). A hipertensão foi associada a ambos em 23% dos casos.

Estresse
Os dados mostram a necessidade de maior atenção ao tema. “Já era esperado que houvesse uma relação forte entre essas doenças. O problema é que a prevalência de ansiedade e depressão em São Paulo é muito alta por causa do estresse. Com esses números, precisamos atentar para a necessidade de passar a informação para o médico que está na linha de frente, no atendimento primário. É preciso reconhecer a comorbidade de ansiedade e depressão com as doenças crônicas que não se resume apenas à dor”, disse a psiquiatra Laura Helena Andrade, coordenadora do Núcleo de Epidemiologia Psiquiátrica do IPq e uma das autoras do estudo.

Dos cerca de 11 milhões de moradores adultos da Região Metropolitana de São Paulo, 10%, ou 1,1 milhão de pessoas, tiveram depressão nos últimos 12 meses. Já os transtornos de ansiedade acometem mais de 2,2 milhões de paulistanos, sendo que 990 mil apresentam dor crônica também. Seguindo esse cálculo, no total, mais de 2 milhões de pessoas convivem com depressão ou ansiedade associadas a dor crônica na região.

Relação antiga
Estudos anteriores já haviam mostrado de forma consistente a associação de doenças crônicas com transtornos de humor e ansiedade. Mas ainda não se sabe porque a relação entre dor crônica e ansiedade ou depressão é tão intensa, pois os mecanismos fisiopatológicos da dor crônica são pouco conhecidos.

“Uma das hipóteses é relacionada à questão de comportamento. As pessoas ficam inativas quando têm depressão, isso causa dor, ou então a própria dor muda a vida da pessoa, leva à falta de atividades físicas, o que aumenta a depressão e fica um círculo vicioso.”

A psiquiatra explica que, assim como as células do sistema de defesa são ativadas quando há uma invasão por um agente causador de doença, o estresse psicológico em uma situação ambiental como, por exemplo, viver em uma cidade como São Paulo, acaba ativando o sistema inflamatório.

“Aumento da inflamação, lesões do endotélio – camada de célula presente em todos os vasos sanguíneos – e danos oxidativos são algumas vias que podem estar relacionadas à ocorrência da comorbidade [doenças relacionadas]. Consequentemente, é imperativo que sintomas depressivo-ansiosos sejam tratados agressivamente em pacientes com condições médicas crônicas, pois sua resolução pode ser acompanhada por melhora geral sintomática e uma importante diminuição no risco de mortalidade e complicações”, disse Andrade.

De acordo com a pesquisadora, ainda é preciso fazer mais pesquisas com foco na interação entre depressão, ansiedade e doenças físicas crônicas para elucidar os mecanismos pelos quais se originam as doenças. “Para descobrir esses mecanismos precisamos de mais estudos. O que a gente vê é uma associação grande, mas qual é o mecanismo exatamente a gente ainda não conhece.”

O artigo, publicado no Journal of Affective Disorders, faz parte do São Paulo Megacity Mental Health Survey, levantamento concluído em 2009 no âmbito de projeto temático financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Ao todo, foram entrevistados 5.037 moradores da Região Metropolitana de São Paulo, com 18 anos ou mais.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Inverno traz risco de doenças que podem comprometer a visão, diz oftalmologista


A chegada do inverno exige atenção, porque a época é propícia ao surgimento de doenças que podem comprometer a visão. O alerta é da oftalmologista Renata Rezende, professora de pós-graduação da PUC-Rio. A médica disse que, no inverno, é comum ocorrerem casos de alergia ocular em pacientes que têm condição prévia alérgica e que, nesta época do ano, pioram, diferentemente dos que moram em países da América do Norte, que passam por este problema durante a primavera.

Segundo ela, no inverno também é comum o aparecimento de doenças virais que afetam os olhos. Com relação à alergia, a especialista completou que, no Brasil, a doença é em geral desencadeada pelo ácaro, muito presente, por exemplo, no cobertor e agasalhos que estão guardados. “Quando eles têm contato com este tipo de vestuário ou de coberta, desencadeiam as crises alérgicas e o olho normalmente é afetado, nesta época, por conta disso”, advertiu.

