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terça-feira, 23 de maio de 2017

Uma “estória” da dor neuropática


Por Dr. Márcio Conti via site DAHW

*Os lugares e nomes de pessoas contidos nesse post foram alterados, para resguardar os aspectos éticos do tratamento.

Em Juazeiro, Aparecida caminha para o consultório do Dr. Francisco aflita e ansiosa. Há 1 ano tenta de todas as formas melhorar as dores que sente no cotovelo e tornozelo depois de 1 ano e meio tratando a hanseníase, que tanto a fez ficar envergonhada. Passou por vários médicos, tomou medicações e acha que nada vai dar certo. Sua história parece com tantas outras em todo o mundo.

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Esperando na cadeira do Posto de Saúde pensa que esta será mais uma consulta aonde sairá sem qualquer solução, lhe dá vontade de chorar e voltar para casa sentindo-se castigada pela segunda vez, a primeira no diagnóstico e depois com a dor que não larga dela.

Dona Aparecida, por favor entre. Fala aquele jovem de jaleco e rosto tranquilo.

Bom dia doutor. – Tentando disfarçar o nervosismo.

Como está? Estou achando que está sentindo calor. Este verão não dá trégua!

Doutor se todos os meus problemas fossem o verão estaria feliz.

Desculpe não me apresentei sou o Francisco.

Não é o Doutor Francisco?

Também sou. – Disse ele com um sorriso – Mora próximo ao Posto de Saúde?

Desculpe Doutor estou com tanta dor e tristeza que quero ser examinada logo.

Lógico Aparecida, sente-se e vamos conversar.

O consultório simples com paredes recém-pintadas era simpático, mas nada luxuoso. Ela duvidou que ali pudesse achar alguma solução. Ele, jovem, não parecia conhecer sobre o mistério que sofre, após passar por outros que pareciam saber muito mais. Pensou em duvidar da amiga Amália que recomendou o Doutor para tratá-la.

Dona Aparecida porque veio me visitar? Recolhendo vários papeis com receitas, exames e relatórios.

Doutor, vou ser sincera, acho que meu problema não tem cura, estou vindo quase sem esperança. – Chorando envergonhada, parecia que neste local pelo menos chorar podia.

Fique calma e vamos conversar. – Após ler toda a papelada fazer algumas anotações levantou a cabeça e perguntou – A senhora teve hanseníase pelo que li, se tratou e parece que está curada da doença, mas tem dor?

Pelo amor de Deus Doutor, estou quase enlouquecendo com as dores, não sei o que fazer e o quê procurar. Meu patrão acha que estou enganando ele para não trabalhar, mas sou honesta e nunca faria isto.

Depois de alguns minutos chorando, Francisco pergunta.

A senhora terminou o tratamento da hanseníase e ainda sente dores que começaram no sexto mês, elas pioraram?

Sim doutor, muitas dores e cada vez estão piores.

Tomou corticoides com pouco melhora? – Ela fez que sim com a cabeça

Após minutos conversando e vários outros examinando, Francisco oferece a cadeira e ela se senta.

Vou explicar para a senhora o que consigo perceber. A hanseníase como deve saber e foi orientada na sua Unidade que a tratou, pode causar doença em nervos dos braços, pernas, pescoço e rosto, além das manchas no corpo, é realmente desagradável e muitas pessoas tem preconceito com os doentes, mas frisando que tem cura e a senhora está curada. Porém, em alguns pacientes inflamação do nervo cria a necessidade de operar este nervo para melhorar a função e dor. Em outros casos tratamos com corticoides e até mesmo Talidomida, um remédio que não usamos normalmente, principalmente em mulheres. Outras pessoas não terão nenhum problema e curados viverão normalmente, e um terceiro grupo terá dor crônica que precisará tratar.

Trouxe uma água para os dois, realmente os dias estavam muito quentes, e continuou:

Há quanto tempo a senhora sente a dor e já tentou tomar medicações para melhorá-la?

Já sinto dor assim há mais de 1 ano e minha vida está difícil, estou quase perdendo o emprego e confesso que não consigo trabalhar. Em alguns momentos choro de dor e tudo que tomei não faz efeito.

