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domingo, 12 de maio de 2013

O tema da escravidão nas obras de Machado de Assis

Por Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy*, na revista  Consultor Jurídico

O problema da escravidão é um dos mais complexos na obra de Machado de Assis. Pode-se atribuir à ironia machadiana uma crítica muito bem engendrada a mais sórdida fórmula de exploração que o Brasil conheceu, que muito nos envergonha, e que nos choca, sempre, e sempre.

O assunto é um dos temas do conto Pai contra Mãe, publicado em Relíquias da Casa Velha, já na edição de 1906. Trata-se da estória de um caçador de escravos: Cândido Neves, o Candinho da intimidade da família.Cândido Neves, ao que pode parecer, era branco-branco, no inusitado nome. Candinho era um homem andado. Passara por muitas empresas, trabalhara no comércio, aprendera tipografia. Mas Candinho nunca se fixou em ofício nenhum. Ganhava a vida (muito mal) na maligna tarefa de capturar escravos foragidos. Era a ocupação que encontrou depois de que quase tudo havia tentado. Segundo Machado:

Cândido Neves perdera já o ofício de entalhador, como abrira mão de outros muitos, melhores ou piores. Pegar escravos fugidos trouxe-lhe um encanto novo. Não obrigava a estar longas horas sentado. Só exigia força, olho vivo, paciência, coragem e um pedaço de corda. Cândido Neves lia os anúncios, copiava-os, metia-os no bolso e saía às pesquisas. Tinha boa memória. Fixados os sinais e os costumes de um escravo fugido, gastava pouco tempo em achá-lo, segurá-lo, amarrá-lo e levá-lo. A força era muita, a agilidade também. Mais de uma vez, a uma esquina, conversando de coisas remotas, via passar um escravo como os outros, e descobria logo que ia fugido, quem era, o nome, o dono, a casa deste e a gratificação; interrompia a conversa e ia atrás do vicioso. Não o apanha logo, espreitava lugar azado, e de um salto tinha a gratificação nas mãos. Nem sempre saía sem sangue, as unhas e os dentes do outro trabalhavam, mas geralmente ele os vencia sem o menor arranhão (MACHADO DE ASSIS, 2008, p. 184).

Candinho casou-se com Clara, moça casadoura, mas muito operosa, e que costurava para fora. Por falta de melhor opção, Clara acabou acomodando-se com Candinho. Vida dura. Dividiam o cômodo alugado com a tia de Clara. Ela se chamava Mônica. Clara engravidou. A espera da criança coincidiu com um declínio da atividade nefasta de Cândido. As condições de vida haviam piorado. Rareavam escravos foragidos:

Um dia os lucros entraram a escassear. Os escravos fugidos não vinham já, como dantes, meter-se nas mãos de Cândido Neves. Havia mãos novas e hábeis. Como o negócio crescesse, mais de um desempregado pegou em si e numa corda, foi aos jornais, copiou os anúncios e deitou-se à caçada. No próprio bairro havia mais de um competidor. Quer dizer que as dívidas de Cândido Neves começaram de subir, sem aqueles pagamentos prontos ou quase prontos dos primeiros tempos. A vida fez-se difícil e dura. Comia-se fiado e mal; comia-se tarde. O senhorio mandava pelos aluguéis (MACHADO DE ASSIS, cit., pp. 184-185).

Tudo muito irônico. E muito triste. Clara auxiliava o marido como podia. E tudo fazia; “não tinha sequer tempo de emendar a roupa do marido, tanto era a necessidade de coser para fora” (MACHADO DE ASSIS, cit., loc. cit.). Quanto a Cândido, prossegue Machado de Assis:

Quando ele chegava à tarde, via-se lhe pela cara que não trazia vintém. Jantava e saía outra vez, à cata de algum fugido. Já lhe sucedia, ainda que raro, enganar-se de pessoa, e pegar em escravo fiel que ia a serviço de seu senhor; tal era a cegueira da necessidade. Certa vez capturou um preto livre; desfez-se em desculpas, mas recebeu grande soma de murros que lhe deram os parentes do homem (MACHADO DE ASSIS, cit., loc.cit.).

A tia que vivia com o casal sugeriu que a criança que nasceria fosse levada à roda dos enjeitados,como então se chamava algo que sugere os orfanatos que surgiram mais tarde. Cândido resistia. Os credores ameaçavam de todos os lados, e de todos os modos. O senhorio deu a Cândido um prazo fatal para pagamento do débito: cinco dias. E Cândido, continua Machado de Assis:

(...) saiu por outro lado. Nesses lances não chegava nunca ao desespero, contava com algum empréstimo, não sabia como nem onde, mas contava. Demais, recorreu aos anúncios. Achou vários, alguns já velhos, mas em vão os buscava desde muito. Gastou algumas horas sem proveito, e tornou para casa. Ao fim de quatro dias, não achou recursos; lançou mão de empenhos, foi a pessoas amigas do proprietário, não alcançando mais que a ordem de mudança. A situação era aguda. Não achavam casa, nem contavam com pessoa que lhes emprestasse alguma; era ir para a rua (MACHADO DE ASSIS, cit., p. 187).

