quinta-feira, 16 de março de 2017

Vitória da esquerda de Mark Rutte na Holanda causa alívio na Europa

O Partido Popular Liberal e Democrata do primeiro-ministro Mark Rutte ganhou as eleições parlamentares na Holanda, que definirão o chefe do governo, segundo resultados preliminares. Em segundo lugar ficou o candidato de ultradireita Geert Wilders, do Partido pela Liberdade, de acordo com os números apurados até a madrugada de hoje (16).

Maia reabre até sexta prazo para emendas ao texto da reforma da Previdência

Agência Brasil
Diante dos pedidos de deputados, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reabriu hoje (15) o prazo para apresentação de emendas à proposta de reforma da Previdência. Maia anunciou,há pouco, no plenário da Casa, que o prazo, que havia terminado ontem (14), foi estendido até as 18h30 de sexta-feira (17).

Operação Tirannos II investiga desvios em programa de habitação rural em Minas

Agência Brasil
Sete mandados judiciais de busca e apreensão e cinco mandados judiciais de condução coercitiva foram cumpridos hoje (15) durante a Operação Tirannos II, que visa apurar indícios de irregularidades na execução do Programa Nacional de Habitação Rural em Minas Gerais. As suspeitas são de que os executores do programa no município de Lajinha (MG) tenham formado uma organização criminosa em busca de vantagens.

terça-feira, 14 de março de 2017

Temer sanciona lei que regulamenta a gorjeta


O presidente Michel Temer sancionou sem vetos a lei que regulamenta a cobrança e distribuição de gorjetas em bares, restaurantes, hotéis, motéis e estabelecimentos similares. A taxa continua sendo facultativa, mas a lei considera gorjeta tanto o valor pago espontaneamente pelo cliente ao empregado como o cobrado pela empresa, a qualquer título.

A lei estabelece que a gorjeta não constituirá receita própria dos empregadores, destinando-se apenas aos trabalhadores. A forma como o rateio será feito será definida por meio de convenção ou acordo coletivo de trabalho, bem como a determinação do percentual a ser usado para custear encargos sociais, previdenciários e trabalhistas.

No caso de empresas inscritas no regime de tributação federal diferenciado, o chamado Simples, é facultada a retenção de até 20% da arrecadação. No caso das empresas não inscritas em regime de tributação federal diferenciado, o percentual pode chegar a até 33%.

Encargos sociais
Nos dois casos, diz o texto da lei, esses percentuais deverão ser usados “para custear os encargos sociais, previdenciários e trabalhistas derivados da sua integração à remuneração dos empregados”. O restante será revertido integralmente em favor do trabalhador.

Segundo a lei, “o empregador será obrigado a anotar na carteira de trabalho e no contracheque de seus empregados o salário contratual fixo e o percentual percebido a título de gorjeta”, devendo as empresas registrarem o salário fixo e a média dos valores das gorjetas referente aos últimos 12 meses.

Cessada pela empresa a cobrança da gorjeta, desde que cobrada por mais de 12 meses, “esta se incorporará ao salário do empregado, tendo como base a média dos últimos 12 meses, salvo o estabelecido em convenção ou acordo coletivo de trabalho”.

Para empresas com mais de 60 funcionários, será eleita em assembleia uma comissão de empregados, mediante previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho, para acompanhamento e fiscalização da regularidade da cobrança e distribuição da gorjeta.


Caso haja o descumprimento por parte do empregador do cumprimento da legislação, a empresa pagará ao trabalhador prejudicado, a título de multa, “o valor correspondente a 1/30 da média da gorjeta por dia de atraso, limitada ao piso da categoria, assegurados em qualquer hipótese o contraditório e a ampla defesa”, podendo a limitação ao piso da categoria ser triplicada caso o empregador seja reincidente.

quarta-feira, 1 de março de 2017

O que é a terceira esquerda e quais são seus desafios


Por Marcelo Fantaccini Brito no Trincheiras

Este texto define como Primeira Esquerda no Brasil os dois partidos de esquerda que apoiaram os governos Lula e Dilma, que são o PT e o PCdoB, assim como as organizações e os movimentos aliados destes partidos, e os intelectuais que apoiam estes partidos. Este texto define como Segunda Esquerda no Brasil os partidos de esquerda que fizeram oposição de esquerda aos governos Lula e Dilma, que são o PSOL, o PSTU e o PCB, assim como as organizações e os movimentos aliados destes partidos, os intelectuais que apoiam estes partidos e qualquer um que seja de esquerda mas não apoiou os governos Lula e Dilma por não considera-los de esquerda. Há subdivisões dentro destas duas esquerdas, que não vem ao caso para este texto.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

