Juiz
fez a referência depois de citar que os casos de corrupção investigados na
Petrobras possivelmente se estendem para Estados e municípios.
O
juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná, afirmou que o "exemplo
mais visível" de corrupção sistêmica no país "se dá no Rio de
Janeiro, onde se verificou, puxando o fio de investigação de contratos da
Petrobras, um esquema mais complexo e abrangente".
Em
evento em Curitiba na noite desta terça-feira (21), ele fez a referência depois
de citar que os casos de corrupção investigados na Petrobras possivelmente se
estendem para Estados e municípios.
Nos
últimos dias, o presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de
Janeiro), Jorge Picciani, e os deputados Paulo Melo e Edson Albertassi, todos
do PMDB, foram alvos da Operação Cadeia Velha, que investiga o pagamento de
cerca de R$ 500 milhões a políticos feitos por donos de empresas de ônibus.
Moro
também afirmou que o combate à corrupção não pode depender apenas do
Judiciário. "Precisamos de reformas mais gerais. De uma espécie de Plano
Real contra a corrupção", disse o juiz.
As
declarações ocorreram durante seminário para procuradores municipais organizado
pela ANPM (Associação Nacional dos Procuradores Municipais), em Curitiba. Moro
falou sobre combate à corrupção a partir de casos já julgados no âmbito da Lava
Jato.
O
magistrado voltou a defender o fim do foro privilegiado e disse que abre mão do
benefício a que tem direito. "Posso dizer por mim e por quase toda a
totalidade que nós abrimos mão desse privilégio anti-republicano",
afirmou.
PALMAS
E VAIAS
No
evento, que também teve a palestra do ex-governador do Paraná Jaime Lerner,
Moro foi ovacionado com palmas e gritos toda vez que seu nome foi citado. Mas
também recebeu vaias.
Um
grupo de cerca de 25 procuradores organizou um protesto contra a convocação do
juiz para a palestra, com gritos de "vergonha".
Guilherme
Rodrigues, procurador de Fortaleza e presidente da ANPM entre 2012 e 2014, foi
um dos organizadores do ato contra o magistrado. "Usar toga para fazer
política é algo inadmissível, e é isso que Moro faz", afirmou o
ex-dirigente.
Segundo
a também procuradora de Fortaleza Rosaura Brito Bastos, um "grande
grupo" de procuradores que costuma frequentar os encontros deixou de
comparecer neste ano por causa da presença do juiz. "Ele é contrário às
prerrogativas dos advogados e julga de um jeito parcial", disse. Com
informações da Folhapress.