terça-feira, 24 de maio de 2016

Jucá diz que aguarda manifestação de Janot para reassumir ministério

De volta ao Senado, após 12 dias como ministro do Planejamento, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) voltou a se defender das acusações de obstrução da Justiça para deputados e senadores nesta terça-feira (24). Logo no início da sessão do Congresso Nacional, convocada para limpar a pauta com 24 vetos da presidenta afastada Dilma Rousseff e para apreciar o PLN 1/16, sobre a revisão da meta fiscal, que passará para déficit de R$ 170,5 bilhões, segundo cálculos da equipe do presidente da República interino, Michel Temer.

“Não fiz nenhuma ação para impedir a investigação da Lava Jato. Falei naquele período como senador da República e como aspirante ao comando do PMDB”, afirmou.

Jucá adiantou que amanhã (25) fará um pronunciamento na tribuna do Senado para, mais uma vez, falar sobre o assunto. “Estarei à disposição para debater com todos: fundamentalistas, petistas, ativistas, qualquer um que queira levantar qualquer tipo de questionamento.”

O senador disse ainda que não cometeu nenhuma irregularidade e que aguarda uma manifestação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a respeito dos áudios para voltar ao Ministério do Planejamento.

“O presidente Michel Temer pediu que eu continuasse no ministério , mas entendi [ que era melhor me afastar] para que as coisas continuassem esclarecidas e para evitar exatamente esse tempo de manifestação atrasada, irresponsável e babaca de algumas pessoas”.

O ex-ministro acrescentou que encaminhou a Janot um pedido para que ele responda se nas gravações há algum crime ou alguma imputação de conduta irregular.

“Espero a resposta do Ministério Público Federal e falei com o presidente Michel. Me afastei do ministério enquanto a Procuradoria-Geral da República não responder a essa questão”, afirmou ressaltando que está tranquilo.

Acusação
Ontem (23), Jucá foi exonerado do comando do Ministério do Planejamento, depois que a Folha de S.Paulo divulgou reportagem com trechos de uma conversa entre ele e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.

As conversas mostram o senador Jucá sugerindo que uma "mudança" de governo poderia resultar em um pacto com o Supremo Tribunal Federal (STF) para frear investigações da Operação Lava Jato. Jucá negou que tenha tentado obstruir as investigações e criticou a Folha por publicar “frases soltas dentro de um diálogo”.

Meta fiscal
Durante a sessão do Congresso, em defesa da aprovação de uma proposta de revisão da meta fiscal, Romero Jucá informou que o está em discussão é uma mudança de paradigma, de posição  e a diferença de um governo atrasado que enganava a população.

Segundo ele, o governo da presidenta afastada Dilma Rousseff deu um golpe nas últimas eleições, quando mentiu, quando imputou a Aécio Neves e a Marina Silva e a outros candidatos aquilo que faria depois . “O golpe foi eleitoral, da mentira nas urnas. Não foi a ação da Constituição e do Congresso Nacional”, acrescentou, em resposta às críticas de aliados de Dilma ao processo de impeachment.

O senador disse ainda que a meta fiscal de R$ 170,5 bilhões é um número realista, responsável e que tira da conta de um superávit fantasma que o governo anterior propôs contando com criação de impostos, entre eles a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

Conforme Jucá, a aprovação da nova proposta permite retomar investimentos como a transposição do São Francisco com as adutoras de água do Nordeste, além da conclusão de obras de estradas e mais recursos para a saúde.

Ação popular pede fim de privilégios de Cunha


O deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), com o apoio da bancada na Câmara, protocolou hoje (24), no Tribunal Regional Federal (TRF), ação popular para anular o Ato da Mesa Diretora da Casa (88/16) que garantiu ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afastado do mandato e da presidência da Câmara pelo Supremo Tribunal Federal (STF), prerrogativas do comando da Casa, como o uso da residência oficial, segurança pessoal, assistência à saúde, transporte aéreo e terrestre, subsídio integral e equipe a serviço do gabinete parlamentar.

“Não há nenhuma justificativa plausível para que o erário público tenha que suportar o ônus da manutenção de tamanha estrutura para quem sequer encontra-se no regular exercício do mandato”, destacou.

