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Fernando Frazão/Agência Brasil |
Em
várias capitais, manifestantes protestam na noite desta quinta-feira (18)
contra a corrupção, pedem a saída do presidente Michel Temer e novas eleições
diretas. Os atos ocorrem após a divulgação pelo jornal O Globo de
reportagem sobre a delação premiada do empresário Joesley Batista, dono do
grupo JBS.
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De acordo com o jornal, em um encontro com o empresário, Temer teria dito que
Joesley continuasse a pagar uma espécie de mesada ao ex-deputado Eduardo Cunha,
preso na Lava Jato, para que permanecesse em silêncio. O ministro Edson Fachin,
do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou a delação de Batista e liberou
parte do áudio da conversa entre ele e Temer.
Em
pronunciamento nesta tarde, o presidente Michel Temer disse que não renunciará
e que não comprou o silêncio de ninguém.
Rio de Janeiro
No
Rio de Janeiro, a manifestação foi convocada pelas redes sociais por centrais
sindicais e entidades estudantis. A concentração foi na Igreja da Candelária,
com previsão de seguir até a Cinelândia. A segurança foi reforçada com homens
do Batalhão de Policiamento em Grandes Eventos (BPGE). Alguns jovens vestidos
de preto e portando escudos também participam da manifestação.
Por
volta das 20h15, manifestantes e policiais entraram em confronto na Cinelândia.
O confronto durou cerca de 30 minutos. De lado, manifestantes mascarados
jogaram pedras e garrafas contra os policiais, que responderam com bombas de
gás lacrimogêneo e de efeito moral. A Cinelândia, que em momentos antes estava
lotada, às 20h45, ficou vazia. Muitos manifestantes fugiram em direção à Lapa,
que fica a a cerca de 2 quadras de distância, ateando fogo em sacos de lixo e
outros objetos, colocando grandes fogueiras nas ruas próximas.
Brasília
Um
grupo de manifestantes está concentrado na Praça dos Três Poderes, em frente ao
Palácio do Planalto. As pessoas começaram a chegar por volta das 17h. A última
estimativa oficial da Polícia Militar do Distrito Federal é de 400 pessoas.
Os
manifestantes soltaram fogos e tocam instrumentos de percussão. A manifestação
segue pacífica. Bandeiras de centrais sindicais são agitadas e faixas escrito
“Diretas Já”, além de gritos de apoio a ex-presidenta Dilma
Rousseff. Desde ontem (17), quando o jornal O Globo divulgou que
Temer teria concordado com a compra do silêncio de Eduardo Cunha, as pessoas
começaram a se reunir na frente do Planalto. Muitos motoristas também passam em
frente buzinando e pedindo a saída de Temer.
Recife
A
concentração foi na Praça do Derby e seguiu pela Avenida Conde da Boa Vista,
por volta de 18h, até a Avenida Guararapes. Muitos manifestantes estavam com
placas “Eu quero votar”, “Fora, corruptos” e “Fora, Temer”. A organização do
ato calculou 3 mil pessoas; já a Polícia Militar de Pernambuco não faz contagem
de manifestantes.
O
presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carlos Veras,
criticou a decisão de Temer de não renunciar. “Ele deveria ter pelo
menos a decência de renunciar. E não é só Temer renunciar: é a renúncia,
revogação imediata de todos os atos feitos pelo presidente ilegítimo, não às
reformas que estão em curso e eleições diretas para Presidência da
República".
A
representante da União Brasileira de Mulheres (UBM) de Pernambuco, Laudijane
Domingos, disse que as informações reveladas pela delação reforçam o pedido de
saída do presidente da República. “A máscara caiu, a nuvem de fumaça saiu. O
argumento de que o Brasil estava envolto em uma onda de corrupção e que isso
era responsabilidade dos partidos de esquerda não é verdade”, afirmou.
Fortaleza
Os
manifestantes se reuniram na Praça da Bandeira, no centro, e caminharam cerca
de 2 quilômetros até o bairro Benfica. Muitos levavam faixas e cartazes ou
vestiam camisetas com mensagens defendendo a convocação de eleições diretas.
"Temos que estar na rua em busca das eleições diretas, pois só assim o
trabalhador vai conseguir esse marco. Não podemos permitir que a burguesia
decida este momento e que o Congresso escolha um novo representante",
disse o presidente do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de
Fortaleza, Eriston Ferreira.
São Paulo
Manifestantes
se reúnem em frente ao vão-livre do Masp, na Avenida Paulista, desde o fim da
tarde de hoje. O grupo fechou a avenida no sentido Consolação por volta de
18h30. A dispersão do ato terminou por volta das 22h.
