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quarta-feira, 30 de março de 2016

Artistas ocupam vão livre do Masp em defesa da democracia



Com música, dança e poesia, diversos artistas ocupam na tarde de hoje (30) o vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na capital paulista, para defender a democracia. Uma grande bandeira branca, com a mensagem Arte pela Democracia, foi pintada no local. Em um grande círculo, eles dançaram segurando a bandeira e depois a estenderam no chão, onde os artistas aproveitaram para fazer suas performances.

Diversas apresentações musicais e performances ocorrem neste momento no vão livre do museu. Um dos primeiros artistas a se apresentar no pequeno palco montado no local foi o cantor Chico César.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Sociedade está radicalizada e carece de fórum de discussão, diz especialista



Na última semana, o país acompanhou de perto duas grandes mobilizações: no domingo passado (13), uma parcela significativa da população foi às ruas pedindo a renúncia ou o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, condenando a corrupção nas várias esferas governamentais e endossando o trabalho da operação Lava Jato e do juiz Sérgio Moro. Na sexta-feira (18), foi a vez daqueles que são contrários à retirada de Dilma do poder se manifestarem, marchando por democracia e garantia dos princípios constitucionais.

Para o filósofo e professor de Gestão de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo (USP), Pablo Ortellado, a pauta dos protestos de domingo passado (13) é mais objetiva.

“Os dois grupos são muito plurais. As bandeiras das mobilizações eram mais diversas no ano passado, quando se discutia se eram a favor ou contra o impeachment. Agora há unanimidade em relação a isso. A mobilização de sexta (18) foi mais divergente. Há quem apoie o governo Dilma incondicionalmente, há quem apoie o governo, mas critique a política econômica, e há quem não apoie o governo, mas é contra a interrupção do mandato da presidente”, explica.

Ortellado enxerga pontos de afastamento entre os perfis de integrantes dois movimentos: “O processo de mobilização dos dois grupos é muito diferente. Enquanto os manifestantes que compõem o grupo pró-impeachment é, em sua maioria, de classe média ou alta e branco, o grupo contrário à remoção da presidente é mais diverso, analisando a escolaridade, renda e composição étnica. Mas percebemos que os dois grupos estão extremamente mobilizados”.

“A capacidade de mobilização dos que defendem o governo em São Paulo, onde um pedaço importante do jogo é jogado, foi surpreendente. Não foi um ato de grande envergadura, como foi o de domingo, mas não foi nem um pouco desprezível, principalmente em um momento de grande fragilidade do governo”, pontua Ortellado.

O professor diz que a sucessão de fatos políticos extremamente delicados – a delação do senador Delcídio do Amaral, a condução coercitiva do ex-presidente Lula e sua posterior nomeação como ministro-chefe da Casa Civil, culminando na divulgação das interceptações telefônicas feitas no âmbito da investigação da 24ª fase da Operação Lava Jato – agitaram os dois campos políticos.

“São mobilizações mais radicalizadas e acirradas. Houve um boom para os dois lados, gerando um antagonismo sem precedentes. É absolutamente imprevisível apontar o que vem agora, porque varia muito com a conjuntura.

Só tivemos mobilizações deste tamanho por conta da sequência de eventos, e isso faz parte do jogo político. Os atores estão usando-os com o objetivo de indignar e mobilizar o povo. Eles não estão sendo lançados ao acaso”, declara.

Para Ortellado, a sociedade carece de um “fórum de discussão”: “A sociedade está hiperpolitizada e discutindo política de uma maneira muito apaixonada. O jogo político está sendo muito jogado nos meios de comunicação, que não cumprem seu papel de darem o viés analítico. Não temos um fórum de discussão, e sim um grande campo de batalha”.

E a consequência disso é a necessidade de ter que tomar um lado: “Tem esse sentimento de uma parcela expressiva da população, de não se identificar com nenhum dos dois lados. Mas o antagonismo é tão acentuado e tão frequente que essas vozes estão sendo atraídas para um dos polos ou atacadas por um dos dois. E as posições ponderadas se dissolvem em um debate de vozes que estão falando muito alto”.

sexta-feira, 11 de março de 2016

Frente Brasil Popular protesta em São Paulo contra pedido de prisão de Lula




Integrantes da Frente Brasil Popular (movimentos sindicais e sociais) fizeram hoje (11) um ato na Praça da Sé, região central da capital paulista, em protesto ao pedido de prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apresentado esta semana pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP). A mobilização, que teve como mote Não vai ter Golpe e Lula eu defendo, Lula eu confio, começou por volta de 11h da manhã e terminou às 13h.

O presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, esclareceu que o ato foi uma vigília para que os movimentos sindicais e sociais expressassem sua indignação ao que consideram abusos do MP-SP. Para Izzo, a denúncia contra o ex-presidente não tem fundamentos. “Quisemos dar uma resposta para aqueles que utilizam o MP-SP e a Operação Lava Jato para desconstruir a imagem do presidente Lula e seu legado. Ele construiu as políticas mais consistentes para as populações trabalhadora e mais pobre”.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Ato na Avenida Paulista tem reivindicação de mulheres e rejeição a golpe



Representantes de coletivos feministas, movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos realizaram ontem (8) um ato no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), seguido de uma passeata, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. No evento, a pauta feminista dividiu espaço com manifestações contra o ajuste fiscal, a reforma de Previdência e a Lei Antiterror. A frase mais ouvida entre os presentes foi "não vai ter golpe”.

“Estamos nas ruas por autonomia, por liberdade, por democracia, mas, ao mesmo tempo, falando de questões que estão na conjuntura, como o ajuste fiscal e a reforma da Previdência. Estamos trabalhando com força o tema da legalização do aborto e, claro, o tema da violência”, disse a coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres, Nalu Faria.

sábado, 23 de janeiro de 2016

Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil entra em vigor


Entrou em vigor hoje (23) o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil. A norma estabelece novas regras para as parcerias entre a administração pública e essas entidades, que, segundo levantamento feito em 2015 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com a Secretaria de Governo da Presidência da República, somam 323 mil.

Na prática, a realização de convênios entre os governos federal, estadual e municipal e essas organizações fica extinta. A partir de agora, para celebrar parcerias, as organizações da sociedade civil deverão comprovar tempo mínimo de existência, sendo três anos para atuar junto com a União, dois anos com Distrito Federal e estados e um ano com municípios. Nesse último caso, a lei passará a valer em janeiro de 2017.

Mudanças
Uma das novidades mais importantes é a abrangência nacional da nova legislação, que passa a estabelecer as mesmas regras para a União, o Distrito Federal, estados e municípios firmarem parcerias com as organizações. Outro ponto do texto é a obrigatoriedade de uma chamada pública para firmar parcerias com as organizações. A expectativa é que a medida dê mais transparência na aplicação dos recursos públicos e amplie as possibilidades de acesso das organizações da sociedade civil a esses recursos.

Histórico
O Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil tramitou no Congresso Nacional por mais de dez anos. O texto final incorporou contribuições de diversos grupos. Na avaliação da Secretaria de Governo da Presidência da República, a entrada em vigor da lei constitui um avanço na democracia, valoriza a atuação de uma sociedade civil autônoma e participativa; reconhece as suas diferenças e especificidades para a construção de parcerias; e estabelece regras claras para o acesso legítimo, democrático e transparente aos recursos públicos, além de mecanismos eficazes para coibir fraudes e o mau uso dos recursos públicos.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Manifestantes ocupam e ameaçam desmatar área de Itaipu no Mato Grosso do Sul

Em torno de 200 famílias integrantes do movimento Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) ocupam desde o final da tarde do dia (18) o lado brasileiro de uma área que pertence à Usina Itaipu Binacional e atravessa a fronteira com o Paraguai, no município de Mundo Novo (MS).

O terreno fica a cerca de 240 km da usina hidrelétrica e abriga o Refúgio Ecológico de Maracaju, uma área de proteção ambiental que se espalha por ambos os países. As cerca de 700 pessoas acampadas ameaçam derrubar a mata caso um representante do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) não compareça ao local, segundo informou o próprio Incra.

A superintendência do Incra no Mato Grosso do Sul disse que enviou um representante para a região, mas ele só deve retornar hoje.

Os manifestantes chegaram a bloquear a BR-163 por uma hora e meia na manhã desta terça-feira, mas liberaram a via após negociação com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Um grupo permanece acampado à beira da estrada, informou a PRF/MS.

Por meio de nota, a Itaipu Binacional informou "que está monitorando a situação do Refúgio Biológico de Maracaju". Segundo a empresa, os manifestantes concordaram em se retirar da área após se reunirem com representantes da prefeitura de Mundo Novo, mas o Incra não confirmou a informação.   

