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sábado, 21 de março de 2015

Para professor, Constituição de 88 dá brecha para nova tomada do poder


 
 
Mesmo com a promulgação da Constituição de 1988, as instituições militares ainda detêm algumas prerrogativas antidemocráticas de poder. A opinião é do professor de Ciências Políticas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Jorge Zaverucha, que concedeu entrevista ao programa Ponto de Vista, da TV Câmara.
 
Ele cita o artigo 142 da Carta Magna, que confirma as Forças Armadas como mantenedoras da lei e da ordem. Conforme Zaverucha, esse "privilégio" não existe em democracias avançadas.
 
"Só vi isso ser replicado no Chile, onde Pinochet fez a sua Constituição - ou seja, à direita -, e quando os sandinistas tomaram o poder, à esquerda, na Nicarágua", compara. "A gente precisa entender que as Forças Armadas são o braço armado do poder civil. É o poder civil que tem de garantir a existência do poder militar para o fim que foi criado e não o contrário. O Exército existe para defender a soberania do Estado", argumenta.
 
Como o conceito de "ordem" é subjetivo, o especialista afirma que o artigo 142 pode até ser usado para justificar um golpe de Estado. "Cada ator político pode interpretar a norma ao seu modo. Os militares, se acharem necessário, poderão em último caso tomar o poder e argumentar que isso foi feito legalmente de acordo com o artigo 142", opina Zaverucha.
 

Códigos militares
O professor ressalta outro ponto, segundo ele, questionável da Constituição: os códigos penais militares e os tribunais militares continuam em pleno vigor no Brasil. Ele lembra que os códigos disciplinar e de processo penal militar foram redigidos em 1969, época dos chamados anos de chumbo. "Obviamente, as Forças Armadas criaram essas normas para favorecer seus integrantes."
 
Zaverucha critica o fato de o Brasil não ter seguido o exemplo dos vizinhos Chile, Argentina e Uruguai, que também elaboraram códigos militares durante suas ditaduras, mas extinguiram essas leis com a transição para a democracia. Ele recorda que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chegou a criar uma comissão para rever os códigos brasileiros, porém o projeto não foi adiante: "A reação foi imensa; FHC achou que, naquele momento, não convinha enfrentar os militares."

Lei de Segurança Nacional

Outro caso emblemático de "privilégio" aos militares, na opinião do professor, é a manutenção da Lei de Segurança Nacional (7.170/83), na sua última versão, de 1983.
 
Para Zaverucha, essa legislação é incompatível com uma democracia sólida. "A lei foi criada para punir mais severamente quem fosse considerado 'inimigo da Pátria'. Na democracia, não temos inimigos; temos pessoas com ideias conflitantes."
 
O especialista lembra que Chile, Argentina e Uruguai aboliram leis similares quando voltaram à democracia.

Lobby

Segundo o professor, 13 oficiais militares organizaram um lobby para influir nos trabalhos da Constituinte de 1988.
 
Jorge Zaverucha destaca que a Carta Magna já sofreu várias emendas, mas nenhuma no capítulo sobre as Forças Armadas, o que mostra das instituições militares. O especialista, por outro lado, também cita avanços, como a criação do Ministério da Defesa.
 
Via http:http://institutojoaogoulart.org.br/index.php

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Confira o relatório completo da Comissão Nacional da Verdade (CNV)


O relatório final da Comissão Nacional da Verdade foi entregue à presidenta Dilma Rousseff nesta terça-feira (10/12), em cerimônia oficial no Palácio do Planalto. Dividido em três volumes, o documento é o resultado de dois anos e sete meses de investigação da Comissão Nacional da Verdade, criada pela lei 12528/2011.


Instalada em maio de 2012, a CNV foi criada para apurar e esclarecer, indicando as circunstâncias e a autoria, as violações de direitos humanos praticadas entre 1946 e 1988 (o período entre as duas últimas constituições democráticas brasileiras) com o objetivo de efetivar o direito à memória e a verdade histórica e promover a reconciliação nacional.

