O
deputado Hidekazu Takayama (PSC-PR) entra na presidência da bancada evangélica
para substituir João Campos (PRB-GO). Com promessa de redobrar os esforços
contra os direitos LGBT e das mulheres, a bancada evangélica tem em Michel
Temer um aliado fiel.
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Redação
A
bancada evangélica, composta por 188 deputados (100 atuantes, segundo a Folha),
constitui um imenso poder no Congresso Nacional, que é a expressão parlamentar
da imensa influência política e do capital que concentram em suas mãos os donos
das poderosas igrejas brasileiras.
Se
nos governos petistas a busca de Dilma e Lula pela sua estratégia de alianças
para a "governabilidade" levou a dar as mãos a conservadores
reacionários dessa bancada, como Marco Feliciano e seu partido, o PSC - aliás,
o mesmo do novo presidente da bancada - , no período pós-golpe Temer garantiu
uma aproximação imediata e profunda com esse setor que compõe parte do que há
de mais nocivo na política nacional.
Após
reunião na semana passada no Palácio do Planalto com setores da bancada, Temer
divulgou, ainda no mesmo dia, um documento de orientação nacional curricular em
que foram vetadas todas às orientações relativas à identidade de gênero e
orientação sexual, garantindo que o Brasil permaneça como país recordista em
LGBTfobia e assassinatos de homossexuais e de pessoas trans em todo o mundo.
A
reportagem da Folha de S. Paulo divulgou trechos da pregação do pastor-deputado
na cerimônia feita dentro da Câmara (mostrando que o Estado laico é uma ficção
no Brasil), em um culto que ocorre todas as quartas. Takayama dizia a seus
colegas frases como "Você é um
príncipe, Deus te colocou no parlamento.", em uma exaltação que
lembrava o voto dos deputados pelo golpe, há exato um ano, em que reafirmavam
seu voto "por Deus e por sua família".
A
promessa da bancada evangélica, agora contando com apoio entusiasta do
Planalto, é seguir sua cruzada contra qualquer tipo de direito das mulheres e
LGBTs, bem como sua defesa da proibição das drogas que mata milhares de jovens
negros nas periferias.
Segundo
a Folha, em uma hora de entrevista em seu gabinete, ele mencionou 29 vezes a
família e sua intenção de defendê-la. Contanto que seja, é claro,
heteronormativa e monogâmica. Ao atacar o direito dos homossexuais de
constituírem suas famílias, ele argumenta: "Somos coerentes com as leis naturais".
As
"leis naturais" da bancada evangélica, contudo, já são muito claras
para quem acompanhe sua prática ao longo dos anos, seja na sua pregação, seja
no parlamento: corrupção, enriquecimento ilícito, exploração da fé alheia para
pregar o ódio e a intolerância, discriminação com mulheres e LGBTs, racismo e
perseguição às religiões de matriz africana.
São
a vanguarda do atraso em muito aspectos. Não é à toa que ocupam tantas cadeiras
em um parlamento de corruptos e privilegiados, que atuam em defesa dos
capitalistas e de seus interesses. Só a classe trabalhadora, ao lado das
mulheres, negros e LGBTs pode oferecer uma saída a esse obscurantismo.
Fato que essa bancada (in)vangélica é a expressão da ignorância nacional. Muitos são eleitos porque o cidadão religioso e simpático às seitas dos pentecostais acredita que estará colocando no poder um "homem de Deus". Mas o que esperar de uma nação que perdeu sua formação crítica com a alienação imposta pela ditadura militar e muito bem concluída pela mídia sensacionalista?! Agora então com as redes sociais e o abandono cada vez maior da leitura pelo brasileiro, não será difícil um retorno à Idade Média.
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