O ato da Mesa foi justificado pelo fato de o afastamento ser temporário, dependendo de um julgamento da Corte, “o que significa dizer que o deputado Eduardo Cunha ainda é o presidente da Câmara dos Deputados, encontrando-se apenas afastado temporariamente de suas funções, por decisão precária e sujeita a alteração a qualquer momento”.

Na ação, além de destacar que dois membros da Mesa Diretora da Câmara – a deputada Mara Gabrili e o deputado Alex Canziani - não assinaram o ato, Jordy destaca que mesmo diante da possibilidade de retorno de Cunha, “não é menos certo que, durante a suspensão do mandato o primeiro requerido não desempenhará qualquer função à frente da Câmara dos Deputados, seja como presidente ou como deputado”.

No texto, o parlamentar explica que, mesmo com foro privilegiado, a lei que regula a ação popular define que a competência para o seu julgamento é determinada pela origem do ato, ou seja, o juízo de primeiro grau.

Conselho de Ética tem cinco dias para dizer se aceita processo contra Jucá

O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, senador João Alberto (PMDB-MA), tem cinco dias úteis para dizer se vai acolher ou não uma representação do PDT protocolada nesta terça-feira (24) com objetivo de cassar o mandato do senador Romero Jucá (PMDB-RR).

No documento assinado pelo senador Telmário Mota (RR) e pelo presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, Jucá é acusado de obstrução de Justiça. O pedido foi motivado depois que ontem (24) a Folha de S.Paulo divulgou reportagem com trechos de uma conversa entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.

As conversas mostram o senador Jucá sugerindo que uma "mudança" de governo poderia resultar em um pacto com o Supremo Tribunal Federal para frear investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Jucá negou que tenha tentado obstruir as investigações da Operação Lava Jato e criticou a matéria da Folha por publicar “frases soltas dentro de um diálogo”.

“É inadmissível que um senador da República se utilize da influência que possui, unicamente em razão da função pública, para obstaculizar os trabalhos da polícia e o funcionamento do Poder Judiciário. A nosso sentir, não há qualquer dúvida de que o Senador Romero Jucá abusou de suas prerrogativas constitucionais, pois realizou conversa incompatível com a conduta de um parlamentar”, diz a representação ressaltando que o senador quebrou o decoro parlamentar.

Delcídio do Amaral
Na representação do PDT, o caso é comparado ao de Delcídio do Amaral (sem partido-MS), que neste mês teve o mandato de senador cassado também sob acusação de obstrução de Justiça. Delcídio foi gravado por Bernado Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, sugerindo um plano de fuga e uma mesada para que o executivo não fizesse acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato. À época, o senador também era líder do governo de Dilma Rousseff no Senado. “Acho os indícios mais graves que os do senador Delcídio. O Senado não pode ter dois pesos e duas medidas”, disse Telmário.

Jucá
Ao chegar ao Senado, o senador Romero Jucá disse apenas que Telmário, seu rival político no estado, não tem legitimidade para representá-lo no conselho de ética. Isso porque, segundo Jucá, a esposa de Telmário está “prestes a ser presa”.

Em reposta a acusação de Jucá, Telmário confirmou que sua esposa responde a processo e disse que quando a Justiça entender que ela deverá pagar, ela o fará. O senador destacou que sua mulher não concorre a uma eleição há mais de 20 anos e que, ao contrário do que Jucá fez com ex-mulheres, nunca tentou escondê-la atrás de mandato.

Ex-deputada estadual e mulher de Telmário, Suzete Macedo de Oliveira, foi condenada pela Justiça Federal a 6 anos e 8 meses de reclusão pelo envolvimento no esquema de desvio de dinheiro público conhecido como escândalo dos afanhotos. O esquema consistia no cadastramento de funcionários fantasmas na folha de pagamento do governo de Roraima, para a distribuição dos salários a deputados estaduais e outras autoridades em troca de apoio político.

A Justiça de Roraima pediu a prisão de Suzete e outras cinco pessoas. O pedido de prisão do Ministério Público foi feito com base no entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) de que pode haver cumprimento da pena de prisão a partir da decisão de segunda instância. O Tribunal Regional Federal (TRF) negou à ex-parlamentar pedido de habeas corpus preventivo. Suzete está foragida da Justiça.