Cândido não se rendeu aos fatos e ainda tentava alternativas, antes de deixar o filho entre crianças abandonadas. Tentava, e lembrou-se de uma velha nota de escravos foragidos, que davam conta de uma mulata; oferecia-se uma quantia que resolveria os problemas de Cândido. Em vão, Cândido buscou informações, e continuou:

Saiu de manhã a ver e indagar pela Rua e Largo da Carioca, Rua do Parto e da Ajuda, onde ela parecia andar, segundo o anúncio. Não a achou; apenas um farmacêutico da Rua da Ajuda se lembrava de ter vendido uma onça de qualquer droga, três dias antes, à pessoa que tinha os sinais indicados (MACHADO DE ASSIS, cit., p. 188).

Sem mais opções e sem recursos, desiludido, e com a criança no colo, rumava para a tal roda dos enjeitados. Foi quando teve a impressão de ter visto a tal escrava foragida. Deixou o filho no farmacêutico, a quem pediu que cuidasse da criança, por um instante. Cândido alcançou a escrava — Arminda — a quem capturou, na linguagem de Machado de Assis, após ter “tirado o pedaço de corda da algibeira”, e de quem “pegou dos braços” (cf., MACHADO DE ASSIS, cit., p. 189).

E agora com a escrava capturada, enquanto o filho estaria com o boticário, Cândido apressou-se a ter com o dono da presa, na busca da recompensa. A cena é chocante:

Foi arrastando a escrava pela Rua do Ourives, em direção à da Alfândega, onde residia o senhor. Na esquina desta a luta cresceu; a escrava pôs os pés à parede, recuou com grande esforço, inutilmente. O que alcançou foi, apesar de ser a casa próxima, gastar mais tempo em lá chegar do que devera. Chegou, enfim, arrastada, desesperada, arquejando. Ainda ali ajoelhou-se, mas em vão. O senhor estava em casa, acudiu ao chamado e ao rumor (MACHADO DE ASSIS, cit., p. 190).

Constatou-se que a escrava estava grávida. O realismo da narrativa impressiona, deprime: Machado de Assis descreve o aborto vivido pela pobre escrava, o que ocorria enquanto Cândido recebia a recompensa:

Arminda caiu no corredor. Ali mesmo o senhor da escrava abriu a carteira e tirou os cem-mil réis de gratificação. Cândido Neves guardou as duas notas de cinquenta-mil réis, enquanto o senhor novamente dizia a escrava que entrasse. No chão, onde jazia, levada do medo e da dor, e após algum tempo de luta a escrava abortou. O fruto de algum tempo entrou sem vida neste mundo, entre os gemidos da mãe e os gestos de desespero do dono. Cândido Neves viu todo esse espetáculo. Não sabia que horas eram. Quaisquer que fossem, urgia correr à Rua da Ajuda, e foi o que ele fez sem querer conhecer as consequências do desastre (MACHADO DE ASSIS, cit., p. 191).

Cândido ainda conseguiu apanhar o filho. Pagou as dívidas. Retornou a vida com alguma esperança. Alguma maldade o marcava; justificou para si o aborto, “nem todas as crianças vingam, bateu-lhe o coração” (MACHADO DE ASSIS, cit., loc.cit.).

No contexto desta narrativa atemorizante, de quem testemunhou ou conheceu testemunhas de tal tempo (Machado de Assis nasceu em 1839 e morreu em 1908), descreve-se os horrores da escravidão. Não se sabe (e nem se saberá) se o fez como espectador desinteressado (do que duvido) ou como par de Castro Alves, ainda que sem métrica, rima, Eugênia Câmara ou furor romântico e revolucionário. É o que sugere o primeiro parágrafo do conto:

A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha-de-flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, uma para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber, perdiam a tentação de furtar, porque era geralmente dos vinténs do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança com o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras (MACHADO DE ASSIS, cit., p. 179).

Os pormenores sugerem imagens que capturam aquele odioso tempo. Nesse sentido, e esse o argumento do ensaio, em Machado de Assis captura-se importante fragmento de nosso direito, com realismo impressionante, ainda que explicitado em prosa de ficção:

O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa também, à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco era pegado (MACHADO DE ASSIS, cit., p. 180).

O bruxo do Cosme Velho descrevia com muita naturalidade a situação de seu tempo. Comprova-nos a situação do escravo que fugia, fazendo-o com a percepção de quem tudo vivenciou; não há testemunho mais ortodoxo, fonte primária mais eloquente:

Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e ao mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora, quitandando (MACHADO DE ASSIS, cit., loc.cit.)

A captura de escravos fugidos parece ter sido ofício rentável, que alimentava uma então sofisticada e autoenganadora ideia de se “pôr ordem à desordem” (MACHADO DE ASSIS, cit., loc. cit.).

