O pedido de licença do senador Romero Jucá (PMDB-RR) do
Ministério do Planejamento, no final da tarde de hoje (23), em função
das denúncias contra ele, agradou líderes aliados do governo do
presidente interino Michel Temer. Antes da decisão de Jucá, os líderes
diziam que estavam se sentindo desconfortáveis com a situação do governo
de ter entre os seus ministros investigados pela Operação Lava Jato.
Enquanto
os líderes falavam no Salão Verde da Câmara sobre as denúncias
envolvendo o então ministro do Planejamento, que se encontrava no Senado
junto com o presidente interino da República, chegou a notícia de que o
próprio Jucá anunciava sua licença do ministério. Os líderes mudaram o
discurso e passaram a elogiar a atitude de Romero Jucá e a rapidez na
decisão do afastamento.
“Decisão acertadíssima. Decisão esperada por todos nós. Ele (Jucá)
terá agora a oportunidade de se dirigir à Procuradoria-Geral da
República (PGR), tomar conhecimento dos fatos e se defender”, disse o
líder do PSDB, deputado Antonio Imbassahy (BA). Segundo o líder, se Jucá
provar que não tem nenhum tipo de culpa nesses episódios todos, ele
“fica em situação muito melhor”.
Se posicionando contra Jucá ter
assumido cargo no novo governo, o líder do PPS, deputado Rubens Bueno
(PR), elogiou a licença do ministro do cargo. “O pedido de licença,
neste momento, do cargo, apesar do desgaste que já causou ao governo, é
um ato meritório daqueles que querem contribuir para o bem do país,
porque ele [Jucá] no governo, a crise está dentro do governo, saindo do
governo, a crise está com ele e aí ele vai se defender daquilo que está
sendo acusado”, disse.
Para Bueno, é insustentável para um
ministro permanecer no cargo com acusações da Lava Jato, que está sendo
aplaudida por milhões de brasileiros. “Ninguém consegue, de forma
alguma, ficar de pé num cargo de governo com denúncias da Lava Jato.
Todos aqueles que tiverem investigações da operação devem ser
afastados”, propôs o líder.
Oposição
O
deputado Silvio Costa (PTdoB-PE), ex-vice-líder do governo da presidenta
afastada Dilma Rousseff, ironizou o pedido de licença de Romero Jucá do
ministério. “Isso é balela, isso não existe, é uma coisa inusitada. O
regimento não permite pedir licença. Ele não pode ser senador e ministro
licenciado ao mesmo tempo, ou seja, isso é uma figura, uma engenharia
regimental que ele arranjou. Ou ele é ministro ou é senador. Então ele
não teve coragem de dizer 'estou pedindo demissão' e arranjou essa
palavra 'estou licenciado'”, disse.
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