quarta-feira, 2 de julho de 2014

Homem alcoolizado sobrevive após carro passar sobre sua cabeça (vídeo)


Um homem, que estava alcoolizado, tem sorte em estar vivo após ter sido atropelado por um carro, do lado de fora de um bar, em Myslowice, na Polônia. Jarek Sawickio, de 25 anos, estava deitado na rua, quando um motorista, sem notá-lo, passou por cima de sua cabeça. Felizmente, o jovem polonês saiu do acidente apenas com algumas escoriações. Um vídeo do momento foi registrado por uma câmera de circuito de segurança e divulgado no YouTube. As informações são do The Mirror.

Segundo a publicação, Jarek Sawickio tinha sido expulso de um boteco local, pelo dono do estabelecimento, após uma sessão de bebedeira com os amigos. Ao invés de ir para casa, o polonês decidiu tirar um cochilo na rua, perto de um estacionamento. Ele foi acordado somente quando, no momento do atropelamento, o carro passou por cima de sua cabeça.

O porta-voz da polícia local, David Szlachetka, falou sobre o caso que aconteceu no último dia 9, mas só agora veio a público: “O motorista não o viu deitado. Ele (Jarek) tem muita sorte de não ter sido morto. Felizmente, ele escapou apenas com escoriações leves”.

O ferido foi levado ao hospital, onde foi mantido durante uma noite para observação. Mais tarde, ele disse: “Talvez o acidente seja o meu anjo da guarda me dizendo para pegar mais leve”.

Bancada do PTB na Câmara contraria Executiva e decide apoiar Dilma

A bancada do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) na Câmara e a maioria dos senadores do partido decidiram nesta quarta-feira (2) apoiar a candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição. A posição contraria a Executiva Nacional do partido, que na última sexta (27) anunciou aliança com o candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves.

“Vamos manter nossa coerência. Desde eleição passada que a bancada do PTB está com Dilma. Apoiamos Dilma neste mandato de forma muito especial, defendendo posições do governo. Essa decisão da Executiva de apoiar Aécio a gente respeita, mas não concordamos”, anunciou o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes, após reunião com deputados e senadores do partido.

Dirceu, Delúbio e Valdemar mudam de prisão para trabalhar fora da cadeia

Presos do mensalão estavam na Penitenciária da Papuda, em Brasília.
Eles foram para o CPP, onde ficam detentos com aval para trabalho externo.

Por Mariana Oliveira no G1
A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal informou na tarde desta quarta-feira (2) que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-deputado Valdemar Costa Neto foram transferidos do Complexo Penitenciário da Papuda para o Centro de Progressão Penitenciária (CPP), onde ficam detentos do Distrito Federal com autorização para trabalho externo.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Plano Real, que acabou com hiperinflação, completa duas décadas

dinheiro

Em meio a um misto de expectativa e de desconfiança, a economia brasileira experimentava uma revolução há exatamente 20 anos. Em 1º de julho de 1994, entrava em vigor o real, moeda que pôs fim à hiperinflação que assolou a população brasileira nos 15 anos anteriores.

Apenas no primeiro semestre daquele ano, a inflação totalizou 757%, média de 43% ao mês de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Nos seis meses seguintes, o índice desabou para 18,6%, média de 2,9% ao mês.

Em vez de cortes de zeros na troca de moedas, o caminho para domar a inflação passou pela Unidade Real de Valor (URV). Cada real equivalia a uma URV, que, por sua vez, valia 2.750 cruzeiros reais, moeda em vigor até o dia anterior. Definida como uma quase-moeda, a URV funcionava como uma unidade de troca, que alinhava os preços seguidos de vários zeros em cruzeiros reais a uma média de índices de inflação da época.

Em vigor por quatro meses, de março a junho de 1994, a URV, na prática, promoveu a dolarização da economia sem, de fato, abrir mão da moeda nacional. Como cada URV valia US$ 1, o real iniciou sua trajetória também cotado a um dólar. O mecanismo uniformizou todos os reajustes de preços, de câmbio e dos salários de maneira desvinculada da moeda vigente, o cruzeiro real, sem a necessidade de congelamentos e de tabelamentos, como nos planos econômicos anteriores.