Leia também:



O relatório está dividido em três volumes:

VOLUME I – As atividades da CNV, as graves violações de direitos humanos, conclusões e recomendações. Enumera as atividades realizadas pela CNV na busca pela verdade, descreve os fatos examinados e apresenta as conclusões e recomendações dos membros da CNV para que os fatos ali descritos não voltem a se repetir. O volume é assinado coletivamente pelos seis membros do colegiado: José Carlos Dias, José Paulo Cavalcanti Filho, Maria Rita Kehl, Paulo Sérgio Pinheiro, Pedro Dallari e Rosa Cardoso. 

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Relação promíscua entre empreiteiras e governo começou na ditadura militar


Reprodução da capa do livro “Estranhas catedrais'', sobre as empreiteiras e a ditadura

Por Fernando Rodrigues no UOL
Empreiteiras nacionais prosperaram depois do golpe de 64
Estrangeiras sucumbiram por causa de decreto da ditadura
No anos 70, começou a grande concentração de faturamento

Para quem acha que a corrupção entre empreiteiras e governo começou ontem ou anteontem, vale olhar o decreto presidencial 64.345, de 10 de abril de 1969. O então presidente Artur da Costa e Silva fechou com uma canetada as portas para empresas estrangeiras em obras de infraestrutura no Brasil:

“Art. 1º Os órgãos da Administração Federal, inclusive as entidades da Administração Indireta, só poderão contratar a prestação de serviços de consultoria técnica e de Engenharia com empresas estrangeiras nos casos em que não houver empresa nacional devidamente capacitada e qualificada para o desempenho dos serviços a contratar”.

A partir desse decreto de 1969 criou-se uma reserva de mercado para empreiteiras nacionais. Prosperaram assim muitas das que hoje estão encrencadas no escândalo da Petrobras revelado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Esse decreto da ditadura vigorou até 14 de maio de 1991, quando o então presidente Fernando Collor o revogou. Mas parece que já era tarde. As empreiteiras nacionais já operavam de forma a impedir competição estrangeira –ou mesmo para alguma empresa de fora do grupo das principais nacionais.

Só para lembrar, até o final dos anos 60, a atual gigante Odebrecht era apenas uma empresa local da Bahia. Depois do decreto de Costa e Silva, despontou para o sucesso construindo o prédio-sede da Petrobras no Rio de Janeiro (em 1971), aproximando-se dos militares que comandavam a estatal, conforme relata reportagem de Marco Grillo, que buscou as informações no livro “Estranhas catedrais – As empreiteiras brasileiras e a ditadura civil-militar” (Editora da UFF, 444 pág., 2014), resultado da pesquisa para a tese de doutorado “A Ditadura dos Empreiteiros”, concluída em 2012 pelo professor Pedro Henrique Pedreira Campos, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

O título do livro, “Estranhas catedrais”, evoca um verso da canção “Vai passar”, de Chico Buarque e Francis Hime: “Dormia a pátria mãe tão distraída sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações. Seus filhos erravam cegos pelo continente, levavam pedras feito penitentes, erguendo estranhas catedrais”.

O Blog leu a tese de Pedro Campos. No texto, o autor demonstra que, “após o governo Médici”, a Odebrecht “com sua atuação junto aos militares presentes na Petrobras, arrematou 2 contratos que alteraram significativamente o seu porte, fazendo seu faturamento triplicar em um ano. As vitórias nas concorrências para construção do aeroporto supersônico do Galeão [no Rio] e da usina nuclear de Angra levaram a empresa do 13º ao 3º lugar na lista dos 100+”. Foi escolhida pelo setor como empreiteira do ano em 1974.

Antes de a ditadura militar consolidar a reserva de mercado para as empreiteiras nacionais, a tese do professor Pedro Campos mostra que havia um domínio de empresas estrangeiras no Brasil:

sábado, 5 de abril de 2014

Ministério da Justiça anistia filhos de perseguidos pela ditadura

Por Bruno Bocchini da Agência Brasil
Filhos de perseguidos políticos do regime militar foram anistiados hoje (4), em São Paulo, pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça (MJ), beneficiados pelos 24 requerimentos julgados pela Caravana da Anistia.