A mediocridade de Jose Serra e seu conluio para livrar-se do alcance da Lei


Serra monta farsa, sai do governo para se blindar no Senado e contar com a proteção do STF e da PGR contra a Lava Jato

Por Davis Sena Filho - Palavra Livre

"Pelos caminhos do mundo, nenhum destino se perde: há os grandes sonhos dos homens e a surda força dos vermes". (Cecília Meirelles, no Romanceiro da Inconfidência)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Governo Trump amplia lista de imigrantes deportáveis e endurece regras do setor

O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (United States Department of Homeland Security – DHS, na sigla em inglês) ampliou hoje (21) o número de pessoas em situação irregular no país e que poderão ser deportadas, além de determinar mais rigor no cumprimento das leis migratórias existentes. As diretrizes para a lista de "deportáveis" foram alteradas por meio de dois memorandos, assinados pelo secretário de Segurança Interna, John Kelly.

Centrais sindicais querem mais debate das reformas trabalhista e da Previdência

Iolando Lourenço e Luciano Nascimento - da Agência Brasil
Representantes de oito centrais sindicais reivindicaram ontem (21) ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mais tempo para debater as reformas trabalhista e da Previdência, em análise na Casa. Após reunião com Maia, os sindicalistas criticaram o cronograma proposto para apreciação das reformas. Para as centrais, o governo quer conduzir a discussão e aprovar as reformas a “toque de caixa”.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

CCJ do Senado aprova a indicação de Alexandre de Moraes para o Supremo


Agência Brasil
Após mais de 11 horas de sabatina, com perguntas de 40 senadores, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou há pouco, por 19 votos a favor e 7 contrários, a indicação de Alexandre de Moraes, 48 anos, para ocupar vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). A indicação ainda precisa ser votada pelo plenário da Casa, em sessão marcada para amanhã (22).

Saiba como é feita a escolha de um ministro do STF


Agência Brasil
O candidato a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) deve ser indicado pelo presidente da República e submetido a uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, composta por 27 parlamentares.

Defesa de Lula contesta argumentos do governo em resposta à ONU


Agência Brasil
A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou hoje (21), ao Ministério das Relações Exteriores, contestação à posição adotada pelo governo brasileiro em petição apresentada pelo ex-presidente. Em julho do ano passado, Lula apresentou à Organização das Nações Unidas (ONU) uma petição em que alega ser vítima de violações de direitos humanos em razão das ações da Operação Lava Jato.

Votação da indicação de Moraes no plenário do Senado fica para quarta-feira

Agência Brasil
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), convocou os senadores para sessão extraordinária marcada para amanhã (22), às 11h, para a votação da indicação de Alexandre de Moraes ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Reforma da Previdência pode prejudicar trabalhador informal, diz Dieese

Agência Brasil
O diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, disse hoje (21) acreditar que as mudanças na Previdência poderão prejudicar quem trabalha na informalidade.

Segundo Lúcio, parte da população brasileira vive em um hiato de desproteção trabalhista e previdenciária. 

Em sabatina na CCJ do Senado, Moraes defende mudanças no ECA


Agência Brasil
Em sabatina na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, o ministro licenciado da Justiça, Alexandre de Moraes, voltou a defender hoje (21) mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para permitir punições mais severas a adolescentes que praticarem atos infracionais equivalentes a crimes hediondos, como homicídio, latrocínio e estupro.

Moraes diz que vai atuar com isenção, nega plágio e ter sido advogado do PCC


Agência Brasil
Ao responder às primeiras perguntas de parlamentares na sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Alexandre de Moraes, indicado para a vaga de ministro no Supremo Tribunal Federal (STF), negou que já tenha sido advogado da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e que tenha plagiado a obra de um jurista espanhol. Segundo Moraes, tais informações são calúnias e injúrias.

Moraes defende regulamentação do poder de investigação do Ministério Público


O ministro licenciado da Justiça, Alexandre de Moraes, defendeu hoje (21), em sabatina na Comissão de Comissão e Justiça (CCJ) do Senado, a necessidade de regulamentação, pelo Congresso Nacional, do poder de investigação do Ministério Público.

