Nove
centrais sindicais e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo convocaram uma
greve geral nacional para esta sexta-feira (28) contra as reformas da
Previdência e trabalhista e a Lei da Terceirização. Várias
categorias profissionais realizaram assembleias e anunciaram adesão ao
movimento. O Palácio do Planalto informou que irá acompanhar a greve e as
manifestações previstas. O entendimento é de que as mobilizações irão
transcorrer dentro da normalidade e ficarão restritas às grandes cidades.
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terceirizada
Segundo
o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, um dos
motivos da greve de hoje é contra novas regras previstas na reforma
previdenciária, como a definição de uma idade mínima para o trabalhador poder
se aposentar. “Estamos batalhando contra
aspectos como idade mínima para aposentadoria, a regra de transição, que acaba
prejudicando os trabalhadores que começaram mais cedo. Além disso, lutamos pela
manutenção do salário como patamar mínimo de benefício”, disse.
A
Força Sindical também critica itens da reforma trabalhista, como o ponto que
diz que comissão de empregados poderá "acompanhar
as negociações para a celebração de convenções coletivas e acordos coletivos de
trabalho, sem prejuízo da atribuição constitucional dos sindicatos".
“Essa reforma não deixa claro qual será o
papel do sindicato. Não participa da eleição [da comissão de empregados], não
participa da fiscalização [das atividades dentro da empresa]. Parece buscar uma
visão mais global das coisas, quebra o sindicato que temos hoje, que é um
instrumento histórico de mais de 70 anos e que pode acabar em uma canetada”,
avalia o secretário-geral da Força Sindical.
Para
Juruna, o fato de a reforma tornar a contribuição sindical optativa poderá
afetar o funcionamento dos sindicatos. Atualmente, o pagamento é obrigatório
para trabalhadores sindicalizados ou não. O pagamento é feito uma vez ao ano,
por meio do desconto equivalente a um dia de salário do trabalhador.
“No Brasil, o benefício garantido após a luta
sindical vale para todos, sócios e não sócios. Quando diminui o benefício,
diminui a possibilidade de contratar estrutura para o funcionamento do
sindicato, como por exemplo, profissionais como advogados. O financiamento não
é a tal 'boquinha', mas sim um instrumento para a instituição ficar forte”.
O
sindicalista, no entanto, avalia que a reforma trabalhista tem itens que podem
funcionar como filtro para evitar o excesso de ações trabalhistas na Justiça. “O comitê de empresa não é de todo negativo.
Se fosse comitê sindical como existe em outros países, diminuiria as
reclamações trabalhistas com a atuação de quem tem estabilidade dentro da
empresa”, avalia.
CUT
Já
a Central Única dos Trabalhadores (CUT) se manifesta contrária a todos os
pontos das reformas apresentadas pelo governo do presidente Michel Temer. “Com a terceirização e a reforma trabalhista
no Brasil, a gente vai observar o rebaixamento dos direitos dos trabalhadores.
É estabelecer o padrão do trabalho escravo para o conjunto dos trabalhadores
brasileiros”, disse o presidente da CUT em São Paulo e membro da direção
nacional, Douglas Izzo. A central reúne 3.960 entidades filiadas.
Segundo
Izzo, as regras previstas na reforma abrem a possibilidade de precarização do
mercado de trabalho e "vão
superexplorar os trabalhadores, com o fim dos seus direitos e abrindo, do ponto
de vista legal, amparo para os empresários explorarem ainda mais os
trabalhadores ao acabar com a Justiça do Trabalho”. Entre as medidas
aprovadas pela Câmara dos Deputados na reforma trabalhista, está a que impede o
empregado que assinar a rescisão contratual de questioná-la posteriormente na
Justiça. Outro ponto é a limitação de prazo para o andamento das ações.
Para
a CUT, a reforma da Previdência só traz “prejuízos
ao trabalhador brasileiro”. “Não aceitamos os argumentos do governo”,
afirma Izzo. Segundo o sindicalista, a central sindical não participou de
negociações com governo nas reformas previdenciária e trabalhista.
UGT
A
União Geral dos Trabalhadores (UGT) tem um posicionamento mais moderado entre
as centrais sindicais que se uniram na mobilização. O sindicato se reuniu com o
ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, para apoiar a construção do projeto de
lei enviado pelo governo federal ao Congresso Nacional.
