Segundo
interlocutores, apesar de "tranquilo", Temer se mostrou
"indignado" com o vazamento da delação do ex-diretor de Relações
Institucionais Cláudio Melo Filho
Preocupado com
o impacto das delações da Odebrecht, o presidente Michel Temer convocou nesta
noite uma reunião de emergência em Brasília, no Palácio do Jaburu. Segundo
interlocutores, apesar de "tranquilo", Temer se mostrou
"indignado" com o vazamento da delação do ex-diretor de Relações
Institucionais Cláudio Melo Filho. Além de ressaltar que o depoimento ainda
precisa ser homologado, aliados do presidente destacam que o acordo pode ser
invalidado. Interlocutores citam como exemplo a suspensão das negociações da
delação do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, após vazamento na imprensa.
Neste sábado,
10, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, divulgou que vai pedir uma
investigação sobre o vazamento do anexo de delação premiada do executivo da
Odebrecht. Na sexta-feira, 9, o documento de 82 páginas com informações de
Cláudio Melo Filho foi divulgado por veículos de comunicação. O jornal O Estado
de S. Paulo obteve o documento, em que o executivo menciona que o presidente da
República, Michel Temer, fez pedido de apoio financeiro para o PMDB ao então
presidente e herdeiro da empresa, Marcelo Odebrecht. "Em virtude da
divulgação, pela imprensa, de documento sigiloso que seria relativo à colaboração
premiada de um dos executivos da Odebrecht, o procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, solicitará abertura de investigação para apurar o
vazamento", informa nota divulgada pela Procuradoria-Geral da República.
Foi Janot o responsável por suspender a negociação com Léo Pinheiro.
Temer negou
"com veemência as falsas acusações do senhor Cláudio Melo Filho".
"As doações feitas pela Construtora Odebrecht ao PMDB foram todas por
transferência bancária e declaradas ao TSE. Não houve caixa 2, nem entrega em
dinheiro a pedido do presidente", disse em nota emitida na última
sexta-feira. O governo não pode, via Ministério da Justiça, solicitar a
investigação do vazamento e, neste caso, terá que contar com o Ministério
Público Federal.
Reunião
No Jaburu,
neste domingo, Temer convocou o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o
secretário de Programa de Parceria e Investimentos (PPI), Moreira Franco. A
ideia, além de discutir o efeito das delações da Odebrecht, já que os dois
também estão citados, é desenhar a pauta econômica da semana para criar uma
agenda positiva.
O objetivo do
governo é reagir a mais uma crise política mostrando "trabalho". Além
de estudar novas medidas econômicas, o governo precisa garantir a votação da
PEC do teto dos gastos no Senado, em segundo turno, e do Orçamento. Para isso,
o presidente continuará investindo em conversas com a base aliada e,
principalmente, com os tucanos, que devem ficar com o comando da Secretaria de
Governo, apesar do imbróglio envolvendo a possível nomeação do deputado Antonio
Imbassahy (PSDB-BA). O nome chegou a ser dado como certo, mas decisão foi
suspensa após a pressão de parlamentares do chamado 'Centrão'.
Alguns
interlocutores, ponderam, que apesar de ter que prosseguir nas conversas, o
foco é garantir o avanço das matérias. A nomeação "não precisa ser feita
às pressas", dizem.
Fonte: Agência Estado
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