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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Desabafo de um grande pensador - Rubem Alves


Coisas da maturidade...
Ganhei coragem.
Rubem Alves

"Mesmo o mais corajoso entre nós só raramente tem coragem para aquilo que ele realmente conhece", observou Nietzsche.
É o meu caso. Muitos pensamentos meus, eu guardei em segredo. Por medo. 

Alberto Camus, leitor de Nietzsche, acrescentou um detalhe acerca da hora em que a coragem chega:  "Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos". Tardiamente. Na velhice.

Como estou velho, ganhei coragem.
Vou dizer aquilo sobre o que me calei: "O povo unido jamais será vencido", é disso que eu tenho medo. 

Em tempos passados, invocava-se o nome de Deus como fundamento da ordem política. Mas Deus foi exilado e o "povo" tomou o seu lugar: a democracia é o governo do povo.

Não sei se foi bom negócio; o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável, é de uma imensa mediocridade. Basta ver os programas de TV que o povo prefere.

A Teologia da Libertação sacralizou o povo como instrumento de libertação histórica. Nada mais distante dos textos bíblicos. 

Na Bíblia, o povo e Deus andam sempre em direções opostas.

Bastou que Moisés, líder, se distraísse na montanha para que o povo, na planície, se entregasse à adoração de um bezerro de ouro. Voltando das alturas, Moisés ficou tão furioso que quebrou as tábuas com os Dez Mandamentos.

E a história do profeta Oséias, homem apaixonado! Seu coração se derretia ao contemplar o rosto da mulher que amava! Mas ela tinha outras idéias. Amava a prostituição. Pulava de amante e amante enquanto o amor de Oséias pulava de perdão a perdão. Até que ela o abandonou. Passado muito tempo, Oséias perambulava solitário pelo mercado de escravos. E o que foi que viu? Viu a sua amada sendo vendida como escrava. Oséias não teve dúvidas. Comprou-a e disse: "Agora você será minha para sempre". Pois o profeta transformou a sua desdita amorosa numa parábola do amor de Deus.

Deus era o amante apaixonado. O povo era a prostituta. Ele amava a prostituta, mas sabia que ela não era confiável. O povo preferia os falsos profetas aos verdadeiros, porque os falsos profetas lhe contavam mentiras. As mentiras são doces; a verdade é amarga. 

Os políticos romanos sabiam que o povo se enrola com pão e circo.

No tempo dos romanos, o circo eram os cristãos sendo devorados pelos leões. E como o povo gostava de ver o sangue e ouvir os gritos! As coisas mudaram.

Os cristãos, de comida para os leões, se transformaram em donos do circo. O circo cristão era diferente: judeus, bruxas e hereges sendo queimados em praças públicas. As praças ficavam apinhadas com o povo em festa, se alegrando com o cheiro de churrasco e os gritos.

Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro "O Homem Moral e a Sociedade Imoral" observa que os indivíduos, isolados, têm consciência. São seres morais. Sentem-se "responsáveis" por aquilo que fazem. Mas quando passam a pertencer a um grupo, a razão é silenciada pelas emoções coletivas. Indivíduos que, isoladamente, são incapazes de fazer mal a uma borboleta, se incorporados a um grupo tornam-se capazes dos atos mais cruéis. Participam de linchamentos, são capazes de pôr fogo num índio adormecido e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival.

Indivíduos são seres morais. Mas o povo não é moral. O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo.

Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional, segundo a verdade e segundo os interesses da coletividade. É sobre esse pressuposto que se constrói a democracia. Mas uma das características do povo é a facilidade com que ele é enganado. O povo é movido pelo poder das imagens e não pelo poder da razão. Quem decide as eleições e a democracia são os produtores de imagens. Os votos, nas eleições, dizem quem é o artista que produz as imagens mais sedutoras.

O povo não pensa. Somente os indivíduos pensam. Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam a ser assimilados à coletividade. Uma coisa é a massa de manobra sobre a qual os espertos trabalham.

Nem Freud, nem Nietzsche e nem Jesus Cristo confiavam no povo.

Jesus foi crucificado pelo voto popular, que elegeu Barrabás.

Durante a revolução cultural, na China de Mao-Tse-Tung, o povo queimava violinos em nome da verdade proletária. Não sei que outras coisas o povo é capaz de queimar.

O nazismo era um movimento popular. O povo alemão amava o Führer. O povo, unido, jamais será vencido!