“Todos eles têm em comum a característica de se tratarem de filhos e filhas do exílio, da clandestinidade. O que nos faz permitir dar visibilidade à brutalidade do regime ditatorial sobre a vida das crianças, e de percebermos que os danos impingidos a um perseguido político são danos transgeracionais”, disse o o secretário nacional de Justiça do MJ, Paulo Abrão, que preside a Comissão de Anistia.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Alunos invadem aula da USP que defendia golpe de 64


Professor Eduardo Lobo Botelho Gualazzi, de Direito Administrativo da USP, causou revolta ao homenagear o que ele denominou de "revolução": "A história informa que as tiranias vermelhas terminaram afogadas num holocausto de sangue e corrupção total"

Nos 50 anos do golpe militar, o professor Eduardo Lobo Botelho Gualazzi, de Direito Administrativo da USP, gerou polêmica entre os alunos ao homenagear o que ele denominou de “revolução”: “A história informa que as tiranias vermelhas terminaram afogadas num holocausto de sangue e corrupção total".
Durante discurso em que afirmou ter apoiado “humildemente, em silêncio firme, a revolução de 31 de março de 1964”, estudantes começaram a simular sons de tortura e, em seguida, invadira a sala vestindo capuzes sobre a cabeça.
Questionado sobre a aula, o professor disse "achar estranho dar tanta repercussão a um assunto tão banal".
Assista:

segunda-feira, 31 de março de 2014

50 anos de 1964 despertam lobos em ‘democratas’


Cinquentenário do golpe militar de 1º de abril extrai verdades existentes dentro de personagens emblemáticos; colunista Arnaldo Jabor, da Rede Globo, afirmou que País "mereceu" quebra da democracia; ex-presidente Fernando Henrique comparou presidente Dilma Rousseff a Jango Goulart, dando pitaco pela desestabilização do governo; ex-governador Paulo Egydio relatou a Geneton Moraes Neto caso de tortura e chantagem sobre o qual lavou as mãos em nome com combate "ao comunismo"; ex-deputado Célio Borja negou ter havido uma ditadura, mas apenas "um governo com plenos poderes"; jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo evitaram qualquer autocrítica sobre apoio editorial – e logístico, no caso da Folha – dado ao golpe; blogueiro Reinaldo Azevedo escreveu, como era esperado, que a culpa foi da esquerda; faltou propor beatificação de militares

FHC: ‘Forças Armadas têm que admitir que erraram’


"Esquecer, não. Mas a revanche também não ajuda. As Forças Armadas poderiam ajudar a botar uma pedra final nisso"; 'Olha aqui. Nós fizemos isso e foi errado', disse o ex-presidente tucano, filho de militares, ao analisar os 50 anos do golpe militar de 1964; segundo ele, o caminho do Brasil não é o de outros países que puseram na cadeia líderes e agentes da repressão; e sim o da reconciliação, semelhante à da África do Sul pós-apartheid

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

MPF quer manter punição ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra

Marli Moreira - Repórter da Agência Brasil
O Ministério Público Federal em São Paulo (MPF/SP) solicitou que o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) reverta a decisão da Justiça Federal em São Paulo, que impede a punição de Carlos Alberto Brilhante Ustra e Alcides Singillo por considerar prescrito o crime de ocultação de cadáver do estudante de medicina Hirohaki Torigoe, morto no dia 5 de janeiro de 1972. 

O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, comandante do Destacamento de Operações Internas (DOI-Codi) de São Paulo, no período de 1970 a 1974, e o delegado aposentado Alcides Singillo, que atuou no Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops-SP), foram denunciados pelo MPF em abril do ano passado e obtiveram, em maio, parecer favorável da juíza Federal titular da 5ª Vara Criminal, Adriana Freisleben de Zanetti.


