Dois
deputados do PDT recorreram hoje (7) ao Supremo Tribunal Federal (STF) para
pedir a suspensão da tramitação da denúncia apresentada contra o presidente
Michel Temer na Câmara dos Deputados. Em função do período de recesso na Corte,
a questão será decidida pela presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia.
No
mandado de segurança, os deputados Afonso Motta (PDT-RS) e André Figueiredo
(PDT-CE) pedem que o STF conceda uma liminar para obrigar o presidente da
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG),
a colocar em votação no colegiado os requerimentos que foram feitos por
parlamentares da comissão, como a participação do procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, responsável pela denúncia contra Temer.
Ontem
(6), o presidente da CCJ indeferiu, por meio de uma decisão individual,
todos os requerimentos apresentados por deputados para realização de oitivas,
entre eles, o convite para a participação de Janot. Desde que o processo chegou
à Câmara, na última quinta-feira (29), 22 requerimentos foram apresentados à
CCJ solicitando também a oitiva de outras pessoas ligadas às investigações.
Parte dos pedidos solicita o comparecimento dos executivos do grupo J&F,
Joesley Batista e Ricardo Saud, que firmaram acordo de delação premiada, além
dos ex-assessores de Michel Temer, José Yunes e Rodrigo Rocha Loures.
Rede
No
início da noite, a Rede também ingressou com mandado de segurança no STF com o
mesmo objetivo. No recurso, o partido pede que Cármen Lúcia determine a
participação de Janot na CCJ e que os requerimentos sejam votados pelos
integrantes da comissão, já que foram rejeitados “monocraticamente”, segundo o
deputado Alessandro Molon (Rede-RJ).
“Todo
processo em qualquer lugar do mundo prevê que as duas partes se manifestem. Não
é razoável que no processo que vai afastar a maior autoridade do país apenas a
defesa fale. Nós queremos que a acusação possa falar também e manifestar as
razões pelas quais é fundamental retirar Temer da Presidência da República. Um
processo em que só um lado fala é um processo torto, enviesado, praticamente
destinado a produzir um determinado resultado”, afirmou.
Denúncia
No
inquérito, Temer é acusado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
de ter aproveitado da condição de chefe do Poder Executivo e recebido, por
intermédio do seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, “vantagem indevida” de R$
500 mil. O valor teria sido ofertado pelo empresário Joesley Batista, dono do
grupo JBS, investigado pela Operação Lava Jato.
A defesa
do presidente Michel Temer argumenta que as provas contidas na denúncia
não são concretas e que o presidente não cometeu nenhum ilício. Temer fez um
pronunciamento em que classificou a denúncia de "peça de ficção" e
questionou a atuação de Janot.
De
acordo com a Constituição, a denúncia apresentada contra Temer somente poderá
ser analisada pelo STF após o voto favorável, em plenário, de 342 deputados, o
equivalente a dois terços do número de membros da Câmara. Na CCJ, será votado
um parecer a favorável ou não à abertura do processo, mas a decisão final cabe
ao plenário da Casa. Saiba quais são os próximos passos da
tramitação.
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