A narrativa machadiana permite que se vejam com olhos privilegiados peculiaridades e tristezas de uma época difícil. A riqueza do pormenor é mais enfática do que imagens remanescentes dos daguerreótipos. Instituições e rotinas que escapam à narrativa oficial do Direito são captadas, com toda intensidade, também na literatura de ficção, justificando-se algum argumento que anima a aproximação entre o direito e as humanidades, no sentido de que a literatura seja instância privilegiada para compreensão das fórmulas institucionais de nossos antepassados.

Referência
Machado de Assis, Joaquim Maria. Contos, São Paulo e Rio de Janeiro: Record, 2008.
*Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy é livre-docente em Teoria Geral do Estado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, doutor e mestre em Filosofia do Direito e do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

terça-feira, 7 de maio de 2013

O profeta de 1923


Por Luiz Antonio Mello
Autor do best seller O Profeta, de 1923,  Gibran Khalil Gibran é o tema da mostra internacional no Salão de Atos do Memorial da América Latina, em São Paulo. Em parceria com a Associação Cultural Brasil-Líbano, o Comitê Nacional Gibran e o Museu Gibran, o Memorial promove um tributo em comemoração ao aniversário de 130 anos de nascimento de um dos grandes nomes da literatura e da pintura de todos os tempos, Gibran Khalil Gibran.

O Salão de Atos recebe a exposição, até então inédita na América Latina, que reúne aproximadamente 52 pinturas originais, documentos, manuscritos, cartas e alguns objetos pessoais de Gibran, trazidos exclusivamente de seu museu, no Líbano.

domingo, 21 de abril de 2013

No Amazonas, falso pastor desaparece com 13 índios da etnia paumari


Um homem que se apresentou como pastor e “parente” dos índios Paumari, da Aldeia Crispim, no Rio Purus, no Amazonas, desapareceu, segundo denúncia dos moradores, com 13 índios da etnia - cinco adultos, seis adolescentes de 12 a 16 anos, um menino pequeno e um bebê de colo.

No sábado (14), recebi um telefonema de uma mulher paumari, moradora da Aldeia Crispim, situada na Terra Indígena Paumari do Lago Marahã, no município de Lábrea (AM). Ela estava muito preocupada com sua filha mais nova e seus netos que haviam sido levados por um homem que se apresentou na aldeia como pastor.

A história que a mulher relatou foi a seguinte: No dia 24 de dezembro, os habitantes paumari da Aldeia Crispim, receberam a visita de um homem, desconhecido, que dizia-se pastor e descendente de índios macuxi.

O suposto pastor chegou acompanhado de um morador da aldeia, que ele conhecera em Lábrea poucos dias antes. O pastor pregou e encantou a todos com sua lábia e a qualidade de suas pregações.

Apresentou-se como compositor de musicas evangélicas e também como advogado que poderia ajudá-los, tanto no desenvolvimento de sua igreja, como na construção de uma escola melhor e na obtenção de inúmeros bens.

O suposto pastor e compositor vendeu dezenas de CDs aos moradores da aldeia Crispim, prometeu que os ajudaria a obter uma antena de rádio, luz elétrica, computadores, máquinas de lavar roupa e fornos para aliviar as tarefas quotidianas. Disse, ainda, que graças a ele, poderiam também instalar internet na aldeia.

Após vários dias de pregações e promessas, pediu ajuda aos paumari, pois seu cartão de crédito tinha sido bloqueado e precisava de dinheiro para voltar, para ir buscar tudo o que tinha prometido. Segundo o relato da mulher, várias pessoas da aldeia teriam emprestado dinheiro para o suposto pastor, inclusive pedindo empréstimos no banco da cidade.

Finalmente, o suposto pastor convidou o morador que o havia levado para a aldeia a acompanhá-lo em sua viagem de volta para buscar o material prometido. Partiu levando o homem paumari e toda a sua família (esposa, filhos, nora e neto), uma jovem mãe solteira, duas sobrinhas dela, sua filha mais velha e seu filho pequeno.

Prometeu que as moças seriam empregadas como secretária, lavadeira e babá e receberiam R$ 1,2 mil por mês. E partiram de barco, supostamente até a cidade de Canutama no início da semana passada, e teriam seguido pelo Rio Mucuim, na direção de Porto Velho, e parado no quilômetro 70 da estrada Lábrea-Porto Velho.

De lá, o pastor teria telefonado para uns parentes dos paumari em Lábrea dizendo que estava tudo bem e que voltariam com um barco e dois caminhões com as mercadorias e o equipamento prometido.

Desconfiados, alguns moradores da aldeia comunicaram o fato ao posto da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Lábrea. Um de seus funcionários avisou a Funai do município de Humaitá, além das delegacias de polícia de Humaitá e Canutama.

A Funai tentou interceptar o barco quando passava por Lábrea, sem sucesso, e seus funcionários estão aguardando notícias das delegacias das duas cidades. Segundo informações da Funai de Lábrea, é provável que o indivíduo seja um presidiário de Humaitá que teria obtido habeas corpus há pouco tempo.