Entendo Aparecida, você está desenvolvendo um quadro que chamamos de dor crônica que é aquela com mais de 6 meses de duração que não melhora com analgésicos ou anti-inflamatórios. Vou te explicar melhor. A sensação de dor começa com um estímulo em algum local do corpo que tenha inervação dolorosa, é um mecanismo que nos protege e evita que nos machuquemos. A ausência da dor seria uma situação séria, como em alguns pacientes que perdem, pela hanseníase, a sensibilidade de mão ou pés. Este estímulo o cérebro interpreta como dor e esta depende de vários fatores, definimos como o “sofrimento” que a dor causa. Pessoas diferentes interpretam o estimulo doloroso com “sofrimento” ou intensidade diferentes.

Olhando para o jovem médico sem acreditar muito na fala dele, Aparecida interrompe:

O senhor está falando que é coisa da minha cabeça?

Não é uma fantasia ou mentira, se é esta a sua observação. A dor não é uma fantasia. É real e só você sente, mas no caso de existir o estimulo por muito tempo o cérebro “desregula” e passa a interpretar o mesmo estímulo com mais sofrimento, e até mesmo, quando ele desaparece, este continua a acreditar que ainda existe. Daí algumas pessoas manterem dores muito fortes depois de anos curadas. Você consegue me entender?

Está me falando que estou curada, e mesmo assim a minha cabeça continua a sentir dor?

Você está curada e ainda sente dor, não acha que sente dor, a sente de verdade.

Estranho doutor, todas as dores que senti passam com remédios.

Sei que é diferente, mas acredite, existem pessoas aonde mesmo sem qualquer estimulo doloroso ou os mais bizarros como som, vento, alteração de temperaturas desencadeiam crises dolorosas violentíssimas. Vemos isto e em alguns casos classificamos com um nome de Alodínia.

Isto tem cura? – Já aflita pois aquele doutor era a primeira pessoa que explicava a sua dor desta forma.

Em alguns casos sim, em outros melhoramos muito o sofrimento da dor com antidepressivos, neurolépticos e outros remédios que agem no cérebro. Quero frisar que não é maluca, não está depressiva na sua forma clássica de depressão, precisamos ajudar com medicações e fisioterapia seu cérebro “esfriar” como gosto de falar, a sensação de dor, como uma panela que desligamos a chama e aos poucos esfria.

Já não era fácil para Aparecida entender totalmente aquele médico, ainda mais com uma fala que nunca havia escutado. Será que os outros não sabiam disto, ou aquele era maluco?

Hoje Aparecida conversamos, examinei você e entendi com o meu conhecimento seu quadro de dor. Posso falar com certeza que tratamentos existe, talvez não façam a dor desaparecer totalmente, mas faremos de tudo melhorando a qualidade da sua vida. Volto a falar, da hanseníase está curada. Minha proposta é que em meses esteja melhor ou sem dor e assim fique por sua vida.

Após medicá-la, explicar como usar os remédios, Francisco percebeu que sua sofrida paciente ainda estava desconfiada e completou

Uma forma excelente de ajudar no seu tratamento é conhecer melhor o que está causando tanto sofrimento Aparecida. Todas as quartas-feiras as 11 horas eu e alguns pacientes, junto com fisioterapeutas e enfermeiros nos encontramos para explicar tudo isto, ouvindo os relados e assim aprendendo com vocês, é lógico que está convidada, na verdade ninguém precisa de convite.

Vou ver se posso doutor, estou agradecida por tudo.

Não me agradeça, explique a outros o que entendeu sobre nossa conversa assim eles também entenderam o que passa com você.

Deram um abraço e combinaram uma nova consulta em 3 semanas.

Doutor Francisco terminou seu dia e voltou para casa aonde iria ver sua família, ler um pouco e descansar e Aparecida foi à farmácia pegar sua nova medicação.