Para ela, trata-se de um crime permanente. Porém, em janeiro deste ano, o juiz Federal Fernando Américo de Figueiredo Porto, substituto da 5ª Vara Federal Criminal em São Paulo, declarou extinta a punibilidade dos réus. Para o magistrado, o crime de ocultação de cadáver seria instantâneo de efeitos permanentes, e não crime permanente, como defendido pelo MPF.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Argentina e Uruguai vão compartilhar com Brasil documentos sobre a ditadura


Paulo Victor Chagas - Repórter da  Agência Brasil
O Brasil assinou na ultima quarta feira (29) acordo com Uruguai e Argentina que permite compartilhar documentos sobre as violações de direitos humanos ocorridos durante a ditadura militar nos três países. Assinado em Havana, Cuba, onde participam da 2ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), o memorando de entendimento prevê que as nações desenvolvam a cooperação e o intercâmbio de informações sobre o assunto.

A partir de agora, o Brasil poderá solicitar a um dos dois países, ou vice-versa, arquivos que por acaso tenham sido conservados sobre o assunto. A ditadura militar governou o Brasil entre 1964 e 1985. As Forças Armadas argentinas comandaram o país vizinho de 1976 a 1983 e a sociedade uruguaia passou pelo regime militar de 1973 a 1985.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O que se esconde por trás do discurso do professor Carlos Fico (UFRJ) sobre os 50 anos do golpe militar


O que se esconde por trás do discurso do professor Carlos Fico (UFRJ) sobre os 50 anos do golpe militar, no programa levado ao ar pelo café história, em 15 de janeiro de 2014, disponibilizado no youtube


A causa do golpe civil-militar de 1964, que já vinha sendo planejado bem antes da data em que ocorreu, foi muito mais econômica que política. A participação e apoio dos EUA (inclusive através de um consórcio das ditaduras do cone sul sob sua coordenação - Operação Condor - e colaboração com armas, instrutores, um centro de comunicações no Panamá e dinheiro, além da participação direta no Brasil de Lincoln Gordon, embaixador dos EUA e não apenas a Operação Brother Sam), dos latifundiários e empresários brasileiros (muitos deles hoje participantes e aliados do governo Dilma) se deve a algumas medidas anunciadas e implementadas por João Goulart, como o controle da taxa de remessa de lucros e a desapropriação de latifúndios às margens de BR's, que ameaçavam efetivamente os interesses vitais dos EUA e dos empresários e latifundiários brasileiros. O discurso de que os que apoiaram o golpe civil-militar de 1964 e os 21 anos de ditadura militar não previam a instalação de um regime, uma ditadura militar tão duradoura, e que o foco na luta armada de resistência prejudica a compreensão desse período e fenômeno histórico, por levar a uma leitura "romantizada", "heroificante", é pura balela e esconde a verdadeira intenção de isentar responsabilidades sobre as torturas, assassinatos e ocultações de cadáveres durante esse período, sobretudo isentar a responsabilidade do Estado brasileiro, banalizar a prática de tais crimes, e incriminar as organizações de esquerda que realizaram a luta armada, por não lhes restar outra forma de resistência, promover a rejeição do povo à luta armada e a violência revolucionária como uma exigência histórica inevitável para uma efetiva mudança estrutural do país por conta dos interesses antagônicos e irreconciliáveis das classes componentes da sociedade, o que as leva a uma luta constante, franca, dissimulada, direta ou indireta. O referido discurso predominante no meio acadêmico tem ainda por objetivo, consolidar na maioria da população a ideia da possibilidade da mudança estrutural da sociedade brasileira pela via institucional/eleitoral, jogar a opinião pública contra as verdadeiras organizações de esquerda no país e contra os comunistas. Assim, as universidades públicas e privadas brasileiras, e seus professores, doutores, reitores, diretores de departamentos, orientadores de cursos de mestrado e doutorado, cumprem com fidelidade canina seu papel histórico de aparelhos ideológicos de Estado e difusores, reprodutores da ideologia dominante, no que consiste a sua verdadeira e única excelência.




* Paulo Oisiovici . É Professor de História e Filosofia

domingo, 29 de dezembro de 2013

Dilma dribla impacto eleitoral ao prorrogar Comissão da Verdade

Prováveis recomendações do relatório final, como a revisão da Lei da Anistia, poderiam aprofundar hostilidades das Forças Armadas e desagradar eleitorado conservador.


