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segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

A aranha e os chifres de unicórnio



Depois de mais de um ano deixado de lado, volto com essa que foi uma ideia iniciada nos primeiros meses de 2013, que teve e tem por objetivo, repostar aqui no Blog, postagens relevantes feitas nas redes sociais. Nesta quinta edição do Pescado no Facebook escolhi a publicação do Octavio Caruso, que é escritor, ator e critico de cinema.

Octavio Caruso trata com propriedade o fato do comodismo e o medo das mudanças tão presentes na sociedade contemporânea.

Boa leitura!

Por Octavio Caruso*

Existe uma grande parte da sociedade que se acostumou a ser como uma aranha constantemente amedrontada, posicionada no centro de um círculo de chifres de unicórnio. Misticismo e teatralidade, ferramentas utilizadas historicamente para controlar os seres humanos. São raras as aranhas que questionam e conseguem enxergar que unicórnios não existem, logo, entendem que o círculo místico que os limita, na verdade, é formado por mundanos e inofensivos ossos de galinha. 

O poder de um homem ideologicamente livre é impossível de ser contido pelos grilhões da ignorância consciente e meticulosamente administrada por aqueles que intencionam controlar outrem, movidos pela ganância ou por uma noção abstrata de um bem comum maior. A escuridão conduz à possibilidade de diversas interpretações, especialmente aquelas equivocadas, conduzindo ao radicalismo, ao torpor da cegueira intelectual. 

A aranha se aproxima dos chifres de unicórnio, com a curiosidade natural que impulsionou o homem em cada descoberta importante, o desejo que motivou o atrito de pedras e a primeira faísca de fogo. O medo a detém, as lendas que foram nutridas através do tempo, a ira do unicórnio.  Um sistema que dita costumes e fomenta preconceitos, que necessita segregar, no intuito de distinguir escolhidos e ignorados, especiais e aqueles que ainda não foram tocados pelo divino. O problema está na força que teoricamente prega a bondade mais acalentadora, o erro ocorre quando se limita a complexidade do ser humano a qualquer manual de regras. A aranha estende lentamente uma de suas patas, tentando tocar o universo desconhecido que se localiza além dos chifres do unicórnio. O conformismo a detém, a necessidade de se misturar na multidão, viver mentiras frágeis e defendê-las sem convicção. O hábito de falar incessantemente, uma balbúrdia de sons desconexos que não significam nada, usualmente debochando daqueles mais calados, que preferem escutar, tornando-os alvo de escárnio nos grupos sociais. Exatamente por estarem conscientes de que somam no coro da propagação de uma farsa, eles não ousam tornar público o pavor que sentem da pungência da verdade que reside no silêncio. 

A pata da aranha toca o solo desconhecido, reconhecendo-o como tendo a mesma textura e temperatura daquele em que habitava até segundos atrás. O desconhecido é formado da mesma matéria que o conhecido. Não há mais medo, apenas coragem, a curiosidade natural desperta após um longo repouso. O ser humano finalmente evolui, até que novos sistemas voltem a ser criados na tentativa de controlá-lo. A aranha está livre.

***

"Que o unicórnio não amedronte mais as aranhas. Que o passar do tempo realmente signifique o acúmulo de conhecimento, não apenas a aproximação da inexorável finitude. Que não se disfarce a preguiça intelectual com coitadismo. Que o conforto seja temido mais do que a ousadia. Que eu possa continuar contando com o seu carinho, querido leitor. Obrigado pela companhia até este momento."

Postado no Facebook (Grupo Consciência Política Razão Social)

*Octavio Caruso – Ator, Escritor e Crítico de Cinema

segunda-feira, 4 de março de 2013

Pescando no Facebook 04 03 2013 - IV


Nesta quarta edição do “Pescado no Facebook” escolhi a publicação do amigo Marcelo Siano Lima.

Sem deixar espaços para “bi bi bis” o Marcelo vai direto ao ponto num assunto que merece toda nossa reflexão.




Destaco duas partes em especial no seu texto, a primeira é onde ele escreve: 

“tal fato contribui para a normalização do personagem para lá de controverso. seu discurso vai sendo assentado no imaginário coletivo, vai encontrando apoio junto ao pensamento mais conservador e reacionário vai galvanizando de forma 'suave' uma agenda de exclusão, de negação de direitos e de interdição dos corpos e dos desejos.”