A liderança do movimento reivindica o assentamento das famílias e a reforma nas vias de acesso que levam a assentamentos já existentes na região, para poderem escoar a produção agrícola, segundo informou o Incra. Não foi possível entrar em contato com representantes do FNL.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Movimentos sociais defendem mandato de Dilma, mas cobram fim do ajuste fiscal

Os movimentos sociais que foram às ruas contra o impeachment defendem a continuidade do mandato da presidenta Dilma Rousseff, mas cobram uma mudança no rumo da política econômica, com duras críticas ao ajuste fiscal. Entidades como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) defendem a redução da taxa de juros e a retomada de investimentos públicos para estimular a economia.

Em reunião com Dilma um dia depois das manifestações, representantes da Frente Brasil Popular fizeram questão de mostrar à presidenta a insatisfação dos movimentos com as medidas econômicas que vem sendo tomadas pelo Palácio do Planalto. A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE) – umas das organizações que articularam as manifestações – Carina Vitral, disse que as entidades esperam uma “guinada à esquerda” do governo Dilma.

“Fizemos uma declaração contrária ao impeachment golpista, mas também uma cobrança forte para que mudanças continuem sendo aprofundadas. Demonstramos uma contrariedade grande ao ajuste fiscal, que penaliza e aprofunda a crise econômica. A gente quer uma guinada do governo à esquerda, aprofundando direitos da classe trabalhadora, da juventude e dos movimentos sociais”, disse, após reunião da Frente Brasil Popular com Dilma no Palácio do Planalto.

Nas manifestações, os movimentos sociais disseram querer “a Dilma que elegeram”, cobrando que a presidenta assuma compromissos de campanha com os trabalhadores e a manutenção de conquistas sociais.

O líder do MST, João Pedro Stédile, disse que os movimentos sociais estarão ao lado do governo na defesa do mandato de Dilma se o processo de impeachment for levado adiante, mas também criticou a demora do Palácio do Planalto em reagir a problemas da economia que afetam diretamente os trabalhadores, como o aumento do desemprego e da inflação.

“O governo tem que agir rápido diante da gravidade da crise econômica, tem que dar sinais para a população. Nossa sugestão é que o governo anuncie urgentemente medidas concretas que possam retomar o crescimento da economia para garantir o emprego e a renda dos trabalhadores. Para isso, o governo tem que reduzir a taxa de juros e precisa utilizar esses recursos públicos, que são nossos, para a volta do crescimento baseado nos investimentos na indústria, na construção de moradia popular, na infraestrutura, no transporte público e na agricultura familiar”, sugeriu.

Ontem (18), a presidenta Dilma Rousseff decidiu tirar Joaquim Levy do Ministério da Fazenda e substitui-lo por Nelson Barbosa, que ocupava o Ministério do Planejamento. Responsável por medidas como a mudança nas regras de acesso ao seguro-desemprego e a limitação do seguro defeso para pescadores, Levy era o principal alvo das críticas das entidades de trabalhadores. 

“A CUT, que representa milhões de trabalhadores desse país, tem muito firmes suas posições contra essa política econômica, Levy não nos representa, trouxemos essa demanda para a presidenta”, disse a secretária de Relação com os Movimentos Sociais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Janeslei Albuquerque, no início da semana.

Em entrevista no fim da noite de ontem, o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, disse que, para estabilizar a economia e promover sua recuperação, os esforços para o ajuste fiscal devem continuar. 

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Movimentos sociais fazem ato contra cortes e ajuste fiscal


Cerca de 200 manifestantes estão neste momento em frente à entrada principal do Ministério da Fazenda, segundo dados da Polícia Militar do Distrito Federal. A expectativa dos movimentos sociais, que participam do ato contra cortes do governo, é que o número pode chegar a 1,5 mil pessoas, já que mais de 20 ônibus devem chegar ao local até o fim da manhã.

De acordo com o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal, Sérgio Ronaldo da Silva, cerca de 23 entidades que representam os servidores federais decidiram se unir aos movimentos sociais no que estão chamando de Dia Nacional de Luta dos Servidores Federais contra o pacote de medidas anunciadas pelo governo no último dia 14.