Após vários encontros, com melhoras, pioras, ajustes de medicação além de paciente-médico, tornaram-se amigos. Hoje Aparecida em seu bairro organiza encontros com pacientes e ex- pacientes para trocarem informações sobre a hanseníase, as dores físicas e sociais que sentem. Logicamente doutor Francisco sempre que pode passa lá.

Obs.: Aparecida quase não sente dor hoje em dia. Quase!

Um abraço a todos e até o próximo texto!


Dr. Márcio Conti

Pesquisadores criam substância a partir do extrato da henna para combater tumor


Professores e pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF), da Fundação Oswaldo Cruz da Bahia (Fiocruz-BA) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) desenvolveram uma substância a partir da folha de henna, que inibe o crescimento de tumores, especialmente o câncer de mama, um dos que mais matam no Brasil e no mundo, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). O extrato da folha de henna, usado na pintura de cabelos, pele e unhas tem conseguido melhorar o quadro clínico e a qualidade de vida dos pacientes.

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A pesquisa que gerou a nova substância, denominada CNFD, começou em 2013. Além dos testes em células tumorais, foram feitos testes em camundongos, que revelaram redução significativa do crescimento e do peso do tumor sem efeitos aparentes de toxicidade nos animais.

O pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da UFF, Vitor Francisco Ferreira, explicou que o novo fármaco pode substituir ou complementar os medicamentos que se tornaram resistentes à doença. “O trabalho conjunto dos professores e pesquisadores traz mais do que uma nova substância. É a esperança de muitas mulheres”, disse.

O fármaco está sendo patenteado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e, caso seja aprovado nos testes subsequentes e haja interesse da indústria no seu desenvolvimento, poderá chegar ao mercado em larga escala daqui a cinco anos.

"Combater células cancerígenas não é uma tarefa fácil, pois elas se parecem muito com as células sadias”, disse um dos integrantes da pesquisa, o professor da UFF Fernando de Carvalho da Silva. “Esta descoberta, além dos benefícios em si, pode representar o primeiro medicamento sintético genuinamente brasileiro nas prateleiras das farmácias."

Os testes comprovaram que o CNFD foi mais eficaz em células tumorais, preservando as normais, diminuindo os efeitos adversos decorrentes da terapia.

O pesquisador da Ufam Emerson Silva Lima lembrou que, se comparado com o que há hoje no mercado, a nova droga tem baixo custo de produção e pode ser alternativa acessível para muitos pacientes. “Esperamos que o governo e/ou empresas privadas tenham interesse na tecnologia, para que um dia ela possa chegar ao mercado”, ressaltou.

De acordo com o Inca, a cada ano, o câncer de mama corresponde a 28% de novos casos da doença em mulheres.


sábado, 20 de maio de 2017

Sucesso do tratamento de câncer de pâncreas está ligado a diagnóstico precoce

O sucesso no tratamento do câncer de pâncreas está diretamente relacionado a um diagnóstico precoce, de acordo com alerta feito pelo A.C.Camargo Cancer Center, da cidade de São Paulo. No entanto, para ter sucesso no tratamento oncológico é necessário também haver avaliação de equipe médica multidisciplinar desde o primeiro momento do tratamento. Além disso, a cirurgia deve ser feita com preceitos oncológicos rigorosos.

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Segundo o hospital, oito entre dez casos de câncer de pâncreas são diagnosticados em fase mais avançada da doença, o que está relacionado com o fato de os sintomas associados ao surgimento desses tumores serem inespecíficos e tardios. “Os principais sintomas são emagrecimento, perda de apetite, alterações do açúcar no sangue, dor abdominal e nas costas e coloração amarela da pele e dos olhos”.
Para a equipe do A.C. Camargo Cancer Center, mesmo com sintomas pouco claros é possível alterar o quadro prestando atenção nos fatores de risco para prevenir a doença e obter diagnóstico precoce. Entre os fatores de risco para surgimento da doença, o principal é o consumo de cigarro, seguido da hereditariedade.