Um dos economistas que desenvolveu o Plano Real, o ex-presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) Edmar Bacha acredita que a transparência foi o grande diferencial que levou o plano a ter sucesso depois de tentativas fracassadas de conter a inflação. “Todos os outros planos foram feitos em segredo e surpreendendo a população. Esse foi feito às vistas da população, em etapas, e com total aprovação prévia do Congresso Nacional”, diz Bacha, atualmente diretor da Casa das Garças, instituto dedicado a estudos e debates de economia.

O Plano Real, na verdade, começou a ser pavimentado um ano antes. Em agosto de 1993, o então ministro da Fazenda do governo do presidente Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, comunicou o corte de três zeros no cruzeiro e o lançamento do cruzeiro real. Naquela ocasião, já estava acertada a criação do real, embora os detalhes do plano só tenham sido anunciados em março do ano seguinte, quando passou a vigorar a URV.

O plano foi implementado em duas fases para permitir, sem congelamento de preços, a transição entre o cruzeiro real e o real. A URV uniformizou todos os reajustes de preços, de câmbio e dos salários de maneira desvinculada da moeda vigente, o Cruzeiro Real (CR$). A cada dia, o Banco Central fixava uma taxa de conversão da URV em CR$, com base na média de três índices diários de inflação – os bens e serviços continuavam a ser pagos em CR$, mas passaram a ter referência numa unidade de valor estável.

O lançamento do real, em 1º de julho de 1994, deu início à segunda fase do plano. À frente do Ministério da Fazenda à época estava Rubens Ricupero. A conversão e os cálculos baseados na URV saíram de cena para a entrada do real. A partir de então, os juros altos e o dólar barato, com câmbio praticamente fixo, passaram a ser os principais instrumentos do governo para controlar a inflação. Em 1999, após a crise da Rússia, o governo adotou modelo em três pilares em vigor até hoje: superávit primário (esforço fiscal), câmbio livre e metas de inflação.

A Agência Brasil procurou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan e os ex-presidentes do Banco Central Gustavo Franco e Pérsio Arida – membros da equipe que desenvolveu o Plano Real – mas não conseguiu retorno.

*Colaboraram Daniel Lima e Alana Gandra

Inflação no teto da meta preocupa economistas e consumidores

Influenciada principalmente pelos preços dos alimentos e de serviços, a inflação tem ficado ao redor do teto da meta (6,5% ao ano) e tem dado sustos nos últimos anos. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) somava 6,37% no acumulado entre junho de 2013 e maio deste ano.

Apesar de ter ultrapassado várias vezes 6,5% no acumulado em 12 meses ao longo dos últimos três anos, o IPCA, indicador oficial calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem conseguido encerrar o ano sem estourar o teto da meta. Em 2011, o índice encostou em 6,5%, recuando para 5,84% em 2012 e 5,91% em 2013. Apesar de a inflação não ter fugido do controle, a resistência em convergir para o centro da meta, de 4,5%, preocupa economistas e consumidores, que alegam perda do poder de compra no aniversário de 20 anos do Real.
José Edvaldo, da banca de revistas Bacana, na plataforma inferior da Rodoviária do Plano Piloto (José Cruz/Agência Brasil)
Brasília - José Ednaldo, vendedor de uma banca de revistas na plataforma inferior da Rodoviária do Plano Piloto, diz que tem notado a volta do aumento de preços José Cruz/Agência Brasil

