Os movimentos
sociais que foram às ruas contra o impeachment defendem a
continuidade do mandato da presidenta Dilma Rousseff, mas cobram uma mudança no
rumo da política econômica, com duras críticas ao ajuste fiscal. Entidades como
o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Central Única dos
Trabalhadores (CUT) defendem a redução da taxa de juros e a retomada de
investimentos públicos para estimular a economia.
Em reunião
com Dilma um dia depois das manifestações, representantes da Frente Brasil
Popular fizeram questão de mostrar à presidenta a insatisfação dos movimentos
com as medidas econômicas que vem sendo tomadas pelo Palácio do Planalto. A
presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE) – umas das organizações que
articularam as manifestações – Carina Vitral, disse que as entidades esperam
uma “guinada à esquerda” do governo Dilma.
“Fizemos uma
declaração contrária ao impeachment golpista, mas também uma cobrança
forte para que mudanças continuem sendo aprofundadas. Demonstramos uma
contrariedade grande ao ajuste fiscal, que penaliza e aprofunda a crise
econômica. A gente quer uma guinada do governo à esquerda, aprofundando direitos
da classe trabalhadora, da juventude e dos movimentos sociais”, disse, após
reunião da Frente Brasil Popular com Dilma no Palácio do Planalto.
Nas
manifestações, os movimentos sociais disseram querer “a Dilma que elegeram”,
cobrando que a presidenta assuma compromissos de campanha com os trabalhadores
e a manutenção de conquistas sociais.
O líder do
MST, João Pedro Stédile, disse que os movimentos sociais estarão ao lado do
governo na defesa do mandato de Dilma se o processo de impeachment for
levado adiante, mas também criticou a demora do Palácio do Planalto em reagir a
problemas da economia que afetam diretamente os trabalhadores, como o aumento
do desemprego e da inflação.
“O governo tem
que agir rápido diante da gravidade da crise econômica, tem que dar sinais para
a população. Nossa sugestão é que o governo anuncie urgentemente medidas
concretas que possam retomar o crescimento da economia para garantir o emprego
e a renda dos trabalhadores. Para isso, o governo tem que reduzir a taxa de
juros e precisa utilizar esses recursos públicos, que são nossos, para a volta
do crescimento baseado nos investimentos na indústria, na construção de moradia
popular, na infraestrutura, no transporte público e na agricultura familiar”,
sugeriu.
Ontem (18), a
presidenta Dilma Rousseff decidiu tirar Joaquim Levy do Ministério da
Fazenda e substitui-lo por Nelson Barbosa, que ocupava o Ministério do
Planejamento. Responsável por medidas como a mudança nas regras de acesso ao
seguro-desemprego e a limitação do seguro defeso para pescadores, Levy era o
principal alvo das críticas das entidades de trabalhadores.
“A CUT, que
representa milhões de trabalhadores desse país, tem muito firmes suas posições
contra essa política econômica, Levy não nos representa, trouxemos essa demanda
para a presidenta”, disse a secretária de Relação com os Movimentos Sociais da
Central Única dos Trabalhadores (CUT), Janeslei Albuquerque, no início da
semana.
Em entrevista
no fim da noite de ontem, o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, disse
que, para estabilizar a economia e promover sua recuperação, os esforços
para o ajuste fiscal devem continuar.
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