domingo, 16 de junho de 2013

Faltou jogo de cintura

Por Leila Cordeiro, no Direto da Redação  

Não dá para entender como profissionais experientes na TV se perdem em transmissões ao vivo quando saem da rotina e não sabem lidar com situações inesperadas ou, se quiserem, fora do script.  A maioria não percebe que a graça de um flash ou transmissão ao vivo é exatamente o imprevisto,  algum fato extra que aconteça para desafiar o jogo de cintura   do profissional assim como sua capacidade de improvisar diante de algo surpreendente.


E foi exatamente isso que aconteceu com apresentador William Bonner,  que na última sexta-feira estava em Brasília de onde ancorou o Jornal Nacional,  por causa da abertura da Copa das Confederações. Bonner  pisou na bola no quesito naturalidade, que é um dos mais importantes no bom jornalismo ao vivo.

Não há nada de pessoal na crítica, mas,  primeiro de tudo,  Bonner quando foi chamado pela sua colega Patrícia Poeta que ancorava o telejornal do estúdio no Rio, parecia mais um principiante.  de tão inseguro na cobertura esportiva,  tarefa aliás que sempre coube à sua mulher,  Fátima Bernardes,  quando ancorava o JN e era "arroz de festa" em todas as mais importantes coberturas ligadas ao esporte, especialmente ao futebol.

Agora, com Fátima fora do jornal, Bonner passou a ser o âncora dos principais eventos externos e parece que ele ainda precisa aprender muito nessa área. Cheio de trejeitos nervosos e piscando os olhos sem parar, ele quis parecer natural, mas acabou protagonizando gafes desnecessárias.

Numa das voltas do comercial, foi visível o susto de William que,  pego de surpresa,  empurrou alguém da produção que parecia querer ajudar o Galvão a colocar o microfone ou algo parecido,   apareceu parcialmente em quadro na câmera ( Veja o vídeo )

Foi nesse momento que Bonner perdeu a chance de mostrar se era realmente bom no que faz. Em vez de simplesmente empurrar a pessoa,  ele deveria ter deixado que ela aparecesse na tela mostrando naturalmente o que estava acontecendo, dirigindo-se ao público e justificando o imprevisto como algo natural que pode vir a acontecer em qualquer cobertura ao vivo.

Outra coisa que Bonner poderia ter evitado,  foi cutucar as costas do locutor Galvão Bueno, para pedir que ele abreviasse seu comentário já que o tempo estava acabando e, provavelmente, em seu ouvido num ponto eletrônico o diretor deveria estar gritando:  “Dá um jeito de fazer o Galvão parar de falar porque o tempo do Jornal já estourou"

Também nessa Bonner perdeu a chance de mostrar que era o dono da bola.  Poderia ter aproveitado a tagarelice do Galvão e,  brincado com ele, dizer algo simpático como :  Ih,  Galvão, infelizmente o tempo do jornal acabou e eu vou ter que encerrar nossa participação, mas amanhã quero ver você brilhando na transmissão de Brasil e Japão,  tá certo?

Pronto, isso teria sido mais simpático e daria a Bonner o status de um profissional realmente experiente que sabe sair de situações inesperadas com naturalidade mostrando que ele está pronto para o que der e vier e com a maior categoria.  Mas não foi isso o que se viu na telinha da TV.

Evidentemente,  essa é uma opinião minha,  mas me considero apta a palpitar sobre o assunto, pois em quase toda a minha carreira de repórter fiz transmissões diárias ao vivo e foi nas ruas com todos os percalços, perigos e surpresas que aprendi a me comportar diante de uma câmera ao vivo.

Talvez esteja faltando esse tipo de experiência a Bonner, acostumado ao script inflexível  do JN. Afinal humildade, profissionalismo e canja de galinha não fazem mal a ninguém, não é mesmo?


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