Decidida com cálculo político, a prorrogação do prazo de funcionamento da Comissão Nacional da Verdade por mais sete meses desvinculou das eleições do ano que vem os efeitos do relatório final das investigações sobre os anos de chumbo. As prováveis recomendações que devem constar no relatório - entre elas a polêmica revisão da Lei da Anistia - poderiam aprofundar as hostilidades entre a ala conservadora das Forças Armadas e desagradar o eleitorado conservador às vésperas da campanha.

“A presidente Dilma Rousseff detectou um clima pesado e driblou a polêmica. O relatório final - que seria divulgado em maio - poderia criar uma fumaça no processo eleitoral”, diz o cientista político Gaudêncio Torquato, experiente analista dos movimentos de caserna.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Comissão da Verdade mostra detalhes de como funcionava tortura na ditadura


Primeiro laudo divulgado nesta semana confirma informações de testemunhas e aponta caminhos que devem ser adotados em novas exumações

Investigações conduzidas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) já começam a traçar os modos de tortura executados contra militantes de esquerda durante o Regime Militar. Nesta semana, foi divulgado o primeiro laudo da Comissão com a comprovação material dos modos e técnicas de tortura utilizados pelos militares durante os anos de chumbo.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Após 40 anos, Justiça coloca torturadores e torturados frente a frente

Pela primeira vez, vítimas da ditadura são ouvidas por um juiz para reconstituir os últimos passos de militante desaparecido

Por Thais Barreto 
Ainda é um segredo de Estado o destino do marinheiro pernambucano Edgar Aquino Duarte. Ele integrava a Associação de Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil quando participou da revolta dos marinheiros, ocorrida no calor do golpe de 1964, e foi expulso da corporação. Obrigado a se exilar - primeiro no México e, depois, em Cuba - só voltou ao Brasil em 1968. Para se proteger, adotou outro nome e outra função. Entre 1971 e 1973, foi sequestrado e permaneceu sob o domínio dos órgãos de segurança. Foi visto por diversos presos políticos da época e passou pelo DOI-Codi e o Dops em São Paulo.

Depois, desapareceu.
As testemunhas de seu desaparecimento foram ouvidas entre os dias 9 e 11 de dezembro pelo juiz federal Hélio Egydio de Matos Nogueira e pelo procurador regional da República Andrey Borges de Mendonça na 9ª Vara da Justiça Federal de São Paulo.

Fantasmas da ditadura

Além da lei da anistia, as dúvidas sobre as causas das mortes de Jango, JK e Lacerda provam que a conciliação traiu a democracia


Essa suspeita não é nova. Entretanto, é oportuna, e será sempre até o esclarecimento das dúvidas. Não há provas concretas e nem se sabe se serão encontradas. Permanece, no entanto, por quase quatro décadas, a coincidência estranhável das mortes dos ex-presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart, e do ex-governador Carlos Lacerda.

Os restos mortais de Jango foram exumados para uma perícia. Com ela se saberá, de fato, se ele foi vitimado por um ataque cardíaco. Na Câmara de Vereadores de São Paulo, formou-se um dossiê, no qual são reafirmadas as dúvidas sobre o acidente com o carro de JK. Há suspeitas de que Lacerda também tenha sido assassinado.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Processo penal sobre agentes da ditadura encerra fase de depoimentos de testemunhas de acusação

Blog Dag Vulpi – A Justiça ouviu hoje (11) as últimas testemunhas de acusação na ação penal proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) que acusa o coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, o delegado aposentado de polícia Alcides Singillo e o ex-investigador de polícia Carlos Alberto Augusto, hoje delegado, pelo sequestro qualificado de Edgar de Aquino Duarte, ocorrido em 1973, durante a ditadura militar (1964-1985). Duarte continua desaparecido.
Os ex-presos políticos Maria Amélia de Almeida Teles e o advogado Virgílio Egydio Lopes Enei depuseram na presença de dois dos três acusados. Ustra, mais uma vez, não compareceu, e é considerado réu revel. A Justiça decidiu que o processo vai seguir à revelia. Ele comandou o Destacamento de Operações de Informações–Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) de São Paulo no período de 1970 a 1974.

