segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Fla prevê perda de R$ 3 milhões na camisa, mas mantém valores da Caixa


Por mais um ano, Rubro-Negro vai fechar por R$ 25 milhões com banco público e busca alternativa para fim de parceria com Viton 44. Jeep pode ganhar mais espaço

Embora durante o período eleitoral, os dirigentes rubro-negros mostrassem certo pessimismo em relação a patrocinadores devido à crise econômica, o Flamengo obteve ótima notícia para seus cofres nesta semana. Deixou bem encaminhada a renovação de contrato com a Caixa Econômica Federal, que seguirá pagando R$ 25 milhões por ano, valor inferior apenas em relação ao recebido pelo Corinthians (R$ 30 milhões). 

Em 2016, a Caixa exibirá sua marca pelo terceiro ano consecutivo no espaço mais nobre da camisa do Flamengo. 

O acerto representa um alívio para a direção rubro-negra, que, em seu orçamento, trabalha com perda de R$ 3 milhões em patrocínios, motivada pela saída da Viton, que expunha seu logo nas costas e na manga da camisa.

Para contornar a saída da Viton, que comprometeu-se a pagar R$ 20 milhões ao Flamengo em 2015, o clube busca soluções com a JEEP, cuja marca era exibida na barra da camisa em troca de R$ 4,5 milhões anuais. Há a hipótese de a montadora ocupar o espaço deixado pela Viton, porém um terceiro patrocinador não está descartado.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Mídia, poder e democracia: teoria e práxis dos meios de comunicação

Por Francisco Fonseca



RESUMO
Este artigo analisa conceitual e empiricamente o papel da mídia, sobretudo a brasileira, perante a democracia, criticando-se a suposta atuação pública de seus órgãos tendo em vista seu caráter privado e mercantil. Por fim, defende-se o controle social democrático da mesma.
Palavras-chave: mídia; democracia; esfera pública; mercadoria; controle social.


ABSTRACT
This paper analyzes conceptually and empirically the role of the media for the democracy, specially in the Brazilian case. It criticizes the presumed public action of the media, because of its private and mercantile nature. It defends the thesis of the social and democratic control of the media.
Key words: Media; democracy; public sphere; commodities; social control.



Os conflitos sociais, das mais variadas ordens, são possibilitados na democracia pelas instituições e pelas normas legais, assim como pelos pactos entre as classes sociais. Nesse sentido, não deixa de ser um truísmo a constatação de que, independentemente da forma e do sistema de governo uma democracia só poderá assim ser considerada se na esfera pública os diversos interesses puderem se manifestar: por esfera pública entendemos a arena em que se mesclam interessem comuns e de classes, "comuns" quanto à lógica da Nação, da identidade nacional, do Estado nacional, e "de classes" no que tange a interesses sociais imanentemente distintos, embora possam, em determinadas conjunturas e dependendo dos arranjos políticos, se assemelharem (Offe, 1984).

Considerando que essa premissa não necessita ser aprofundada, é fato que a mídia - entendida como o complexo de meios de comunicação que envolve mensagem e recepção, por formas diversas, cuja manipulação dos elementos simbólicos é sua característica central (Eagleton, 1991) - representa uma forma de poder que, nas sociedades "de massa", possui papéis extremamente significativos, tais como: influir na formação das agendas públicas e governamentais; intermediar relações sociais entre grupos distintos (Capelato, 1988); influenciar a opinião de inúmeras pessoas sobre temas específicos; participar das contendas políticas, em sentido lato (defesa ou veto de uma causa, por exemplo) e estrito (apoio a governos, partidos ou candidatos); e atuar como "aparelhos ideológicos" capazes de organizar interesses. Quanto a esses, em determinadas circunstâncias atuam à guisa de "partidos políticos" ou "intelectuais coletivos e orgânicos" de grupos específicos (Coutinho, 1994). Esses papéis são ocultados sob o lema do "dever da informação", que seria "neutra", "independente", "apartidária" e "a-ideológica", características invariavelmente alegadas pelos órgãos da mídia ao retratar, de forma cabotina, sua atuação.

