O Congresso
Nacional deverá votar as contas da presidenta Dilma Rousseff, relativas ao
exercício de 2014, em março do ano que vem. Pelo cronograma elaborado pela
Comissão Mista de Orçamento (CMO), o relator das contas, senador Acir Gurgacz (PDT-RO),
tem até o dia 28 de fevereiro para apresentar parecer sobre as emendas de
deputados e senadores apresentadas a seu parecer. O relatório final deverá ser
votado na comissão até o dia 6 de março.
No parecer
apresentado nesta terça-feira à CMO, Gurgacz propõe a aprovação das contas de
2014 da presidenta com três ressalvas. De acordo com o senador, não foram
encontrados vínculos de responsabilidade de Dilma e que os argumentos
apresentados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) “não são relevantes o suficiente
para levar à rejeição [das contas]”.
As ressalvas
propostas pelo relator são: “a falta de aderência do cenário econômico-fiscal
traçado bimestralmente pelo governo em 2014, em relação ao que de fato ocorria
na economia, o que fragilizou a transparência da execução orçamentária e
financeira; a existência de compromissos financeiros vencidos e não
pagos, que apesar de não se caracterizarem como ‘operação de crédito’, é fato
incontestável que precisa ser melhor demonstrado e equalizado; e a existência
de vultuosos e crescentes compromissos financeiros contabilizados como restos a
pagar”.
De acordo com
Gurgacz, a posição do TCU sobre as contas de 2014 representa “uma inflexão na
conduta histórica daquela Corte”. Ele disse que apenas uma vez o relator das
contas no TCU havia opinado pela rejeição das contas presidenciais em 1936, no
governo Getúlio Vargas. Em seu parecer, o senador afirma que “não é razoável”
incluir nas contas do presidente da República todas e quaisquer decisões
adotadas em cada ministério e órgãos do Executivo, assim como não é razoável
incluir nas contas do governador todos os atos de suas secretarias.
Gurgacz
ressaltou que seu relatório deverá ser debatido “exaustivamente” na Comissão de
Orçamento para, então, ser votado. De acordo com o senador, o parecer é técnico
e foi feito dentro do que estabelecem as normas constitucionais. “Nossa
preocupação foi produzir um relatório verdadeiro, dentro da realidade
brasileira. Trabalhamos com toda imparcialidade para produzir esse relatório. Ele
está menos politizado do que o do TCU. Ele é um relatório técnico.”
O deputado
Domingos Sávio (PSDB-MG), que esteve na CMO no momento da entrevista do senador
Gurgacz, criticou o relatório, que considerou “inaceitável e repugnante”.
De acordo com Sávio, está-se rasgando a Lei de Responsabilidade Fiscal.
“É repugnante o que estou vendo. Isso vai colocar nosso país em um caminho
muito ruim”, disse Sávio. Para o deputado mineiro, a oposição vai trabalhar
para rejeitar o relatório na CMO e no plenário do Congresso.
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