“Os fumantes têm risco aumentado em dois a seis vezes em relação aos não fumantes. Estão no grupo de risco os indivíduos com antecedência familiar de câncer de pâncreas ou com histórico de outras síndromes como a de mama e ovário hereditário (mutação no gene BRCA), melanoma familial, polipose adenomatosa familiar - relacionada ao câncer de intestino - e síndrome de Von Hippel Lindau - relacionada ao câncer de rim hereditário”, disse o cirurgião oncologista e diretor do Departamento de Cirurgia Abdominal do A.C.Camargo Cancer Center, Felipe José Fernández Coimbra.

Para chegar ao diagnóstico de câncer de pâncreas um dos exames necessários é o de sangue, que investiga elevação em um marcador tumoral (CA 19-9), que pode acontecer em até 80% dos casos. Para complementar a lista de exames é fundamental fazer a tomografia computadorizada de abdômen.

Já pacientes que não podem usar contraste iodado podem realizar a ressonância nuclear magnética. De acordo com o caso, podem ser indicadas a colangiopancreatografia endoscópica retrógrada (exame realizado por endoscopia, onde é injetado contraste na via biliar e no pâncreas) e a ultrassonografia endoscópica (ultrassom realizado com o aparelho de endoscopia).

Segundo o A.C. Camardo, a maioria dos pacientes submetidos à retirada dos tumores de pâncreas devem ser tratados com quimioterapia no pós-operatório, para destruir as células tumorais distantes que ainda estiverem vivas. “Pode ser indicada também a realização de quimioterapia antes da cirurgia nos pacientes com tumores localmente avançados”.


De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pâncreas é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 4% do total de mortes por essa doença. Raro antes dos 30 anos, torna-se mais comum a partir dos 60 anos. Segundo a União Internacional Contra o Câncer (UICC), os casos da doença aumentam com o avanço da idade, com maior prevalência entre os 80 e 85 anos e na população masculina.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Aumentam casos de ataques de morcego a humanos em Salvador


As ações de combate e controle de morcegos em Salvador foram intensificadas nos últimos dias, após a constatação de aumento no número de casos de ataques do mamífero a seres humanos. A Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) informou hoje (17) que somente o Hospital Couto Maia, no bairro de Monte Serrat, em Salvador, registrou 40 atendimentos a pessoas feridas por morcegos, desde março deste ano.

Segundo o técnico da Vigilância da Sesab Edson Ribeiro, do total de atendimentos, 36 eram de moradores da capital baiana e quatro do interior do estado. O primeiro caso, no entanto, resultou na morte do paciente, que foi atacado por um morcego na zona rural do município de Paramirim, sudoeste da Bahia, e só procurou atendimento 21 dias depois que foi mordido. O caso assustou a população baiana, que tem procurado as unidades de saúde para fazer a profilaxia.

“A recomendação é que jamais deixem de procurar atendimento médico assim que mordidos pelo animal, isso é muito importante. Além disso, recomendamos aos moradores dos bairros com maior incidência que mantenham janelas e portas fechadas e vacinem os animais domésticos, para evitar a proliferação da raiva silvestre”, disse o técnico.

De acordo com Ribeiro, os casos foram registrados em bairros distintos, mas somente na Rua dos Ossos, bairro de Santo Antônio Além do Carmo, 11 pessoas foram mordidas pelo morcego hematófago (que se alimenta de sangue de animais vertebrados). A Secretaria Municipal de Saúde, no entanto, informa que foram identificadas 17 pessoas mordidas pelo mamífero, no bairro.

Casarões antigos abandonados
Como a região fica no centro histórico de Salvador, Edson Ribeiro disse que uma das principais causas para o aumento no número de ocorrências pode ter sido o grande número de casarões antigos abandonados.  Segundo o técnico, pode ter havido um desequilíbrio ambiental. "Além disso, os casarões servem de abrigo, e estamos em busca desses esconderijos dos morcegos. Como não tem animais para eles se alimentarem, acabam recorrendo aos humanos, que vêm recebendo esses ataques com mais frequência.”

A Secretaria Municipal de Saúde também informou que essa é a principal hipótese, já que os casarões são escuros, silenciosos e sem movimentação. Como a região não tem animais de grande porte, como cavalos e bois, os morcegos atacam cães e humanos.