Dessa forma, a mídia, ao participar da esfera pública como "prestadora de serviços", isto é, como entidades de "comunicação social", teria uma função imprescindível nas democracias: informar sobre os acontecimentos levando às pessoas uma gama de dados que, sem esse serviço, não teriam condição de conhecer outras realidades que não as vivenciadas ou relatadas por pessoas próximas. Mais importante, os órgãos da mídia fariam a fiscalização do Estado, exercendo assim a forma mais bem acabada de "controle social": em relação ao dinheiro público, às ações públicas, numa palavra, aos negócios públicos.

Note-se, contudo, que os órgãos da mídia - emissoras de tv, rádios, jornais, revistas, portais - atuantes na esfera pública são em larga medida empresas privadas que, como tal, objetivam o lucro e agem segundo a lógica e os interesses privados dos grupos que representam. Embora a ação da mídia seja complexa, essas características são cruciais para uma definição inicial dessa relação entre agentes privados e esfera pública. Afinal, se todos os possuidores de poder precisam ser responsabilizados - à luz do liberalismo de Os federalistas, o que implica a teoria dos "freios e contrapesos" -, tais como os agentes públicos e mesmo outros agentes privados, para os quais há meios de fiscalizar-lhes, e se a atuação dos órgãos da mídia tem como pressuposto a lógica privada, a questão que se coloca é: como compreender a sua atuação na esfera pública, em que a democracia é elemento-chave?

Tomando-se esses elementos como fundantes para a compreensão do papel da mídia na democracia, sobretudo na democracia brasileira ao longo do século XX, observaremos as seguintes questões neste texto: a constituição da "política informacional" no século XX e a construção da "sociedade midiática"; as teorias políticas sobre a democracia e as falsas confluências estabelecidas entre mídia e democracia; a necessidade de um marco conceitual capaz de compreender seu papel; o papel dos grandes periódicos na formação da agenda neoliberal e perante o conflito distributivo (entre capital e trabalho) nas décadas de 1980 e 1990.

A "política informacional"

(...) a mídia eletrônica (não só o rádio e a televisão, mas todas as formas de comunicação, tais como o jornal e a internet) passou a se tornar o espaço privilegiado da política. Não que toda a política possa ser reduzida a imagens, sons ou manipulações simbólicas. Contudo, sem a mídia, não há meios de adquirir ou exercer poder. Portanto, todos [os partidos políticos, de ideologias distintas] acabam entrando no mesmo jogo, embora não da mesma forma ou com o mesmo propósito. (Castells, 2000, p. 367)

Segundo Castells, a "política informacional" compõe o quadro de que as sociedades contemporâneas são fundamentalmente midiáticas, isto é, suas relações sociais e de poder são intermediadas pelas diversas modalidades da mídia. O jogo político (partidário e parlamentar) teria de se adequar às regras definidas pela mídia, em que o espetáculo e o entretenimento se fundem com as notícias. Assim, o espaço "público" seria, em larga medida, agendado pelo sistema midiático, que daria os contornos do que seria ou não legítimo, e do que deveria ou não ser prioritário. Mesmo que a vida política seja mais complexa e conflituosa do que a mídia retrata - o que explica, aliás, as mudanças na sociedade -, o fato é que o sistema midiático enquadra, emoldura em boa medida os próprios conflitos:

(...) em virtude dos efeitos convergentes da crise dos sistemas políticos tradicionais e do grau de penetrabilidade bem maior dos novos meios de comunicação, a comunicação e as informações políticas são capturadas essencialmente no espaço da mídia. Tudo o que fica de fora do alcance da mídia assume a condição de marginalidade política. O que acontece nesse espaço político dominado pela mídia não é determinado por ela: trata-se de um processo social e político aberto. Contudo, a lógica e a organização da mídia eletrônica enquadram e estruturam a política. (...) [esta] "inserção" da política por sua "captura" no espaço da mídia (...) causa um impacto não só nas eleições, mas na organização política, processos decisórios e métodos de governo, em última análise alterando a natureza da relação entre Estado e sociedade. (Castells, 2000, p. 368)