Mais três testemunhas confirmam participação de Ustra em sequestro


Blog Dag Vulpi  – Mais três testemunhas ouvidas hoje (10) pela Justiça Federal confirmaram a participação do coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra no sequestro de Edgar de Aquino Duarte, ocorrido em 1973, durante a ditadura militar (1964-1985). Duarte continua desaparecido até hoje.
Ação penal proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) acusa o coronel reformado e os delegados de polícia Alcides Singillo e Carlos Alberto Augusto pelo sequestro qualificado de Duarte. Ustra comandou o Destacamento de Operações de Informações–Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) de São Paulo no período de 1970 a 1974.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Documentos sugerem que engenheiro foi torturado e morto no Hospital do Exército do Rio durante a ditadura

Por Vinícius Lisboa
Blog Dag Vulpi - Parentes do engenheiro mecânico Raul Amaro Nin Ferreira apresentaram hoje (5) na Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro (CEV-Rio) documentos sugerindo que ele pode ter sido interrogado e torturado em 11 de agosto de 1971, enquanto estava internado no Hospital Central do Exército (HCE), onde morreu, naquele mesmo dia, aos 27 anos.

Sobrinhos da vítima mostraram um ofício do então comandante da 1ª Região do Exército, general Sylvio Frota, à direção do hospital, informando que dois agentes do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) iriam ao hospital interrogar o engenheiro naquela data. Representante da linha dura, Sylvio Frota foi ministro do Exército durante o governo Ernesto Geisel (1974-1979), do qual foi demitido quando tentou ser o candidato à sucessão do regime militar, contrariando a vontade do presidente.

Marcas da Ditadura - O regime militar na vida de cidadãos do ABC



Postagem indicado por Felipe Menezes*
"Marcas da Ditadura - O regime militar na vida de cidadãos do ABC é um documentário composto por depoimentos de quatro homens que sofreram interferências do regime militar em suas vidas. Exílio, ameaças, torturas, traumas... Quais são as sequelas que resistiram ao passar das décadas?

Produzido por alunos do VI semestre de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo.


Bruno Carrilho
Felipe Menezes*
Fernanda Fahel
Gabriel Lima
Heros Macedo
Jamile Bittar
Letícia Braun
Leonardo Ratti
Luiz Henrique Pelizzari
Sophia Velasquez
Victória Kennedy
Vitor Jaqueto

Orientação
Prof. Valdir Boffeti
Prof. Wesley Carlo

Agradecimento Especial
Prof. Fernando Vilar

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

No DOI-Codi de São Paulo, a luta dos ex-presos políticos



Comissões da Verdade pedem que número 921 da Rua Tutóia seja tombado e transformado em memorial. Por Marsílea Gombata

  • "Não era para matar! Não era para matar!"

    Blog Dag Vulpi - A discussão entre os agentes torturadores trazia a certeza que Ivan Seixas, então com 16 anos, mais temia: a morte de seu pai, que militava com o codinome Roque, no Movimento Revolucionário Tiradentes. A morte de Joaquim Seixas nas dependências do DOI-Codi de São Paulo – mesmo local onde o jornalista Vladimir Herzog foi encontrado morto em 1975 – é um dos 52 casos que confirmam o prédio da Rua Tutóia, 921, na Vila Mariana, como centro de repressão durante o regime militar.

    Assim como Ivan e Joaquim, que morreu depois de dois dias na chamada “cadeira do dragão”, espécie de cadeira elétrica na qual o torturado era sentado nu para os choques atingirem nádegas e testículos, outros 5 mil militantes passaram, segundo estimativas, pelo DOI-Codi do II Exército, palco de interrogatório e tortura, quando não morte de opositores da luta armada.