Tenho vários gostos que não são populares. Alguns já me acusaram de gostos aristocráticos. Mas, que posso fazer? Gosto de Bach, de Brahms, de Fernando Pessoa, de Nietzsche, de Saramago, de silêncio; não gosto de churrasco, não gosto de rock, não gosto de música sertaneja, não gosto de futebol. Tenho medo de que, num eventual triunfo do gosto do povo, eu venha a ser obrigado a queimar os meus gostos e a engolir sapos e a brincar de "boca-de-forno", à semelhança do que aconteceu na China.

De vez em quando, raramente, o povo fica bonito. Mas, para que esse acontecimento raro aconteça, é preciso que um poeta entoe uma canção e o povo escute: "Caminhando e cantando e seguindo a canção", isso é tarefa para os artistas e educadores.

Postagem sugerida por Paulo Carneiro

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Sociologia - "coitadismo", ou não se deve bater palmas para maluco dançar


Por José Roberto Bonifácio*

"Coitadismo"... este termo é muito corriqueiro e difundido entre olavetes, "constantinetes", "reinaldetes", anti-relativistas e oponentes do chamado "Marxismo" Cultural - uma expressão tão bizarra quanto autocontraditória em seus próprios termos - e outras vertentes da tendência conservadora emergente no Brasil destes últimos dez anos.

No vocabulário destes é uma senha automática para vulgarizar qualquer tentativa de explicação ou compreensão do mundo social. Similarmente se o utiliza para condenar quaisquer políticas governamentais que enunciem em seus princípios, e em seus objetivos ou escopo o atendimento aos segmentos mais vulneráveis - os "coitados" - dentro da sociedade brasileira.

Não por acaso quase sempre ela ocorre em textos ou frases vindo como antecedente ou consequente de raciocínios que condenam a política social como alguma espécie de "socialismo", ou ainda associando sociologia com serviço social.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Politizar o debate sobre a reforma política e lutar pela realização da assembleia constituinte exclusiva

"A realização de uma assembleia constituinte exclusiva com representantes externos ao Congresso Nacional poderia abrir precedentes para uma maior politização do debate acerca da reforma política, algo muito inconveniente para o governo, a oposição de direita e a imprensa"

Por Danilo Enrico Martuscelli, no site Barsil de Fato

Os protestos recentes, que tomaram as ruas de várias cidades do país, podem ser caracterizados como uma combinação de espontaneísmo com movimento organizado. O espontaneísmo tem se manifestado por meio de pautas difusas que questionam a malversação das verbas públicas, a corrupção no sistema político, a legitimidade dos partidos políticos, entre outros pontos. Trata-se de pautas com conteúdo progressista, mas facilmente apropriadas pelas forças conservadoras, justamente por se fixarem no plano das denúncias, sem apresentarem medidas concretas para solucionar as mazelas apontadas. Já o movimento organizado tem se valido da reivindicação de pautas concretas, frutos, na maioria das vezes, da experiência de lutas travadas por diversos grupos políticos e movimentos sociais ao longo das últimas décadas. Queremos ressaltar, com isso, que as lutas pelo passe livre, por mais verbas para a educação e para a saúde, pela tributação das grandes fortunas, pela redução da jornada de trabalho, pela democratização da mídia, não surgiram em junho de 2013, mas são resultantes de muitos debates e embates realizados nas ruas e nos mais variados espaços sociais. São exatamente as pautas concretas, construídas nas lutas, que têm sido até agora vitoriosas, o que nos leva a salientar a importância da mobilização e da organização na luta por direitos e pela ampliação de conquistas democráticas.

terça-feira, 2 de julho de 2013

DESCRENÇA POLÍTICA


Por Geraldo Elísio, no site do Novo Jornal 
“Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Essa minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessará de ser operários e por-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana.” – Bakunin

Em manchete de capa o jornal espanhol “El País”, informa em sua edição desta terça-feira (2) que o Papa Francisco que chegará ao Brasil no próximo dia 22 foi informado diretamente das marchas em cursos nas ruas do Brasil, com a participação majoritária de jovens que se declaram sem partido político. De onde estiver o pensador russo Mikhail Aleksandrovitch Bakunin, um dos principais expoentes do anarquismo no sentido filosófico do grego anarkós – sem governo – obviamente desvinculado do pejorativo “bagunça”, em meados do século XIX, deve estar feliz com o que eventualmente vê.