Cuidados
Para evitar as alergias, a médica sugeriu lavar as cobertas e agasalhos que estejam guardados antes de usar. Além disso, aconselhou manter janelas abertas durante um período do dia para fazer a ventilação da casa. “É uma época que a gente tira tudo do armário para usar. Então, tira antes de usar para pegar um sol, para arejar, lavar, porque isso diminui a concentração de ácaros. Deixa as janelas abertas, mesmo no frio, não deixar aquele ambiente muito fechado. Tem que circular o ar”, alertou.

Outra medida eficaz é sempre lavar as mãos e evitar levá-las no nariz, na boa e nos olhos. “Perder o hábito de levar a mão à face. É um cuidado importante, porque vai ajudar a prevenir uma infecção respiratória”, revelou. A médica também lembrou um velho erro de todos que ficam com os olhos coçando, acrescentando que esfregar os olhos pode agravar o quadro das doenças.

Conjuntivite
Outro fator que contribui para os problemas de saúde ocular no inverno é a infecção viral causada pelo adenovírus, que provoca gripe e infecções respiratórias. De acordo com a médica, o paciente fica com baixa imunidade, o que permite o surgimento de doenças como a conjuntivite.

“A conjuntivite que dá nesta época é mais associada a situações em que o paciente já está gripado. É aquele adenovírus na via aérea superior que também pega a superfície ocular. Não é aquela epidemia que a gente vê no verão, é uma conjuntivite mais branda, mas afeta os dois olhos”, explicou.

Herpes
Renata Rezende, que também é integrante da Academia Americana de Oftalmologia, destacou que as infecções respiratórias acabam sendo mais frequentes no inverno porque é mais comum se permanecer em locais fechados para escapar do frio e o ambiente fica contaminado por partículas decorrentes até de espirros. Nesta situação, podem se manifestar também casos de herpes em pacientes que também estão com baixa imunidade e que já tiveram contato com a doença.

“O mesmo herpes que provoca uma lesão labial pode dar uma recidiva ocular. Então, pode dar uma lesão na pálpebra, pode dar conjuntivite, que parece uma conjuntivite por vírus simples, mas pode ser causada pela herpes, pode afetar a córnea e pode afetar os tecidos dentro do olho, como a íris. O herpes é um vírus que pode estar associado ao comprometimento de várias estruturas oculares”, indicou.

Dia da Saúde Ocular
Neste 10 de julho, quando se comemora o Dia da Saúde Ocular, a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) aproveitou para alertar para a importância do cuidado com os olhos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a falta de cuidados pode levar 225 milhões de pessoas em todo o mundo a ter baixa visão até 2020.

A oftalmologista Renata Rezende contou que, entre as causas de perda visual, estão doenças como o glaucoma, a catarata, problemas de retina que podem ser tratáveis se forem identificadas de forma precoce, como o caso da degeneração macular relacionada à idade, e problemas de retina relacionada a doenças sistêmicas, como diabetes mal controlado.


“Todas essas são condições que aumentam o risco de o paciente perder a visão a longo prazo. Acho que esses dados são alarmantes, porque são doenças que a gente pode prevenir. Em cidades maiores, pode haver a preocupação, mas, infelizmente, é um cuidado que a gente não vê na maior parte do país”, destacou a médica, que é especialista em catarata.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Mensagem da presidência para congresso de hansenologia alerta para realidade “infame” no Brasil


País ocupa 2° no ranking mundial da doença, atrás da Índia

A Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) realiza, em novembro, mais uma edição do Congresso Brasileiro da entidade. O presidente Marco Andrey Cipriani Frade, em sua mensagem para divulgação do evento entre os profissionais de saúde, chama de “realidade infame” o cenário da doença no país – Brasil é o 2° no ranking mundial de hanseníase, atrás da Índia. Segundo a SBH, a hanseníase cresce silenciosamente em todas as camadas sociais, nas várias regiões brasileiras, e uma das frentes de combate à doença é a informação por parte de toda a sociedade, pois muitos doentes convivem com os sintomas por longos anos sem diagnóstico e, consequentemente, sem tratamento. Hanseníase tem cura e tratamento gratuito em todo o país.

Saiba mais:

Segue a mensagem:
Neste último ano da Diretoria Sensibilidade Sempre (2015-2017), convidamos a todos que trabalham com a hanseníase a participarem do 14° Congresso Brasileiro de Hansenologia, que terá como tema central: Hanseníase: o Brasil precisa falar e agir sobre isso!