“Essas medidas retiram direitos dos trabalhadores e dos movimentos sociais”, disse. “Esse anúncio foi a gota d'água. Queremos que o governo vire a metralhadora para o outro lado. E que o ministro Joaquim Levy vire a tesoura para outro lado. Não aceitamos esse tipo de política”, completou. Segundo Silva, os servidores federais ameaçam uma greve geral no próximo dia 28, quando está prevista uma reunião entre centrais sindicais.

O representante do Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários, Antônio Araújo, lembrou que, mais tarde, os manifestantes devem se deslocar rumo ao Ministério do Planejamento. “Temos 54% do efetivo em condições de se aposentar e o governo quer impedir novos concursos públicos. Há ainda uma pauta administrativa que envolve, por exemplo, o preenchimento de cargos por meritocracia, o que sequer gera impacto financeiro”.

Já o professor Marco Escher, da diretoria do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, disse que o movimento protesta contra o que considera ser a “retirada de direitos historicamente conquistados”. No caso específico dos professores, a demanda trata da defasagem de docentes e da suspensão de concursos públicos nas universidades. “O governo anunciou até mesmo o fim do subsídio para os que têm condição de se aposentar, mas continuam trabalhando. Desta forma, eles vão sair e isso tudo deixa um buraco muito grande”.

A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda informou que o ministro Joaquim Levy participa, neste momento, de reunião com o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, e que ainda não há previsão para receber os manifestantes.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Movimentos sociais protestam em SP contra a Copa do Mundo no Brasil


Organizado pelo governo federal para debater a Copa do Mundo de 2014 com os movimentos sociais, o evento Diálogos: Governo-Sociedade Civil: Copa 2014, realizado durante toda a tarde de hoje (24) na Casa de Portugal, no centro da capital paulista, foi palco de muitos protestos. Embora as manifestações tenham sido pacíficas, os gritos ou interpelações dos integrantes dos movimentos sociais foi constante na apresentação dos representantes das três esferas de governo sobre as obras e gastos para a Copa do Mundo.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

MC Anitta: embranquecimento e elitização do funk


Seja pelo preconceito de classe ou pela intolerância diante de letras com conteúdo sexual explícito, as mulheres do funk são grandes vítimas da misoginia e do racismo.
  • Blog Dag Vulpi

    Esse grande repúdio contra as artistas femininas do funk é intimamente relacionado a repulsa às mulheres negras, não somente porque a maioria das funkeiras são negras, mas porque o funk tem raízes históricas e é intimamente ligado à cultura negra brasileira.

    No entanto, há pelo menos um exemplo atual de mulher que veio do funk e é amplamente aceita e celebrada na mídia: a Anitta. Enquanto as outras artistas têm suas raízes no funk tradicional com letras explícitas, a Anitta é apresentada como uma funkeira voltada para a cultura pop, com uma produção higienizada e pronta para o consumo. Artistas como a Anitta são reposicionadas em uma nova classe social, que embranquece suas expressões artísticas e as torna muito mais “adequadas” para a televisão brasileira.

    Há divergências sobre os motivos que levam a Anitta a ter mais sucesso que outras artistas similares. Alguns ativistas acreditam ser devido a uma suposta branquitude. No entanto, enxergar Anitta como uma pessoa branca demonstra a naturalização do processo de embranquecimento racial. Em uma sociedade que tem como branca qualquer pessoa miscigenada de pele clara, o caso de Anitta merece no mínimo uma reflexão.

    É preciso entender que a identidade que Anitta ou outras artistas possuem sobre suas cores é algo subjetivo, construído ao longo dos anos sob influência da sociedade. Não adianta relativizar o reconhecimento racial e reduzi-lo a uma questão de afirmação, pois compreender-se como negra não é um fator decisivo para que alguém seja tratada como negra; para isso acontecer, é necessário que a sociedade também consiga ver a negritude nessa pessoa.

    A Anitta é um exemplo de uma mulher miscigenada que foi embraquecida e “enriquecida” para que o seu trabalho artístico fosse valorizado. A aparência de Anitta vem se tornando cada vez mais diferente desde a sua fama, com tratamentos de clareamento sobre uma imagem cada vez mais elitizada. Sabendo disso, vale a reflexão: será que Anitta é aceita por ser reconhecida como uma mulher branca ou terá embranquecido em busca de aceitação? Se outras funkeiras passassem por um processo de embranquecimento e elitização classial, seriam elas abraçadas pelos programas da televisão aberta nos mais diversos horários?