Fundadora e presidenta do Movimento das Donas de Casa de Minas Gerais, Lúcia Pacífico diz que a inflação voltou a rondar o bolso dos brasileiros. “Nossa entidade constantemente monitora os preços. São aumentos pequenos, R$ 0,50 aqui, R$ 1 ali, mas que corroem o poder aquisitivo de quem vai aos supermercados. Hoje, vejo pessoas voltando mercadorias no caixa porque o dinheiro não deu”, reclama.
A sucessão de aumentos pequenos nos preços também preocupa o vendedor de banca de revistas José Edinaldo da Silva, 55 anos. Apesar de estar em nível menor que nos últimos anos, ele constata a volta da inflação. “Claro que não está como naquele tempo [antes do Plano Real], mas, meio por baixo do pano, a inflação está se manifestando. As revistas [da banca] estão no mesmo preço há muito tempo porque as editoras estão segurando, mas é só sair por aí para ver os aumentos”, diz.
Osvaldino Alves Brandão, 58 anos, dono de uma banca de fotos e xerox na plataforma inferior da Rodoviária de Brasília
Osvaldino Alves Brandão, 58 anos, dono de uma banca de fotos e xerox na Rodoviária de Brasília, diz que teve de aumentar os preços por causa dos custos mais altosMarcelo Camargo/Agência Brasil

Dono de uma banca de fotos e de fotocópias, Osvaldino Brandão, 58 anos, teve de reajustar preços por causa dos custos maiores. “Neste ano, subi o preço da cartela de oito fotos de R$ 12 para R$ 13”, conta. O aumento incomoda até quem nasceu depois do Plano Real e não conviveu com a hiperinflação. “Até poucos anos atrás, com R$ 300 você comprava muita coisa. Hoje não dá mais nada”, comenta o estudante Leandro Lázaro, 18 anos.

No início do Plano Real, o governo usava a âncora cambial para conter a inflação. Com o dólar próximo de R$ 1 até 1999, o câmbio sobrevalorizado estimulava a importação de produtos baratos para competir com as mercadorias nacionais. Depois da crise de 1999, o governo liberou o câmbio e criou o regime de metas de inflação, pelo qual o Comitê de Política Monetária do Banco Central mantém o IPCA dentro de um intervalo por meio do controle da taxa Selic – juros básicos da economia.

Um dos responsáveis pela elaboração do Plano Real, o economista Edmar Bacha, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), diz que o governo brasileiro ainda não encontrou uma forma adequada de lidar com os juros altos.

A taxa Selic ficou em 7,25% ao ano entre outubro de 2012 e abril de 2013, no menor nível da história. Para conter a inflação, o Banco Central elevou os juros para 11% ao ano nos últimos 14 meses. Para Bacha, somente reformas que elevem a produtividade e reduzam o risco de crédito reduzirão os juros de forma consistente.

taxa selic

Ex-diretor do Banco Central, Carlos Eduardo Freitas diz que a inflação só não estourou o teto da meta por causa do controle de preços administrados, como transportes e energia. Segundo ele, o tabelamento artificial está fazendo o Tesouro Nacional gastar mais para segurar os aumentos de preços, com efeitos negativos nas contas públicas. “O novo modelo do setor elétrico criou obrigações ocultas para o Tesouro. Quanto mais a inflação aumenta e se dissemina, maior o sacrifício para trazê-la para o centro da meta”, declara.

O professor de economia da Universidade de Campinas (Unicamp) Francisco Lopreato, especialista em política fiscal, tem opinião distinta. Para ele, o governo acertou ao reduzir os juros porque diminuiu o poder do setor financeiro, que ganha com a especulação e não investe o dinheiro na produção.

“Em nenhuma circunstância, vejo risco de descontrole. A inflação subiu por dois motivos. Primeiro, houve um choque de preços de alimentos, que subiram no Brasil e no exterior por motivos climáticos. Além disso, os empresários tentaram elevar a margem de lucro para compensar as perdas no mercado financeiro”, argumenta.

O diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz, diz que, apesar de a inflação estar próxima do teto da meta, não há descontrole. "Uma inflação mais alta acarreta nível de perda maior, mas inflação em torno de 6,5% ao ano traz uma perda imperceptível se comparada ao período hiperinflacionário", avalia. Segundo ele, a maior parte dos trabalhadores está conseguindo recuperar as perdas por causa das negociações sindicais e por causa da política de aumento real do salário mínimo.