História
Os paumari são um grupo de aproximadamente 1,3 mil pessoas, falantes de uma língua arawá, e habitantes das margens, dos lagos e dos igarapés do médio curso do Rio Purus.

A história desse povo ficou profundamente marcada pela chamada economia da borracha, - ou economia do aviamento - e pela instalação dos patrões na região, a partir de meados do século XIX. Estes impediam que os Paumari usassem as praias para cultivar e pescar durante o verão e exigiam destes uma dedicação exclusiva para saldar suas dívidas, contraídas através do aviamento de mercadorias.

Endividando-se com os patrões para comprar mercadorias e instrumentos de trabalho, eles ficaram intensamente envolvidos no sistema de aviamento e passaram a produzir (i.e. a extrair produtos vegetais e naturais) para saldar dívidas e obter mercadorias. Sua cosmologia e sua organização social foram fortemente marcada pela história, assim, o hábito dos jovens se empregarem em barcos de pesca, em colocações e seringais ou com comerciantes fluviais é uma herança dessa época.

Mais recentemente, com o declínio do patronato amazônico, a chegada das missões (na década de 1960) libertou-os da dependência dos patrões, mas modificou seu modo de vida, dividindo a população em “crentes” e “não-crentes”.

Desde então, e com a demarcação progressiva das terras (a partir dos anos 1990), procuraram restabelecer o ritmo de vida anual de alternância entre a terra firme e o rio e se reorganizaram politicamente, inclusive participando ativamente do movimento político indígena da região.

Atualmente, enfrentam sérios problemas   como todos os demais grupos da região    em relação à saúde indígena, à educação diferenciada e as invasões de terra, principalmente por barcos de pesca comercial. Os  desafios maiores que enfrentam hoje são a migração de sua população para as cidades vizinhas (Lábrea, Tapauá, Porto Velho e Canutama) e o progressivo abandono de sua língua.

Oiara Bonilla é antropóloga, pesquisadora do Museu Nacional (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e trabalha junto aos Paumari desde 2000.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Primeiro arranha-céu da América Latina pode se tornar patrimônio cultural brasileiro


Marco da modernidade da então capital brasileira, o Edifício A Noite foi o primeiro arranha-céu da América Latina, atração turística da cidade e um mirante que competia com o Pão de Açúcar e o Corcovado. Foi construído por um grande jornal da época, A Noite, e sediou desde a fundação a mais importante emissora do país, a Rádio Nacional. É também um dos mais destacados exemplares daart déco, estilo arquitetônico característico de grande parte das edificações das décadas de 1920 a 1940 nas grandes cidades do mundo.


O nome soa exótico para os que não conhecem a história do prédio, que pode ganhar o status de patrimônio cultural brasileiro. A decisão deve ser tomada hoje (3), em Brasília, a partir das 10h, em reunião do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a última etapa do processo de tombamento em nível federal.

sábado, 14 de julho de 2012

Socol é aperitivo capixaba com sabor e história dos imigrantes italianos


Tipo de presunto cru é produzido por famílias de Venda Nova do Imigrante.
Aperitivo é feito com lombo de porco temperado com sal, pimenta, alho.

O socol, tipo de presunto cru produzido por famílias de Venda Nova do Imigrante, região Sudoeste Serrana do Espírito Santo, é um aperitivo que traz, além do sabor característico, a história dos descendentes italianos do estado. O jeito artesanal desenvolvido pelos imigrantes continua praticamente o mesmo, mas ganhou melhorias.

O aperitivo é feito com lombo de porco temperado com sal, pimenta, alho e nada mais. O segredo está no preparo. A primeira etapa é a escolha da carne, que deve ser fresca. Cacilda Caliman Lorenção, 76 anos, faz parte da família pioneira na exploração do socol no agroturismo. Ela aprendeu a receita com os avós, que vieram da Itália.
Cacilda Lorenção aprendeu a receita com os avós italianos. (Foto: Valdinei Guimarães/G1 ES)
Tia Cacilda, como é conhecida, conta que era hábito das famílias de imigrantes fazer o ossocolo, nome original do socol. A iguaria era uma forma de conservar a carne. Com o tempo e diferenças de pronúncia, o ossocolo passou a se chamar socol. Depois que ficou conhecido por turistas, ele mudou um pouco. "Passamos a usar uma carne menos gordurosa para agradar ao paladar do consumidor", conta Cacilda.

Quando chega à propriedade da família Lorenção, o lombo fica dois dias no sal para perder água. Depois ele é lavado, secado e então temperado com pimenta do reino e alho. Os condimentos e o modo de preparo são os mesmos dos nonos italianos, mas foram aperfeiçoados. "Nós erramos bastante no início até chegarmos a essa receita e maneira de fazer", conta Bernadete Lorenção, que ajuda a preparar o socol.