Sem quórum na Comissão Mista do Orçamento, meta fiscal segue para o plenário

Carolina Gonçalves –  Agência Brasil
 
Sem quórum na Comissão Mista de Orçamento (CMO) pela segunda tentativa, a decisão sobre o projeto que altera a meta de resultado primário do governo federal (PLN 1/16) acabou ficando nas mãos do plenário do Congresso Nacional que se reúne ainda hoje. A sessão conjunta que estava marcada para 11h só deve alcançar o quórum mínimo de parlamentares – 41 senadores e 257 deputados – no meio da tarde, para então começarem os debates.

A estratégia do presidente da CMO, deputado Arthur Lira (PP-AL), no início do dia era tentar, pelo menos, iniciar os debates para acelerar a votação do projeto. “Independente da votação ocorrer na comissão ou no plenário, esta questão [meta fiscal] tem que ser solucionada”, defendeu o parlamentar. Apesar de todo o esforço de Lira, que abriu a sessão da comissão mais de 30 minutos depois do horário marcado, nem os debates foram iniciados.

Por mais de uma hora, a reunião foi marcada por um tumulto protagonizado pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) que gritava exaltada tentando ser ouvida pelo colegiado. Não integrante da CMO, Gleisi afirmou falar como líder e argumentou que o tempo regimental para atingir o quórum tinha sido esgotado.

Resistência
Lira insistiu em continuar a sessão mas acabou desistindo pela falta de um senador: o mínimo necessário para a deliberação seriam seis senadores e 16 deputados. Mesmo sem o resultado esperado, o presidente da CMO se mantém otimista em relação à votação do texto, que precisa ocorrer até a próxima segunda-feira (30). “Temos número suficiente para aprovar a meta”, garantiu. Segundo ele, já há sinalização favorável inclusive do PDT.

Por outro lado, a estimativa de déficit primário de R$ 170,5 bilhões sofrerá resistência de parlamentares do PT e PCdoB que defendem mais tempo para discutir o texto. O debate no plenário do Congresso deve seguir acalorado, já que petistas defendem que, para a votação dispensar deliberação da CMO, seria necessário um acordo de líderes, o que não ocorreu.

Sílvio Costa (PTdoB-PE), que foi vice-líder do governo Dilma Rousseff na Câmara, lembrou que não vai aceitar qualquer tentativa de “construção de herança maldita” e vai querer esclarecimentos sobre o texto elaborado pela equipe do presidente da República interino Michel Temer. “Eles têm que provar, por exemplo, a questão da repatriação [de recursos no exterior]. A previsão do governo da presidente Dilma era, de até junho, repatriar R$ 5 bilhões. 

Até ontem, o ministro Romero Jucá falou que só foi repatriado R$ 1 bilhão. A gente quer ver esta contabilidade. Ainda tem a questão do contingenciamento. Eles disseram que precisaram descontingenciar para o país não parar, mas o país não estava parado”, afirmou.

Farol baixo durante o dia passa a ser obrigatório em rodovias brasileiras


O presidente interino Michel Temer alterou artigos do Código de Trânsito Brasileiro tonando obrigatório o uso de farol baixo em rodovias durante o dia.

A lei com as alterações foi publicada hoje (23) no Diário Oficial da União.

Manter os faróis acesos em luz baixa durante o dia já era medida obrigatória a ônibus, ao circularem em faixas próprias, e às motos.

O condutor que não mantiver o farol baixo ligado em rodovias cometerá infração média, poderá ser autuado e receber quatro pontos na habilitação, além de multa de R$ 85,13.

Discussão sobre meta fiscal teve inicio tumultuado na Comissão Mista do Orçamento

Mais de uma hora depois do horário marcado para que a Comissão Mista de Orçamento (CMO) se reunisse hoje (24) para discutir o projeto que altera a meta de resultado primário do governo federal (PLN 1/16), deputados e senadores ainda discutiam se a reunião seria ou não mantida. O tumulto foi protagonizado pela senadora Gleise Hoffmann (PT-PR), que, visivelmente exaltada, gritava, tentando ser ouvida pelo colegiado.