Calma os mais afoitos, não estou fazendo nenhuma alusão do Vaticano com o anarquismo, embora o professor mineiro Aníbal Vaz de Melo tenha escrito um livro, já esgotado e nunca reeditado, cujo título é “Jesus Cristo o Primeiro dos Anarquistas”, com o qual pessoalmente eu concordo.

No Rio de Janeiro, Francisco irá falar para mais de um milhão de jovens que estarão participando da Jornada Mundial da Juventude e abordará o tema dos protestos que eclodiram no Brasil. O Papa já teria escrito o seu discurso e ao ser informado dos acontecimentos brasileiros o reescreveu, e segundo o periódico espanhol dirá que as reivindicações não vão contra as Sagradas Escrituras.

“Amai-vos uns aos outros assim como eu próprio vos amei”, o antídoto mais eficaz contra a ganância e o egoísmo de fato, somado a outras exortações do Filho do Homem nada tem de contraditório em relação aos pedidos dos jovens no sentido de poderem dispor de um futuro com saúde, educação, cultura e segurança pública, sem o qual nunca poderão dar cumprimento a outra máxima do Filho do Criador: “Crescei e multiplicai-vos”. Certo Ele ter dito que a casa do Pai dele “tem muitas moradas”, mas cabe ao homem “à Sua Imagem e Semelhança” contribuir para o processo de crescimento da humanidade, posto não ser conveniente esquecer o “Faça da sua parte que Eu farei da minha”.

Quem sou eu para dizer que o Cristo diria a Milton Friedman Francis Fukuyama (aquele que acredita que a História acabou e a todos os neoliberais que eles são “sepulcros caiados”. Quem é o humilde repórter para pretender ser porta voz de Deus, da mesma forma que não ouso dizer a outros, falando em nome de Bakunin que “A liberdade do outro estende a minha ao infinito” e por isto mesmo "Quem quer não a liberdade, mas o Estado, não deve brincar de Revolução".
Evitando canais diplomáticos três altos prelados brasileiros falaram pessoalmente com o Papa Francisco: o arcebispo do Rio de Janeiro, Orani João Tempesta, responsável pela organização da jornada, o cardeal arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes e o presidente da Conferência Episcopal do Brasil, cardeal Raymundo Damasceno, cuja entidade em documento escrito apoiou os movimentos desde que condicionados a uma ordem pacífica.

Outro detalhe do qual Sua Santidade está informado é que os movimentos gritam contra a corrupção – alertam mensaleiros de todos os partidos – a falta de transparência na administração pública – aviso aos palácios, prefeituras e câmaras – e a impunidade – mais do que explícito em relação ao Judiciário brasileiro onde existe segundo a ministra Eliana Calmon, ex-presidente do Conselho Nacional de Justiça – CNJ – “bandidos de toga”, dito em tese, portanto sem especificar ninguém o que deixa a todos sob suspeita.

Os gritos de “O gigante despertou” é visto como uma mensagem de renascimento para todos os povos e como um sinal de esperança partindo dos jovens que não querem saber dos partidos políticos – em síntese iguais e disposto a pagar qualquer preço para se manter no Poder – eivados de vícios e com credibilidade zero junto ao povo. Por isso os religiosos defendem que as manifestações de caráter pacífico sejam garantidas pelo Estado. Em entrevista monsenhor Orani afirmou: “A maioria dos jovens que saíram às ruas querem um Brasil novo, mais justo e solidário. E isto está de acordo com o que nós os bispos queremos também”. Dom Cláudio Hummes foi mais além e disse que a mensagem do Cristo “está em sintonia com estas reivindicações. Por isto devemos estar presentes, pois nas ruas o povo está vivendo o Evangelho”. E acrescentou: “Nem o governo nem os sindicatos sabem como se comportar diante do movimento que veio para consolidar a democracia”.

Como ninguém é dono da verdade fico a imaginar o que pensaria Bakunin diante de tal realidade, ele um ateu convicto, observando tantas coincidências favoráveis aos seus princípios. Talvez, sendo um pensador, fizesse uma revisão de conceitos admitindo razões no pensamento do professor Aníbal Vaz de Melo e chegando à conclusão de ser possível como disse a escritora Zélia Gattai, esposa de outro escritor famoso, o comunista Jorge Amado, a existência de “Anarquistas Graças a Deus”.

