Livro revela que o ex-sargento
brizolista Alberi Vieira dos Santos atraiu para a morte o grupo do ex-sargento
Onofre Pinto, da VPR, e que o major Sebastião Curió, que devastou a Guerrilha
do Araguaia, comandou extermínio no Paraná. Militares usaram fazenda em Goiás
para tortura
Euler de França Belém
Alberi Vieira dos Santos: o Cabo Anselmo entregou seis guerrilheiros e o
ex-sargento também levou para a morte seis esquerdistas
Em 1965, sob orientação de Leonel Brizola, que estava no Uruguai, o coronel Jefferson
Cardim de Alencar Osório e o ex-sargento da Brigada Militar do Rio Grande do
Sul Alberi Vieira dos Santos comandaram a frustrada Guerrilha de Três Passos
(RS). Com o cartel de “brizolista” (foi integrante do Grupo dos Onze), de
ex-militar que tentou organizar a luta armada, Alberi se tornou um importante
homem de esquerda. Com a publicação do livro Onde Foi Que Vocês Enterraram
Nossos Mortos? (Travessa dos Editores, 366 páginas, 30 reais), do jornalista
Aluízio Palmar, a história arranca as vestes do mito e o mostra como “cachorro”
da ditadura civil-militar.
Depois de uma pesquisa rigorosa, que custou-lhe vários anos e sacrifícios,
Palmar resgata uma história que, até agora, havia sido registrada
episodicamente. O jornalista conta que, abandonando as hostes do brizolismo,
Alberi ganhou uma missão de seus chefes do Centro de Informações do Exército:
atrair guerrilheiros que estavam no exterior para projetos fantasiosos e
mortais no Brasil. Com a guerrilha destroçada no país — a Guerrilha do Araguaia
estava liquidada —, os militares planejaram, com eficiência, matar os
remanescentes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Primeiro, usou o Cabo
Anselmo, que entregou sua própria companheira, Soledad Barret Viedma, que
estava grávida, entre os outros. Depois, recrutou Alberi, que não teve muito
custo para conquistar a confiança dos esquerdistas. Vivendo com dificuldade no
exterior, fragilizados, na versão de Palmar, e também iludidos pelo ideal
guevarista do foco revolucionário, os guerrilheiros retornaram e, mesmo sendo
tão poucos, acreditaram que poderiam derrubar a, então, muito organizada
estrutura militar do governo.
Entre os guerrilheiros que foram seduzidos por Alberi e, em seguida, fuzilados
estão Joel José de Carvalho, de 26 anos, Daniel de Carvalho, de 28 anos, José
Lavéchia (que “esteve com Lamarca no Vale da Ribeira e passou pelo campo de
treinamento de guerrilhas em Cuba”), de 55 anos, Onofre Pinto (o recrutador de
Carlos Lamarca para a VPR, um dos mais célebres guerrilheiros), de 36 anos, Víctor
Carlos Ramos, de 30 anos, e o argentino Enrique Ernesto Ruggia, de 18 anos.
Alberi foi buscá-los na Argentina e os convenceu que havia uma base para a
articulação de um novo foco guerrilheiro, num sítio no Paraná. Mesmo Lavéchia e
Onofre Pinto, os mais experientes, acreditaram na conversa mole do ex-sargento
sedutor. Palmar escapou por que suspeitou do que contava e por que entendia
que, em 1974, não havia condições de enfrentar a ditadura.
Uma das fontes do livro de Palmar é o ex-agente do Centro de Informações do
Exército Marival Chaves, que, numa carta para Cecília Coimbra, do grupo Tortura
Nunca Mais, esclareceu: “Tal operação [a Operação Juriti], que utilizava como
infiltrado o ex-sargento da Brigada Militar do Rio Grande do Sul Alberi, que na
ocasião [1974] transitava pelo Chile e Argentina com o propósito de atrair
brasileiros refugiados políticos naqueles países, consistiu na montagem pelo
CIE e Batalhão do Exército, com sede em Foz do Iguaçu, de uma área fictícia de
treinamento de guerrilha para que Onofre e seu grupo exercessem atividade e
tivessem um local seguro em território brasileiro”.
Marival Chaves acrescenta: “Seis indivíduos foram presos e sumariamente
assassinados assim que chegaram à área fictícia de treinamento de guerrilha,
não sem antes terem sido interrogados. O sétimo [além dos citados, Marival
arrola Gilberto Faria Lima, o Zorro], Onofre Pinto, foi ‘cantado’ para atuar
como infiltrado do CIE. Aceitou a proposta em troca da possibilidade de
continuar vivo e chegou até a ser libertado para ir ao Paraguai sob um forte
esquema de vigilância velada”.
