quinta-feira, 18 de maio de 2017

Manifestantes protestam em várias cidades e pedem saída de Temer

Fernando Frazão/Agência Brasil
Em várias capitais, manifestantes protestam na noite desta quinta-feira (18) contra a corrupção, pedem a saída do presidente Michel Temer e novas eleições diretas. Os atos ocorrem após a divulgação pelo jornal O Globo de reportagem sobre a delação premiada do empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS.

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De acordo com o jornal, em um encontro com o empresário, Temer teria dito que Joesley continuasse a pagar uma espécie de mesada ao ex-deputado Eduardo Cunha, preso na Lava Jato, para que permanecesse em silêncio. O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou a delação de Batista e liberou parte do áudio da conversa entre ele e Temer. 

Em pronunciamento nesta tarde, o presidente Michel Temer disse que não renunciará e que não comprou o silêncio de ninguém. 

Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, a manifestação foi convocada pelas redes sociais por centrais sindicais e entidades estudantis. A concentração foi na Igreja da Candelária, com previsão de seguir até a Cinelândia. A segurança foi reforçada com homens do Batalhão de Policiamento em Grandes Eventos (BPGE). Alguns jovens vestidos de preto e portando escudos também participam da manifestação.

Por volta das 20h15, manifestantes e policiais entraram em confronto na Cinelândia. O confronto durou cerca de 30 minutos. De lado, manifestantes mascarados jogaram pedras e garrafas contra os policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral. A Cinelândia, que em momentos antes estava lotada, às 20h45, ficou vazia. Muitos manifestantes fugiram em direção à Lapa, que fica a a cerca de 2 quadras de distância, ateando fogo em sacos de lixo e outros objetos, colocando grandes fogueiras nas ruas próximas. 

Brasília
Um grupo de manifestantes está concentrado na Praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio do Planalto. As pessoas começaram a chegar por volta das 17h. A última estimativa oficial da Polícia Militar do Distrito Federal é de 400 pessoas.

Os manifestantes soltaram fogos e tocam instrumentos de percussão. A manifestação segue pacífica. Bandeiras de centrais sindicais são agitadas e faixas escrito “Diretas Já”, além de gritos de apoio a ex-presidenta Dilma Rousseff. Desde ontem (17), quando o jornal O Globo divulgou que Temer teria concordado com a compra do silêncio de Eduardo Cunha, as pessoas começaram a se reunir na frente do Planalto. Muitos motoristas também passam em frente buzinando e pedindo a saída de Temer.

Recife
A concentração foi na Praça do Derby e seguiu pela Avenida Conde da Boa Vista, por volta de 18h, até a Avenida Guararapes. Muitos manifestantes estavam com placas “Eu quero votar”, “Fora, corruptos” e “Fora, Temer”. A organização do ato calculou 3 mil pessoas; já a Polícia Militar de Pernambuco não faz contagem de manifestantes.

O presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carlos Veras, criticou a decisão de Temer de não renunciar. “Ele deveria ter pelo menos a decência de renunciar. E não é só Temer renunciar: é a renúncia, revogação imediata de todos os atos feitos pelo presidente ilegítimo, não às reformas que estão em curso e eleições diretas para Presidência da República".

A representante da União Brasileira de Mulheres (UBM) de Pernambuco, Laudijane Domingos, disse que as informações reveladas pela delação reforçam o pedido de saída do presidente da República. “A máscara caiu, a nuvem de fumaça saiu. O argumento de que o Brasil estava envolto em uma onda de corrupção e que isso era responsabilidade dos partidos de esquerda não é verdade”, afirmou.

Fortaleza
Os manifestantes se reuniram na Praça da Bandeira, no centro, e caminharam cerca de 2 quilômetros até o bairro Benfica. Muitos levavam faixas e cartazes ou vestiam camisetas com mensagens defendendo a convocação de eleições diretas. "Temos que estar na rua em busca das eleições diretas, pois só assim o trabalhador vai conseguir esse marco. Não podemos permitir que a burguesia decida este momento e que o Congresso escolha um novo representante", disse o presidente do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de Fortaleza, Eriston Ferreira. 

São Paulo
Manifestantes se reúnem em frente ao vão-livre do Masp, na Avenida Paulista, desde o fim da tarde de hoje. O grupo fechou a avenida no sentido Consolação por volta de 18h30. A dispersão do ato terminou por volta das 22h.

