A
empresa francesa Lagardère informou hoje (11) que desistiu de comprar as ações
majoritárias da concessionária Maracanã, em poder da Odebrecht, que administra
o Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã. “Ficou impossível sustentar junto
à matriz o que o governo fez”, diz o comunicado, referindo-se à possibilidade
de nova licitação, admitida pelo governo fluminense em audiência pública
recente.
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No
comunicado, a Lagardère cita “a instabilidade que a [Secretaria Estadual da]
Casa Civil criou ao admitir voltar atrás no processo que ele [governo] escolheu
como ideal. Isso depois de mais de um ano, centenas de documentos e garantias,
quando o pré-contrato entre as empresas [Lagardère e Odebrecht] já estava
assinado e tínhamos 30 pessoas no estádio há 20 dias. Esse fato repercutiu
muito mal na França, que determinou que saíssemos do processo de compra, por
não haver mais confiança no governo”.
A
Concessionária Maracanã informou, em nota, ter recebido a decisão da Lagardère
de se retirar da negociação e repassou a decisão ao governo fluminense. ”A
Concessionária aguarda agora a decisão da Câmara Arbitral da Fundação Getulio
Vargas, que vai definir os termos da rescisão do seu contrato com o governo do
estado”, diz a nota. A Câmara de Mediação e Arbitragem da FGV foi um fórum
acordado entre as duas partes, que preferiram a arbitragem a um processo
judicial.
Procurada
pela Agência Brasil, a Câmara Arbitral da FGV disse não poder se
manifestar sobre o assunto, uma vez que o processo de arbitragem corre em
sigilo. O governo fluminense, por sua vez, não quis comentar a desistência da
Lagardère para administrar o Maracanã. Também por meio de nota, limitou-se a
dizer que “essa relação é estritamente privada, as tratativas ocorrem entre as
empresas e concessionária”.
O
grupo francês GL Events e a empresa britânica CSM (Chime Sports Marketing) já haviam
desistido de comprar a concessão de exploração do Complexo Maracanã em
março, alegando falta de “garantias adequadas de segurança jurídica e
contratual”. A construtora Odebrecht, que detém 95% de participação no
consórcio, está sendo investigada na Operação Lava Jato, o que contribuiu para
a desistência das empresas estrangeiras.
A
Lagardère participou da primeira licitação do estádio, na qual a Odebrecht foi
a ganhadora, e era atualmente a única empresa interessada na compra da
concessão.
O
estádio foi inaugurado em 1952, no bairro do Maracanã, zona norte da cidade do
Rio de Janeiro. Em 2013, o consórcio Maracanã S/A, integrado pelas empresas
Odebrecht, IMX e AEG, ganhou licitação do governo do estado para explorar
comercial e administrativamente a arena por 35 anos. Em março do ano passado, o
consórcio cedeu o estádio ao Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e
Paralímpicos Rio 2016.
No
momento da devolução, entretanto, o consórcio não aceitou o estádio de volta,
alegando que o equipamento não estava nas mesmas condições em que foi cedido.
Com isso, o consórcio Maracanã S/A, que é liderado pela construtora Odebrecht,
não quis mais administrar o estádio, que chegou a 2017 em situação de abandono,
com equipamentos e peças roubados do local.
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