Mesmo porquê se existe algo que os políticos fazem muito bem é contribuir para que todos os eleitores, “brandindo o gládio e erguendo as hastas” destruam a imagem de seus próprios sonhos e neles desacreditem para sempre, do ponto de vista teológico tendo pleno conhecimento de que eles se elegem para cargos majoritários e proporcionais, nunca para Deus ou professores de Deus. Não raro alguns ao se eleger encarnam e dão aulas para o Outro.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

A maioridade do povo

Sem mudanças, a voz das ruas voltará a ecoar


Por Mauricio Dias, no site da Carta Capital

Não houve na imprensa brasileira foco mais acertado sobre a reação da presidenta em atenção à voz das ruas. Ele se expressou no diário carioca O Dia, na terça-feira 25. No caminho inverso da motivação que levou à formação de passeatas, o jornal, de viés popular, ilustrou sua primeira página com a manchete: “Dilma vai às ruas”.

A Lei de Drogas fracassou?

Explosão de mulheres presas por drogas em SP mostra que a legislação não funcionou, dizem especialistas.

Brasil é dono da quarta maior população carcerária: 550 mil presos
Por Marsílea Gombata, no site da Carta capital

Desde que foi aprovada, em 2006, a Lei de Drogas que pretendia excluir a pena de prisão para o usuário de entorpecente parece ter tido um efeito contrário. Somente na cidade de São Paulo, o número de mulheres presas por crimes relacionados às drogas passou de 1.092 para 4.344, segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN). O crescimento gritante nos últimos sete anos foi apresentado recentemente no estudo Tecer Justiça: Presas e Presos Provisórios da Cidade de São Paulo, realizado pela Pastoral Carcerária e pelo Instituto Terra, Trabalho e Cidadania (ITTC), e suscita questões sobre a eficiência da lei em vigor e dúvidas sobre o caminho que o Projeto de Lei nº 37/2013 –complementar ao 7.663/2010 de autoria do deputado Osmar Terra (PMDB-RS) – pode tomar.

sábado, 29 de junho de 2013

Contratação de Médicos sem Revalida

Não é razoável pensar que por terem suas ações limitadas a regiões carentes do país, não haja necessidade de que os médicos estrangeiros comprovem sua capacidade técnica de exercer a Medicina

Não é de hoje que o Brasil sofre com o caos no sistema público de saúde. Filas em postos, estrutura precária e a falta de médicos fazem parte do cotidiano da maior parte da população há décadas. Mas em vez de buscar políticas públicas capazes de contornar a situação, o governo insiste em ações imediatistas e questionáveis.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Pessoas mais generosas são 'punidas' socialmente, revela estudo


Pessoas com maior tendência à generosidade, capazes de tirar a maior parte de bens ou recursos de si mesmos para doar a outras pessoas de um mesmo grupo, recebem, em contrapartida, uma espécie de “punição” social de pessoas mais mesquinhas, aponta estudo da Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Baylor e da Universidade Estadual de Washington, nos Estados Unidos. De acordo com a pesquisa, o comportamento dos menos altruístas pode estar associado a um sentimento de inferioridade ou ciúme, motivado por se sentirem diminuídos por não agirem de forma parecida aos mais generosos.

terça-feira, 25 de junho de 2013

E o Brasil acordou


Por Antonio Tozzi, no site Direto da Redação
Pois é, falavam tanto que o brasileiro era passivo, acomodado, só pensava em futebol, festa e carnaval que as manifestações pegaram todos de surpesa. E, quando se fala de surpresa, inclui-se governantes, classe e partidos políticos, imprensa e polícia. Parece que ninguém foi capaz de antever o movimento que começou com uma pressão para rever o reajuste das passagens dos ônibus urbanos e do metrô em São Paulo e se espalhou como um rastilho de pólvora por todo o país.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Nossa geração e o Brasil do futuro

Por: Pedro Valls Feu Rosa*, no site do Jornal O Porrete

Há pouco mais de um ano, escrevi o artigo que segue abaixo:

"Eis uma boa notícia para todos aqueles brasileiros que se preocupam com o país que será entregue à geração seguinte: segundo um relatório do Conselho Nacional de Inteligência dos EUA, sobre como estará o planeta em 2025, a economia do Brasil crescerá muito.

Sim, este estudo traz uma boa notícia. Previu-se que dentro de poucos anos nossa economia receberá um vigoroso impulso em função da crescente produção de petróleo, gás natural, biocombustíveis e até de alimentos.

