Esta
se tornando corriqueiro para os Ministérios Publico Federal e Estadual
receberem denuncias contra o deputado estadual Gildevan Alves Fernandes
(PV/ES).
De
maio de 2009 a maio de 2012 foram cinco denuncias.
A
primeira foi em maio de 2009, quando, a Justiça Federal atendendo pedido do
Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF/ES), condenou o
ex-prefeito de Pinheiros e deputado estadual eleito pelo Partido Verde (PV),
Gildevan Alves Fernandes, por envolvimento no esquema de licitações irregulares
para a compra de ambulâncias que ficou conhecido como Máfia dos Sanguessugas. A
ação foi ajuizada em 29 de maio de 2009.
As
irregularidades na Prefeitura de Pinheiros, em 2002, geraram superfaturamento
de R$ 17.242,00 na compra de unidade móvel de saúde; em 2005, o
superfaturamento foi de R$ 12.006,02, na aquisição de outro veículo semelhante.
Por
esse crime o MPF/ES condenou Gildevan à perda da função pública que
eventualmente esteja ocupando no momento do trânsito em julgado da sentença; à
suspensão dos direitos políticos por cinco anos; ao pagamento de multa em valor
equivalente ao dobro do valor do dano, que deverá ser revertida em favor de
instituição de assistência social preferencialmente localizada em Pinheiros; e
ao ressarcimento integral do dano.
A
segunda denuncia recebida pelo Ministério Publico Estadual (MPE/ES) contra o
deputado Gildevan, é o de uma tentativa de estupro, praticada contra
Débora Cardoso Silva, que é funcionária pública concursada da
prefeitura de Pinheiros.
Em
audiência pública na CPMI da Mulher em Vitória, Débora, conforme já havia
relatado em carta pública postada na rede social facebook no grupo “Consciência
Política Razão Social” e posteriormente enviado cópia para a imprensa, relatou
os detalhes da tentativa do crime. Ela descreve que foi assediada pelo
parlamentar durante uma carona que recebera dele quando retornava de Boa
Esperança para Pinheiros. No carro só estavam eles dois, e o deputado teria se
insinuado sexualmente e feito várias perguntas maliciosas.
Ela
havia passado por uma cirurgia de lipoaspiração há poucos dias e, por
recomendação médica, usava uma cinta abdominal, acessório que, segundo a
vítima, pode ter ajudado a evitar a consumação do estupro.
O
processo já foi concluído pelo MPES, e em breve, deve ser encaminhado à
Justiça.
A
terceira denuncia contra o deputado Gildevan, também é de tentativa
de abuso sexual. De acordo com a mãe da vítima, que prefere não se
identificar, o deputado teria tentado “agarrar” sua filha, uma adolescente de
apenas 14 anos dentro da casa da família.
A
tentativa de abuso teria ocorrido em 2010, no município de Pinheiros, época em
que Gildevan estava em campanha para deputado estadual, e teria ido à casa da
vitima pedir votos.
A
mãe da adolescente contou que o procurador questionou o casal sobre a demora
para denunciar o caso. “Ele chegou a perguntar se a denúncia estava sendo feita
agora porque estamos em ano eleitoral”. A mãe da adolescente, explicou, porém,
que na época dos fatos chegou a enviar uma carta por e-mail ao senador Magno
Malta (PR). “Como se tratava de um caso de pedofilia e o senador estava com a
CPI da Pedofilia no auge, decidimos apelar para ele, mas não deu em nada. “Ele
nunca respondeu nossa carta”, lamentou.
Além
da dificuldade para lidar com um assunto tão delicado numa cidade pequena, a
mãe da adolescente afirmou que a família também pensou duas vezes antes de
levar o caso à polícia. “O irmão do deputado é escrivão de polícia. Imagina o
constrangimento que seria para nós fazer um boletim de ocorrência contra o
irmão dele”, questionou.
A
mãe da jovem acrescentou que só se encorajou a denunciar o abuso após tomar
conhecimento do caso da servidora Débora Cardoso Silva, que decidiu assumir
publicamente as acusações contra o deputado. “Não conhecia a Débora
pessoalmente, mas depois que ela denunciou o deputado, criei coragem para
denunciar também. Ele não pode ficar impune. Pensei, ou a gente denuncia ou
fica conivente com a situação”.
No
último dia 17 de maio, os pais da jovem prestaram depoimento como testemunhas
no caso da funcionária pública Débora Cardoso Silva, que foi a primeira vítima
a denunciar o deputado por abuso sexual, ainda em 2011. O caso, no MPES, está
sendo conduzido pelo procurador de Justiça Josemar Moreira, que ouviu os pais
da adolescente.
A
quarta denuncia recebida pelo Ministério Publico do ES contra o deputado,
também é de abuso sexual, desta vez cometido contra duas moradoras também da
cidade de Pinheiros. Uma das vítimas, inclusive, seria parenta do deputado, e
as duas mulheres estão sob proteção policial.
Lembrando
ainda que, no crime da Máfia dos Sanguessugas em maio de 2009, onde
o deputado Gildevan foi condenado pelo MPF/ES à perda da função pública, o senador
Magno Malta (PR) também
foi citado, e muito provavelmente por isso, aquele
senador que, além de cantar aos quatro ventos ser defensor
ferrenho, e de sempre usar aquela camisa preta com os dizeres “Todos contra a
pedofilia” não tenha se sensibilizado com o pedido daquela mãe, que teve sua
filha de apenas 14 anos vitimada pelo crime hediondo praticado por seu amigo.