Onofre Pinto (que foi para o exílio com José Dirceu): não traiu os companheiros
de esquerda, foi traído e morto no Paraná, em 1974
O que havia sido negociado por militares subalternos foi desautorizado pelo
general Miltinho Tavares, chefe do CIE. A versão de Marival Chaves: “De retorno
ao território brasileiro Onofre já tinha decretado sua sentença de morte. A
cúpula do CIE decidiu eliminá-lo em razão da sua condição de ex-sargento do Exército
— sua morte serviria como lição para prevenir eventuais dissidências nos
quadros das Forças Armadas — e a conseqüente periculosidade daquele ativista
como dirigente de uma organização da esquerda revolucionária, que o
classificava como indivíduo pouco confiável”.
As informações de Marival Chaves são precisas. Entretanto, Palmar fornece dados
novos — como nomes dos executores dos seis guerrilheiros —, que vou expor mais
à frente.
Infiltração — “Durante minha pesquisa nos arquivos fiquei impressionado com as
informações que chegavam do exterior para a repressão”, diz Palmar. Outros
guerrilheiros — Madalena Lacerda e seu companheiro, Gilberto Giovannetti —
haviam sido “virados” pelos militares. “A 13 de julho de 1974, ao descerem na
rodoviária de Curitiba, onde teriam um ponto com o ex-sargento Alberi, Madalena
e Gilberto foram levados para um sítio no interior de Goiás e lá fizeram um
pacto com os militares”, anota Palmar. Madalena e Giovannetti foram atraídos
para o Paraná, provavelmente para serem mortos, mas os militares preferiram
mantê-los vivos, em busca de informações.
Voltemos a Alberi. “Onofre, Lavéchia, Daniel, Joel, Víctor e Ernesto saíram de
Buenos Aires — acompanhados por Alberi — no dia 11 de julho de 1974, cruzaram
no dia 12, em Santo Antônio do Sudoeste, Paraná, a fronteira da Argentina com o
Brasil e foram para um sítio ou serraria que seria a ‘estrutura da
organização’”, relata Palmar.
Livro de Aluízio Palmar que prova que Onofre Pinto não traiu os companheiros da
VPR
A Operação Juriti, na qual foram mortos os seis guerrilheiros, era comandada
pelos coronéis José Teixeira Brandt e Paulo Malhães, do Centro de Informações
do Exército. O tenente Aramis Ramos Pedroso, do Batalhão de Fronteiras de Foz
do Iguaçu, teria comandado a cilada na qual foram mortos os seis guerrilheiros.
No capítulo “Assim aconteceu o caso”, o ponto forte do livro, Palmar conta uma
história surpreendente.
Ao chegar ao Brasil, em julho de 1974, os guerrilheiros entraram “num veículo
Rural Willys, dirigido por Otávio Camargo [agente da repressão, com nome de
guerra], e seguiu em direção do sítio de Niquinho Leite [tio de Alberi],
passando pelas localidades de Valdomeira, Alto Alegre e Boa Vista do Capanema”.
Eles chegaram ao sítio no dia 12 de julho de 1974. “Aparentemente estava tudo
normal. Para Onofre, Lavéchia, Víctor, Enrique e os dois irmãos Carvalho eles
encontravam-se numa base camponesa da organização revolucionária e Alberi e
Otávio Camargo eram militantes da mesma. Ledo e fatal engano. O sítio não era
infra da VPR; Niquinho era um inocente útil sendo usado pelo sobrinho; Otávio,
um membro do Centro de Inteligência do Exército; e Alberi, o ‘cachorro’ que
estava levando-os para uma armadilha”, revela Palmar.
“A Operação Juriti”, historia Palmar (que escreve muito bem), “estava em marcha
comandada pelo ‘doutor César’ (coronel José Brandt Teixeira) e pelo ‘doutor
Pablo’ (coronel Paulo Malhães). Ela havia começado no Chile, teve sua
continuidade na Argentina e agora chegava à sua fase final. Durante a viagem
pela Argentina, desde que saíram de Buenos Aires, os exilados foram monitorados
por agentes do CIE. Marival Chaves foi um deles. Toda a operação foi controlada
a distância pelos coronéis Brandt e Malhães. Os agentes fizeram rodízio e
acompanharam o retorno dos revolucionários até eles chegarem ao sítio de
Niquinho”.
Presença de Curió — Agora, uma das revelações mais importantes do livro de
Palmar: “Para cumprir a ordem de extermínio, um grupo comandado pelo cão de
guerra major Sebastião Rodrigues Curió [Sebastião Rodrigues de Moura, o major
Curió], que usava o pseudônimo de doutor Marco Antonio Luchini, iria esperar no
Caminho do Colono, seis quilômetros mato adentro do Parque Nacional do Iguaçu”.