E a segunda: 

“isso contribui para chocar o 'ovo da serpente', do qual esse senhor é um dos mais estridentes aspirantes a chocadeira”


Ontem comentava num post do Toninho Lopes , a respeito da entrevista de um certo pastor divulgada num certo programa humorístico dominical da TV Bandeirantes, que tal fato contribui para a normalização do personagem para lá de controverso. Seu discurso vai sendo assentado no imaginário coletivo, vai encontrando apoio junto ao pensamento mais conservador e reacionário vai galvanizando de forma 'suave' uma agenda de exclusão, de negação de direitos e de interdição dos corpos e dos desejos. Creio ser altamente perigoso para a democracia, para a República e para os direitos civis. Não estou defendendo censura, longe disso. Estou trazendo a público uma questão que julgo das mais relevantes.

As opiniões desse senhor são merecedoras de uma abordagem jornalística calcada no humor? Na minha opinião, não. Isso contribui para chocar o 'ovo da serpente', do qual esse senhor é um dos mais estridentes aspirantes a chocadeira.

Devemos enfrentar esse senhor no campo das ideias, sem lhe conceder a honra de representante desse pensamento conservador e reacionário, algo hoje disputado por um sem número de seres abjetos como ele, religiosos ou não. e mais, esse senhor e seus colegas não representam a totalidade dos irmãos e irmãs protestantes. Representam, isso sim, o que de mais reacionário existe no imaginário social brasileiro, revestido com toques pseudo-divinos.

Portanto, amig@s, acho que o caso merece nossa reflexão. O enfrentamento deve ser no campo das ideias, através da crescente, massiva e qualificada mobilização de forças. Sim, não menciono o nome desse senhor, pois não lhe confiro nenhuma autoridade moral ou intelectual. Confiro a ele, isso sim, a autoridade de representante de um pensamento que combato com tenacidade.

Via Facebook

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domingo, 3 de março de 2013

Pescando no Facebook 03 03 2013 - III

Nesta terceira edição do “Pescado no Facebook” eu selecionei a publicação da amiga Raquel Santana.

A amiga Raquel usa Nelson Rodrigues para ilustrar ao seu, e ao jeito do filósofo brasuca, um dos ângulos das interpretações do comunismo e de certo tipo de consequência,  o anti-homem.
   


“Eu sou um anticomunista que se declara anticomunista.
Geralmente, o anticomunista diz que não é. 
Mas eu sou e confesso. 
E por quê? 
Porque a experiência comunista inventou a anti-pessoa, o anti-homem. 
Conhecíamos o canalha, o mentiroso.
Mas, todos os pulhas de todos os tempos e de todos os idiomas, ainda assim,
homens.
O comunismo, porém, inventou alguém que não é homem. 
Para o comunista, o que nós chamamos de dignidade é um preconceito burguês.
Para o comunista, o pequeno burguês é um idiota absoluto justamente porque tem escrúpulos”.

 (Nelson Rodrigues)

Sabe o grande problema desses que se intitulam comunistas?

Desses líderes que jamais são coerentes com o que pregam das suas ideologias?

É que eles criaram em torno de si algo que eles mesmos nunca acreditaram na sua formação original!

Não se trata de sempre ser um comunista ruim ou um perfeito homem capitalista.

Antes de mais nada, é toda coerência perdida ao longo das suas vidas; quando eles mesmos começam a agir tal como eles tantos apontavam como sendo os eternos responsáveis por todas as mazelas sociais do planeta!

Esse anti-homem que o grande Nelson Rodrigue se referia, é a total impossibilidade do comunismo ser acoplado dentro do contexto do homem fiel e verdadeiro nas suas ações e falas!

É muito mais fácil identificar algum tirano e canalha no mundo capitalista; isso é inegável sempre!

Canalhas mentirosos não são criações únicas desse mundo das competições dentro do mercado livre!

A diferença é que no mundo dos comunistas quando identificamos algum canalha logo somos taxados de “burgueses idiotas!"

Canalhas?
Os verdadeiros santos do mundo do: IGUALDADE PARA TODOS?
Nem pensar!

Temos canalhas demais no " nosso " meio social muito mais fácil de identificar e jogar nas cadeias!

Ditadores e tiranos " beneméritos" jamais poderão ser reconhecidos como tais!
Muito menos em serem condenados dentro do seu sistema perfeito!
Perfeito para a proliferação de pulhas e de canalhas!

Que fazem de alguma ideologia que aparenta ser a salvação da humanidade; apenas um meio vil e ladino de atingirem suas ambições de poder!

Podemos admitir sempre todos nossos canalhas!

Mas temos a hombridade de nós mesmos identificarmos e "jogarmos ao leões" todos eles!

TEMOS ESSA LIBERDADE!

Mas para quem tem ESCRÚPULOS nas suas vidas, jamais serão aceitos ou tidos como alguém inteligente para os pulhas e canalhas disfarçados!
Que se escondem na figura do "anti-homem"!

ACORDA BRASIL!

( Raquel Santana )

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