Uma vez temperado, o lombo é envolvido em uma membrana que reveste os órgãos abdominais do porco. "O segredo é a escolha dessa membrana. Já experimentamos outros materiais, mas essa é a que deu melhor resultado", conta Cacilda. Depois, o lombo é colocado em uma rede elástica, que ajuda a dar o formato do produto final. Para terminar, a carne é passada na pimenta do reino, que serve como um repelente natural.

O lombo leva cerca de seis meses para curar e se transformar no socol. Então, ele é lavado e colocado para secar por algumas horas. Aí já pode ser levado à mesa. Deve ser servido em fatias bem finas, para realçar o sabor.
Lombo é colocado em uma rede elástica, que ajuda a dar o formato do produto final. (Foto: Valdinei Guimarães/G1 ES)
Lombo leva cerca de seis meses para curar e se transformar no socol. (Foto: Valdinei Guimarães/G1 ES)



segunda-feira, 9 de julho de 2012

OS CAPRICHOS DA HISTÓRIA - Josephina Carneiro

Por Josephina Carneiro

É importante ressaltar que essa descontinuidade e desprezo é mais comum do que podemos imaginar. Entramos na universidade com muito pouca informação. Aos poucos vamos fazendo contato com ícones da Educação, Cultura, Sociologia. Idealizamos um mundo bem melhor e possível com a nossa contribuição. Um universo transformador. Saímos da faculdade ansiosos em colocar em prática os conhecimentos adquiridos. Mesmo quem já está cursando e já trabalha em escolas os relatos estão sempre povoados em decepções. Em outras palavras: teoria e prática nem sempre caminham na mesma direção.


Poderia relatar casos e mais casos de meus pares na universidade. Daria um livro bem extenso. Mesmo dentro da Faculdade de Pedagogia o discurso libertador muitas vezes fica em desencontro com a prática. É o que Paulo Freire denomina de Corporeificação . O melhor discurso é na verdade o exercício da prática.

Não posso verbalizar que sou um democrata, um progressista e possuir uma prática reacionária, autoritária e elitista. Acredito que realmente deve ser complicado romper com um modelo engessado e repressor de educação para quem o recebeu.
Os discursos das jovens professoram geralmente são como um disco arranhado: repete, repete e repete. Quem tenta criar um modelo inovador é temido. É como se fossemos uma grande ameaça ao sistema educacional. Quando não é pela coordenação muitas vezes vem dos próprios pais. Lidar com esse tipo de frustração é muito doloroso. Por isso assistimos cada vez mais os formandos procurando concursos para coordenação, supervisão ou mesmo na área da Pedagogia Empresarial. Sem contar os que abandonam mesmo a carreira de educadores. Nem todos possuem a vontade e a força, a constância, a perseverança e a persistência para continuar lutando da recriação da sociedade injusta. Poucos possuem coragem e até disponibilidade para lutar pela construção de uma outra ordem social menos injusta e mais humana. Não são todos que estão dispostos a enfrentar continuamente até a exaustão o desrespeito aos educadores e educandos por parte da administração pública ou privada das escolas, assim como lutar em busca do direito que possuímos de ser respeitados e reagir aos que nos destratam. Essa prática cansa.

Portanto eu era mais uma vivenciando a experiência do repete, repete e repete. Existem muitas maneiras de se aniquilar e minar um projeto. A primeira providência já teria sido tomada reduzindo a equipe de 15 funcionários para 02. A partir de um determinado momento, todos os dias a sede do Cateretê era freqüentemente arrombada e saqueada. Eu enviava relatórios, fazia B.O ., nenhuma providência era tomada. Cada peça do figurino roubado, carregava junto um pedaço do meu coração. Não encontro palavras para descrever minha dor, nem a dos meus alunos. Talvez a música do Chico Buarque de Holanda (Pedaço de mim), possa se aproximar do sofrimento, da saudade e da nostalgia que já nos envolvia naquele momento. Era nosso patrimônio, recheado de recordações, de sorrisos, de noites mal dormidas e de alegrias. Talvez seja comparada a amargura de uma mãe que perde um filho de forma inesperada. Ou um órgão do corpo amputado. Só existe uma constatação: é indefinível. 

Na verdade, quando falamos em patrimônio, às vezes nos escapa que patrimônio é uma construção cultural, essa representação estrutura-se nos elementos fundamentais o qual se baseiam as práticas do dia a dia. Construímos juntos um lugar de identificação. Tínhamos edificado um sentimento de pertencimento, de identidade. Assim, o projeto Cateretê possuía o grande potencial do patrimônio justificado não apenas pelas suas características físicas, muros, tijolos, madeira, figurinos, adereços etc., mas, sobretudo pelo significado desses elementos carregados de sentido, história e beleza, Nosso desgosto coletivo estava representado na destruição dos figurinos das cirandeiras, do vaqueiro, dos estandartes. Tudo ali possuía uma história, um valor inestimável. Era nosso patrimônio, recheado de recordações, de sorrisos, de noites mal dormidas de alegrias, de sonhos realizados ou não.
O interessante dessa história insólita é que constantemente, em nossas aulas, abordávamos a cerca de patrimônio material e imaterial. Chegamos até a levar os alunos em uma visita ao Museu do Folclore Edison Carneiro no Rio de Janeiro.