Aluízio Ferreira Palmar: autor do livro que mostra que a esquerda estava
inteiramente infiltrada por militares e policiais
“Ao anoitecer do dia 13, Alberi e Otávio saíram com Joel, Daniel, Víctor,
Lavéchia e Enrique para ‘executar a primeira ação revolucionária, uma expropriação
na agência do Banco do Estado do Paraná, em Medianeira’. De acordo com o plano,
após a ação eles iriam para um acampamento dentro do Parque Nacional do Iguaçu.
(...) ‘Chegamos companheiros’, disse Alberi enquanto descia do veículo. O grupo
caminhou um pouco e de repente, antes de chegar à clareira, fez-se no meio mato
um clarão e fuzilaria abundante. Otávio ficou junto ao carro, Alberi correu e
se jogou no solo, Lavéchia deu um tiro a esmo antes de cair. Após o tiroteio a
floresta foi tomada de silêncio, apenas interrompido pelo barulho dos coturnos
dos militares do grupo de extermínio que saíam de seus esconderijos para fazer
um balanço da chacina.”
Mortos cinco guerrilheiros, que não deram nenhum trabalho, pois confiavam em
Alberi, os militares prepararam a armadilha para matar Onofre, o “Negão”. A
narrativa de Palmar: “Desceram [da Rural Wyllis] caminharam alguns passos e de
repente Onofre correu. Pressentiu traição e disparou ao sentir que havia caído
numa emboscada. Na clareira, um outro negão, mais alto e mais forte que ele,
saiu do criciumal e o deteve. Era o temido Lencato [espécie de Osvaldão da
direita], braço direito do major Curió, que havia voltado com o grupo de
extermínio e estava desde cedo a postos, pronto para pegar o chefe do grupo e
levá-lo para Foz do Iguaçu”.
Segundo Palmar, “durante o trajeto até Foz [do Iguaçu], Onofre foi ‘cantado’
por Alberi para abrir mão de suas convicções e passar a trabalhar para a
repressão. Disse que os outros cinco estavam mortos e que ele seria poupado
caso ‘colaborasse’. (...) ‘Olha, tchê, se você quer sair vivo dessa vai ter de
colaborar’ [ameaçava Alberi]. Onofre olhava para o ex-sargento com desprezo.
(...) Olhava fixamente e tenso para Alberi. Seus nervos faciais tremiam.
Manteve silêncio durante todo o trajeto. Não perguntou, não reclamou nem
lamentou ou acusou. (...) Ficou quieto e apenas assentia com a cabeça todas as
vezes que Alberi e Lencato perguntavam se ele iria colaborar”.
O capitão Areski de Assis Pinto Abarca, ambicioso, tentou negociar a “virada”
de Onofre. Mas, como aponta Palmar, “ele nem de longe imaginava que naquela
noite a sorte de Onofre estava sendo decidida pelos altos escalões do Centro de
Informações do Exército em Brasília. Os homens da inteligência consideravam o
Negão da VPR como uma ‘bananeira que já deu cacho’. O mítico comandante da VPR,
o dirigente revolucionário mais importante depois de Lamarca e [Carlos]
Marighella, o sargento cassado em 1964 e trocado pelo embaixador americano em
setembro de 1969 já não era o mesmo. Estava desmoralizado”.
Ex-guerrilheiros suspeitam que Onofre negociou com os militares e sobreviveu,
talvez depois de uma (suposta) cirurgia plástica como a do Cabo Anselmo. Palmar
prova que não: “Onofre não entregou nada, pois não tinha nada para entregar e
nem serviu para ser usado com isca. Até que o capitão Paulo Malhães chegou a
aceitar o pedido do capitão Areski para usar Onofre como chamariz, mas a ordem
veio de cima. Não poderia haver sobreviventes na Operação Juriti, ninguém
deveria ser poupado. ‘Temos de acabar com ele para dar o exemplo e inibir a
possibilidade de novas deserções’, teria respondido o implacável general
Miltinho Tavares, chefe do CIE”.
Baseado em fontes militares, tudo indica que Otávio Camargo (o jornalista
preserva o nome do militar) contou-lhe a história, por intermédio de amigos,
Palmar relata: “A ordem era matar e desaparecer com o cadáver em um local bem
longe de Foz do Iguaçu. E assim aconteceu. Ali mesmo na casa de hóspedes,
Onofre Pinto morreu com um tiro na cabeça, seu ventre cortado e entre suas
tripas foi colocada uma caixa de câmbio de um jipe que até então estava
abandonada num canto da casa. (...) Lavéchia, Joel, Daniel, Víctor e Enrique
foram assassinados e enterrados no Parque Nacional do Iguaçu. Quanto a Onofre,
seu corpo foi posto na Rural Wyllis e levado para fora de Foz do Iguaçu. No
meio da noite, os militares subiram pela antiga estrada de acesso a Guaíra e
antes de chegarem a Santa Helena jogaram o corpo nas águas do Rio São Francisco
Falso. Seis anos depois a região foi inundada para formar o Lago de Itaipu”.