O bairro de Santo Antônio vem sendo alvo de ações do Centro de Controle de Zoonozes de Salvador, que promove uma força-tarefa com visitas domiciliares para reforçar a vacina antirrábica de cães e gatos domésticos. Além disso, buscas ativas vêm sendo feitas para identificar pessoas que foram mordidas pelo morcego e não procuraram atendimento médico.

Morcego e raiva
Ainda de acordo com a secretaria municipal, os morcegos costumam sair do habitat durante a noite, à procura de alimentação. As vítimas são pessoas idosas e crianças, atacadas principalmente nas extremidades do corpo, como pés, mãos e cabeça.

Caso seja mordida por um morcego, a pessoa deve lavar o local do ferimento imediatamente com água e sabão e procurar uma unidade de saúde para ser vacinada contra raiva.  Não se recomenda que tentem matar ou capturar o animal, que contribui para o equilíbrio ambiental e a cadeia alimentar.

Segundo o Ministério da Saúde, os sintomas da raiva humana aparecem de acordo com o avanço da incubação da infecção. Inicialmente, como um mal-estar geral, pequeno aumento de temperatura, anorexia, náuseas, dor de garganta, entorpecimento, irritabilidade, inquietude e sensação de angústia.

No caso de mordida por morcegos, pode ser desenvolvida a fase paralítica, quando ocorre dor, secreção no local da mordida, evoluindo para uma paralisia dos músculos. A paralisia pode levar a sintomas como alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária, mas a consciência do paciente é, geralmente, preservada.


A hipertensão e a insuficiência respiratória são as principais causas da morte de pessoas infectadas por raiva. Caso não tenha suporte para auxiliar na insuficiência, o paciente pode morrer entre cinco e sete dias, em casos de raiva por cães e gatos (raiva furiosa) ou até 14 dias, em casos de raiva paralítica.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Transtornos mentais são terceira maior causa de afastamento do trabalho



Nos últimos quatro anos, transtornos mentais e comportamentais, como altos níveis de estresse, foram a terceira maior causa de afastamento dos trabalhadores brasileiros. Mais de 17 mil casos de concessão do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez foram registrados entre 2012 e 2016 com este motivo, segundo o Boletim Quadrimestral sobre Benefícios por Incapacidade, divulgado parcialmente nesta quarta-feira (26) pelo governo federal.

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Os dados fazem parte de uma pesquisa produzida pela pasta em parceria com a secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda, que trata dos benefícios concedidos por incapacidade temporária e definitiva. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o estresse pode causar alterações "agudas e crônicas" no comportamento dos empregados, principalmente "se o corpo não consegue descansar e se recuperar" das atividades trabalhistas.

As informações serão detalhadas nesta quinta-feira (27) pelo Ministério do Trabalho, que não revelou quais são a primeira e a segunda causas de afastamento no trabalho tendo como base o boletim. O Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes de Trabalho será lembrado na próxima sexta-feira (28).
INSS

Já outro estudo divulgado esta semana, com base nos auxílios-doença concedidos pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), revela que a dor nas costas é a doença que mais afastou os funcionários de empresas em 2016, em especial no setor público. Fraturas de perna e tornozelo, punho e mão estão entre a segunda e terceira maior causa de afastamento.

Ocasionadas por atividades repetitivas, as dores acabam afastando mais funcionários de empresas públicas do que de privadas, seguido por trabalhadores de atividades relacionadas ao comércio varejista, como supermercados, e do setor hospitalar. Dos 2,5 milhões de afastamento do emprego registrados pelo INSS no ano passado, 116 mil tiveram a dor nas costas como motivação, e 108 mil, fraturas na perna ou no tornozelo.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Depressão: diagnóstico precoce evita agravamento e casos crônicos da doença


Agência Brasil

Ao longo das últimas décadas, a classificação dos sintomas e o próprio diagnóstico da depressão registraram avanços significativos – a doença deixou de ser considerada banal, uma espécie de momento de fraqueza ou mesmo frescura, e chegou a ser referendada por diversas entidades médicas de cunho internacional como o mal do século. No Dia Mundial da Saúde, lembrado hoje (7), o transtorno foi escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como tema prioritário e de suma importância.