Embora os números oficiais demonstrem redução da prevalência da hanseníase no país, artigos recentes têm mostrado que trata-se mais de uma diminuição da busca ativa e da escassez de investimento na capacitação de recursos humanos para o diagnóstico precoce da hanseníase do que propriamente consequência de um real controle da endemia e quebra da cadeia de transmissão do bacilo.

O contínuo e elevado número de casos novos detectados, mais de 30 mil/ano, a heterogeneidade desses índices dentre as regiões do país, o número de crianças menores de 15 anos com a doença e elevados percentuais de grau 2 de incapacidade funcional nos estados de baixa prevalência, além de prevalências alarmantes em regiões ditas não endêmicas, há muito são indicadores que nos colocam em alerta quanto à realidade endêmica no Brasil.

Aliada a isso, nossa sociedade parou de falar sobre hanseníase no seu cotidiano e as escolas pararam de abordar o tema com profundidade devida, o que tem levado a uma insegurança diagnóstica ou até mesmo ausência de diagnóstico no campo, realidade infame para uma doença que depende quase que exclusivamente da clínica para sua confirmação diagnóstica.

Diante disso, a SBH tem investido pesadamente no alardear sobre os sinais e sintomas da hanseníase na mídia e sociedade, além de estimular ações que promovam a capacitação de profissionais de saúde no reconhecimento do diagnóstico precoce da hanseníase, investimentos esses que têm sido alcançados com a campanha #todoscontraahanseniase nas mídias sociais, empresas, universidades, escolas etc.

O 14° Congresso da SBH apresentará, discutirá, inovará e debaterá as ações para diagnóstico precoce da hanseníase e para o controle da hanseníase no Brasil. Assim, neste momento de grande dificuldade econômica, a pouca inserção do tema na sociedade civil e a dificuldade de buscarmos patrocinadores, torna-se essencial a busca de apoiadores para realização deste encontro de profissionais que lidam de corpo e alma com a hanseníase no país.

O congresso acontecerá em Belém do Pará, mantendo o propósito de nossa Sociedade de levar o evento para regiões oficialmente hiperendêmicas e deixando seu conhecimento atualizado em hanseníase como importante instrumento de aprimoramento profissional e controle da doença na região.” Marco Andrey Cipriani Frade

Agenda
14° Congresso Brasileiro de Hansenologia
Data: 8 a 11/11
Local: Hangar Convenções e Feiras da Amazônica
Endereço: Av Dr. Freitas s/n – Belém do Pará
Programação e inscrições (em breve): http://www.oxfordeventos.com.br/hansenologia2017/

terça-feira, 23 de maio de 2017

Uma “estória” da dor neuropática


Por Dr. Márcio Conti via site DAHW

*Os lugares e nomes de pessoas contidos nesse post foram alterados, para resguardar os aspectos éticos do tratamento.

Em Juazeiro, Aparecida caminha para o consultório do Dr. Francisco aflita e ansiosa. Há 1 ano tenta de todas as formas melhorar as dores que sente no cotovelo e tornozelo depois de 1 ano e meio tratando a hanseníase, que tanto a fez ficar envergonhada. Passou por vários médicos, tomou medicações e acha que nada vai dar certo. Sua história parece com tantas outras em todo o mundo.

Leia também:

Esperando na cadeira do Posto de Saúde pensa que esta será mais uma consulta aonde sairá sem qualquer solução, lhe dá vontade de chorar e voltar para casa sentindo-se castigada pela segunda vez, a primeira no diagnóstico e depois com a dor que não larga dela.

Dona Aparecida, por favor entre. Fala aquele jovem de jaleco e rosto tranquilo.

Bom dia doutor. – Tentando disfarçar o nervosismo.

Como está? Estou achando que está sentindo calor. Este verão não dá trégua!

Doutor se todos os meus problemas fossem o verão estaria feliz.

Desculpe não me apresentei sou o Francisco.

Não é o Doutor Francisco?

Também sou. – Disse ele com um sorriso – Mora próximo ao Posto de Saúde?

Desculpe Doutor estou com tanta dor e tristeza que quero ser examinada logo.