A verdade é que os alunos só conseguiram apreender o significado de patrimônio através da perda e da dor. Perceberam que a representação material está diretamente associada a sua referência imaterial. Através de símbolos, significados e valores como também nas práticas sociais. Desta feita nosso espaço foi ganhando vida, repletos de estima e importância. Ficaram na memória nossos registros de pequenos momentos que sacodem nossa alma, todas as vezes que os recordamos. Uma das grandes realidades da vida é que a grandeza da existência é permeada justamente pelos pequenos momentos do cotidiano. Assim todos que participavam do Cateretê nas Artes tornaram-se depositários de uma memória coletiva que deveria ser preservada.
Mas o fato é que assim não foi. A sede do projeto continuava a ser invadida. Sumiam mais peças, adereços, instrumentos. Até que um dia roubaram praticamente todas as cadeiras, mesas, arrancaram os motores das duas geladeiras e todas as torneiras. O resto que tinha sobrado do figurino foi totalmente destruído pelo líquido do extintor de incêndio. Acho que o inferno que Dante descreveu chegou bem perto do vandalismo provocado naquela noite.

Vencida pelo cansaço percebi que chegara os meus compassos de espera. Adoeci.
Liguei para a Secretária de Educação, informei o acontecido pela última vez. Solicitei a presença da Secretária de Educação Maria Inês Azevedo de Oliveira e a Coordenadora de Projetos Especiais Sônia Teixeira para que se dirigissem até a sede do projeto, com a finalidade de entregar as chaves e pedir demissão. 

Sentei no meio fio em frente à sede enquanto as esperava e recordava a coragem daquele povo que sobrevive a custo de muita teimosia, com a quase total ausência do Estado. Rememorava as milhares de vezes os desabafos de jovens mães que mais pareciam velhas senhoras. Ouvi os longos sorrisos das crianças, compartilhando conosco seus sonhos de vida. E chorei, chorei muito. Sentia-me exausta, cansada e com a saúde muito debilitada. Eu possuía um fio de força. 

Poderia me servir de consolo a dor de um Anísio Teixeira com sua Escola Parque. Ou relembrar a visita de uma amiga, semanas antes na sede do projeto Cateretê Nas Artes, desabafando que teria sua biblioteca comunitária fechada por total falta de suporte do Governo. Não precisava ser muito perspicaz para perceber em seu semblante a dor que a consumia. Carregava os olhos marejados de lágrimas ao falar da destruição do seu projeto. Um total descaso do governo de uma cidade que nem praça possui para suas crianças. Passaria horas, com certeza, descrevendo inúmeros casos que vão de ilustres intelectuais até as criaturas que trabalham em profundo anonimato. Somos um braço do Estado. E esse mesmo Estado nos amputa. 

O Vereador Waldeck Carneiro ainda entrou com uma petição para o regresso do projeto. Haveria votação no plenário, mas eu realmente não conseguia mais sair da cama. Precisa parar. Possuía todas as armas em minhas mãos, a sociedade civil estava toda comigo, mas eles precisavam de uma liderança e eu realmente, por mais que quisesse não conseguia. 

Chegaram a Sonia Teixeira e a Rita. Entreguei as chaves, depois fotografei toda aquela depredação. Percebi que elas ficaram intrigadas com todos os detalhes que eu fotografava. Observavam todos os meus movimentos. Dei um sorriso para mim mesma, me despedi e fui embora. 

A História é uma senhora caprichosa! Ela existe como possibilidade e não como determinação. A história não é. Ela está sendo.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Nossas assombrações são melhores



Diante da realidade que vivemos onde mais e mais o potencialismo europeu e estadunidense rouba a cultura latina de nossa América, é preciso falar daquilo que povoa o imaginário popular e enriquece nosso folclore. Segue alguns nomes de assombração “existentes” no Brasil que de fato é de uma preciosidade cultural extraordinária.


Boto-rosa – Diz os crédulos que se trata de um demônio que vive nas águas da amazonia, durante a noite se transforma um rapaz bonito de vestes brancas, ele é um sedutor de moças donzelas, elas, encantadas pela beleza inebriante do boto, sedem-lhe a honra, e fatalmente saem grávidas após contato com este ser sobrenatural.

Mula-sem-cabeça – Vira mula-sem-cabeça, mulher que se deita com padre ou ainda aquela que trai o marido com o compadre. Quando morrem, elas ficam vagando pelos sertões assustando aos vivos, se a mesma aparece para alguém, é bom esconder unhas e dentes para livrar-se do

sábado, 10 de março de 2012

Do tempo em que ler "O Pequeno Príncipe" era obrigação



Reproduzo a seguir artigo da Dra. Fátima Oliveira sobre o livro o Pequeno Príncipe e sua atualidade.