A senadora pediu que a reunião fosse cancelada sob o argumento de que havia expirado o tempo – 30 minutos - para atingir o quórum mínimo de pelo menos seis senadores e 16 deputados. Não integrante da comissão, Gleise pediu a palavra e se revezou entre os microfones que eram ligados e desligados pela mesa para tentar ser ouvida como líder do PT, e alertou que a questão era “regimental”.

“A senhora não tem o direito nem de estar falando”, retrucou o presidente do colegiado, deputado Arthur Lira (PP-AL), que levou mais de vinte minutos tentando reestabelecer a ordem.

Favoráveis ou não ao projeto que altera a meta de resultado primário do governo federal, os integrantes da comissão apostam que o texto só deve ser votado em plenário, durante a sessão do Congresso Nacional, marcada para às 11h, para discutir e votar a matéria. A expectativa é que o quórum mínimo para o plenário do Congresso iniciar as discussões – 41 senadores e 257 deputados – só seja atingido no início da tarde. Conformado com a possibilidade de não votar a meta fiscal na CMO, o presidente do colegiado, deputado Arthur Lira (PP-AL), espera que, pelo menos, o texto comece a ser debatido na comissão para esclarecer pontos de maior impasse. Para ele, o início deste processo pode acelerar a votação conjunta do texto.

“Temos número suficiente para aprovar a meta. É importante que os partidos se desprendam das questões pragmáticas e pensem no Brasil. O momento agora é de votar a meta para que no final do prazo não tenhamos as sanções”, afirmou Lira, lembrando que o projeto precisa ser votado até a próxima segunda-feira (30).

Lira disse que a nova meta já tem sinalização favorável, inclusive do PDT, mas o texto, estimando em R$ 170,5 bilhões o déficit primário do ano fiscal, sofrerá a resistência de parlamentares do PT e PCdoB. “Eles vão tentar usar o rolo compressor. Estão tentando construir o discurso da herança maldita, que não é verdadeiro”, afirmou Silvio Costa (PTdoB-PE), que foi vice-líder do governo Dilma Rousseff na Câmara.

Costa admitiu que a equipe econômica do governo de Dilma teria que reenviar uma revisão da meta posteriormente, revendo a previsão de déficit de R$ 96 bilhões, estudando, inclusive, se seria mantido ou não o contingenciamento de R$ 30 bilhões. Apesar disto, o parlamentar afirmou que a equipe do presidente interino Michel Temer “maquiou” os números e precisa esclarecer pontos que estão “obscuros”.

“Eles têm que provar, por exemplo, a questão da repatriação [de recursos no exterior]. A previsão do governo da presidente Dilma era, de até junho, repatriar R$ 5 bilhões. O até ontem ministro Romero Jucá falou que até agora só foi repatriado R$ 1 bilhão. A gente quer ver esta contabilidade. Ainda tem a questão do contingenciamento. Eles disseram que precisaram descontingenciar para o país não parar, mas o país não estava parado”, afirmou.

Berço da cerveja é a China, descobrem arqueólogos


Fragmentos de jarras de barro, com vestígios de cerveja, foram encontrados por arqueólogos no norte da China. A análise espectral mostrou que nestes potes foi guardada cerveja. As evidências obtidas por cientistas são provas de que a tecnologia de produção de cerveja foi dominada pelos chineses ainda 5000 anos atrás.

Naquela época, existia uma receita única de produção da bebida, que combinava elementos das tradições tanto ocidental quanto oriental do processo cervejeiro. A análise dos vestígios amarelos da cerveja antiga encontrados nos potes cerâmicos mostrou que a bebida foi produzida com base em cevada, painço, tubérculos e chocalheira.

O que surpreendeu os cientistas foi o fato de os chineses daquela época cultivarem cevada. Anteriormente, era considerado que este produto só apareceu na China mil anos mais tarde. Os historiadores observam que a cevada era utilizada na China como ingrediente da cerveja e só depois começaram a cultivá-la para comer.

Os artefatos foram encontrados por arqueólogos no norte da China, perto do Rio Wei. As escavações foram feitas nos dois sítios arqueológicos datados dos anos 3.400 – 2.900 anos antes de Cristo. Durante os trabalhos, os arqueólogos encontraram os objetos utilizados na produção e armazenamento de cerveja.

