Paulo Victor
Chagas - Repórter da Agência Brasil
O Brasil
assinou na ultima quarta feira (29) acordo com Uruguai e Argentina que permite
compartilhar documentos sobre as violações de direitos humanos ocorridos
durante a ditadura militar nos três países. Assinado em Havana, Cuba, onde
participam da 2ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos
(Celac), o memorando de entendimento prevê que as nações desenvolvam a
cooperação e o intercâmbio de informações sobre o assunto.
A partir de
agora, o Brasil poderá solicitar a um dos dois países, ou vice-versa, arquivos
que por acaso tenham sido conservados sobre o assunto. A ditadura militar
governou o Brasil entre 1964 e 1985. As Forças Armadas argentinas comandaram o
país vizinho de 1976 a 1983 e a sociedade uruguaia passou pelo regime militar
de 1973 a 1985.
O objetivo é
contribuir para o processo de reconstrução histórica da memória, verdade e
justiça. Segundo o Itamaraty, o acordo deverá auxiliar as atividades da
Comissão Nacional da Verdade, que apura os crimes cometidos durante a ditadura
brasileira.
Os tratados
são de ordem bilateral. Deste modo, o Brasil assinou um acordo com Argentina e
outro, idêntico, com Uruguai. Os memorandos tratam que os países vão colaborar
mutuamente com a investigação das “violações de direitos humanos no passado
recente” e com o esclarecimento de casos de “desaparecimento forçado de pessoas
e outras graves violações”.
O texto dos
tratados informa que a medida visa a “criar um marco” para o intercâmbio de
pesquisas e investigações sobre as “ditaduras que assolaram ambos os países no
passado recente”.
“As
autoridades competentes comprometem-se pelo presente memorando de entendimento
a realizar todas as ações possíveis com vistas a prover informação útil para o
esclarecimento de graves violações aos direitos humanos, por intermédio das
vias administrativas, judiciais e/ou legislativas disponíveis”, diz.
As solicitações
de documentos e dados que puderem ser feitas por meio de convênios já assinados
entre os países, com a devida assistência penal, não serão objeto do novo
acordo.
O Itamaraty
informou que o governo brasileiro considera o acordo um avanço fundamental
para a “elucidação de períodos históricos recentes desses três países”. Ainda
segundo o ministério das Relações Exteriores, o esclarecimento dos fatos vai
contribuir “decisivamente para o fortalecimento da democracia”.
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