Porém, o que há de mais importante neste relatório é um alerta sério para a nossa geração: se o Brasil não conseguir, a curto prazo, ter instituições mais eficientes e índices de criminalidade menores, toda esta riqueza que está por chegar pouco significará.

A aposta dos norte-americanos é que não conseguiremos. Afirmam que “a competitividade da América Latina continuará inferior à da Ásia”, e que “partes [do continente] continuarão entre as áreas mais violentas do mundo. Organizações criminosas voltadas para o tráfico de drogas e quadrilhas locais continuarão a comprometer a segurança pública”, sendo que “estes fatores, somados à fraqueza do sistema legal”, se traduzirão em países falidos.

Nada mais verdadeiro. Nossa geração está a um passo de ver o crescimento real do Brasil – mas, no entanto dele está abrindo mão por conta de uma omissão quase criminosa. Esta apatia me traz à memória uma famosa frase de Martin Luther King: “nossa vida começa a acabar quando nos calamos frente às coisas que realmente importam”.

Vergonhosamente, grande tem sido o nosso silêncio! Vivemos em um país embrutecido, no qual são gastos US$ 16 bilhões a cada ano só com a criminalidade, e achamos ingenuamente que “as vítimas é que deram bobeira”. Por conta dos vergonhosos índices de criminalidade perdemos 11% do nosso PIB. E preferimos “mudar de assunto e falar de coisas mais agradáveis”.

Nosso sistema legal está falido e não sabe – apenas 2,5% dos crimes acabam em processo, e somente 1% dos condenados cumprem suas penas até o fim. Mas evitamos falar nisso – preferimos ir linchando os criminosos pelas ruas, na incrível média de quatro por semana. O Brasil perde US$ 100 bilhões a cada ano só com a morosidade do Poder Judiciário, mas nossa geração resiste a simplificá-lo - prefere se perder na perfumaria dos formalismos inúteis.

A administração pública vai mal - segundo diversos estudos, somos o país que tem a maior carga de burocracia do mundo! Por conta disso nossos imóveis são até 425% mais caros, e deixamos de aumentar nosso PIB 2,2% a cada ano. Mas nossa geração já concluiu que "isso é assim mesmo", e prefere ir buscando seus já tradicionais "jeitinhos".

Perdemos outros 5% do nosso PIB com a corrupção. Segundo o IBPT, 32% de todos os impostos pagos no Brasil são desviados por conta desta falta de vergonha. E tudo indica que nossa geração não deixará para a seguinte sequer a proibição de que pessoas que respondam a processos por corrupção possam se candidatar a cargos públicos!

Temos visto a riqueza sorrir como nunca para o nosso país - arrisco dizer que se não formos omissos nossos filhos habitarão o Brasil grande com o qual sempre sonhamos. Se falharmos, seja nosso epitáfio a advertência de Martin Luther King: "nossa geração não lamenta tanto os crimes dos perversos quanto o estarrecedor silêncio dos bondosos".

Hoje, com alegria, ao contemplar nosso povo nas ruas, posso dizer que estava errado: o Brasil acordou!

Pedro Valls Feu Rosa* e Desembargador e Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo

sexta-feira, 21 de junho de 2013

O povo que hoje ocupa as ruas poderá ir muito alem


Por Dagmar Vulpi
Talvez para muitos esteja passando despercebido, mas ainda que de forma inconsciente a maioria dos que apoiam e participam do crescente movimento popular que tomou as ruas do pais nos últimos dias e que escancara a insatisfação generalizada contra esse mal que vem sendo arraigado e adubado sistematicamente por deficiências administrativas de nossos governantes, poderão ter suas reivindicações legitimadas através de uma Assembleia Constituinte Exclusiva, que é um mecanismo democrático composto por “NÃO POLÍTICOS” e principalmente de professores universitários, de entendedores de política, cientistas políticos, professores de direito constitucional, etc., para representarem a Nação. Não precisaria de partidos políticos – todos poderiam concorrer.

Não seria oportuno neste caso adotar uma Assembleia Constituinte sem que ela fosse EXCLUSIVA, onde pudessem concorrer para compor aqueles que hoje já se encontram no Congresso, e que certamente sendo eles os responsáveis nada mudariam, eles continuariam a legislar em causa própria, dando continuidade ao processo que desde sempre esteve em curso. Não faria diferença ter uma Constituinte ou fazer uma emenda constitucional. Sendo a Constituinte formada por políticos, aqueles formatariam uma possível nova Constituição conforme seus próprios interesses. 