Em 20 anos, moeda que derrubou hiperinflação perde valor

Em 20 anos de existência, a moeda que derrubou a inflação foi lentamente corroída por ela. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial acumulada de julho de 1994 até maio deste ano (último dado disponível) chega a 359,89%. Uma nota de R$ 100 hoje compra apenas o equivalente ao que R$ 21,75 comprariam há duas décadas.

inflação no plano real

Os levantamentos de preços da cesta básica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram o poder da inflação. O quilo da carne em São Paulo, que custava R$ 3,21 em 1994, hoje vale R$ 19,53 em média. O quilo do tomate no Rio de Janeiro, que saía por R$ 0,44 há 20 anos, atualmente é vendido por R$ 5,04 em média. No Recife, o quilo do pão saltou de R$ 1,46 no início do Plano Real para R$ 7,63 hoje.

comportamento preços

O comportamento da inflação, no entanto, não significa que o brasileiro tenha ficado mais pobre nesse período. Ao mesmo tempo em que os preços aumentaram 359%, a renda média do trabalhador brasileiro aumentou 426%, mais do que a inflação acumulada no período. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio nominal da população empregada subiu de R$ 382,73 em 1994 para R$ 2.013,50 em 2014.

Funcionária de uma empresa estatal, Maria de Lourdes Xavier, 66 anos, é testemunha do crescimento da renda média nos últimos 20 anos. Ela, no entanto, recorda que os primeiros anos após o Plano Real foram difíceis. “Fiquei sem duas cadernetas de poupança para comprar comida, pois não havia aumento bom de salário. Só voltei a conseguir economizar alguma coisa em anos mais recentes”, diz.
Segundo o economista Carlos Eduardo Freitas, diretor do Banco Central por duas vezes, de 1985 a 1988 e de 1999 a 2003, o aumento da renda do brasileiro está relacionado a dois fatores: o crescimento do emprego formal e à própria teoria econômica, que prevê a neutralidade da moeda no longo prazo. “Na economia, o que conta não são os preços monetários, mas os preços relativos, que estão sempre se ajustando. Os salários nada mais são do que o preço do trabalho e tendem a acompanhar a inflação, embora isso demore algum tempo”, explica.

Os preços relativos representam o número de unidades de um produto que compra outro bem. Para Freitas, o Plano Real só foi bem-sucedido porque a Unidade Real de Valor (URV), na prática, dolarizou a economia sem precisar trocar a moeda nacional por dólares. “O congelamento de preços de outros planos econômicos provocava o desalinhamento dos preços relativos porque vinha de surpresa. Alguns preços tinham passado pela correção monetária. Outros, não. A URV deu alguns meses para que todos os preços se alinhassem ao dólar, ajustando os preços relativos”, relembra.

Diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz tem opinião diferente. Segundo ele, o sucesso do Plano Real está não apenas no alinhamento dos preços relativos, mas na redistribuição de renda a favor dos trabalhadores. “A estabilização do poder de compra da moeda é importante. Agora, o que determina a transferência da renda para o trabalhador é a ação política nas negociações entre patrões e empregados”, diz.

No ano passado, segundo o Dieese, 87% das categorias conquistaram reajustes reais (acima da inflação), mesmo num cenário de baixo crescimento da economia e de inflação alta. “Com o bom desempenho do mercado de trabalho nos últimos anos, os empregados ganham poder para conseguir aumentos acima da inflação e impedir a renda de ser corroída”, ressalta o diretor do Dieese.
* Colaborou Mariana Branco

rendimento trabalhador

Cobrança de Comissão de Corretagem pode ser indevida

Você sabia que para os imóveis adquiridos diretamente no plantão de vendas da Construtora e/ou através do Programa Minha Casa Minha Vida a cobrança de comissão de corretagem do comprador pode ser indevida e você pode obter a devolução do valor pago?

