Depois
de cinco dias de ausência da Câmara dos Deputados, o presidente da Casa,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), compareceu hoje (22) no final da tarde para anunciar
que, mesmo com a crise envolvendo o presidente Michel Temer, retomará as
votações em plenário a partir desta terça-feira (23). Maia disse também que
colocará, entre os dias 5 e 12 de junho, em discussão e votação a reforma da
Previdência.
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“Vamos
trabalhar de forma permanente para que essa crise seja superada”, disse Maia.
“Entre o dia 5 e 12 de junho vamos começar o debate e a votação da reforma da
Previdência. Temos um compromisso com a recuperação econômica, com a geração de
empregos e com a redução da taxa de juros no Brasil”.
Desde
a noite de quarta-feira (17), quando vieram à tona denúncias sobre o suposto
esquema de pagamento de propina e troca de favores envolvendo o presidente da
República e o presidente do grupo JBS, Josley Batista, no âmbito das
investigações da Lava Jato, o Congresso teve atividades suspensas ou canceladas
e não votou nenhuma medida. Depois da divulgação dos vídeos e áudios dos
delatores da JBS, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício
Oliveira (PMDB-CE), não apareceram no Congresso.
Pendências
Na
pauta da Câmara, entre os projetos pendentes de votação, está o Projeto de Lei
Complementar (PLP) 54/15, do Senado, que propõe uma transição para as isenções
fiscais concedidas unilateralmente pelos estados, com prazos que variam de 1 a
15 anos de vigência para as atuais isenções e incentivos.
Oito
medidas provisórias (MPs), que tramitam em caráter de urgência, também trancam
a pauta. Entre elas, está a que instituiu o Programa de Regularização
Tributária (PRT), que vem sendo chamado de “Novo Refis” e permite que empresas
regularizem dívidas de natureza tributária e não tributária com a União.
Também
está prevista a votação da MP 763/16, que permite ao trabalhador sacar o
dinheiro de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS),
autorizando a movimentação de contas paradas até 31 de dezembro de 2015 e a MP
767/17, que aumenta as carências para concessão do auxílio-doença, da
aposentadoria por invalidez e do salário-maternidade no caso de o segurado
perder essa condição junto ao Regime Geral da Previdência Social (RGPS) e
retomá-la posteriormente.
“Vamos
votar medidas provisórias importantes como a dos peritos do INSS, que garante
uma arrecadação de R$ 8 bilhões para um orçamento deficitário que precisa ser
reduzido a cada ano”, disse Maia.
Partidos
de oposição prometeram obstruir as votações enquanto Maia não decidir a
respeito dos pedidos de impeachment de Temer protocolados desde
quarta-feira (17). A única matéria que eles aceitam votar é a Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) 227/15, de autoria do deputado Miro Teixeira
(Rede-RJ), que prevê a convocação de eleições diretas no caso de vacância da
Presidência da República, exceto nos seis últimos meses do mandato.
“A
presidência da Câmara dos Deputados não será instrumento para a desestabilização
do governo, o Brasil já vive uma crise muito profunda para que esta Casa cumpra
um papel de desestabilização maior”, disse Maia.
O
deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) reafirmou a estratégia da oposição. De
acordo com o deputado “a desestabilização está sentada na cadeira de presidente
da República”. “Essa fala do presidente da Câmara de que vai engavetar os
pedidos de impeachment [...] enquanto o país inteiro espera uma
resposta da Câmara traz enorme preocupação para todos nós. Porque o que desestabiliza
o país não é a instalação de uma comissão de impeachment, mas ter alguém
que usa a presidência da República para obstruir a Justiça, praticar corrupção
passiva e para integrar uma organização criminosa”, disse.
A
PEC é um dos 71 itens da pauta da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania
(CCJ), que tem reunião prevista para amanhã (23). Na quinta-feira passada, um
dia depois da divulgação das denúncias, a comissão encerrou os trabalhos por
falta de quórum.
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