Moraes, que foi indicado pelo presidente Michel Temer para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF),disse que, embora a Corte já tenha tratado do tema, ainda há necessidade de regulamentação do Inciso I do Artigo 129 da Constituição.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Devedores da Previdência respondem por quase três vezes o déficit do setor

Os devedores da Previdência Social acumulam uma dívida de R$ 426,07 bilhões, quase três vezes o atual déficit do setor, que foi cerca de R$ 149,7 bilhões no ano passado. Na lista, que teom mais de 500 nomes, aparecem empresas públicas, privadas, fundações, governos estaduais e prefeituras que devem ao Regime Geral da Previdência Social. O levantamento foi feito pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, responsável pela cobrança dessas dívidas.

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De acordo com o coordenador-geral da Dívida Ativa da União, Cristiano Lins de Moraes, algumas dessas dívidas começaram na década de 60. “Tem débitos de devedores de vários tipos, desde um pequeno a um grande devedor, e entre eles há muita variação de capacidade econômica e financeira. Também há algumas situações de fraude, crimes de sonegação e esquemas fraudulentos sofisticados. Às vezes, um devedor que aparenta não ter movimentação financeira esconde uma organização que tem poder econômico por trás dele”, afirma o procurador da Fazenda Nacional.

A antiga companhia aérea Varig, que faliu em 2006, lidera a lista com R$ 3,713 bilhões. O levantamento inclui outras instituições que também decretaram falência: Vasp, que encerrou as atividades em 2005 e teve a falência decretada em 2008, com dívida de R$ 1,683 bilhão; o antigo Banco do Ceará (Bancesa), com uma dívida de R$ 1,418 bilhão; e a TV Manchete, que tem débitos no valor de mais de R$ 336 milhões.

Grandes empresas também constam entre os devedores da Previdência, como a mineradora Vale (R$ 275 milhões) e a JBS, da Friboi, com R$ 1,8 bilhão, a segunda maior da lista.

A lista inclui ainda bancos públicos e privados, como a Caixa Econômica Federal (R$ 549 milhões), o Bradesco (R$ 465 milhões), o Banco do Brasil (R$ 208 milhões) e o Itaú Unibanco (R$ 88 milhões).

A Procuradoria-geral da Fazenda Nacional tenta recuperar parte do dinheiro por meio de ações na Justiça. No ano passado, foram recuperados aproximadamente R$ 4,150 bilhões, cerca de 1% do total devido. O valo recuperado foi 11% superior ao de 2015.

Cristiano de Moraes diz que a Procuradoria-Geral da Fazenda nacional tem desenvolvido projetos para agilizar o pagamento das dívidas, mas programas de parcelamento de dívidas de estados e prefeituras atrasam com frequência o pagamento dos débitos.

O defícit da Previdência Social é um dos argumentos do governo para fazer a reforma do setor, que está em análise na Câmara dos Deputados.

Já a Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal e centrais sindicais propõem mudanças na forma de arrecadação e cobrança de débitos previdenciários. “É preciso fazer primeiro ajustes no lado das fontes de financiamento. Ou seja, cobrar essa dívida que é dinheiro sagrado de aposentados e pensionistas e foi ao longo do tempo acumulada, gerando quase de R$ 500 bilhões de débitos inscritos, fora o que está na fase administrativa. O índice de recuperação é pequeno e lento, temos que criar métodos mais ágeis de recuperação desses recursos”, disse Moraes.

Respostas
A Caixa Econômica Federal informou, por meio da assessoria, que paga corretamente e sem atraso todas as contribuições previdenciárias, mas questiona cobranças geradas por processos judiciais movidos por empregados.

Em nota, a JBS diz que já se propôs a pagar as dívidas com créditos que acumula na Receita Federal, mas ressalta que a ineficiência no sistema de cobrança impede que a troca ocorra, o que tem gerado multa, também contestada pela empresa. “A JBS não pode ser penalizada pela demora da Receita Federal em ressarcir seus créditos, mesmo porque se, de um lado, o Fisco não reconhece a correção dos créditos da companhia, de outro, tenta exigir os débitos tardiamente, corrigidos e com multa."

A mineradora Vale, também em nota, diz que, como a maioria das empresas e dos governos municipais e estaduais, tem discussões judiciais sobre temas previdenciários. "Todas as discussões possuem garantia judicial, o que nos permite a obtenção e manutenção do atestado de "Regularidade Fiscal" até o final dos processos (trânsito em julgado). Entendemos que há chances de êxito em todas as nossas discussões."

O Bradesco informou, em nota, que “não comenta questões sob análise administrativa ou judicial dos órgãos responsáveis”.