Se nós analisarmos, nos grandes temas políticos no Congresso Nacional que não são examinados, ou tratados com superficialidade por nossos legisladores podemos tomar como exemplo a reforma política, que trata de pontos cruciais para uma verdadeira mudança no atual sistema corrompido e que esta sendo reclamado de norte a sul  em cartazes mostrados por  participantes do movimento que esta parando o Brasil.

Dentro da proposta para reforma política destacarei dois pontos que considero fundamentais, e que poderiam caso aprovados, moralizar minimamente o atual sistema político brasileiro.

01 - O Financiamento público exclusivo de campanha.
Todos sabemos que o financiamento privado gera corrupção e está pautado pelo dinheiro.

02 - Fim das coligações partidárias nas eleições proporcionais.
Hoje, nas eleições para deputado e vereador, as coligações permitem a transferência de votos de um partido para outro que esteja coligado. essa experiência provoca uma união desorganizada entre os partidos, que não fazem coligações por questões de programa ou ideologia semelhantes, mas apenas para beneficiarem do sistema.


Nada mais legítimo, portanto, que uma Constituinte que fosse exclusiva, composta de “NÃO POLÍTICOS”. Porque daí os representantes da sociedade que hoje pintam a cara de verde amarelo e saem para as ruas reclamando justiça e fim da corrupção concorreriam e formatariam uma Constituição num interesse muito mais da sociedade do que dos políticos.

domingo, 16 de junho de 2013

Faltou jogo de cintura

Por Leila Cordeiro, no Direto da Redação  

Não dá para entender como profissionais experientes na TV se perdem em transmissões ao vivo quando saem da rotina e não sabem lidar com situações inesperadas ou, se quiserem, fora do script.  A maioria não percebe que a graça de um flash ou transmissão ao vivo é exatamente o imprevisto,  algum fato extra que aconteça para desafiar o jogo de cintura   do profissional assim como sua capacidade de improvisar diante de algo surpreendente.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

O Facebook está morrendo


Por Hugo Brito no  Correio24horas.com

A previsão foi feita aqui em Salvador esta semana pelo professor Jack London, que embora pelo nome não pareça é brasileiro nascido no Rio de Janeiro. Jack é o criador do site booknet.com que depois se transformou no famoso site de compras Submarino, e um dos maiores especialistas mundiais sobre internet, já tendo feito mais de mil palestras em diversos países além de chefiado a implantação do Google no Brasil. Em Salvador, participando de um fórum da revista de negócios baiana B+, ele falou sobre o seu novo livro Adeus, Facebook que traz, além da previsão sobre o futuro da maior rede social da história, outras visões sobre o que esperar da tecnologia e das mudanças que a forma de interagirmos vai sofrer em bem menos tempo do que imaginamos.

Mundo conectado? 

A afirmação comum de estarmos todos conectados tem que ser analisada com cautela. Hoje somos cerca de sete bilhões de pessoas no mundo, mas o acesso à internet ainda é, guardadas as devidas proporções, para poucos. Apenas dois bilhões de pessoas, menos da metade da população mundial, usam a rede. Para se ter uma ideia, oitenta por cento das empresas brasileiras ainda não fazem uso da internet em seus negócios. Mesmo com tanta gente fora deste mundo conectado é impossível negar a mudança que a rede trouxe para as relações humanas, modificações que segundo o professor Jack London estão todas ligadas à evolução da linguagem.

Comunicação além da voz 

A forma de comunicação mais comumente usada é a oral, mas ela não é nem de longe a que mais impacta na sociedade atualmente. Depois da criação por Gutemberg, o pai da imprensa, de uma forma da palavra escrita ser reproduzida infinitas vezes a maior revolução foi sem dúvida o surgimento da chamada linguagem digital. Bits e bytes permitiram que o conhecimento corresse o mundo de forma instantânea através da internet. Hoje, enxergar o mundo sem o Google, por exemplo, é tarefa quase impossível mesmo tendo ele sido criado há apenas 12 anos.