Para o diretor executivo e professor do Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica, Ciências Humanas e Sociais, João Nolasco, falar sobe depressão, conforme recomenda fortemente a própria OMS, deve ser o primeiro e mais importante passo não apenas para que fique claro que há tratamento para a doença – figura também como uma estratégia essencial para garantir o diagnóstico precoce, evitar o agravamento do quadro e, consequentemente, reduzir o número de casos crônicos do transtorno.

A distimia ou depressão leve é uma doença silenciosa. Hoje, entretanto, 6% da população mundial são acometidos por esse quadro. O indivíduo sofre calado e é comumente caracterizado como uma pessoa rabugenta ou mal-humorada. Atualmente, sabe-se que não se trata só de uma característica de humor ou temperamento. A pessoa está sempre triste, tudo é ruim, nada está bom. É alguém que não sente prazer ao realizar suas atividades rotineiras, mas consegue conviver, não se prostra”, explicou.

Confira, na íntegra, a entrevista com o psicanalista sobre a importância do diagnóstico precoce como estratégia para combater quadros crônicos de depressão:

Agência Brasil - É possível falar em prevenir casos crônicos de depressão?

João Nolasco - Dentro de um conceito psicanalítico, a grande prevenção da depressão gira em torno de a pessoa compreender a si mesma, já que a doença mexe com o que chamamos de falta de gerenciamento das emoções. Quando a gente não consegue ter essa percepção ou essa capacidade de gerenciar as emoções em torno do que acontece ao nosso redor, vão surgir diversos sentimentos e mecanismos de defesa. E um desses mecanismos pode se transformar em uma neurose ou em uma depressão. É uma espécie de baixa polaridade. Esse indivíduo se recolhe e, de alguma forma, quer fugir daquela dor.

Agência Brasil - O que fazer diante de um quadro de tristeza persistente?

Nolasco - Nesses casos, a reação deve ser sempre a busca pela psicoterapia. Em alguns casos, claro, se fazem necessários a entrada de medicamentos e o atendimento psiquiátrico. Mas a psicoterapia não pode faltar nunca, para que o indivíduo comece a compreender os porquês de tudo isso que acontece com ele. Trata-se de uma oportunidade para que consiga mudar. É como Sigmund Freud costumava dizer: quando a dor de não estar vivendo for maior do que o medo da mudança, a pessoa muda. Partimos desse princípio: a gente tem que fazer essa caminhada dentro de nós mesmos. Afinal, viver triste, prostrado e mal-humorado não é legal para ninguém.

Agência Brasil - No que exatamente consiste o tratamento?

Nolasco - As perguntas que sempre faço aos meus pacientes são: onde você estava? Onde está agora? E onde quer chegar? Também é preciso questionar-se: Quem você era? Quem você é agora? E quem você quer ser? Isso abre portas para novas descobertas e se revela como uma oportunidade de rever a vida. A depressão leve pode aparecer como uma espécie de primeira fase para um processo de depressão severa ou crônica. Isso porque o quadro pode se agravar e se tornar muito mais intenso. Tanto é que levamos em torno de dois anos, desde o aparecimento dos primeiros sintomas, para chegar ao diagnóstico de distimia.

Agência Brasil - Ainda há muita confusão em torno do que é a depressão e de quais são seus sinais e sintomas?

Nolasco - As pessoas ainda confundem muito a tristeza com a depressão. Apesar da aparente contradição, é importante saber que o indivíduo, para ser feliz, precisa ter tristeza. Só que essa tristeza tem dia, hora e local para surgir. E sair dela deve ser um processo natural, assim como entrar nela foi um processo natural. O processo depressivo, na verdade, só se agrava devido à proporção com a qual se vive essa tristeza. Quanto mais tempo o paciente leva para procurar ajuda, mais comprometido física e emocionalmente ele vai ficar. Às vezes, ele próprio não tem essa percepção. Vai indo, vai indo e, quando vê, já está totalmente tomado pelo problema.

terça-feira, 28 de março de 2017

Região metropolitana de Vitória registra primeira morte por febre amarela

Agência Brasil
A região metropolitana de Vitória registrou a primeira morte por febre amarela. De acordo com a Secretaria de Saúde do Espírito Santo, o óbito foi identificado no município de Cariacica.