O Banco do Brasil informou, também por nota, que a dívida é referente a "um processo de tomada de contas especiais promovida pelo TCU, o Tribunal de Contas da União, em 1992, que entendeu serem indevidos os valores auferidos pela rede bancária nos meses de novembro e dezembro de 1991”. O banco recorreu da decisão do TCU na Justiça Federal.


O Itaú não se manifestou até a publicação do texto. A reportagem não conseguiu contato com representantes da Varig, Vasp, Bancesa e TV Manchete.  

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Pesquisa mostra Bolsonaro bem atrás de Lula e à frente de Aécio


BRASÍLIA - A reprovação ao governo do presidente Michel Temer aumentou sete pontos percentuais de outubro para cá, segundo pesquisa realizada pelo instituto MDA por encomenda da Confederação Nacional dos Transportes (CNT).

No total dos entrevistados, 44% avaliam de forma negativa a administração do peemedebista (eram 37% em outubro), 39% os que consideram regular (eram 36%) e 10% os que avaliam como positivo (contra 15% no levantamento anterior).

A rejeição ao presidente subiu de 51,5% em outubro para 62% na . Nos cenários para 2018, divulgados nesta quarta-feira, o destaque é a liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em todas as simulações, inclusive de segundo turno.

O índice de reprovação a Temer vem crescendo desde sua posse. Em junho, eram 40% os que reprovavam o presidente, depois subiu para 51% e agora chega a 62%.
A aprovação caiu de 34% em junho para 32% em outubro e para 24% na pesquisa deste mês.

Eleições 2018
As intenções de voto espontânea em Lula subiram de 11,4% para 16,6%. Jair Bolsonaro (PSC) subiu de 3,3% para 6,6% e aparece em segundo. Todos os demais nomes mencionados tiveram queda em seu percentual.

Aparecem em sequência Aécio Neves (PSDB), com 2,2%; Marina Silva (Rede), com 1,8%; Michel Temer (PMDB), com 1,1%; Dilma Rousseff (PT), com 0,9%; Geraldo Alckmin (PSDB), com 0,7%; e Ciro Gomes (PDT), com 0,4%.

Lula lidera em todos os três cenários propostos para o primeiro turno com percentuais de 30,5% a 32,8%.

Marina Silva e Jair Bolsonaro aparecem nos três cenários, enquanto Aécio Neves e Geraldo Alckmin são apontados como candidatos do PSDB.

Marina, Bolsonaro, Aécio e Alckmin aparecem empatados tecnicamente, pela margem de erro, em todos os cenários. Marina varia entre 11,8% a 13,9%. Bolsonaro vai de 11,3% a 12%. Aécio varia de 10,1% a 12,1%. Alckmin tem 9,1% no cenário em que seu nome foi apresentado.

Foram realizadas seis simulações de segundo turno. Lula passou a liderar nos três cenários em que é testado.

Em outubro, ele vencia apenas em uma simulação contra Michel Temer. No levantamento atual, Lula venceria Aécio por 39,7% a 27,5%, bateria Marina por 38,9% a 27,4% e derrotaria Temer por 42,9% a 19%.

Nos demais cenários, Aécio venceria Temer por 34,1% a 13,1% e estaria em empate técnico com Marina, com 28,6% contra 28,3% da ex-senadora.

Marina, por sua vez, venceria Temer por 34,4% a 16,8%. O nome de Bolsonaro não foi testado em nenhum cenário para o segundo turno.

Com informações Extra

Xadrez de Paulo Hartung, o projeto piloto de Temer

Por Luis Nassif na Agencia Congresso

Peça 1 – o fator Espírito Santo

Trava-se no Espírito Santo a primeira grande batalha de desmonte do estado brasileiro. O governador Paulo Hartung é o candidato ao teste piloto.

A crise fiscal do Estado não é de sua responsabilidade, mas da política econômica que começou com o pacote Joaquim Levy e foi agravada pelo boicote pré-impeachment e pela política econômica de Michel Temer, uma política suicida que não tem como objetivo a superação da crise, mas o uso da crise para o desmonte do Estado.

Posto ante o dilema da crise fiscal, a fórmula Hartung segue apenas o mainstream do Congresso, mídia e governo Temer.

Foi incensado como exemplo do governante responsável poucos dias antes de consumado o desastre. Sua estratégia consistiu em:
·      Precarização dos serviços públicos e dos direitos sociais;
·      políticas de incentivos à atração de empresas sem avaliação custo-benefício.
·      nenhum diálogo com os setores afetados e despreocupação em amenizar os efeitos dos desmanches.