A receita da bebida antiga permanece desconhecida, porém os cientistas acreditam que tinha um sabor semelhante ao atual, ligeiramente adocicado.

Publicada exoneração de Romero Jucá no Diário Oficial

O Diário Oficial da União publica hoje decreto com a exoneração do ministro do do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Romero Jucá. Ontem, Jucá (PMDB-RR) anunciou que iria se licenciar do cargo até o Ministério Público Federal se manifestar sobre as denúncias contra ele. Antes disso, Jucá negou que tenha tentado obstruir as investigações da Operação Lava Jato e chegou a dizer que não iria pedir afastamento do cargo, além de afirmar que não temia ser investigado.

Com a saída de Jucá do ministério, o presidente interino Michel Temer disse que o ex-ministro do Planejamento Romero Jucá continuará auxiliando o governo no Congresso, após deixar o cargo.

Em nota divulgada no começo da noite, Temer agradeceu Jucá pelo trabalho desempenhado no ministério, para o qual havia sido nomeado no último dia 12.

Denúncia
A edição de ontem (23) do jornal Folha de S.Paulo divulgou trechos de gravações obtidas pelo jornal que mostram conversas entre o ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Nas gravações, o ministro sugere que seria preciso mudar o governo para “estancar” uma “sangria”. Segundo as informações do jornal, o ministro estaria se referindo à Operação Lava Jato, que investiga fraudes e irregularidades em contratos da Petrobras.

Segundo a reportagem publicada pela Folha, os diálogos ocorreram em março deste ano. As datas não foram divulgadas, mas o jornal diz que as conversas ocorreram semanas antes da votação do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. De acordo com o texto, Machado teria procurado líderes do PMDB por temer que as apurações sobre ele, que estão no Supremo Tribunal Federal (STF), fossem enviadas para o juiz federal Sérgio Moro, em Curitiba, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância.

Nos trechos publicados, Machado diz que está preocupado com as possíveis delações premiadas que podem ser feitas. “Queiroz [Galvão] não sei se vai fazer ou não. A Camargo [Corrêa] vai fazer ou não. Eu estou muito preocupado porque eu acho que... O Janot [procurador-geral da República] está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho”.

Jucá responde que Machado precisava ver com seu advogado “como é que a gente pode ajudar” e cita que é preciso haver uma resposta política e mudança no governo. “Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria”, disse o ministro, segundo o jornal.

No diálogo publicado, Machado diz que a “solução mais fácil” era ter o então vice-presidente Michel Temer na presidência e que seria preciso fazer um acordo. “É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional” e Jucá responde: “Com o Supremo, com tudo”. Logo em seguida Machado diz: “Com tudo, aí parava tudo” e o ministro concorda: “É. Delimitava onde está, pronto”.

Em entrevista na manhã de ontem, Jucá negou que tenha tentado obstruir as investigações da Operação Lava Jato. “Nunca cometi e nem cometerei qualquer ato para dificultar qualquer operação, seja Lava Jato, ou qualquer outra”, disse Jucá, que também criticou a matéria da Folha por publicar “frases soltas dentro de um diálogo”.

Licença de Jucá agrada aliados na Câmara; oposição critica

O pedido de licença do senador Romero Jucá (PMDB-RR) do Ministério do Planejamento, no final da tarde de hoje (23), em função das denúncias contra ele, agradou líderes aliados do governo do presidente interino Michel Temer. Antes da decisão de Jucá, os líderes diziam que estavam se sentindo desconfortáveis com a situação do governo de ter entre os seus ministros investigados pela Operação Lava Jato.

Enquanto os líderes falavam no Salão Verde da Câmara sobre as denúncias envolvendo o então ministro do Planejamento, que se encontrava no Senado junto com o presidente interino da República, chegou a notícia de que o próprio Jucá anunciava sua licença do ministério. Os líderes mudaram o discurso e passaram a elogiar a atitude de Romero Jucá e a rapidez na decisão do afastamento.