    Esse processo não diz respeito somente ao embranquecimento de características físicas, como cabelos lisos, pele clara e nariz fino, mas está também relacionado à repressão da sexualidade feminina. O funk bem aceito socialmente é aquele que constrói uma sensualidade feminina tolerável, que não intimida o machismo. E a sexualidade feminina que é aceita é aquela que não causa choques. A Valesca Popozuda é um bom exemplo: embora em sua aparência atual ela seja vista como uma mulher “morena clara”, ou em alguns casos até mesmo branca, o modo como lida com o sexo sem eufemismos faz com que sua expressão artística seja repudiada socialmente.

    Artistas femininas sofrem uma imposição de limite sobre a sensualidade, que só pode ser expressada de modo comedido e elitizado: uma mulher que rebola na MTV é muito mais aceita artisticamente do que aquela que rebola em um baile funk no morro. É extremamente importante notar, no entanto, que nenhuma mulher é plenamente aceita ao expressar sua sexualidade. Ao final do dia, todas essas mulheres têm algo em comum: todas elas são transformadas em objetos de consumo.

    Ser consumida, nesse caso, significa oferecer a sensação de controle ao público masculino. A mulher objeto de consumo deve expressar sensualidade, mas não ao ponto de fazer com o que o homem se sinta ameaçado, nem na eminência de ser “traído”. Caso a mulher expresse sua sexualidade de forma objetiva e direta, ela é tida como uma “vadia” indigna de valor e seriedade. A mulher negra, especificamente, carrega nos ombros o estereótipo de “mulher consumível” e descartável, para ser “usada” e jogada fora, ao contrário do produto mais cotado e duradouro: a mulher branca. Essa é a realidade da misoginia: as mulheres são tratadas como mercadorias, algumas mais valorizadas do que outras.

    Embora a questão da branquitude de Anitta seja debatível perante nossos olhos, o problema é muito mais profundo e está entranhado em diversas nuances da sociedade. A questão não é atribuir uma identidade a Anitta ou outras artistas brasileiras, mas sim levantar o questionamento sobre a possibilidade de sucesso e a aceitação social dependerem de uma branquitude, seja ela real ou imposta. Uma pele clara e um cabelo liso combinados com uma sexualidade moderada e restrita são necessários para o sucesso das mulheres.

    Seja ao chamar mulheres negras de morenas ou ao aceitar o “branco” como padrão, o racismo articula com a violência imposta sobre as classes desfavorecidas e encontra seu apogeu quando atua de forma machista. É preciso trazer todas essas nuances para o debate e trabalhar para destruir essas violências. A forma como as opressões atuam não é sempre tão óbvia, tampouco tão simplista. São necessárias uma dialética e uma visão abrangente, não polarizada, para que possamos transformar nossa cultura e conquistar a dignidade que é usurpada de tantas mulheres.

    Jarid Arraes - Educadora sexual, feminista, ativista pelos Direitos Humanos e estudante de Psicologia. Trabalha voluntariamente com o grupo FEMICA – Feministas do Cariri e com o FQC – Feminismo Que Cola. Escreve no Mulher Dialética e no Guia Erógeno.
  • Texto publicado originalmente no site Blogueiras Negras

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Manifestantes tentam fixar bandeira de movimento gay na Câmara e são presos


Quatro manifestantes foram detidos pela Polícia Legislativa e encaminhados à Coordenação de Polícia Judiciária da Câmara dos Deputados. Eles participavam da marcha dos movimentos sociais e tentavam fixar uma bandeira do movimento de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e trangêneros (LGBTTT).

sábado, 6 de abril de 2013

Caminhada alerta crianças e jovens contra perigos do crack em cidade do DF


Brasília – Uma série de eventos em Taguatinga, cidade a 20 quilômetros de Brasília, pretende conscientizar crianças e adolescentes sobre os males dos entorpecentes, principalmente do crack. A ideia é mostrar que, no combate às drogas, não basta a repressão. A informação é a mais poderosa arma para evitar que jovens caiam no vício.
Os eventos começaram com uma caminhada, que percorreu o Taguaparque, a maior área de lazer da cidade, às 9h. A maratona continua ao longo de todo o dia de hoje (6) com palestras, shows musicais, partidas de futebol, gincanas e teatro infantil no centro cultural do parque. Do lado de fora, casas de recuperação montaram estandes onde ex-dependentes químicos distribuem panfletos e fornecem aconselhamento. Alimentos não perecíveis também estão sendo arrecadados.
Um dos organizadores do evento, o empresário Carlos Roberto Gomes da Silva, 37 anos, explica que decidiu promover a 1ª Marcha contra o Crack e Outras Drogas como forma de ajudar a sociedade. “O esclarecimento é a melhor ferramenta para combater as drogas. A conscientização precisa ser feita desde cedo”, diz. Ele pretende repetir o evento a cada seis meses em Taguatinga e expandir a marcha em outras cidades do Distrito Federal, como Ceilândia, Paranoá e São Sebastião.

