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sábado, 8 de junho de 2024

A Expansão das bases da OTAN motivaram a reação Rússia

 


Dag Vulpi - 08 de junho de 2024

Desde sua criação em 1949, a OTAN teve como principal objetivo garantir a segurança coletiva dos países membros contra ameaças externas, especialmente no contexto da Guerra Fria. Porém, mesmo após a dissolução da União Soviética, a aliança não apenas continuou a existir, mas também se expandiu, provocando preocupações significativas para a Rússia. 

Objetivo da Criação:

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) foi criada em 4 de abril de 1949, com o objetivo principal de assegurar a defesa coletiva dos países membros contra ameaças externas, especialmente no contexto da crescente tensão com a União Soviética durante a Guerra Fria. A criação da OTAN representou uma resposta direta ao expansionismo soviético e ao risco percebido de uma agressão militar no pós-Segunda Guerra Mundial.

Motivo da Criação:

Após a Segunda Guerra Mundial, a Europa estava devastada e as nações ocidentais buscavam maneiras de garantir a segurança e a estabilidade na região. A União Soviética, por outro lado, começou a estender sua influência sobre a Europa Oriental, estabelecendo governos comunistas e expandindo seu controle. Esse ambiente de crescente desconfiança e rivalidade entre o Ocidente e o Oriente levou os países da Europa Ocidental e a América do Norte a buscar uma aliança militar que pudesse garantir sua segurança coletiva.

Com o fim da Guerra Fria, a OTAN passou por uma reorientação de suas missões e objetivos. A aliança expandiu seu foco para incluir novos membros da Europa Oriental e Central, anteriormente parte da esfera soviética.

Uma Pausa para Reflexão:

Considerando que o motivo da criação da OTAN foi que, no pós-Segunda Guerra Mundial, a Europa estava devastada e a União Soviética começou a estender sua influência sobre a Europa Oriental, estabelecendo governos comunistas e expandindo seu controle, essa condição criou um ambiente de crescente desconfiança e rivalidade entre o Ocidente e o Oriente, levando os países da Europa Ocidental e a América do Norte a buscar uma aliança militar que pudesse garantir sua segurança coletiva. Agora, mesmo com a dissolução da União Soviética após um acordo entre a URSS e os EUA, e não havendo mais o risco de a URSS continuar estendendo sua influência sobre a Europa Oriental, qual é a justificativa para a OTAN continuar a expandir suas bases militares, especialmente nos países que circundam a agora Rússia, de modo a deixá-la praticamente asfixiada pelas tropas da OTAN? Além disso, caso a OTAN tivesse conseguido instalar uma base também na Ucrânia, a Rússia não teria mais como acessar sua esquadra no Mar Negro.

Expansão da OTAN:

A criação da OTAN em 1949 representou uma resposta direta ao expansionismo soviético e ao possível risco de uma agressão militar durante a Guerra Fria. No entanto, mesmo após a dissolução da União Soviética em 1991, a OTAN não apenas continuou a existir, mas também se expandiu sobre a mesma Europa Oriental que fora motivo de preocupação para os países da Europa Ocidental e a América do Norte. Paradoxalmente, agora é a expansão da OTAN, especialmente em direção ao leste europeu, que passou a ser uma preocupação justificável para a Rússia. Essa expansão pode ser compreendida a partir de várias perspectivas e razões geopolíticas.

As Preocupações da Rússia:

Com a expansão da OTAN para o leste, incluindo países que faziam parte do antigo bloco soviético, as preocupações da Rússia aumentaram significativamente. A percepção russa é de que a expansão da OTAN representa uma ameaça direta à sua segurança nacional.

  1. Cercamento e Pressão Militar: A presença crescente de bases militares da OTAN perto das fronteiras russas é vista por Moscou como uma forma de cercamento e pressão militar. A Rússia teme que, com a expansão contínua da OTAN, especialmente se a Ucrânia se juntar à aliança, ela ficaria praticamente asfixiada, perdendo a capacidade de projetar poder e influenciar sua vizinhança imediata.

  2. Acesso ao Mar Negro: A Ucrânia possui uma localização estratégica para a Rússia, especialmente por causa do Mar Negro, onde está situada a frota russa. A instalação de bases da OTAN na Ucrânia poderia comprometer o acesso da Rússia a essa importante via marítima e reduzir sua capacidade de defender seus interesses navais na região.

  3. Respostas Geopolíticas: A reação da Rússia, incluindo a anexação da Crimeia em 2014 e o apoio a movimentos separatistas no leste da Ucrânia, pode ser vista como medidas para assegurar seus interesses estratégicos e contrabalançar a influência da OTAN. A Rússia busca evitar a perda de influência em áreas que considera vitais para sua segurança e projeta seu poder para dissuadir o avanço ocidental.

Conclusão:

A continuidade e expansão da OTAN após a dissolução da União Soviética refletem uma combinação de interesses de segurança europeia, transformações estratégicas da aliança e interesses geopolíticos dos Estados Unidos. Do lado russo, essas ações são vistas como ameaças diretas à sua segurança e influências regionais, resultando em reações defensivas e agressivas. Entender essa dinâmica é crucial para compreender a complexidade das relações internacionais contemporâneas e as tensões persistentes entre a OTAN e a Rússia.