Note-se que o papel da mídia é ainda mais potencializado com a crise dos sistemas representativos tradicionais (sistema partidário, representação sindical e mesmo os movimentos sociais), que cada vez cedem lugar ao chamado "terceiro setor" - denominação ampla e fugidia que congrega caridade individual, a chamada "responsabilidade social das empresas", à ação das organizações não-governamentais, entre outras tantas ações. Esse vazio é crescentemente ocupado pela mídia, particularmente por meio da "política informacional". Como diz Castells, embora os conflitos permaneçam e se complexifiquem, tendo em vista a política ser um terreno aberto, seu enquadramento passa pela mídia, pois é ela o agente que faz a intermediação das relações sociais, enfatize-se. Dessa forma, como os partidos são, em diversos lugares do mundo, cada vez menos representativos, os sindicatos fracos e com decrescente número de filiados, e as ideologias contrastantes ao neoliberalismo menos vigorosas, um tal enquadramento e uma tal intermediação potencializam um poder crescentemente perigoso à luz da teoria democrática.

Reitere-se que, ao falarmos da mídia, estamos nos referindo a um sistema com diversas modalidades que se integram, pois:

(...) a televisão, os jornais e o rádio funcionam como um sistema integrado, em que os jornais relatam o evento e elaboram análises, a televisão o digere e divulga ao grande público, e o rádio oferece a oportunidade de participação ao cidadão, além de abrir espaço a debates político-partidários direcionados sobre as questões levantadas pela televisão. (Castells, 2000, p. 376)

Como se nota, as diversas modalidades têm papéis distintos, mas conjugados. Embora não ajam necessariamente de forma uníssona em termos ideológicos, seu modus operandi é similar na medida em que provém de um sistema orgânico em que as notícias associam-se ao espetáculo, ao entretenimento, à lógica mercantil da audiência (no caso das tvs e rádios) e das vendas, notadamente de publicidade, no caso dos periódicos. Esses aspectos simultaneamente empresariais e ideológicos pertencem à dinâmica da intermediação das relações sociais. Sobretudo nas circunstâncias em que os principais meios de comunicação convergem ideologicamente, caso da introdução da agenda neoliberal no Brasil e da crítica - observada perenemente - aos movimentos sociais, o enquadramento ideológico conjuga-se ao seu modus operandi, como veremos.

Segundo Castells, ao lado das aludidas mudanças estruturais na representação política em perspectiva global - presentes em maior ou menor escala em cada país ou região -, o próprio sistema político formal é impactado pelo sistema informacional:

À crise de legitimidade do Estado-Nação acrescente-se a falta de credibilidade do sistema político, fundamentado na concorrência aberta entre partidos. Capturado na arena da mídia, reduzido a lideranças personalizadas, dependente de sofisticados recursos de manipulação tecnológica, induzido a práticas ilícitas para obtenção de fundos de campanha, conduzido pela política do escândalo, o sistema partidário vem perdendo seu apelo e confiabilidade e, para todos os efeitos, é considerado um resquício burocrático destituído da fé pública. (Castells, 2000, p. 402)

Fundo Soberano resgata R$ 855 milhões para aumentar receitas do Tesouro


A Secretaria Executiva do Conselho Deliberativo do Fundo Soberano do Brasil (FSB) realizou o resgate parcial de R$ 855 milhões em cotas do Fundo Fiscal de Investimentos e Estabilização (FFIE). Os recursos, originários do resgate antecipado de títulos públicos federais, foram transferidos para a Conta Única do Tesouro Nacional.

Segundo o Ministério da Fazenda, a operação ocorreu ontem (22) e se deve à “necessidade de elevação das disponibilidades financeiras do Tesouro Nacional, em um contexto de contração econômica com queda acentuada na arrecadação de receitas fiscais e dificuldades para a redução de despesas obrigatórias”.

O conselho do FSB é presidido pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Também fazem parte do conselho o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Valdir Simão, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.

O FFIE é um fundo privado do qual a União, com recursos do Fundo Soberano, é cotista único. Esse resgate, segundo o Ministério da Fazenda, já estava previsto desde o 2º Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias de 2015 como parte das receitas esperadas na rubrica “Operações com Ativos”.