Participaram
da manifestação diversos movimentos sociais, estudantis, sindicais e partidos
políticos que apoiam a saída de Temer. Pelo menos 15 policiais fizeram uma
barreira de proteção em frente ao prédio da Presidência em São Paulo. Viaturas
da Polícia Militar acompanharam o ato.
Carolina
Kruchin, 30 anos, disse que o povo tem que ir para a rua. “Não adianta nada
ficar nas nossas casas vendo pela televisão. Temos que ir pra rua fazer
volume”. Ela defendeu eleições diretas gerais.
A
estudante Luiza Ribeiro da Silva, 21 anos, disse que as pessoas precisam sair
às ruas porque o país passa por uma situação desesperadora. “Tem que somar em
resistência, vir para a rua, juntar todo mundo para mostrar o que está
acontecendo. Eu acho que no momento é Diretas Já, porque [eleições] indiretas a
gente já sabe o que vai acontecer entre eles, vai jogar para outra pessoa que é
do mesmo tipo”.
Manuela
Mendes dos Santos, de 30 anos, também defende eleições diretas. "Estamos
aqui pedindo a saída de todos na verdade, não só do Temer, mas de todo o
Congresso, de toda a corja que está roubando o país”, disse . O povo deve
decidir quem serão os governantes.
Em
nota conjunta, as centrais sindicais pedem eleições gerais e democráticas, além
da apuração das "graves revelações contidas nas delações envolvendo o
presidente Temer e outros políticos de expressão nacional". Além disso,
afirmam que falta legitimidade política e social ao atual governo para
aprovação das reformas da Previdência e trabalhista e pedem que sejam retiradas
imediatamente da pauta do Congresso Nacional.
"[Qualquer
solução democrática para a crise política e econômica nesta conjuntura] Passa,
ainda, pela reconstrução da legitimidade das instituições políticas da
República, o que, no caso do governo federal e do Congresso Nacional, passa por
realizar, no mais curto espaço de tempo exigido pela Constituição, eleições
gerais e democráticas", diz a nota.
Belo Horizonte
As
ruas do centro de Belo Horizonte foram tomadas por manifestantes favoráveis à
saida de Michel Temer da presidência da República e à convocação de eleições
diretas. A manifestação foi convocada pela Frente Brasil Popular e pela
Frente Povo Sem Medo, grupos que reúnem centrais sindicais, sindicatos,
organizações estudantis e entidades dos movimentos sociais. A Polícia Militar
não divulgou estimativa de público, mas de acordo com a organização foram 50
mil pessoas.
A
concentração começou às 17h, na Praça Sete. Os manifestantes circularam por
avenidas do centro da cidade e seguiram para a Praca da Estação. Ao longo do
trajeto, diversos moradores acenaram das varandas e janelas e jogaram papel
picado em apoio.
"É
incapaz de levar o governo adiante. O problema é que os setores conservadores
irão se articular para fazer uma eleição indireta e colocar no poder alguém
capaz de continuar com a agenda de retirada de direitos, através da reforma
trabalhista e da Reforma da Previdência", disse Leonardo Péricles, líder
da Frente Povo Sem Medo e do Movimento de Luta por Bairros, Vilas e Favelas
(MLB).
O
presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, Kerison
Lopes, citou a prisão de Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves, e disse que
a detenção dela significou um dia de liberdade de imprensa em Minas Gerais, por
mencionar a interferência dela nos meios de comunicação no estado.
"Durante os 12 anos de governos do PSDB, com Aécio e Anastasia, ela
coordenou a comunicação e ficou conhecida como mãos de tesoura. Ela atuava para
censurar a imprensa, perseguiu e exigiu de veículos a demissão de diversos
jornalistas", disse. Conforme reportagem do O Globo, Aécio Neves
pediu R$ 2 milhões ao empresário e a irmã dele teria participado da negociação.
Segundo
os organizadores, o ato reuniu mais de 50 mil pessoas. A Polícia Militar não
divulgou estimativa de público.
Porto Alegre
O
protesto ocorreu na Esquina Democrática, no centro da cidade desde as 18h. Uma
hora depois, o grupo seguiu em marcha pelas ruas do Centro Histórico com faixas
e cartazes pedindo a saída do presidente da República, Michel Temer, e exigindo
a realização de eleições diretas para o cargo.
A
caminhada encerrou no Largo Zumbi dos Palmares, onde o ato foi finalizado. Um
grupo menor, no entanto, resolveu seguir até a Avenida Ipiranga, onde foram
registrados alguns confrontos com a Brigada Militar (BM). Os policiais
utilizaram bombas de gás para dispersar os manifestantes.
A
Brigada Militar não divulgou estimativa de quantas pessoas participaram do ato.
As lideranças das centrais sindicais afirmaram que o público foi de 20 mil
manifestantes.