Um procedimento que tem sido comum no ramo imobiliário é a cobrança de comissão de corretagem do comprador em vendas de imóveis em que não houve atuação independente do corretor de imóveis, a exemplo dos casos em que o comprador adquire o imóvel diretamente no plantão de vendas da Construtora ou Incorporadora, e também nos casos em que o comprador adquire o imóvel pelo Programa Habitacional Minha Casa Minha Vida.

“Todo mundo corria quando ouvia o remarcador”, recorda dona de casa



Durante décadas, ele foi o principal vilão da economia brasileira. Bastava o barulho dos cliques começar para os consumidores ficarem em polvorosa. Temido na época da hiperinflação, o remarcador de preços era presença constante nas lojas e nos supermercados, às vezes usado mais de uma vez por dia durante a pior crise econômica da história do país.

 Consumidores que vivenciaram a inflação galopante das décadas de 80 e 90, antes do Plano Real, recordam como a perda do poder de compra prejudicava a qualidade de vida Marcello Casal/Agência Brasil

Consumidores que vivenciaram a inflação galopante das décadas de 80 e 90, antes do Plano Real, recordam como a perda do poder de compra prejudicava a qualidade de vida. Com o orçamento familiar comprometido pelo dinheiro cada vez mais curto, a população não tinha condições de se planejar e precisava estocar comida logo que recebia o salário para não passar fome no fim do mês. Há exatos 20 anos, em 1º de julho de 1994, entrava em vigor o real, moeda que pôs fim à hiperinflação que assolou o país nos 15 anos anteriores.

“A hiperinflação provocava até desarmonia no âmbito familiar. O marido às vezes desconfiava e perguntava por que o dinheiro tinha sumido”, relembra a presidenta do Movimento das Donas de Casa de Minas Gerais (MDC-MG), Lúcia Pacífico. “O remarcador era o verdadeiro terror das donas de casa. Com os preços subindo até duas vezes por dia, todo mundo corria quando ouvia a maquininha para pegar o máximo de mercadorias possível.”

Funcionária de uma empresa estatal, Maria de Lourdes Xavier, 66 anos, recorda que o consumidor tinha de ser ágil para fugir das remarcações: “A gente estava conversando com uma conhecida no supermercado e, do lado, já tinha um funcionário usando a maquininha”. Segundo ela, era comum os consumidores encherem de três a quatro carrinhos para estocarem alimentos.

Criado há 29 anos, o MDC-MG até hoje divulga pesquisas de preços para beneficiar os consumidores e estimular a concorrência entre os estabelecimentos comerciais. Grupos de donas de casa vão aos supermercados e fiscalizam os reajustes e as “maquiagens” de embalagens, quando o peso líquido do produto diminui sem mudança no preço.

Segundo Lúcia, o movimento foi útil não apenas na época da hiperinflação como nos primeiros meses após o Plano Real, para impedir a volta da inflação. “Muitos comerciantes aproveitaram a URV [Unidade Real de Valor] para pôr os preços lá em cima e ampliar a margem de lucro quando o real entrasse em vigor. Apertamos os supermercados, e eles foram para cima dos fabricantes e dos fornecedores para conseguirem acordos de preços mais baixos”, relembra.


“Já escutei na escola que a inflação um dia foi bem maior”, diz o estudante Leandro Lázaro, 18 anos Marcelo Camargo/Agência Brasil
O período inflacionário traz memórias nada agradáveis a quem tinha o poder de compra comprometido. Dono de uma banca de fotografias e de fotocópias, Osvaldino Alves Brandão, 58 anos, lembra-se da dificuldade para abastecer o carro. “Naquela época, as coisas subiam muito rápido. O combustível, em uma semana, estava mais caro. Não dava para planejar nada, porque a gente não sabia o que ia acontecer”, diz.

Para quem não tinha condições de aplicar dinheiro, a inflação era ainda mais cruel. Quem tinha acesso ao sistema bancário corria para depositar o dinheiro na caderneta de poupança ou qualquer outra aplicação que garantisse pelo menos a correção monetária. Mesmo assim, corria o risco de perder dinheiro.