O mundo digital perto do fim

Jack London afirma que a linguagem digital, com sua rapidez e pessoas conectadas todo o tempo, não dura mais uma década como sendo a principal norteadora de comportamentos. A nova revolução, segundo o professor e economista, não virá de circuitos eletrônicos mais sofisticados e sim da biologia. Para ele, a biotecnologia vai desbancar os chips eletrônicos e os computadores, pelo menos na forma que os conhecemos hoje. Uma das provas de que esta revolução está mais perto do que imaginamos é um estudo já em andamento nos Estados Unidos, mais precisamente na Universidade de Harvard. Os pesquisadores chefiados pelo cientista George Church conseguiram gravar informações no DNA de voluntários e reimplantar estas células alteradas de volta no corpo de seus doadores. Em apenas uma grama de DNA foram gravados todos os dados da Wikipédia, usando em vez de bits alterações nos cromossomos. Eles acreditam que em quatro gramas de DNA todo o conhecimento da humanidade poderia ser armazenado. O desafio agora é criar formas de ler estes, diríamos, pen drives biológicos que permitiriam que cada pessoa possuísse em seu próprio corpo todo o conhecimento do mundo, o que eles afirmam estar pronto para ser comercializado em cinco anos.

Fecebook nas últimas 

Mas antes do fim da chamada linguagem digital, o mundo das redes sociais, maiores responsáveis pelo tráfego na internet, vai mudar. Semelhante ao fenômeno que desbancou o Orkut, o Facebook já mostra sinais de desgaste. O professor Jack London deu nome de Adeus, Facebook a seu livro baseado nestes sinais. O primeiro é a migração de usuários mais jovens, historicamente sempre em busca de novidades. Nos Estados Unidos, eles já começam a trocar a rede por outras como a Pheed, disponível para usuários de aparelhos Apple. A explicação é que a antiga rede social está, segundo o professor Jack, cada vez mais parecendo com a casa da vovó, cheia de fotos dos netinhos nas prateleiras e de conversas sobre as peripécias feitas por eles. O Facebook, diz o professor, está mesmo ficando velho. Outro ponto que mostra que ele não vai muito longe é a dificuldade de fazer dinheiro. Além do fiasco que foi o lançamento de ações na bolsa, a rede social tem sérias dificuldades em lidar com outro fenômeno. Dos cerca de um bilhão de usuários, mais de 700 milhões usam o Facebook a partir de dispositivos móveis, canal que dificulta ainda mais a captação de recursos para manter o negócio. Quem duvidar das previsões do também empresário Jack London, basta lembrar que o Orkut já foi tão indispensável para milhões de pessoas quanto hoje é o Facebook e atualmente tem apenas 20 milhões de usuários, 12 milhões deles no Brasil. 


Saiba mais sobre este assunto acessando o blog Tecnoporto.com.

Jovens vão às ruas e nos mostram que desaprendemos a sonhar

Por André Borges Lopes, do blog Luis Nassif Online

Aos que ainda sabem sonhar

O fundamental não é lutar pelo direito de fumar maconha em paz na sala da sua casa. O fundamental não é o direito de andar vestida como uma vadia sem ser agredida por machos boçais que acham que têm esse direito porque você está "disponível". O fundamental não é garantir a opção de um aborto assistido para as mulheres que foram vítimas de estupro ou que correm risco de vida. O fundamental não é impedir que a internação compulsória de usuários de drogas se transforme em ferramenta de uma política de higienismo social e eliminação estética do que enfeia a cidade. O fundamental não é lutar contra a venda da pena de morte e da redução da maioridade penal como soluções finais para a violência. O fundamental não é esculachar os torturadores impunes da ditadura. O fundamental não é garantir aos indígenas remanescentes o direito à demarcação das suas reservas de terras. O fundamental não é o aumento de 20 centavos num transporte público que fica a cada dia mais lotado e precário.

O fundamental é que estamos vivendo uma brutal ofensiva do pensamento conservador, que coloca em risco muitas décadas de conquistas civilizatórias da sociedade brasileira.

A grande imprensa, protestos sociais e as suposições vândalas

1956: quebra quebra contra o aumento das
tarifas dos bondes, Distrito Federal, RJ.
Por André Luiz Rodrigues de Rossi Mattos*

Em recente artigo publicado no blog Viomundo (Anatomia do Movimento Passe Livre, 10/062013), o Professor Lincoln Secco constatou as interpretações que a grande imprensa e os grupos de poder imediatamente construíram em torno dos protestos promovidos pelo Movimento Passe Livre (MPL). Segundo o artigo, “a crítica dirigiu-se à turba, à baderna, ao ‘trânsito’, aos arruaceiros e aos jovens filhos de papai”. Conforme ainda averiguou no mesmo texto, a grande imprensa ainda descobriu os militantes partidários e assim, a revolta dos jornalistas sensacionalistas se voltou contra os protestos, contra a suposta baderna e também contra os militantes partidários.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Apenas seres conscientes, poderão ser causadores de verdadeiras transformações sociais!