Hartung tornou-se um projeto piloto, um Michel Temer de laboratório. Se for derrotado pela PM o movimento se alastrará por todo o país.

A rebelião da Polícia Militar é apenas o ensaio perigoso -- porque em uma corporação armada – das reações do funcionalismo público.

Por outro lado, é um governante autoritário, pouco propenso ao diálogo e com um histórico de truculência que chegou ao ponto de, na primeira gestão, adquirir um equipamento Guardião para grampear telefones de um jornal local, buscando identificar informações delicadas contra ele.

Por isso, a saída previsível é a do confronto total, tentar impor uma rendição incondicional à PM, uma irresponsabilidade mesmo em caso de vitória: será deixar a segurança do estado a mercê de uma corporação humilhada e exposta a contatos com organizações criminosas.

O usual seria a Presidência decretar intervenção federal. Mas Temer evitará devido ao artigo 60 da Constituição Federal
Art. 60. (...)
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

Ou seja, intervindo no Espírito Santo, teriam que ser interrompidas todas as votações de emendas constitucionais.

Criou-se, então, uma gambiarra, com as Forças Armadas assumindo provisoriamente a segurança do Estado sabe-se lá até quando, um quadro complexo que as joga no epicentro político do país.

Por outro lado, Hartung monta um jogo de cena com uma proposta fake de acordo, cuja intenção foi rapidamente captada pela PM: dividir a corporação, fazê-la voltar às ruas, mas mantendo a denúncia contra 700 PMs e, depois de vencida a etapa, inquéritos contra os revoltosos. Ou seja, criminalização de qualquer reação contra o desmanche.

Peça 2 – o padrão de gestão Hartung-Temer

Não se cometa a injustiça de comparar o nível de Paulo Hartung com o de Temer. Este representa o pensamento do baixo clero, uma espécie de chefe do bas-fond.

Já Hartung pertence a uma geração que, nos anos 90, representou um avanço relativo na gestão pública, com a compreensão da importância da criação do ambiente econômico para a atração de empresas e a adoção de algumas ferramentas novas para a gestão pública.

Mas não avançou além disso.

Aliás, esta é uma das facetas da maldição do subdesenvolvimento. O sujeito consegue um upgrade mínimo sobre o momento anterior, e estratifica, apega-se a slogans, a simplificações ideológicas, a desenhos de país estático a manuais de empresas privadas, trocando o trabalho político pelo padrão sargentão de repartição.

Hartung não conseguiu compreender as diferenças entre gestor público e privado, nem soube utilizar adequadamente as ferramentas de análise de investimentos para o objetivo final da gestão pública: a melhoria das condições de vida e de elevação do IDH do estado.

Enquanto arrochava o salário dos servidores, montou uma agressiva política de subsídios visando atrair empresas para o Estado, mas com base em análises frágeis da relação custo-benefício.

Para um gestor público responsável, o princípio básico a nortear uma política de subsídios responsável deveria ser:

1.     Se a empresa não se instalar no Estado, não haverá tributos a serem recolhidos. Por isso mesmo, é indevido o exercício de considerar como perda o tributo que deixou de ser pago na fase de incentivo.
2.     No entanto, há que se efetuar um levantamento minucioso das externalidades positivas e negativas. Dentre as negativas, há os serviços de infraestrutura bancados pelo Estado e os gastos públicos decorrentes da operação da empresa. Por exemplo, exigências de investimento em infraestrutura, saneamento visando o tratamento do lixo industrial, gastos para minimizar impactos ambientais, os impactos na segurança etc. Dentre as positivas, a geração de empregos e a criação de uma cadeia de fornecedores.

Tudo isso tem que ser previsto no papel, devidamente pesado, as despesas, as contrapartidas até que o fluxo de tributos seja recomposto e o Estado comece a receber.

Hartung passou ao largo dessas análises.
No Portal de Transparência do Estado, escondeu os dados que permitiriam uma análise mais apurada dos subsídios concedidos. Não se trata de uma esbórnia, tipo Sérgio Cabral, mas de uma falta de visão sistêmica e de responsabilidade como gestor público, como se a única função do governante fosse criar condições para novos investimentos, independentemente dos custos que recaem sobre o Estado. Se isso for exemplo de sucesso de gestão, Deus que salve o país dos supostos bons gestores.

Peça 3 – os simulacros de CEOs

O estilo Paulo Hartung não se resume a isso.