Lógico Aparecida, sente-se e vamos conversar.

O consultório simples com paredes recém-pintadas era simpático, mas nada luxuoso. Ela duvidou que ali pudesse achar alguma solução. Ele, jovem, não parecia conhecer sobre o mistério que sofre, após passar por outros que pareciam saber muito mais. Pensou em duvidar da amiga Amália que recomendou o Doutor para tratá-la.

Dona Aparecida porque veio me visitar? Recolhendo vários papeis com receitas, exames e relatórios.

Doutor, vou ser sincera, acho que meu problema não tem cura, estou vindo quase sem esperança. – Chorando envergonhada, parecia que neste local pelo menos chorar podia.

Fique calma e vamos conversar. – Após ler toda a papelada fazer algumas anotações levantou a cabeça e perguntou – A senhora teve hanseníase pelo que li, se tratou e parece que está curada da doença, mas tem dor?

Pelo amor de Deus Doutor, estou quase enlouquecendo com as dores, não sei o que fazer e o quê procurar. Meu patrão acha que estou enganando ele para não trabalhar, mas sou honesta e nunca faria isto.

Depois de alguns minutos chorando, Francisco pergunta.

A senhora terminou o tratamento da hanseníase e ainda sente dores que começaram no sexto mês, elas pioraram?

Sim doutor, muitas dores e cada vez estão piores.

Tomou corticoides com pouco melhora? – Ela fez que sim com a cabeça

Após minutos conversando e vários outros examinando, Francisco oferece a cadeira e ela se senta.

Vou explicar para a senhora o que consigo perceber. A hanseníase como deve saber e foi orientada na sua Unidade que a tratou, pode causar doença em nervos dos braços, pernas, pescoço e rosto, além das manchas no corpo, é realmente desagradável e muitas pessoas tem preconceito com os doentes, mas frisando que tem cura e a senhora está curada. Porém, em alguns pacientes inflamação do nervo cria a necessidade de operar este nervo para melhorar a função e dor. Em outros casos tratamos com corticoides e até mesmo Talidomida, um remédio que não usamos normalmente, principalmente em mulheres. Outras pessoas não terão nenhum problema e curados viverão normalmente, e um terceiro grupo terá dor crônica que precisará tratar.

Trouxe uma água para os dois, realmente os dias estavam muito quentes, e continuou:

Há quanto tempo a senhora sente a dor e já tentou tomar medicações para melhorá-la?

Já sinto dor assim há mais de 1 ano e minha vida está difícil, estou quase perdendo o emprego e confesso que não consigo trabalhar. Em alguns momentos choro de dor e tudo que tomei não faz efeito.

Entendo Aparecida, você está desenvolvendo um quadro que chamamos de dor crônica que é aquela com mais de 6 meses de duração que não melhora com analgésicos ou anti-inflamatórios. Vou te explicar melhor. A sensação de dor começa com um estímulo em algum local do corpo que tenha inervação dolorosa, é um mecanismo que nos protege e evita que nos machuquemos. A ausência da dor seria uma situação séria, como em alguns pacientes que perdem, pela hanseníase, a sensibilidade de mão ou pés. Este estímulo o cérebro interpreta como dor e esta depende de vários fatores, definimos como o “sofrimento” que a dor causa. Pessoas diferentes interpretam o estimulo doloroso com “sofrimento” ou intensidade diferentes.

Olhando para o jovem médico sem acreditar muito na fala dele, Aparecida interrompe:

O senhor está falando que é coisa da minha cabeça?

Não é uma fantasia ou mentira, se é esta a sua observação. A dor não é uma fantasia. É real e só você sente, mas no caso de existir o estimulo por muito tempo o cérebro “desregula” e passa a interpretar o mesmo estímulo com mais sofrimento, e até mesmo, quando ele desaparece, este continua a acreditar que ainda existe. Daí algumas pessoas manterem dores muito fortes depois de anos curadas. Você consegue me entender?

Está me falando que estou curada, e mesmo assim a minha cabeça continua a sentir dor?

Você está curada e ainda sente dor, não acha que sente dor, a sente de verdade.

Estranho doutor, todas as dores que senti passam com remédios.

