Representantes
de coletivos feministas, movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos
realizaram ontem (8) um ato no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp),
seguido de uma passeata, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. No
evento, a pauta feminista dividiu espaço com manifestações contra o ajuste
fiscal, a reforma de Previdência e a Lei Antiterror. A frase mais ouvida entre
os presentes foi "não vai ter golpe”.
“Estamos nas
ruas por autonomia, por liberdade, por democracia, mas, ao mesmo tempo, falando
de questões que estão na conjuntura, como o ajuste fiscal e a reforma da
Previdência. Estamos trabalhando com força o tema da legalização do aborto e,
claro, o tema da violência”, disse a coordenadora da Marcha Mundial das
Mulheres, Nalu Faria.
“A gente não
quer golpe, seja midiático, seja do Judiciário, seja pelo impeachment [da
presidenta Dilma Rousseff]. Mas a gente também aponta para a presidenta Dilma.
A escolha que ela está fazendo para enfrentar este momento não é a melhor, com
política de ajuste. Reivindicamos que ela governe com o programa pelo qual foi
eleita”, acrescentou.
A passeata
deixou o Masp, na Avenida Paulista, passou pela Rua Augusta e seguiu até a
Praça da República. Participaram do ato militantes dos partidos PCdoB, PCO,
PSOL e PT; da central sindical Conlutas, da Central Única dos Trabalhadores
(CUT) e Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), da Central
de Movimentos Populares, dp Movimento das Mulheres em Luta, da Uneafro, da
União Brasileira de Mulheres, do Observatório da Mulher e da Marcha Mundial das
Mulheres.
“A gente sabe
e vê nas pressões da direita sobre governo Dilma que eles não querem só o
ajuste das políticas, eles querem atacar a Constituição de 88. Isso mostra para
a gente que o que está em jogo é esse processo político que a gente vem
construindo há mais de 40 anos”, destacou Nalu.
Uma das
maiores faixas carregadas pelas mulheres pedia a saída do presidente da Câmara
dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que enfrenta processo por quebra de
decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. As ativistas protestaram ainda
contra a onda de pautas conservadoras que tramitaram nos últimos meses pelo
Congresso Nacional.
“Mesmo com
todas as dificuldades colocadas para nós, que somos mulheres, pretas, lésbicas,
bissexuais ou transexuais, hoje sofremos uma ameaça que compromete o próprio
direito de continuar vindo para as ruas com as nossas legítimas manifestações.
Refiro-me à Lei Antiterrorismo, que vai criminalizar os movimentos sociais e
organizações políticas de luta”, disse Larissa Ana, do coletivo Ana Montenegro.
Minutos antes
de os manifestantes saírem em passeata, uma mulher subiu no carro de som e
pediu, ao microfone, a saída da presidenta Dilma Rousseff. Ela foi vaiada pelos
presentes, que passaram a gritar “não vai ter golpe”. Ocorreu um princípio de
tumulto, e a manifestação voltou a seu curso normal quando a mulher deixou o
local.
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