Informações disponibilizadas pelo Tesouro Nacional mostram que o Banco do Brasil Gestão de Recursos Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A. (BBDTVM) atua na qualidade de administradora do Fundo Fiscal de Investimentos e Estabilização (FFIE). Ainda segundo o Tesouro, o banco estatal é responsável pela distribuição e registro escritural de cotas, bem como pelos serviços de Tesouraria, conforme regulamento constante na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

De acordo com a lei, os recursos do Fundo Soberano podem ser utilizados com a finalidade de promover investimentos em ativos no Brasil e no exterior, formar poupança pública, fomentar projetos de interesse estratégico do país e mitigar os efeitos dos ciclos econômicos.

Inflação deve chegar a 10,8% este ano e a 6,2% em 2016


A inflação, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), este ano vai chegar a dois dígitos e passar longe do teto da meta de 6,5%. A projeção do Banco Central (BC) é que a inflação feche este ano em 10,8%. A estimativa divulgada em setembro era 9,5%. A última vez que a inflação ultrapassou dois dígitos foi em 2002, quando chegou a 12,53%.

A previsão consta no Relatório de Inflação, divulgado trimestralmente pelo BC. Para 2016, a estimativa para o IPCA subiu de 5,3% para 6,2%. Em 2017, a inflação deve ficar em 4,8%.

Essas projeções são do cenário de referência, elaborado com base na taxa básica de juros, a Selic, no atual patamar (14,25% ao ano), e o dólar a R$ 3,90. O BC também divulga estimativas do cenário de mercado, em que são usadas projeções de analistas de instituições financeiras para a taxa Selic e câmbio. Neste caso, o IPCA também deve ficar em 10,8%, ante 9,5% previstos em setembro.

Para 2016, a estimativa de mercado foi ajustada de 5,4% para 6,3%. Em 2017, a inflação deve ficar em 4,9%.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu como meta de inflação 4,5% para 2016 e 2017, sendo que o limite de tolerância é 2 pontos percentuais no ano que vem e 1,5 ponto em 2017.

Quando a meta é ultrapassada, o presidente do BC tem de enviar carta aberta ao ministro da Fazenda, com as explicações para o descumprimento. A última vez que isso aconteceu foi em 2003, quando a inflação atingiu 9,3%.
Preços administrados

O BC projeta que o preço da gasolina vai subir 20,7%, este ano, e estimativa para o preço da energia elétrica é 51,6%. A projeção para o conjunto dos preços administrados é 18,2%, ante a estimativa anterior, divulgada em setembro, de 15,4%.

Para 2016, a projeção para a variação do conjunto é 5,9%, ante 5,7% considerados no relatório anterior. “Essa projeção considera, para combustíveis, que os preços domésticos da gasolina e do óleo diesel encontram-se acima dos praticados no mercado internacional, restringindo, dessa forma, eventuais elevações”, diz o BC, no relatório.

Para os preços da energia, diz o BC, a projeção de 4,6% para 2016 leva em conta redução da tarifa em dólar da usina de Itaipu e ausência de mudanças no valor definido pelo sistema de bandeiras tarifárias em 2016, muito embora os riscos hídricos tenham evoluído favoravelmente e tenha ocorrido desligamento de usinas térmicas de maior custo.

A projeção de reajustes dos itens administrados, em 2017, é 5%.

Oposição venezuelana acusa partido do governo de “golpe judicial”


A oposição venezuelana acusou hoje (23) o partido do governo de dar "um golpe judicial" contra o novo Parlamento, ao tentar impugnar a designação de 22 dos 112 deputados opositores que venceram as eleições parlamentares.

“A Mesa de Unidade Democrática, juntamente com os seus três governadores, quer apresentar a posição pública perante o que não duvidamos em qualificar como uma tentativa de golpe de estado judicial contra a vontade do povo, expressa de forma nítida, clara, retumbante e pacífica no último dia 6 de dezembro”, disse o secretário executivo da MUD, Jesús Torrealba.

A MUD obteve nas eleições parlamentares a primeira vitória em 16 anos, conquistando0 112 dos 167 lugares que compõem o Parlamento, uma maioria de dois terços que lhe confere amplos poderes e marca uma virada história contra o chavismo (corrente de seguidores do presidente Hugo Chávez).

Hoje, segundo Torrealba, apesar de estar em período de férias, o Supremo Tribunal de Justiça abriu os serviços para receber um recurso [de impugnação] do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), que pretende impugnar 22 deputados da unidade. "Não existe nenhum mecanismo ou procedimento que esteja por cima da Carta Magna. Dentro da Constituição tudo, fora dela nada", disse, durante entrevista em Caracas.