Quando eu era adolescente, a resposta clássica a qualquer entrevista de uma candidata a miss que se prezasse - o concurso de Miss Brasil arrastava multidões e tinha prestígio - é que "O Pequeno Príncipe" era o seu livro de cabeceira! Nem pensar numa miss que não lera o célebre livro de Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), piloto da Segunda Guerra Mundial, escritor e ilustrador francês, que aos 44 anos, pilotando um avião militar, foi abatido pelos alemães, num vôo de reconhecimento entre Grenoble e Annecy, na França. Era julho de 1944. Em 2004, os destroços de seu avião foram encontrados na costa de Marselha.

As aspirantes a miss banalizaram um livro, literária e filosoficamente, precioso, cuja leitura era obrigatória em meu tempo de ginasiana. É rara a pessoa com menos de 30 anos que o leu. No máximo conhece algumas de  suas belas e filosóficas frases que pululam na web. Já faz tanto tempo em que crianças e jovens liam Saint-Exupéry por obrigação e depois se encantavam com ele para sempre. Em geral, quando falo sobre o tema, ouço: "É a nova! Do tempo em que era obrigatória a leitura de O Pequeno Príncipe!".

Lamento que não seja mais. Por vários motivos. Um deles é que "O Pequeno Príncipe" é uma alegoria em prosa-poema sobre a amizade e a transcendência dela; sobre a sofrença e o encanto do amor e seu entorno filosófico; e nos ensina o valor da ética da responsabilidade e das coisas que não estão à vista, mas no horizonte: "O que torna belo um deserto é que ele esconde um poço em algum lugar". Outra razão, é que livros como ele são companhias prazerosas e enriquecedoras a qualquer momento. É engano considerá-lo piegas, apesar de que pieguice tem serventia e hora - nem sempre é coisa boba, condenável ou execrável, podendo, inclusive, ser terapêutica.

"O Pequeno Príncipe" expressa uma visão de mundo decente e nele há insumos que se prestam com propriedade para adoção no cenário da política. Alguns cabem como uma luva para a conjuntura política brasileira. Se eu fosse conselheira da presidente Dilma Rousseff diria que ela deveria sugerir ao vice-presidente Michel Temer sessões de biblioterapia - o livro como recurso terapêutico - para o PMDB, usando "O Pequeno Príncipe", com convites extensivos a alguns parlamentares e ministros do PT e da "base aliada".

No momento, é a única vereda que vislumbro para dar algum lustro ético ao PMDB e dotá-lo de sensibilidade para minorar a petulância partidária e estimular o amor ao povo brasileiro. O que pode ser aprendido com os diálogos da raposa com o Pequeno Príncipe: "Para enxergar claro, basta mudar a direção do olhar", e que "só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos".

Sempre que releio "O Pequeno Príncipe" descubro algo arrebatador. Nunca deixo de ler a dedicatória: "Peço perdão às crianças por dedicar este livro a uma pessoa grande/ Tenho uma desculpa séria: essa pessoa grande é o melhor amigo que possuo no mundo./ Tenho uma outra desculpa: essa pessoa grande é capaz de compreender todas as coisas, até mesmo os livros de criança./ Tenho ainda uma terceira: essa pessoa grande mora na França, e ela tem fome e frio. Ela precisa de consolo. Se todas essas desculpas não bastam, eu dedico então esse livro à criança que essa pessoa grande já foi./ Todas as pessoas grandes foram um dia crianças. (Mas poucas se lembram disso)./ Corrijo, portanto, a dedicatória: A Léon Werth, quando ele era pequenino".

Ninguém lê "O Pequeno Príncipe" e continua a mesma pessoa.

Fátima Oliveira é Médica e escritora. É do Conselho Diretor da Comissão de Cidadania e Reprodução e do Conselho da Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe. Indicada ao Prêmio Nobel da paz 2005. 

Portal Vermelho. 

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Bobbio, justiça e liberdade

Nascido em Turim, no dia 18 de outubro de 1909, filho de uma família burguesa do norte da Itália, Norberto Bobbio praticamente viveu o século XX por inteiro, vindo a falecer na mesma cidade aos 94 anos, no dia 9 de janeiro de 2004. Ele tornou-se, nos últimos anos, o pensador político italiano mais famoso do mundo e, bem ao contrário de Nicolau Maquiavel, seu conterrâneo que viveu no Renascimento, tornou-se um diligente ativista dos direitos individuais e não um apologista dos poderes do estado. Bobbio, emérito professor de Direito e Política em Turim, um filósofo da democracia, foi um insuperável combatente a favor dos direitos humanos.

Norberto Bobbio (1909-2004)

No partido da ação


"Cultura é equilíbrio intelectual, reflexão crítica, senso de discernimento, aborrecimento frente a qualquer simplificação, a qualquer maniqueísmo, a qualquer parcialidade". 