“A poupança rendia mais que hoje [já que a inflação era maior], mas não sei se era o suficiente para compensar o aumento de preços”, declara o vendedor de banca de revista José Edinaldo da Silva, 55 anos. “Na época do cruzeiro, queria comprar o sapato da moda e até hoje me lembro do vendedor, que era meu amigo, dizendo que seguraria o preço até a tarde.”

 Suelane Cristina de Castro da Silva, 21 anos, não tem lembranças da época de hiperinflação: “Vi, em novelas antigas, as pessoas falando de preços e eram valores muito altos, como mil ou 6 mil cruzeiros”Marcelo Camargo/Agência Brasil


Quem era criança ou nem tinha nascido antes do Plano Real olha a hiperinflação com curiosidade e distanciamento, como se as histórias viessem de outros países. “Já escutei na escola que a inflação um dia foi bem maior”, diz o estudante Leandro Lázaro, 18 anos. “Vi, em novelas antigas, as pessoas falando de preços e eram valores muito altos, como mil ou 6 mil cruzeiros”, recorda a vendedora Suelane Castro, 21 anos.

‘Laranja’ de Youssef é preso em São Paulo



Apontado pela PF como responsável por gerenciar as contas do doleiro no exterior, João Procópio teve US$ 5 mi bloqueados na Suíça

Por Fausto Macedo e Mateus Coutinho
A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira, 1, em São Paulo, o executivo João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida Prado, suspeito de gerenciar na Suíça as contas do doleiro Alberto Youssef, alvo da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Deflagrada em março, a Operação Lava Jato investiga esquema de lavagem que teria movimentado R$ 10 bilhões. No fim de maio, a Suíça bloqueou US$ 5 milhões de uma conta ligada a João Procópio, que está entre os 46 indiciados pela PF no âmbito da Lava Jato.

Youssef e o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa estão presos no Paraná sob suspeita de infiltrarem organização criminosa em negócios da Petrobrás e de outros órgãos públicos.

A PF atribui a João Procópio o papel de “laranja” das contas de Youssef no país europeu. A prisão dele foi decretada no dia 12.

Os alvos da Lava Jato foram enquadrados por crimes contra o sistema financeiro – operar instituições de câmbio sem autorização –, evasão de divisas, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Costa, que teve US$ 23 milhões bloqueados em contas ligadas a ele na Suíça, também é alvo de ação penal no país europeu, por lavagem.

João Procópio foi preso em regime temporário. A Justiça determinou que ele permaneça sob custódia por cinco dias, prazo que pode ser prorrogado por mais cinco dias. A Procuradoria da República quer identificar a origem do dinheiro que o suspeito mantém depositado na Suíça. A Procuradoria acredita que poderá encontrar pistas entre os documentos confiscados.

Segundo o Ministério Público Federal, as buscas se estenderam, ainda, aos escritórios de uma empresa de participações e negócios e de instituição financeira cuja sede fica em Portugal. A PF também fez inspeção na residência do diretor da empresa de participações.

Defesa.
Os advogados criminalistas Ricardo Berenguer e Damián Vilutis, que defendem João Procópio, disseram que foram surpreendidos com a ação policial. “É um exagero, uma prisão desnecessária”, afirmou Berenguer.

Ele pondera que bastaria intimar seu cliente. “Ele compareceria naturalmente à PF para prestar todos os esclarecimentos necessários. Nunca se furtou. Hoje (ontem) franqueou sua casa para os policiais que fizeram apreensão de alguns documentos.” Sobre a conta de João Procópio na Suíça, Berenguer disse que só vai poder se manifestar quando tiver acesso aos autos. O advogado afirmou que “não tem conhecimento” de que o executivo é laranja ou operador de Youssef.

Sobre o Blog

Este é um blog de ideias e notícias. Mas também de literatura, música, humor, boas histórias, bons personagens, boa comida e alguma memória. Este e um canal democrático e apartidário. Não se fundamenta em viés políticos, sejam direcionados para a Esquerda, Centro ou Direita.

Os conteúdos dos textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, e nem sempre traduzem com fidelidade a forma como o autor do blog interpreta aquele tema.

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