Obs. “Há sinais que sugerem que o autor do áudio esteja embriagado ou algo
similar e, ao se expressar faz uso de termos chulos e de baixo calão. Portanto,
sugiro às pessoas mais sensíveis não acessa-lo”.
Por : Mauro Donato* no DCM
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Ela se
contrapõe a Olavo de Carvalho. Critica fortemente Janaína Pachoal. Compartilha
um meme que diz facilitar a vida das pessoas ao indicar ‘personalidades’ que
devem ser bloqueadas: Kim Kataguiri, Reinaldo Azevedo, Fernando Holiday, Gilmar
Mendes.
Desce a lenha
nos movimentos que arquitetaram o impeachment. Uma “esquerdopata”, certo? Nada
disso. Trata-se de Daniela Schwery, uma ativa participante desses mesmos
movimentos, que divulgava vídeos dessa essa turma toda e era defensora
desse pessoal até ontem. O que está ocorrendo com a direita ‘vencedora’?
Há alguns dias
um áudio do revoltado online Marcello Reis vazou e o que se ouviu foi, além de
seu característico estilo pouco diplomático, aparentemente alterado, uma
lavação de roupa imunda que expõs o estágio atual de guerra declarada entre
aqueles que foram às ruas patrocinados por Fiesp e patota, atingiram o primeiro
objetivo (expulsar Dilma e o PT), mas que depois não encontraram vaga no
camarote.
Reis dirige-se
a Carla Zambelli, do “Nas Ruas”, outra ‘expoente’ verde-e-amarela da avenida
Paulista, como ‘vaca, filha da puta’ e por aí vai. De quebra, cita Daniela
Schwery. Daniela também sai atirando para todos os lados.
“Não deixem
não, amiguinhos, esfreguem na carinha deles que o bonitão da família da Carla,
o cunhadinho querido, com malas de dinheiro é o DONO da OAS e queria contar com
a morosidade da justiça e ministros de bolso para livrar a cara dos
companheiros, o que a Carla bota na prática alinhando e aparelhando os
protestos aos interesses das empresas ligadas a lava jato, como a Suzano, tendo
os Feffers como seu patrocinador – família que está aparelhando a FIESP –
contando com a ajudinha do industrial que não tem indústria, o Skaf, que tem
seu filho casado com a fefferlandia”, escreveu Schwery nas redes sociais,
revelando que ali todo mundo se conhece, tem relacionamento muito próximo. O
‘cunhadinho’ de Carla Zambelli é Bruno Brasil, da empreiteira OAS.
Daniela
Schwery agora se diz ‘empenhada em desmascarar essa gente, em denunciar suas
práticas’. Agora quer posar de indignada, que foi enganada. Daniela Schwery,
Marcello Reis e companhia limitada creem fielmente que somos idiotas ou eles é
que são? Não sabiam de nada?
O áudio de
Marcello Reis o contradiz bem rapidamente. Admite conhecer Carla há muito
tempo. “Muuuuuito tempo”, ele diz. Admite ter tido um convívio próximo ao
cunhado empreiteiro dela durante os anos de luta pelo impeachment de Dilma.
Cunhado que ele afirma ser quem levava malas de dinheiro (e aí, Polícia
Federal, vai chamar o cara para depor?).
Em tempo:
Carla Zambelli postou um esclarecimento em sua defesa (que no pedantismo típico
desse pessoal ela chamou de ‘Nota Oficial’) afirmando que Bruno Brasil é
em ex-cunhado e que não fala com ele ‘desde que começaram as prisões da Lava
Jato’.
Agora querem
dar uma de inocentes? Não sabiam do rabo preso, das segundas intenções? Agora
se referem ao MBL e demais golpistas como ‘bando de moleques’, ‘quadrilhas
financiadas’?
“Então podemos
considerar como Premissa (sic) de que (sic 2) qualquer um que lute contra o
Establishment jamais ganhará popularidade sem o apoio dos senhores do
capital?”, pergunta um aturdido seguidor de Daniela Schwery. “Podemos sim,
infelizmente”, responde ela em tom misto de Margarida Arrependida com Pedro Bó.
O admirador de
Daniela muito provavelmente tenha citado falta de popularidade em referência ao
fracasso de Schwery nas eleições. Ela candidatou-se a deputada estadual pelo
PSDB e não foi eleita. Obteve míseros 1.101 votos. Ela que sempre foi ligada ao
partido tucano, aliada de José Serra, agora publica na internet que o PSDB
‘deveria ser varrido’. Neste ano fez campanha para o Major Olímpio. Melhorou,
hein? Daniela é apoiadora dos militares faz tempo.
A ex-tucana se
esforça para desgrudar-se do cordão umbilical e está em campanha por uma ‘CPI
dos Movimentos Já!’. Diz não sofrer de indignação seletiva e quer investigados
o NAS RUAS, o MBL, CUT, MST. “Acompanhando as últimas notícias, vídeos e áudios
relacionados aos movimentos sociais ficou claro que tem muita coisa errada e
que não se encaixa dentro do contexto político que vivemos. São denúncias que
envolvem partidos políticos, empresas envolvidas na lava jato e muito dinheiro.
Acredito que os envolvidos devam se pronunciar e colocar tudo em pratos limpos,
caso contrário seremos a piada da esquerda”, postou ela e completou: “Não temos
bandidos de estimação.”
É curioso ver
a direita se batendo. Além da profundidade típica dos debates ‘políticos’
(se xingam, ameaçam, agridem fisicamente, ofendem, carregam argumentos
rasteiros, são reativos emocionais sem um pingo de respeito pelo contraditório)
é fundamental, entretanto, saber quais interesses deixaram de ser atendidos
para declararem guerra desse jeito.
Como louvaram
e idolatraram empresas e pessoas com a ficha tão suja durante tanto tempo e
agora vêm com esse mimimi auto-acusatório? É o roto falando do remendado.
Dizer que só
descobriu hoje que ‘Janaína Paschoal é uma articuladora para blindar o PSDB’ e
que tudo nasceu com o propósito de brecar a Lava Jato é um 171 fajuto demais.
Até para a direita golpista.
Por uma CPI
dessa pilantragem.
*Sobre o Autor
- Jornalista, escritor e fotógrafo nascido em São Paulo.