“Tivemos uma conversa com ministro do
Trabalho de forma bastante clara e transparente, no sentido de levar ao
Parlamento situações como a valorização da negociação coletiva e alguns pontos
para diminuir o número de processos judiciais, que custam muito alto para
sociedade”, disse o presidente nacional da entidade, Ricardo Patah. Segundo
ele, a UGT apoiou a formulação do dispositivo que estabelece a eleição de um
representante sindical entre os trabalhadores em empresas com mais de 200
funcionários.
O
texto do Projeto de Lei (PL) 6.787/16, aprovado nesta quarta-feira (26) pela
Câmara dos Deputados, no entanto, provocou o repúdio da central sindical. “O problema começou com o [relator do PL, o
deputado] Rogério Marinho, que conseguiu visibilidade ao apresentar projeto
construído pelos empresários e trazendo desconforto ao movimento sindical.
Colocou seu arsenal contra os trabalhadores e isso nos deixou muito preocupados”,
argumentou.
Segundo
Patah, a reforma da Previdência tem aspectos considerados positivos, como
equiparar todos os trabalhadores para o cálculo de aposentadoria. “O que desagrada é colocar a idade mínima com
transição. O ideal era colocar essa regra para quem for entrar no mercado do
trabalho. O governo tem dialogado muito, o [relator da PEC, deputado federal]
Artur Maia tem demonstrado ser um homem sensível ao diálogo e a receber
sugestões. Na [reforma] da Previdência, apesar de ser muito mais sensível, é
possível conversar mais e acertar o que tem falhas”, explica.
Para
o líder sindical, a mobilização desta sexta-feira não é um protesto contra o
governo do presidente Michel Temer, mas contra as medidas que podem prejudicar
a vida do trabalhador brasileiro. “Queremos
mostrar nossa indignção com aspectos dessas reformas, o ato não é para ser cabo
de guerra contra o governo. A sociedade tem que mostrar a sua indignação contra
o desmonte da CLT. É um desserviço para a sociedade brasileira e está causando
insegurança à sociedade”, afirmou.
Diálogo
Para
o presidente nacional da Central dos Trabalhadores Brasileiros (CTB), Adilson
Araújo, o movimento desta sexta-feira reflete a preocupação do brasileiro
diante das reformas previdenciária e trabalhista. Apesar de discordar da quase
totalidade das propostas, a central tem buscado o diálogo com o presidente da
Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (PMDB-RJ), e com presidente do Senado,
Eunício Oliveira (PMDB-CE) sobre as medidas.
Segundo
Araújo, as medidas não gerarão segurança jurídica na Justiça do Trabalho, a
exemplo de reduzir ações trabalhistas, como argumenta o governo federal. “Se a gente levar em consideração a
expectativa de vida no Norte e Nordeste do país, a maioria da população vai
morrer sem se aposentar. A idade para aposentadoria é perversa, o tempo de
contribuição é absurdo, além de ser um estímulo à previdência privada, tanto
que é a carteira que mais cresce dentro das instituições bancárias privadas”.
Participaram
da convocatória para a paralisação de um dia a Central Única dos Trabalhadores
(CUT), Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Intersindical, Central e
Sindical Popular (CSP/Conlutas), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Força
Sindical, Nova Central, Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e Central
Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB).
Governo
Durante
as discussões das reformas no Congresso Nacional, representantes do governo
argumentaram que elas são necessárias para garantir o pagamento das
aposentadorias no futuro e a geração de postos de trabalho, no momento em que o
país vive uma crise econômica.
No
último dia 25, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, disse que, sem a
aprovação da reforma da Previdência, a dívida pública brasileira entra em "rota insustentável" e pode
“quebrar” o país. "Os
aposentados não estão sendo afetados. Os pensionistas estão protegidos. Tem uma
regra de transição de 20 anos para se chegar no que será a regra definitiva. A
regra de cálculo do valor de benefício preserva todo mundo que ganha salário
mínimo", disse, acrescentando que 55% dos gastos atuais do governo
federal são com o pagamento dos benefícios da Previdência.
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Sobre
a reforma trabalhista, o governo argumenta que a proposta moderniza a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943. E que as novas regras, como a
que define que o acordo firmado entre patrão e empregado terá mais força que a
lei, estimulará mais contratações. “Nós
pretendemos que aquilo que a convenção coletiva delibere nos termos da lei
tenha força de lei. Para que o bom empregador não fique com medo de contratar,
e que o acordo coletivo realizado com a participação do sindicato seja
respeitado”, disse o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira. “O
Ministério do Trabalho vai combater qualquer burla à legislação no sentido de
substituição de trabalhadores celetistas por pessoas jurídicas”, disse.
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