Ao longo de sua vida política, notabilizou-se pelo padrão de déspota esclarecido, cujo guru maior foi José Serra que, em cargos relevantes – prefeito e governador de São Paulo – jamais logrou uma política criativa sequer.

Vendia-se a ideia de que qualquer benefício ao contribuinte ou a grupos sociais vulneráveis era sinal de fraqueza.

E que os governantes seriam dotados da sabedoria divina, linha direta com Deus, não precisando de conselhos.

Grande governante era o que se dedicasse exclusivamente a impor sacrifícios à população, transformando a responsabilidade fiscal em valor absoluto, um anacronismo resultante da visão incorreta do papel do gestor público.

Mais que isso, as políticas sociais se resumem a obras de pequeno alcance, visando apenas o impacto midiático – não nos indicadores gerais. São projetos pilotos permanentes, pela falta de compromisso com a universalização dos avanços.

Foi assim com o projeto de escola integral, modelo de alcance restrito, enquanto a maioria das escolas é submetida ao esgarçamento orçamentário.

A blindagem a Hartung é tão forte nas Organizações Globo – com exceção do grupo Gazeta, que a representa no Espírito Santo – que, na ânsia de sacralizar Hartung, cometem-se paradoxos explícitos.

Por exemplo, atribui-se a ele a grande vitória contra o crime organizado no Espírito Santo. No entanto, para desqualificar a greve da PM, começam a ser atribuídos a supostos esquadrões da morte, grupos de PMs acumpliciados com o crime organizado, parte significativa da matança registrada nesses dias de greve.

Posto assim, o crime organizado continua mais ativo do que nunca e incrustrado no aparelho policial. O que teria ocorrido seria apenas um pacto de não-agressão, tipo o que o PCC fechou com o governo de São Paulo.

Peça 4 – o tsunami a caminho

A Globo é um brontossauro, com muito músculo e pouco cérebro. Seu papel de principal agente político do país esbarra na absoluta incapacidade de avaliar a gravidade da situação, como se ela própria acreditasse no mundo virtual criado por seus telejornais e pela parcialidade gritante da Globonews.

Longe do mundo ideal criado pela Rede Globo, a situação do Espírito Santo é a seguinte, segundo a visão de A Gazeta:

“(...)  Turbinado pela propaganda do governo, o nosso humilde Estado vinha sendo cantado em prosa e verso, como espécie de paraíso de prosperidade, responsabilidade fiscal, ordem social e qualidade na prestação dos serviços públicos. Bem, o castelo desmoronou, a ilusão se desfez, e essa crise sem precedentes na segurança pública estadual desvelou, de uma maneira brutal, o que esse discurso propagandeado aos quatro cantos tinha de fantasioso e artificial. A realidade é bem mais dura.

(...)  Alguns desses óbvios problemas foram descortinados da pior e mais traumática forma por essa onda de violência:

·      Uma insatisfação latente do funcionalismo público estadual, que se sente sacrificado pelo arrocho fiscal implementado (panela de pressão que estava a ponto de explodir a qualquer momento);
·       A fragilidade e a suscetibilidade de instituições fundamentais à ordem pública, como a PMES; o sucateamento e a precarização de serviços públicos essenciais (hoje o grito foi dos servidores da Segurança, amanhã poderá ser os da Saúde e os da Educação, se não se prestar atenção);
·      A dificuldade, a letargia e a demora da equipe de governo em reagir a uma crise de tal gravidade, que pôs a população de joelhos e entregue a um estado de calamidade pública;
·      (...) A vulnerabilidade, enfim, desse pacto social tão frágil sobre o qual se sustenta a nossa vida cotidiana, em qualquer parte do mundo.

A cegueira da chamada elite brasileira é inédita entre países com a dimensão do Brasil. Posturas críticas racionais, como a da Gazeta, inexistem nos órgãos da chamada grande imprensa do eixo Rio-SãoPaulo, principal avalizadora desse suicídio soberano cometido pela política econômica.

Há um claro desmonte social, uma acelerada perda de legitimidade e de autoridade nos mais diversos escalões da sociedade. A persistência dessa política restritiva, mais os efeitos da PEC 55, agravarão ainda mais a crise.

A falta de limites da camarilha de Temer, a maneira como está atuando no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Congresso acelerarão ainda mais a desagregação social e política.

O fundo do poço ainda está distante. E a cada dia fica mais nítido que a gambiarra Temer não terá condições de resistir ao tsunami.
Tratem de aprimorar o golpe!

*Luis Nassif é jornalista

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