O
presidente Michel Temer negou hoje (17), em entrevista concedida à rádio Jovem
Pan, que esteja participando de um acordão com os ex-presidentes Luiz Inácio
Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso para amenizar os efeitos da Lava Jato
no cenário político brasileiro. Ele também classificou como "útil" a
proposta de uma nova constituinte exclusiva para as reformas política e
tributária no país.
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“Não
participo, não promovo e jamais fui questionado ou perguntado a respeito disso
[acordão]”, disse ele. “Até o ex-presidente FHC diz que não tem conversa
nenhuma nessa direção. E não tem mesmo. O que ocorreu foi que, quando fiz uma
visita ao ex-presidente Lula, tendo em vista o que ocorreu [o falecimento da
ex-primeira dama, Mariza Letícia] ele disse, citando FHC, que precisamos
conversar sobre a reforma política. Nesse caso [restrito à reforma política]
isso até pode ser visto. Mas apenas sobre esse tópico. Não sobre o que está
acontecendo hoje no país”.
Temer
comentou também um manifesto publicado no jornal O Estado de S.Paulo, no
qual juristas pediram a abertura de uma nova constituinte, sob a justificativa
de que “a república acabou”, após
tantas denúncias contra políticos e instituições. “Tenho respeito jurídico a quem participou desse manifesto, mas confesso
que tenho certo temor [em relação a uma nova constituinte]. A Constituição de
1988 foi de uma largueza extraordinária porque trouxe para dentro de si
direitos liberais e sociais”, disse o presidente.
“Se propusermos uma constituinte para fazer
uma reforma política e, quem sabe, tributária, eu até diria que seria útil.
Mas, com todo o respeito a quem assinou esse manifesto, uma nova constituinte
se faz quando há ruptura com o estado anterior, colocando outro estado no lugar”,
disse o presidente, ao admitir a necessidade de uma reformulação
político-institucional no país.
Para
o presidente, uma nova constituinte poderia causar “tumulto”, uma vez que as instituições “estão funcionando plenamente” no Brasil. “Confesso que precisaria examinar um pouco mais esse assunto. Parece-me
que as coisas estão funcionando”.
Durante
a entrevista, Temer classificou como eventos “estarrecedores, desagradáveis e
preocupantes” as denúncias feitas a partir das delações premiadas de executivos
da Odebrecht, uma vez que, pelo menos no que se refere a ele, trata-se de
mentiras ou inverdades. “É desagradável porque se trata de mentira. Tenho
procurado dizer que é desagradável e constrangedor porque se trata de
inverdade. Os fatos narrados revelam inclusive uma linguagem que não uso. São
eventos estarrecedores, desagradáveis e preocupantes porque transmitem imagem
muito negativa do Brasil no exterior. Sob esse ângulo não há dúvida de que é
péssimo. Mas eu pergunto: o que fazer? Paralisar as atividades ou seguir em
frente? Eu respondo: seguir em frente”, disse Temer.
Sobre
afirmações feitas por ele, no sentido de afastar temporariamente ministros
denunciados e em definitivo os que se tornarem réus, Temer evitou citar o
ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Segundo o presidente é “muito provável” que alguns ministros de
seu governo fiquem desconfortáveis e saiam do cargo. “Mas não vou colocar para fora, demitir ou exonerar simplesmente porque
alguém falou de outro. Quando houver provas robustas, e a prova robusta mais
evidente se dá pela hipótese da denúncia, aí eu começo a tomar providência”,
disse ele.
“Eu tenho o vício de cumprir a ordem
jurídica. Quando verifico que alguém fala de outrem, o primeiro gesto é fazer
um inquérito de natureza administrativa para indagar o que foi falado. Depois
do inquérito administrativo, o Ministério Público [MP] pede o inquérito
judicial, que é o que está sendo pedido neste momento. Depois é que virá,
eventualmente, a denúncia. A simples denúncia, no entanto, não significa ainda
a culpabilidade completa. Mas já defini: se houver denúncia é porque há fortíssimos
elementos reveladores de que aquela delação é correta ou tem fundamento de
muita verdade. Então, afastamento temporário. Se logo depois [algum ministro]
se transformar em réu, ele será afastado”, completou.
De
acordo com a agenda presidencial, Temer receberá hoje às 17h, no Palácio do
Planalto, o ex-ministro do Tribunal de Contas da União Ubiratan Aguiar. Às
18h30, o presidente se reunirá com deputadas da base aliada para tratar de
assuntos relativos à reforma da Previdência.
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