Em 1979, depois da morte do irmão José, Alberi foi assassinado. Suspeita-se que
seus antigos aliados militares podem tê-lo matado, pois seu corpo foi “atingido
por quatro tiros de pistola nove milímetros, arma privativa do Exército”.
Alberi escrevera relatórios e planejava publicar um livro. Um amigo de Alberi,
Severino Miola, que sabia da história dos relatórios, foi morto pelo policial
Floriano Ojeda. Este disse: “Eu não quero te matar, mas estão me obrigando”. A
história é parecida com a do assassinado prefeito de Santo André Celso Daniel,
o Vlado Herzog (como percebeu José Maria e Silva, no Jornal Opção) que a
esquerda petista prefere ignorar. Por que Celso Daniel é vítima, talvez, da
ambição política e financeira de integrantes e aliados do PT. É provável que
tenha sido “justiçado”.
Há histórias muito interessantes no livro de Palmar — um trabalho seriíssimo e
nuançado —, que não tenho espaço para relatar. Uma delas é a de Roberto De
Fortini, que criou uma poderosa estrutura para financiar a guerrilha. A outra é
que a binacional Itaipu teria colaborado com a Operação Condor.
A guerra de Curió em Goiás
Sebastião Curió: seu raio de ação
foi maior do que a imagem de mero combatente da Guerrilha do Araguaia
Goiás ganha certo destaque no livro de Aluízio Palmar. Uma carteira de
identidade de Alberi Vieira dos Santos foi expedida no Estado.
“César [Cabral] foi seqüestrado e levado na calada da noite desde Foz do Iguaçu
para um sítio do Exército no Estado de Goiás, e ali submetido a um rigoroso
interrogatório. Os militares tinham informações de que eu [Aluízio Palmar]
andava na região e queriam extrair do César a minha localização.” Trata-se de
uma história que merece uma reportagem.
Em dezembro de 1975, no governo do presidente Ernesto Geisel, um comando do
Exército brasileiro seqüestrou quatro paraguaios em Foz do Iguaçu. “Mais uma
vez a mão do major Curió baixava na fronteira. Agora era uma ação secreta da
Operação Condor e com a ordem de levar os quatro exilados paraguaios para
Goiás, provavelmente para Anápolis. Durante 24 dias eles ficaram na mesma casa
em que, seis meses antes, esteve também seqüestrado o casal Madalena Lacerda e
Gilberto Giovannetti”, aponta Palmar. (Euler de
França Belém)
OPINIÃO
Marco Lisboa É preciso ter
muito cuidado com estas "revelações". Um dos seus objetivos é
chantagear pessoas para manter os arquivos fechados. Realmente houve militantes
que eram agentes infiltrados e outros que foram "virados". Mas a
repressão nunca é boazinha e não tem interesse em contar suas histórias. Neste
material pode ir de contrabando muita informação falsa, que pode ganhar
credibilidade porque é colocada ao lado de outras verdadeiras. O livro Sem
vestígios, por exemplo, conta uma história absurda, sobre Honestino, que teria
sido morto no Araguaia, para onde foi levado. Confirma vários assassinatos, que
já eram conhecidos e insinua que José Dirceu seria um agente infiltrado. Eu não
tenho a mínima simpatia política por Zé Dirceu, mas é preciso muito cuidado porque
é a honra de pessoas que lutaram contra a ditadura que está em jogo. Houve um
dirigente do PC do B que entregou vários camaradas, no que ficou conhecido como
o massacre da Lapa. Jover Telles foi denunciado depois de uma investigação
interna. Ele está vivo e não nega a acusação. Acho que cabe aos sobreviventes,
quando for possível, apurar estas denúncias, com o maior cuidado e sem confiar
em informações da repressão. Como não conheço o livro de Palmar e não sei os
critérios que ele usou para cruzar informações, não estou fazendo um juízo
sobre a matéria, o que seria uma leviandade. Só estou levantando um alerta
geral. No livro Sem vestígios, por exemplo, a informação sobre Zé Dirceu vem em
uma simples frase:"Alguns militares afirmam que Daniel [codinome de Dirceu]
foi agente duplo e contribuiu para a queda de quase todos os militantes que
estiveram em Cuba." O interesse político é transparente: é um recado
dizendo que se os arquivos forem abertos, muita "informação"
desfavorável a pessoas influentes do governo poderá aparecer.
Vilmar Oliveira
Carpter Muito bem Marco. Sempre digo que o papel aceita tudo. Agora, a
verdade só mesmo sendo apurada com muito cuidado para não se espalhar uma coisa
que pode muito bem ser uma arma usada pela própria ditadura de alardear certas
mentiras que com o passar do tempo vão se tornando verdades.
Via blog Documentando a Ditadura