Este ano, até a última sexta-feira (24), a secretaria recebeu 344 notificações de suspeita da doença, das quais 73 foram descartadas. Do total de 271 casos, 115 foram confirmados para febre amarela silvestre. Desses, 37 evoluíram para morte – cinco em Muniz Freire, quatro em Brejetuba, quatro em Colatina, três em Irupi, dois em Ibatiba, dois em Itarana, dois em Laranja da Terra, dois em Pancas, dois em Afonso Cláudio, dois em Conceição do Castelo, dois em Domingos Martins, dois em Santa Maria de Jetibá, um em São Roque do Canaã, um em Vargem Alta, um em Conceição da Barra, um em Cariacica e um em Aracruz.

Os óbitos atualizados são de casos anteriores, que tiveram a investigação concluída nessa data”, informou a secretaria.

Ainda de acordo com o boletim, os 115 casos confirmados são dos prováveis municípios: Ibatiba (19), Colatina (16), Brejetuba (9), Conceição do Castelo (8), Muniz Freire (7), Pancas (5), Laranja da Terra (5), Afonso Cláudio (5), Baixo Guandu (4), Itarana (4), São Roque do Canaã (4), Castelo (3), Irupi (3), Itaguaçu (3), Domingos Martins (3), Cachoeiro de Itapemirim (2), Santa Maria de Jetibá (2), Iúna (1), Marilândia (1), Fundão (1), Ibiraçu (1), Aracruz (1), Serra (1), Santa Leopoldina (1), Vargem Alta (1), Santa Teresa (1), Ibitirama (1), Alfredo Chaves (1), Cariacica (1) e Conceição da Barra (1).

“Com isso, há 156 casos em investigação com quadro indicativo também de leptospirose, febre maculosa, dengue e outras doenças com sintomas semelhantes”, concluiu o órgão, em nota.

Cobertura Vacinal
Segundo informações enviadas pelos municípios, 2.596.368 pessoas foram imunizadas contra a febre amarela em todo o Espírito Santo. O número representa uma cobertura vacinal de 72,56% da população do estado. Foram distribuídas, até o momento, 3.332.030 doses.

Macacos
A secretaria informou ter recebido a notificação de mortes de macacos em um total de 52 municípios, dos quais 21 tiveram amostras confirmadas para febre amarela: Afonso Cláudio, Cariacica, Castelo, Colatina, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Guarapari, Ibatiba, Irupi, Itaguaçu, Itarana, Iúna, Laranja da Terra, Marechal Floriano, Pancas, Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa, Serra, Venda Nova do Imigrante, Viana e Vitória.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Anorexia: Visão distorcida da própria imagem


Por Ana Lucia Santana

O paciente com anorexia nervosa é mentalmente considerado normal, exceto na visão que alimenta de si mesmo, a qual se manifesta distorcida, levando-o a se ver gordo e feio, mesmo quando apresenta um peso inferior à sua própria média. Este distúrbio leva o indivíduo a alterar drasticamente seus hábitos alimentares e a recorrer a todos os recursos para emagrecer cada vez mais. Para tanto, ele jejua, provoca o vômito, pratica exercícios de forma exagerada, toma diuréticos e laxantes, tudo em nome de uma beleza padronizada, alimentada por um sistema econômico que elege como padrões de consumo corpos cada vez mais esbeltos.

