Carolina Gonçalves – Agência Brasil
Sem quórum na Comissão Mista de Orçamento (CMO) pela segunda
tentativa, a decisão sobre o projeto que altera a meta de resultado
primário do governo federal (PLN 1/16) acabou ficando nas mãos do
plenário do Congresso Nacional que se reúne ainda hoje. A sessão
conjunta que estava marcada para 11h só deve alcançar o quórum mínimo de
parlamentares – 41 senadores e 257 deputados – no meio da tarde, para
então começarem os debates.
A estratégia do presidente da CMO,
deputado Arthur Lira (PP-AL), no início do dia era tentar, pelo menos,
iniciar os debates para acelerar a votação do projeto. “Independente da
votação ocorrer na comissão ou no plenário, esta questão [meta fiscal]
tem que ser solucionada”, defendeu o parlamentar. Apesar de todo o
esforço de Lira, que abriu a sessão da comissão mais de 30 minutos
depois do horário marcado, nem os debates foram iniciados.
Por mais de uma hora, a reunião foi marcada por um tumulto
protagonizado pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) que gritava
exaltada tentando ser ouvida pelo colegiado. Não integrante da CMO,
Gleisi afirmou falar como líder e argumentou que o tempo regimental para
atingir o quórum tinha sido esgotado.
Resistência
Lira
insistiu em continuar a sessão mas acabou desistindo pela falta de um
senador: o mínimo necessário para a deliberação seriam seis senadores e
16 deputados. Mesmo sem o resultado esperado, o presidente da CMO se
mantém otimista em relação à votação do texto, que precisa ocorrer até a
próxima segunda-feira (30). “Temos número suficiente para aprovar a
meta”, garantiu. Segundo ele, já há sinalização favorável inclusive do
PDT.
Por outro lado, a estimativa de déficit primário de R$ 170,5
bilhões sofrerá resistência de parlamentares do PT e PCdoB que defendem
mais tempo para discutir o texto. O debate no plenário do Congresso
deve seguir acalorado, já que petistas defendem que, para a votação
dispensar deliberação da CMO, seria necessário um acordo de líderes, o
que não ocorreu.
Sílvio Costa (PTdoB-PE), que foi vice-líder do
governo Dilma Rousseff na Câmara, lembrou que não vai aceitar qualquer
tentativa de “construção de herança maldita” e vai querer
esclarecimentos sobre o texto elaborado pela equipe do presidente da
República interino Michel Temer. “Eles têm que provar, por exemplo, a
questão da repatriação [de recursos no exterior]. A previsão do governo
da presidente Dilma era, de até junho, repatriar R$ 5 bilhões.
Até
ontem, o ministro Romero Jucá falou que só foi repatriado R$ 1 bilhão. A
gente quer ver esta contabilidade. Ainda tem a questão do
contingenciamento. Eles disseram que precisaram descontingenciar para o
país não parar, mas o país não estava parado”, afirmou.
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