Participaram da manifestação diversos movimentos sociais, estudantis, sindicais e partidos políticos que apoiam a saída de Temer. Pelo menos 15 policiais fizeram uma barreira de proteção em frente ao prédio da Presidência em São Paulo. Viaturas da Polícia Militar acompanharam o ato.

Carolina Kruchin, 30 anos, disse que o povo tem que ir para a rua. “Não adianta nada ficar nas nossas casas vendo pela televisão. Temos que ir pra rua fazer volume”. Ela defendeu eleições diretas gerais.

A estudante Luiza Ribeiro da Silva, 21 anos, disse que as pessoas precisam sair às ruas porque o país passa por uma situação desesperadora. “Tem que somar em resistência, vir para a rua, juntar todo mundo para mostrar o que está acontecendo. Eu acho que no momento é Diretas Já, porque [eleições] indiretas a gente já sabe o que vai acontecer entre eles, vai jogar para outra pessoa que é do mesmo tipo”.

Manuela Mendes dos Santos, de 30 anos, também defende eleições diretas. "Estamos aqui pedindo a saída de todos na verdade, não só do Temer, mas de todo o Congresso, de toda a corja que está roubando o país”, disse . O povo deve decidir quem serão os governantes.

Em nota conjunta, as centrais sindicais pedem eleições gerais e democráticas, além da apuração das "graves revelações contidas nas delações envolvendo o presidente Temer e outros políticos de expressão nacional". Além disso, afirmam que falta legitimidade política e social ao atual governo para aprovação das reformas da Previdência e trabalhista e pedem que sejam retiradas imediatamente da pauta do Congresso Nacional.

"[Qualquer solução democrática para a crise política e econômica nesta conjuntura] Passa, ainda, pela reconstrução da legitimidade das instituições políticas da República, o que, no caso do governo federal e do Congresso Nacional, passa por realizar, no mais curto espaço de tempo exigido pela Constituição, eleições gerais e democráticas", diz a nota.

Belo Horizonte
As ruas do centro de Belo Horizonte foram tomadas por manifestantes favoráveis à saida de Michel Temer da presidência da República e à convocação de eleições diretas. A manifestação foi convocada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo, grupos que reúnem centrais sindicais, sindicatos, organizações estudantis e entidades dos movimentos sociais. A Polícia Militar não divulgou estimativa de público, mas de acordo com a organização foram 50 mil pessoas.

A concentração começou às 17h, na Praça Sete. Os manifestantes circularam por avenidas do centro da cidade e seguiram para a Praca da Estação. Ao longo do trajeto, diversos moradores acenaram das varandas e janelas e jogaram papel picado em apoio.

"É incapaz de levar o governo adiante. O problema é que os setores conservadores irão se articular para fazer uma eleição indireta e colocar no poder alguém capaz de continuar com a agenda de retirada de direitos, através da reforma trabalhista e da Reforma da Previdência", disse Leonardo Péricles, líder da Frente Povo Sem Medo e do Movimento de Luta por Bairros, Vilas e Favelas (MLB).

O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, Kerison Lopes, citou a prisão de Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves, e disse que a detenção dela significou um dia de liberdade de imprensa em Minas Gerais, por mencionar a interferência dela nos meios de comunicação no estado. "Durante os 12 anos de governos do PSDB, com Aécio e Anastasia, ela coordenou a comunicação e ficou conhecida como mãos de tesoura. Ela atuava para censurar a imprensa, perseguiu e exigiu de veículos a demissão de diversos jornalistas", disse. Conforme reportagem do O Globo, Aécio Neves pediu R$ 2 milhões ao empresário e a irmã dele teria participado da negociação.

Segundo os organizadores, o ato reuniu mais de 50 mil pessoas. A Polícia Militar não divulgou estimativa de público.

Porto Alegre
O protesto ocorreu na Esquina Democrática, no centro da cidade desde as 18h. Uma hora depois, o grupo seguiu em marcha pelas ruas do Centro Histórico com faixas e cartazes pedindo a saída do presidente da República, Michel Temer, e exigindo a realização de eleições diretas para o cargo.

A caminhada encerrou no Largo Zumbi dos Palmares, onde o ato foi finalizado. Um grupo menor, no entanto, resolveu seguir até a Avenida Ipiranga, onde foram registrados alguns confrontos com a Brigada Militar (BM). Os policiais utilizaram bombas de gás para dispersar os manifestantes.


A Brigada Militar não divulgou estimativa de quantas pessoas participaram do ato. As lideranças das centrais sindicais afirmaram que o público foi de 20 mil manifestantes.

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