Sei que é diferente, mas acredite, existem pessoas aonde mesmo sem qualquer estimulo doloroso ou os mais bizarros como som, vento, alteração de temperaturas desencadeiam crises dolorosas violentíssimas. Vemos isto e em alguns casos classificamos com um nome de Alodínia.

Isto tem cura? – Já aflita pois aquele doutor era a primeira pessoa que explicava a sua dor desta forma.

Em alguns casos sim, em outros melhoramos muito o sofrimento da dor com antidepressivos, neurolépticos e outros remédios que agem no cérebro. Quero frisar que não é maluca, não está depressiva na sua forma clássica de depressão, precisamos ajudar com medicações e fisioterapia seu cérebro “esfriar” como gosto de falar, a sensação de dor, como uma panela que desligamos a chama e aos poucos esfria.

Já não era fácil para Aparecida entender totalmente aquele médico, ainda mais com uma fala que nunca havia escutado. Será que os outros não sabiam disto, ou aquele era maluco?

Hoje Aparecida conversamos, examinei você e entendi com o meu conhecimento seu quadro de dor. Posso falar com certeza que tratamentos existe, talvez não façam a dor desaparecer totalmente, mas faremos de tudo melhorando a qualidade da sua vida. Volto a falar, da hanseníase está curada. Minha proposta é que em meses esteja melhor ou sem dor e assim fique por sua vida.

Após medicá-la, explicar como usar os remédios, Francisco percebeu que sua sofrida paciente ainda estava desconfiada e completou

Uma forma excelente de ajudar no seu tratamento é conhecer melhor o que está causando tanto sofrimento Aparecida. Todas as quartas-feiras as 11 horas eu e alguns pacientes, junto com fisioterapeutas e enfermeiros nos encontramos para explicar tudo isto, ouvindo os relados e assim aprendendo com vocês, é lógico que está convidada, na verdade ninguém precisa de convite.

Vou ver se posso doutor, estou agradecida por tudo.

Não me agradeça, explique a outros o que entendeu sobre nossa conversa assim eles também entenderam o que passa com você.

Deram um abraço e combinaram uma nova consulta em 3 semanas.

Doutor Francisco terminou seu dia e voltou para casa aonde iria ver sua família, ler um pouco e descansar e Aparecida foi à farmácia pegar sua nova medicação.

Após vários encontros, com melhoras, pioras, ajustes de medicação além de paciente-médico, tornaram-se amigos. Hoje Aparecida em seu bairro organiza encontros com pacientes e ex- pacientes para trocarem informações sobre a hanseníase, as dores físicas e sociais que sentem. Logicamente doutor Francisco sempre que pode passa lá.

Obs.: Aparecida quase não sente dor hoje em dia. Quase!

Um abraço a todos e até o próximo texto!


Dr. Márcio Conti

Pesquisadores criam substância a partir do extrato da henna para combater tumor


Professores e pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF), da Fundação Oswaldo Cruz da Bahia (Fiocruz-BA) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) desenvolveram uma substância a partir da folha de henna, que inibe o crescimento de tumores, especialmente o câncer de mama, um dos que mais matam no Brasil e no mundo, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). O extrato da folha de henna, usado na pintura de cabelos, pele e unhas tem conseguido melhorar o quadro clínico e a qualidade de vida dos pacientes.

Leia também:

A pesquisa que gerou a nova substância, denominada CNFD, começou em 2013. Além dos testes em células tumorais, foram feitos testes em camundongos, que revelaram redução significativa do crescimento e do peso do tumor sem efeitos aparentes de toxicidade nos animais.

O pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da UFF, Vitor Francisco Ferreira, explicou que o novo fármaco pode substituir ou complementar os medicamentos que se tornaram resistentes à doença. “O trabalho conjunto dos professores e pesquisadores traz mais do que uma nova substância. É a esperança de muitas mulheres”, disse.

O fármaco está sendo patenteado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e, caso seja aprovado nos testes subsequentes e haja interesse da indústria no seu desenvolvimento, poderá chegar ao mercado em larga escala daqui a cinco anos.

"Combater células cancerígenas não é uma tarefa fácil, pois elas se parecem muito com as células sadias”, disse um dos integrantes da pesquisa, o professor da UFF Fernando de Carvalho da Silva. “Esta descoberta, além dos benefícios em si, pode representar o primeiro medicamento sintético genuinamente brasileiro nas prateleiras das farmácias."