Para quem se livrou do vício, a prevenção é o melhor caminho para impedir que os jovens caiam nas drogas. “O importante é evitar a primeira dose. Para isso, a informação e o lazer são os melhores caminhos”, comenta Adenilson dos Santos, 36 anos, ex-dependente químico e coordenador da Casa de Recuperação El Shaddai, que trabalha com a recuperação de usuários de drogas.
Em tratamento há sete meses na El Shaddai, Henrique Soares, 24 anos, defende o reforço do auxílio aos moradores de rua para combater o crack, não apenas por meio de ações paliativas, mas retirando-os definitivamente da rua e os acolhendo em centros de recuperação. “Eles são a maioria dos pacientes e não têm condições de pagar tratamento”, avalia.

Adenilson dos Santos defende ainda a promoção do esporte e da cultura nas comunidades para evitar que as crianças e os adolescentes passem a usar drogas. “A partir do momento em que os jovens têm com o que ocupar a mente, as drogas não entram na vida deles”, opina. Em relação às campanhas educativas, ele defende que as atividades sejam permanentes. “Não adianta a escola promover uma semana de palestras e só voltar a repetir a ação no ano seguinte. A educação tem de ser no dia a dia”, observa.
Agência Brasil

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Movimentos sociais fazem, em São Paulo, ato em defesa de medidas contra o novo governo do Paraguai


São Paulo – Movimentos sociais brasileiros e da América Latina fizeram hoje (28), em frente ao prédio onde fica o gabinete regional da Presidência da República, na Avenida Paulista, em São Paulo, um ato contra o novo governo do Paraguai. Elas cobraram as ações “mais duras” do Brasil, como o não reconhecimento do novo governo paraguaio, sanções comerciais, o cancelamento dos projetos de cooperação econômica e o bloqueio aos financiamentos públicos.

João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST, reivindica que o governo brasileiro e o Congresso Nacional enviem uma comissão ao país vizinho para averiguar denúncias de que movimentos sociais camponeses estão sendo ameaçados por setores do novo governo.
“As organizações que têm identificação com o ex-presidente Lugo estão sendo perseguidas. Nós estamos muito preocupados porque a troca que houve nas Forças Armadas colocou no poder um setor completamente reacionário, que esteve na ditadura militar”, disse.
Rodrigues quer ainda que o Brasil adote medidas rigorosas contra o atual governo paraguaio, mas sem que haja prejuízos para a população. “Que tenha uma separação, para que o povo paraguaio não pague pelo que os golpistas fizeram”, destacou.

José Mendonça, do Movimento Marcha Patriótica, da Colômbia, ressaltou que houve um golpe no Paraguai e vê ameaça de um retrocesso aos tempos das ditaduras nos países da América Latina. “Qualquer ameaça, qualquer tentativa de um retrocesso ao que foi nos tempos da ditadura militar deve ser freada. Qualquer tipo de ameaça de acabar com a democracia deve ser freada”, disse.

As entidades também ressaltaram, em um manifesto, a posição “firme” adotada pelo governo brasileiro contra oimpeachment do presidente Fernando Lugo.
“Como brasileiros, que nos solidarizamos com o povo paraguaio, rejeitamos o golpe e defendemos a democracia, realizamos este ato político para apoiar a postura firme da presidenta Dilma Rousseff e cobrar medidas ainda mais incisivas contra os golpistas”, diz o manifesto divulgado pelos movimentos que organizaram o ato, entre eles o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Centro Brasileiro de Solidariedade e Luta pela Paz (Cebrapaz), a Marcha das Mulheres, a União da Juventude Socialista (UJS) e o Levante Popular da Juventude.

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Os conteúdos dos textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, e nem sempre traduzem com fidelidade a forma como o autor do blog interpreta aquele tema.

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