“Decisão acertadíssima. Decisão esperada por todos nós. Ele (Jucá) terá agora a oportunidade de se dirigir à Procuradoria-Geral da República (PGR), tomar conhecimento dos fatos e se defender”, disse o líder do PSDB, deputado Antonio Imbassahy (BA). Segundo o líder, se Jucá provar que não tem nenhum tipo de culpa nesses episódios todos, ele “fica em situação muito melhor”.

Se posicionando contra Jucá ter assumido cargo no novo governo, o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), elogiou a licença do ministro do cargo. “O pedido de licença, neste momento, do cargo, apesar do desgaste que já causou ao governo, é um ato meritório daqueles que querem contribuir para o bem do país, porque ele [Jucá] no governo, a crise está dentro do governo, saindo do governo, a crise está com ele e aí ele vai se defender daquilo que está sendo acusado”, disse.

Para Bueno, é insustentável para um ministro permanecer no cargo com acusações da Lava Jato, que está sendo aplaudida por milhões de brasileiros.  “Ninguém consegue, de forma alguma, ficar de pé num cargo de governo com denúncias da Lava Jato. Todos aqueles que tiverem investigações da operação devem ser afastados”, propôs o líder.

Oposição
O deputado Silvio Costa (PTdoB-PE), ex-vice-líder do governo da presidenta afastada Dilma Rousseff, ironizou o pedido de licença de Romero Jucá do ministério.  “Isso é balela, isso não existe, é uma coisa inusitada. O regimento não permite pedir licença. Ele não pode ser senador e ministro licenciado ao mesmo tempo, ou seja, isso é uma figura, uma engenharia regimental que ele arranjou. Ou ele é ministro ou é senador. Então ele não teve coragem de dizer 'estou pedindo demissão' e arranjou essa palavra 'estou licenciado'”, disse.

Jucá será exonerado nesta terça-feira para reassumir mandato no Senado

Apesar de o ministro do Planejamento, Romero Jucá, anunciar que vai se licenciar da pasta para aguardar uma manifestação da Procuradoria-geral da República (PGR) sobre a conversa que teve com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, sobre a Operação Lava Jato, Jucá será exonerado do cargo para reassumir o mandato no Senado e a portaria com a exoneração será publicada nesta terça-feira (24).

Irritado, Jucá disse que pretende voltar ao Senado para fazer “o enfrentamento” e evitar “babaquices” e manipulações da oposição, como o PT. “Sou o presidente do PMDB, sou um dos construtores desse novo governo e não quero, de forma nenhuma, deixar que qualquer manipulação mal intencionada possa comprometer o governo. Portanto, enquanto o Ministério Público não se manifestar, aguardo fora do ministério o posicionamento. Se ele se manifestar que não há crime, que é o que acho, caberá ao presidente Michel Temer me reconvidar ou não”, disse Jucá.

Jucá avaliou que seu afastamento do ministério não vai prejudicar a aprovação da nova meta fiscal de R$ 170,5 bilhões. “A meta é uma meta de governo, que foi feita por mim e pelo ministro [da Fazenda, Henrique] Meirelles. É técnica, um dado de responsabilidade, e vamos aprovar a meta”.

Gravação
Romero Jucá voltou a negar que tenha cometido crime no diálogo que teve o ex-presidente da Transpetro. “A sangria é de um modo geral, sobre a questão política, econômica social. O governo estava sangrando, o país estava sangrando. Portanto, essa questão é geral, eu tenho dito isso em diversas entrevistas. Não se atenham a uma frase, se atenham ao contexto do que eu tenho dito em entrevistas nas páginas amarelas da Veja, na Isto é, na Época, na Folha de S.Paulo, no Roda Vida. Tenho debatido isso o tempo todo, não mudo um milímetro do que eu tenho dito”, argumentou Jucá.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, em conversa com Machado, Jucá sugere um “pacto” para tentar barrar a Operação Lava Jato. De acordo com o jornal, Machado afirma estar preocupado por acreditar que ele seria alvo do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, devido a relação dele com a cúpula do PMDB. Machado já foi citado por delatores da Lava Jato.

Em resposta a Machado, Jucá diz que a solução tem que ser política. “Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. Tem que ser política, advogado não encontra [inaudível]. Se é político, como é a política? Tem que resolver essa p... Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria”, disse Jucá, segundo a reportagem.

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