Os testes comprovaram que o CNFD foi mais eficaz em células tumorais, preservando as normais, diminuindo os efeitos adversos decorrentes da terapia.

O pesquisador da Ufam Emerson Silva Lima lembrou que, se comparado com o que há hoje no mercado, a nova droga tem baixo custo de produção e pode ser alternativa acessível para muitos pacientes. “Esperamos que o governo e/ou empresas privadas tenham interesse na tecnologia, para que um dia ela possa chegar ao mercado”, ressaltou.

De acordo com o Inca, a cada ano, o câncer de mama corresponde a 28% de novos casos da doença em mulheres.


sábado, 20 de maio de 2017

Sucesso do tratamento de câncer de pâncreas está ligado a diagnóstico precoce

O sucesso no tratamento do câncer de pâncreas está diretamente relacionado a um diagnóstico precoce, de acordo com alerta feito pelo A.C.Camargo Cancer Center, da cidade de São Paulo. No entanto, para ter sucesso no tratamento oncológico é necessário também haver avaliação de equipe médica multidisciplinar desde o primeiro momento do tratamento. Além disso, a cirurgia deve ser feita com preceitos oncológicos rigorosos.

Leia também:

Segundo o hospital, oito entre dez casos de câncer de pâncreas são diagnosticados em fase mais avançada da doença, o que está relacionado com o fato de os sintomas associados ao surgimento desses tumores serem inespecíficos e tardios. “Os principais sintomas são emagrecimento, perda de apetite, alterações do açúcar no sangue, dor abdominal e nas costas e coloração amarela da pele e dos olhos”.
Para a equipe do A.C. Camargo Cancer Center, mesmo com sintomas pouco claros é possível alterar o quadro prestando atenção nos fatores de risco para prevenir a doença e obter diagnóstico precoce. Entre os fatores de risco para surgimento da doença, o principal é o consumo de cigarro, seguido da hereditariedade.

“Os fumantes têm risco aumentado em dois a seis vezes em relação aos não fumantes. Estão no grupo de risco os indivíduos com antecedência familiar de câncer de pâncreas ou com histórico de outras síndromes como a de mama e ovário hereditário (mutação no gene BRCA), melanoma familial, polipose adenomatosa familiar - relacionada ao câncer de intestino - e síndrome de Von Hippel Lindau - relacionada ao câncer de rim hereditário”, disse o cirurgião oncologista e diretor do Departamento de Cirurgia Abdominal do A.C.Camargo Cancer Center, Felipe José Fernández Coimbra.

Para chegar ao diagnóstico de câncer de pâncreas um dos exames necessários é o de sangue, que investiga elevação em um marcador tumoral (CA 19-9), que pode acontecer em até 80% dos casos. Para complementar a lista de exames é fundamental fazer a tomografia computadorizada de abdômen.

Já pacientes que não podem usar contraste iodado podem realizar a ressonância nuclear magnética. De acordo com o caso, podem ser indicadas a colangiopancreatografia endoscópica retrógrada (exame realizado por endoscopia, onde é injetado contraste na via biliar e no pâncreas) e a ultrassonografia endoscópica (ultrassom realizado com o aparelho de endoscopia).

Segundo o A.C. Camardo, a maioria dos pacientes submetidos à retirada dos tumores de pâncreas devem ser tratados com quimioterapia no pós-operatório, para destruir as células tumorais distantes que ainda estiverem vivas. “Pode ser indicada também a realização de quimioterapia antes da cirurgia nos pacientes com tumores localmente avançados”.


De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pâncreas é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 4% do total de mortes por essa doença. Raro antes dos 30 anos, torna-se mais comum a partir dos 60 anos. Segundo a União Internacional Contra o Câncer (UICC), os casos da doença aumentam com o avanço da idade, com maior prevalência entre os 80 e 85 anos e na população masculina.

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Governo Temer completa um ano; relembre alguns fatos

Michel Temer assumiu a Presidência da República em 12 de maio de 2016, após os senadores aprovarem a abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff, o que resultou no afastamento dela do cargo. Em agosto, o Senado aprovou o impeachment de Dilma e Temer assumiu a presidência efetivamente. 