Segundo o secretário, a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), a Organização dos Estados Americanos (OEA) e outros organismos do hemisfério foram notificados do que está ocorrendo para que estejam em alerta para a possibilidade de que o governo venezuelano "pretenda manter-se no poder, ignorando a vontade popular".

O porta-voz da MUD lembrou que a Constituição estabelece que o Poder Legislativo deve ser instalado em 5 de janeiro e que os 112 deputados opositores eleitos e acreditados pelo Conselho Nacional Eleitoral se apresentem para assumir as funções.

"Nós estamos por uma senda clara que é democrática, constitucional, eleitoral e pacífica, por isso condenamos toda a ação de violência institucional", destacou. Ele disse acreditar que nesse dia "vão operar as mesmas forças que garantiram que o dia 6 de dezembro fosse uma jornada cívica e pacífica".

Segundo o presidente Nicolás Maduro, estão sendo investigados mais de 1,5 milhão de votos nulos registrados durante as eleições parlamentares, porque em alguns setores onde tradicionalmente o chavismo era vencedor, os candidatos chavistas perderam por menos de uma centena de votos. Houve mais de mil votos nulos nesses locais.

Congresso pode votar em março contas de 2014 da presidenta Dilma


O Congresso Nacional deverá votar as contas da presidenta Dilma Rousseff, relativas ao exercício de 2014, em março do ano que vem. Pelo cronograma elaborado pela Comissão Mista de Orçamento (CMO), o relator das contas, senador Acir Gurgacz (PDT-RO), tem até o dia 28 de fevereiro para apresentar parecer sobre as emendas de deputados e senadores apresentadas a seu parecer. O relatório final deverá ser votado na comissão até o dia 6 de março.

No parecer apresentado nesta terça-feira à CMO, Gurgacz propõe a aprovação das contas de 2014 da presidenta com três ressalvas. De acordo com o senador, não foram encontrados vínculos de responsabilidade de Dilma e que os argumentos apresentados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) “não são relevantes o suficiente para levar à rejeição [das contas]”.

As ressalvas propostas pelo relator são: “a falta de aderência do cenário econômico-fiscal traçado bimestralmente pelo governo em 2014, em relação ao que de fato ocorria na economia, o que fragilizou a transparência da execução orçamentária e financeira;  a existência de compromissos financeiros vencidos e não pagos, que apesar de não se caracterizarem como ‘operação de crédito’, é fato incontestável que precisa ser melhor demonstrado e equalizado; e a existência de vultuosos e crescentes compromissos financeiros contabilizados como restos a pagar”.

De acordo com Gurgacz, a posição do TCU sobre as contas de 2014 representa “uma inflexão na conduta histórica daquela Corte”. Ele disse que apenas uma vez o relator das contas no TCU havia opinado pela rejeição das contas presidenciais em 1936, no governo Getúlio Vargas. Em seu parecer, o senador afirma que “não é razoável” incluir nas contas do presidente da República todas e quaisquer decisões adotadas em cada ministério e órgãos do Executivo, assim como não é razoável incluir nas contas do governador todos os atos de suas secretarias.

Gurgacz ressaltou que seu relatório deverá ser debatido “exaustivamente” na Comissão de Orçamento para, então, ser votado. De acordo com o senador, o parecer é técnico e foi feito dentro do que estabelecem as normas constitucionais. “Nossa preocupação foi produzir um relatório verdadeiro, dentro da realidade brasileira. Trabalhamos com toda imparcialidade para produzir esse relatório. Ele está menos politizado do que o do TCU. Ele é um relatório técnico.”

O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), que esteve na CMO no momento da entrevista do senador Gurgacz, criticou o relatório, que considerou “inaceitável e repugnante”.  De acordo com Sávio, está-se rasgando a Lei de Responsabilidade Fiscal.  “É repugnante o que estou vendo. Isso vai colocar nosso país em um caminho muito ruim”, disse Sávio. Para o deputado mineiro, a oposição vai trabalhar para rejeitar o relatório na CMO e no plenário do Congresso.

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