A indústria da moda também concorre para isso, pois sempre privilegiou modelos magérrimas, e embora esteja mudando seus paradigmas, diante das constantes mortes de modelos por anorexia, continua produzindo roupas que induzem jovens e adolescentes a buscar um peso cada vez menor. Esta influência da mídia pode ser muito prejudicial nas personalidades que estão se formando, uma vez que adolescentes são normalmente inseguros, apresentam um corpo em constante transformação, e buscam naturalmente uma beleza que lhes garanta um certo poder e um lugar na turma, principalmente na escola. Também fazem parte dos grupos de risco pessoas que trazem consigo traumas que envolvem rejeição no seio familiar ou abusos físicos e sexuais, e igualmente certos profissionais, como atletas, bailarinos, dançarinos, ginastas ou modelos.

A rígida dieta a que os anoréxicos se submetem causa um profundo estresse orgânico, e envolve fatores psicológicos, físicos e sociais. Essa doença atinge principalmente adolescentes do sexo feminino e jovens ocidentais, mas também pode ser encontrada em alguns homens. Está quase sempre ligada à imagem que o paciente tem de si mesmo, à dificuldade em interagir com o social – normalmente por se achar inferior ao grupo – ou em trabalhar com sua sexualidade, mais especificamente se houver registros de abuso sexual ou de qualquer outra violência física ou psíquica. Esta enfermidade é muito grave, pois mata cerca de 20% dos que são afetados por ela, a ponto de serem internados em um hospital – por fraqueza extrema, suicídio ou alteração radical dos componentes do sangue.

Pode-se questionar como uma pessoa aparentemente normal pode apresentar esse transtorno, mas a verdade é que na frente do espelho ela não se vê como realmente é, mas sim como imagina que seja, ou como se sente – no caso, obesa e feia -, por mais que os outros à sua volta insistam que ela está muito abaixo do peso. Ela não se considera doente, e não admite essa possibilidade, muito menos consultar um especialista. O paciente tem plena convicção do que precisa, e defende ardentemente seus pontos de vista diante dos outros. Somente por seu baixo peso e seu comportamento em uma mesa de refeição é que normalmente ele é identificado. É importante compreender que o paciente sente fome, embora se negue a comer.

Os anoréxicos podem adquirir um paladar diferente e também criar alguns rituais para se alimentar, tais como comer clandestinamente. Há dois tipos de anorexia – a que envolve dieta alimentar e a binge, na qual o paciente ingere o alimento até não suportar mais, provocando depois o vômito, às vezes até naturalmente, devido à excessiva quantidade consumida. Em alguns casos mais dramáticos, o estômago se rompe de tanto o indivíduo comer. Esta enfermidade apresenta indícios que podem contribuir para o seu diagnóstico. O paciente normalmente apresenta o peso 85% abaixo do grau de normalidade, pratica atividades físicas compulsivamente, nega estar doente, as mulheres ficam pelo menos três meses sem menstruar, pois o sistema reprodutor pode ser seriamente prejudicado, há redução da libido – impotência e outras dificuldades sexuais nos homens -, deficiência do crescimento, com a má formação do esqueleto, depressão, danos intestinais e renais, tendências ao suicídio, anemia profunda, problemas na circulação do sangue, osteoporose, lábios secos, dores de cabeça, entre outros.

O tratamento da anorexia é muito difícil, uma vez que lida com fatores de origem psicológica. Além do mais, o paciente tem que aceitar o tratamento, cujo êxito depende de seu esforço próprio. Após o diagnóstico, o anoréxico enfrenta uma terapia – tanto individual quanto familiar, se for um caso menos grave. Os familiares são muito importantes nesse processo, pois o indivíduo necessita de muita paciência, motivação e todo tipo de estímulo, além do diálogo, fundamental nesse momento. Não há medicamentos que efetivamente levem o paciente a ter uma visão correta de si mesmo, ou que lhe arrebate o desejo de emagrecer. Antidepressivos devem ser usados com cautela, pois podem diminuir o apetite da pessoa, dificultando a ingestão do alimento. É muito importante não pressionar e nem forçar a alimentação, a não ser nos casos bem mais graves; a partir desse instante, é necessária uma internação e uma alimentação através da sonda naso-gástrica, sempre contendo o paciente para que ele não se livre da sonda.

Do InfoEscola

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