N. Bobbio, em carta a G.Einaudi, julho de 1968

Numa Itália dilacerada desde a queda de Mussolini, ocorrida em 25 de julho  de 1943, assistindo as forças alemãs do marechal Kesselring e as anglo-americanas do marechal Alexander a travarem batalhas de vida e morte, é que renasceu o pequeno Partito d´Azione, o partido da ação. No século XIX, no chamado Ressurgimento, época das lutas pela unificação nacional, ele fora o instrumento dos patriotas G.Mazzini e de Garibaldi. Voltara à vida liderado por Guido Calogero e por Aldo Capitini, congregando basicamente um

sábado, 24 de dezembro de 2011

A REBELIÃO ROMÂNTICA DA JOVEM GUARDA por Rui Martins

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RUI MARTINS

A REBELIÃO ROMÂNTICA DA JOVEM GUARDA

Publicado pela Editora Fulgor em 1966


PREFÁCIO DE: FERNANDO DE AZEVEDO

FULGOR

ÍNDICE
Capítulo I : As rebeliões juvenis contemporâneas
Capítulo II : Os adultos e sua integração no mundo juvenil
Capítulo III : Razões do declínio da bossa nova
Capítulo IV : O papel da propaganda na criação de imagens
Capítulo V : Uma música que satisfez a todos
Capítulo VI : A rebelião romântica da juventude nacional
Capítulo VII : Apoio e reserva dos adultos aos movimentos juvenis
Capítulo VIII: Os traços conservadores do líder juvenil

Texto interno da capa:
Impressionado com a transformação de um cantor em ídolo de considerável parcela da juventude urbana brasileira, o autor, que é jornalista do Estado de São Paulo, quis saber as determinantes desse comportamento. Depois de uma série de entrevistas com sociólogos e psicólogos da Universidade de São Paulo, publicou, na imprensa paulista, o primeiro trabalho que procurava interpretar a reação juvenil e adulta diante do que se começava a chamar «fenômeno Roberto Carlos». 

Na reportagem, que recebeu o título de «Juventude vive a rebelião romântica», o autor apresentou as diferentes opiniões colhidas, mantendo uma unidade geral. Omitiu, porém, sua própria interpretação para conservar-se fiel aos depoimentos. 

Neste livro, Rui Martins amplia seu primeiro trabalho e, utilizando-se de todo material inicial, enriquecido com novas pesquisas e consultas, expõe, também, sua própria opinião, concluindo pela existência no País de uma rebelião juvenil que não conduz a caminho algum e que, por isso, conta com o apoio dos adultos conservadores.

Os fatores determinantes dessa rebelião romântica estariam Intimamente ligados com a atual situação social e política brasileira, que não favorece a participação efetiva da mocidade no desenvolvimento nacional.

Texto da contra-capa
"Mas, quando em torno se faz o vazio e nada convida para lutas... a mocidade tende a procurar, em seus sonhos, o meio de fugir à mediocridade e pasmaceira reinantes. Volta-se a si mesma, sem objetivo e com espírito conservador senão reacionário, para viver sua vida à parte. Nem os adultos se integram na vida das gerações jovens, nem estas se preocupam com a sua participação na dos adultos e velhos. Daí, a "rebelião romântica da jovem guarda", que tão admiravelmente analisa Rui Martins, em poucos capítulos, com a lucidez e segurança de suas observações de fatos, e de suas reflexões sobre ele".
FERNANDO DE AZEVEDO


Comentários do Celso Barbieri
Eu comprei este livro num sêbo perto da Praça da Sé em São Paulo lá pelo princípio de 1980. Acabei trazendo este livro para Londres onde vivo e, agora faz parte da minha bibliotéca. Para colocá-lo aqui neste site, usando um scanner "escaneei" todas as 79 páginas do livro, mais a capa e, depois usei um programa OCR (optical caracter recognizer) para checar todas as páginas usando um programa de inteligêcia artificial e assim transformar os "scans gráficos" em documentos Microsoft Word. Como o texto do livro foi encrito nos anos 60, com o Word fiz a correção hortográfica. O texto então foi reeditado e colocado neste web site. Todo cuidado foi tomado para evitar problemas hortográficos e de compreenção de texto. Se o caro leitor encontrar algum problema ficarei feliz em ser comunicado para que possa fazer a devida correção.

Direitos Autorais
Queremos deixar claro que não estamos tendo nenhum benifício econômico com a publicação online deste livro. Nosso intuito é puramente educacional uma vez que este livro está esgotado. Estamos dando os devidos créditos tanto do autor como à editora. Entretanto, se o autor ou a editora tiver alguma objeção quanto a publicação onlide deste material, peço-lhes que comuniquem-se conosco imediatamente ( rock@celsobarbieri.co.uk ) para que, com pesar, seja providenciada a retirada deste web site deste documento que consideramos ser de grande importância para aqueles interessados na história da música brasileira.

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Este é um blog de ideias e notícias. Mas também de literatura, música, humor, boas histórias, bons personagens, boa comida e alguma memória. Este e um canal democrático e apartidário. Não se fundamenta em viés políticos, sejam direcionados para a Esquerda, Centro ou Direita.

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