    Leia a matéria na íntegra clicando (AQUI)
  • Por Marsílea Gombata

    Fonte: Carta capital

terça-feira, 26 de novembro de 2013

No DOI-Codi de São Paulo, a luta dos ex-presos políticos


Comissões da Verdade pedem que número 921 da Rua Tutóia seja tombado e transformado em memorial. Por Marsílea Gombata

  • "Não era para matar! Não era para matar!"

    Blog dag Vulpi - A discussão entre os agentes torturadores trazia a certeza que Ivan Seixas, então com 16 anos, mais temia: a morte de seu pai, que militava com o codinome Roque, no Movimento Revolucionário Tiradentes. A morte de Joaquim Seixas nas dependências do DOI-Codi de São Paulo – mesmo local onde o jornalista Vladimir Herzog foi encontrado morto em 1975 – é um dos 52 casos que confirmam o prédio da Rua Tutóia, 921, na Vila Mariana, como centro de repressão durante o regime militar.

    Assim como Ivan e Joaquim, que morreu depois de dois dias na chamada “cadeira do dragão”, espécie de cadeira elétrica na qual o torturado era sentado nu para os choques atingirem nádegas e testículos, outros 5 mil militantes passaram, segundo estimativas, pelo DOI-Codi do II Exército, palco de interrogatório e tortura, quando não morte de opositores da luta armada.

    Depois de ter sido pego pelas forças de segurança em 16 de abril de 1971, Seixas foi torturado no pau de arara na sala ao lado onde estava seu pai. Uma divisória os separava, mas não impedia que pai e filho escutassem os gritos de dor decorrente das agressões física e psicológica às quais eram submetidos. “Dava para ouvir tudo de uma sala para a outra, assim como do pátio externo para as salas”, lembra Ivan Seixas, hoje coordenador da Comissão Estadual da Verdade. “Minha mãe, que foi pega um dia depois de nós com minhas irmãs, estava na sala do andar de baixo. Quando a gritaria começou, ela olhou pelo vidro da janela e viu o corpo dele no pátio. A cabeça estava envolta em papel de jornal, mas ela conseguiu reconhece-lo pela roupa e pelas mãos. Um dos torturadores perguntou: ‘De quem é esse presunto?’ e o outro respondeu: ‘Esse era o Roque’ antes de começar a gargalhar. E, então, não restaram dúvidas de que era ele.”

    Ainda que ex-presos políticos e militantes saibam dos abusos cometidos no local, o seu reconhecimento como centro de tortura e repressão da ditadura ainda é um passo histórico importante, mesmo quase 30 anos depois do regime. A intenção de transformar o antigo DOI-Codi do II Exército em um memorial às vítimas da ditadura foi tema da visita da Comissão Nacional da Verdade, da estadual Rubens Paiva e da municipal Vladimir Herzog na quarta-feira 27.

    O pedido para tombamento do prédio foi feito em 2010 por Seixas, também integrante do Conselho de Defesa da Pessoa Humana (Condepe). A solicitação tem apoio de diversas entidades de direitos humanos e de vítimas, como o Núcleo Memória, além das comissões – enquanto a estadual pede que seja criado um Centro de Luta contra a Tortura, a municipal sugere um Memorial dos Desaparecidos. O processo vem sendo analisado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), que aguarda o parecer de peritos para o tombamento e o aval da Secretaria de Cultura do estado para transformar o local em um memorial.

    “Tombá-lo e reconhecê-lo como centro de tortura é testemunhar que houve esse espaço em São Paulo, onde morreram mais de 50 pessoas e centenas foram torturadas”, observa o advogado José Carlos Dias, membro da Comissão Nacional da Verdade. “Não é normal que esse espaço não seja preservado como um memorial, no qual seja reverenciada a memória dessas pessoas e recontada a sua história.”

    O local hoje mantém o 36º Distrito Policial e abriga também um depósito e uma garagem da Polícia Civil. O complexo é composto por um pátio, antiga entrada dos presos, na rua Thomas Carvalhal, onde hoje há uma estrutura nova, e outros dois prédios com entrada pela Tutóia – um praticamente abandonado e um outro reformado onde funciona o DP. Neste, onde antigamente ficavam as celas femininas, foi feita uma reforma para hoje funcionar como Departamento de Polícia Judiciária da Capital, da 2ª Delegacia Seccional da Polícia. “Seria desejável que esse prédio não fosse mais descaracterizado. Se fosse apenas pintura, ótimo. Mas se há alguma obra em curso seria desejável que não houvera”, pede Paulo Sérgio Pinheiro, também membro da CNV. "Sem nenhum exagero, este aqui talvez tenha sido o maior centro de tortura e de extermínio no Brasil durante a ditadura."