Leia também:

Nesses 12 meses, a gestão do presidente Michel Temer foi marcada pela adoção do ajuste fiscal na economia, com a definição de um teto para os gastos públicos, e pelo envio das reformas da Previdência, trabalhista e do ensino médio para o Congresso Nacional. A Agência Brasil relembra alguns fatos.

Economia
O ajuste nas contas públicas foi a principal meta do governo na economia. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou, assim que assumiu o cargo, que apenas o equilíbrio fiscal poderá fazer com que os investimentos voltem ao Brasil e gerem empregos. Uma das medidas dentro do ajuste foi a aprovação, pelo Congresso, em dezembro do ano passado, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto de Gastos, limitando, por 20 anos, os gastos públicos à inflação do ano anterior. A medida sofreu críticas segundo as quais retiraria investimentos da saúde e educação, que têm percentuais mínimos de investimento previstos na Constituição. De acordo com a Fazenda, os valores mínimos dos gastos com tais áreas passarão a ser corrigidos pela variação da inflação do ano anterior.

Outra medida anunciada foi o saque dos valores das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), como forma de estimular a economia e com potencial de injetar R$ 30 bilhões. 

Em relação à inflação, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou, no início do ano, que a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2016 em 6,29%, abaixo do teto da meta do Conselho Monetário Nacional (CMN). O governo atribuiu a queda da inflação à firmeza mantida no ajuste fiscal. Com os preços sinalizando queda, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) iniciou uma trajetória de redução da Selic, a taxa básica de juros da economia, que, ao final de 2016 estava em 14,25%; e agora está em 11,25%.

Política

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Novo método de biovigilância ajuda a detectar zika em mosquitos e humanos

Um novo método de biovigilância vai ajudar a descobrir se a zika está presente em populações humanas e em mosquitos, revelou um estudo publicado nesta quarta-feira (3) na revista Science Translational Medicine. As informações são da Agência EFE.

Leia também:

A pesquisa, realizada pela equipe do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Patologia da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, utilizou uma técnica de amplificação isotérmica de DNA mediada por loop e conhecida como LAMP, para detectar facilmente o vírus em amostras brasileiras, americanas e nicaraguenses.

Os pesquisadores esmagaram um mosquito dentro d'água, tiraram 2 microlitros dela (quantidade equivalente a uma cabeça de alfinete), e depois a aqueceram em um tubo com químicos e reativos. A cor mudava de 30 minutos a uma hora. Esse novo método de biovigilância permitiu indicar rapidamente se o zika vírus estava presente nos mosquitos, o que evitaria espalhar pesticidas e usar outros métodos de prevenção da doença em locais onde não são necessários.

O diagnóstico humano ainda é um desafio e vai levar mais tempo para ser aprimorado, já que requer uma grande quantidade de dados antes de as agências reguladoras dos governos autorizarem a utilização do LAMP como teste em pacientes.

Começou no Japão
A amplificação isotérmica de DNA mediada por loop foi desenvolvido no Japão em 2001, para detectar pneumonia em cabras, e é similar à tecnologia conhecida como reação em cadeia da polimérase (PCR, na sigla em inglês), que faz uma análise exaustiva das amostras de DNA, com a vantagem de poder ser usada em campo, e não só em laboratórios, além de ser mais barata.

"A maioria dos países envolvidos no surto atual [de zika] não é rica. É importante tentar desenvolver métodos de vigilância de baixo custo, que algum dia possam ser usados por estas nações", afirmou a pesquisadora Nunya Chotiwan.


De acordo com a Science Translational Medicine, médicos do Hospital Pediátrico de Manágua, na Nicarágua, vão testar a nova técnica, sem abandonar os sistemas tradicionais, e profissionais de Porto Rico vão empregar o método para verificar as condições dos mosquitos.

Sobre o Blog

Este é um blog de ideias e notícias. Mas também de literatura, música, humor, boas histórias, bons personagens, boa comida e alguma memória. Este e um canal democrático e apartidário. Não se fundamenta em viés políticos, sejam direcionados para a Esquerda, Centro ou Direita.

Os conteúdos dos textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, e nem sempre traduzem com fidelidade a forma como o autor do blog interpreta aquele tema.

Dag Vulpi

Seguir No Facebook