"Nunca duvide que um pequeno grupo de pessoas conscientes e engajadas possa mudar o mundo".

( Margaret Mead )

De fato, sempre foi assim que o mundo mudou.

Por Raquel Santana, no grupo Consciência Política no Facebook

Jamais foi de alguma outra maneira que o mundo passou por transformações sociais.

Sempre foi a partir de lutas e empenhos pessoais, onde as pessoas sempre acreditavam em toda sua força e poder de transformação.

O próprio mal para se tornar em algo gigante de enormes proporções, teve seu início em algo pequeno. Começado por uma pessoa ou pequenos números delas.

Se o mal sempre teve o poder de ganhar mais força rapidamente entre elas. Da mesma maneira o bem sempre teve e tem essa mesma possibilidade real.

Acredito que a velocidade do mal em se identificar com essas pessoas más, é resultado de uma rápida afinidade entre todas elas nesse objetivo comum.
Enquanto que o bem, sofre todo tipo de separação nessas pessoas do bem.

Nossas divisões sociais de todas as espécies possíveis, dificultam ainda mais sentirmos toda essa afinidade do bem, com as mais diferentes pessoas do bem.

Apenas seres conscientes, poderão ser causadores de verdadeiras transformações sociais!

Com uma consciência plena para bem além de eventuais limitações; que apenas servem de impedimento nessas conquistas.

Jamais subestime esse poder!

Mesmo em pequenos grupos, se pode encontrar o início de uma verdadeira revolução social!

Onde a sua maior arma, sempre será a consciência e toda essa identificação conscientes dos que se juntam nesse objetivo comum.

O objetivo de transformar a realidade para algo bem melhor!
É dessa maneira que o mundo muda!

ACORDA BRASIL!

terça-feira, 4 de junho de 2013

Joaquim Barbosa e Antonio Fernando de Souza esconderam provas que poderiam mudar julgamento do “mensalão”

Por Maria Inês Nassif, no Jornal GGN

O então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, criaram em 2006 e mantiveram sob segredo de Justiça dois procedimentos judiciais paralelos à Ação Penal 470. Por esses dois outros procedimentos passaram parte das investigações do chamado caso do “Mensalão”. O inquérito sigiloso de número 2454 correu paralelamente ao processo do chamado Mensalão, que levou à condenação, pelo STF, de 38 dos 40 denunciados por envolvimento no caso, no final do ano passado, e continua em aberto. E desde 2006 corre na 12ª Vara de Justiça Federal, em Brasília, um processo contra o ex-gerente executivo do Banco do Brasil, Cláudio de Castro Vasconcelos, pelo exato mesmo crime pelo qual foi condenado no Supremo Tribunal Federal (STF) o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato.

sábado, 1 de junho de 2013

J´Accuse!

Por Amadeu de Almeida Weinmann*, no site www.espacovital.com.br

O ano de 2011 representou ao povo de Gramado a natividade do desrespeito a algumas pessoas que, se não tivessem existido, não se saberia em que grau de desenvolvimento estaria a bela cidade serrana.

As imprecações de “quadrilha”, “bando” e “peculatários” foram as medalhas condecorativas, dadas a pessoas trabalhadoras e honestas, por terem se esmerado em criar, realizar e brilhar durante vinte e seis anos, num evento maravilhoso que encantou o mundo.

O título do artigo é inspirado no publicado pelo jornalista Emile Zola, no jornal “L’Aurore” de Paris, nos estertores do século XIX, em defesa do injustiçado oficial judeu Alfred Dreyfus.

Acuso o Ministério Público de manter um sistema de escuta telefônica ilegal, denominado de sistema Guardião, órgão que se poderia chamar de C.I.A. ou S.N.I. ministerial. Há nos autos da ação penal nº 101/2.11.0001204-7 relativamente aos acusados, várias determinações de escutas telefônicas ilegais.

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Dag Vulpi

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