    Logo em frente, a estrutura que abrigava as salas de interrogatório e de tortura ainda é mantida nos padrões da época, mas completamente vazia. Nos três andares do prédio não fica difícil imaginar o horror que as paredes cinzas e hoje descascadas abrigaram um dia, assim como a dor de rostos desfigurados e corpos ensanguentados, que costumavam ser arrastados pelos três lances de escada até o pátio para apavorar quem se negasse a “colaborar” com informações. Do prédio, dizem funcionários, vultos e gritos são ouvidos com frequência e explicam, talvez, o fato de o vazio e a ação do tempo imperarem onde funcionou um dos maiores centros de tortura do País.

    “É terrível voltar. A gente acaba tendo lembranças que enterrou, mas que temos de rememorar até mesmo pelos companheiros que não podem mais e hoje estão mortos”, conta Darci Miyaki, submetida ali a choques elétricos, pau de arara e à “cadeira do dragão” por ser membro da Ação Libertadora Nacional. “A pior coisa que sofríamos eram os choques na vagina, quando éramos violentadas duas vezes. Quantas mulheres, como eu, ficaram estéreis e não conseguem manter relações sexuais depois daquilo? A tortura, então, persiste até hoje.”

    Pela primeira vez de volta ao local desde sua época de luta armada, Artur Scavone, que depois da ALN se envolveu com a fundação da CUT e do PT, observa que o grande problema de retornar ao local é reavivar o ódio e a raiva deixados como marcas pela a violência da tortura. “O processo mais difícil quando você sai dessa situação é reconstituir a capacidade de transformar o terror em vontade de lutar, fazer as coisas, de isso não te abalar. Porque se você viver de ódio, simplesmente não vive”, contou. “A lembrança que tenho daqui é um trauma contínuo, permanente. Os gritos dos torturadores, o barulho da chave do carcereiro e o do cano do pau de arara caindo no chão já eram em si uma tortura."

    A sigla DOI-Codi indica o nome do órgão Destacamento de Operações de Informação (DOI) do Centro de Operações de Defesa Interna (Codi), centro coordenador da repressão política durante a ditadura. Na diligência de quarta-feira, o deputado Adriano Diogo (PT), presidente da comissão estadual, que ficou 90 dias no DOI-Codi, pediu aos secretários Fernando Grella (Segurança Pública) e Marcelo Araújo (Cultura) que o local deixe de funcionar como departamento policial. “Isso aqui continuar como delegacia é uma afronta ao povo brasileiro. Toda vez que a gente vem aqui para fazer tombamento tem de ser afrontado, humilhado, mau tratado porque eles dizem que isso nunca funcionou uma unidade de tortura, que nunca houve presos. Esse é o campo mais macabro do Brasil”, protestou emocionado. “Pedimos uma decisão política: revogar o decreto (13.757, de 9 de agosto de 1979, quando o governador biônico Paulo Maluf cedeu o terreno para o II Exército) e declarar que o local não será mais uma instituição policial. É isso o que o povo brasileiro quer.”

    Grella e Araújo afirmaram que o pleito para transformação em memorial está em andamento e que vão levar o caso ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para atender ao pedido. “Esse lugar tem de ser exorcizado para tirar essa característica. Não pode ficar parado como se fosse mais um espaço”, disse Seixas diante dos secretários e representantes das comissões. “Somente dessa forma a sociedade brasileira conseguirá mostrar que não aceita tortura.”

    Assista ao vídeo da Comissão Nacional da Verdade sobre o ato de quarta-feira no DOI-Codi de São Paulo: 
  • Por Marsílea Gombata

    Fonte: Carta capital

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