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

A Criação do Estado de Israel: uma solução europeia que gerou um conflito no Oriente Médio


Por Dag Vulpi

Em 1948, a proclamação do Estado de Israel marcou o início de um dos conflitos mais longos e complexos da história contemporânea. A decisão da ONU de dividir a Palestina, então sob mandato britânico, foi vista por muitos como uma reparação moral ao povo judeu após o Holocausto. No entanto, para os árabes palestinos, significou o começo de uma tragédia nacional que perdura há mais de sete décadas.

Um refúgio que transferiu o conflito

Após o Holocausto, que dizimou milhões de judeus na Europa, a comunidade internacional buscou uma forma de garantir um território seguro para esse povo historicamente perseguido. Sob forte pressão do movimento sionista, a Organização das Nações Unidas aprovou, em 1947, a Resolução 181, recomendando a divisão da Palestina em dois Estados: um judeu e outro árabe.

O novo Estado de Israel foi proclamado em 14 de maio de 1948, liderado por David Ben-Gurion, poucas horas antes do fim do mandato britânico sobre a região. A proposta, porém, foi rejeitada pelos países árabes vizinhos e pelos próprios palestinos, que viam na decisão uma imposição externa sobre uma terra habitada majoritariamente por árabes há séculos.

A criação de Israel, embora amparada por razões humanitárias e religiosas, transferiu o epicentro do problema antissemita europeu para o Oriente Médio. A Europa livrou-se da culpa e da responsabilidade moral do Holocausto, mas o preço foi pago pela Palestina — uma região que não teve participação direta no genocídio.


O peso histórico da Nakba

O resultado imediato foi a Primeira Guerra Árabe-Israelense (1948–1949), que consolidou o Estado de Israel e provocou o êxodo de cerca de 700 mil palestinos, episódio conhecido como Nakba (“catástrofe”, em árabe). Desde então, o conflito israelo-palestino segue sem solução definitiva, marcado por guerras, ocupações, resistências e a negação mútua de soberania.

A Palestina permanece sem reconhecimento pleno como Estado, dividida entre a Faixa de Gaza, sob bloqueio israelense, e a Cisjordânia, fragmentada por assentamentos judaicos. Diversas organizações internacionais e vozes críticas classificam essa realidade como um regime de apartheid moderno.


Sionismo e as origens do Estado israelense

O movimento sionista, surgido no final do século XIX a partir das ideias de Theodor Herzl, defendia a criação de um lar nacional judeu na antiga Terra de Israel. A escolha da Palestina não foi apenas política, mas também simbólica, associada à narrativa bíblica do retorno à “Terra Prometida”.

A imigração judaica à região cresceu especialmente entre as duas guerras mundiais, intensificando tensões com os árabes palestinos. Durante o mandato britânico, surgiram grupos armados de ambos os lados, culminando em confrontos que prenunciaram a guerra aberta de 1948.


Conflito e desigualdade persistente

De lá para cá, a história do Oriente Médio tem sido marcada por guerras sucessivas — Crise de Suez (1956), Guerra dos Seis Dias (1967), Guerra de Yom Kippur (1973), além das Intifadas palestinas e das ofensivas recentes na Faixa de Gaza.
Enquanto Israel consolidou uma das forças militares mais poderosas do planeta, a Palestina luta pelo reconhecimento de sua soberania e por condições mínimas de dignidade humana.

Atualmente, cinco milhões de palestinos descendem dos refugiados da Nakba. Muitos vivem em campos ou sob bloqueio, enfrentando escassez de água, energia, remédios e liberdade de circulação — uma realidade que segue desafiando o conceito de direitos humanos universais.


Um olhar crítico

“A Europa solucionou seu problema, mas impôs as consequências sobre a Palestina.”
Essa reflexão continua atual. O antissemitismo europeu, nascido e cultivado no Ocidente, foi deslocado para o Oriente Médio como um fardo histórico.
A ONU poderia ter buscado outra alternativa? Talvez. Mas a escolha pela Palestina, além de política, foi simbólica e teológica — um gesto que, ao mesmo tempo, resgatou memórias e perpetuou feridas.


Reflexão

A criação do Estado de Israel foi uma vitória da diplomacia ocidental e da resistência judaica, mas também o início de uma injustiça histórica para o povo palestino. Setenta e sete anos depois, o mundo ainda paga o preço de uma decisão tomada sob o peso da culpa e da pressa.
O desafio que permanece é o de transformar uma terra dividida por muros e ideologias em um território de coexistência e reconhecimento mútuo — um sonho que, por enquanto, continua aprisionado entre as ruínas da história.


Fonte de referência

Trechos e base factual extraídos do artigo:
Daniel Neves Silva, Brasil Escola — A Criação do Estado de Israel: as origens históricas e as consequências geopolíticas
Formado em História pela UEG e especialista pela UFG.
https://brasilescola.uol.com.br/historia/a-criacao-estado-de-israel.htm

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