O Fundo das Nações
Unidas para a Infância (Unicef) defende o engajamento e a mobilização da
sociedade no enfrentamento ao mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue, do vírus
Zika e da febre chikungunya. A pediatra Francisca Maria Andrade, especialista
em programas do Unicef, diz que é necessária uma mudança de comportamento dos
brasileiros em relação ao mosquito para que o combate seja eficiente.
“Precisamos que haja
um engajamento, uma mobilização muito grande da sociedade, mudança de
comportamento e os meios de comunicação têm uma importância destacada”,
apontou.
O Unicef está
acompanhando as ações do Ministério da Saúde e das secretarias estaduais e
municipais para combater a proliferação do mosquito, e também monitora a
evolução dos casos de microcefalia no Brasil. A malformação em
recém-nascidos está relacionada à infecção das mães pelo vírus Zika.
Por meio do projetos
Selo Município Aprovado e Plataforma dos Centros Urbanos, mais de 1,6 mil
municípios da Amazônia, do Semiárido e dos grandes centros urbanos estão
articulados com o Unicef em um trabalho que mobiliza uma rede de articuladores
e adolescentes.
“A ideia é reforçar o
trabalho que vem sendo feito, especialmente de combate ao mosquito, porque se
conseguirmos combater o mosquito, vamos reduzir infecção pelo Zika, chikungunya
e dengue, que comprometem muito a saúde e podem levar à morte.”
Segundo a médica,
mesmo tendo informações sobre o Aedes aegypti, muitas pessoas não verificam os
locais de foco do mosquito. Embora reconheça que a mudança de comportamento não
é fácil, Francisca diz acreditar nos efeitos da campanha do Ministério da Saúde
que estimula a população a fazer uma avaliação semanal nas residências,
condomínios e locais de trabalho, com o objetivo de interromper o ciclo do
mosquito. O Aedes aegypti passa de larva à fase adulta em uma semana.
A especialista em
programas do Unicef lembrou que, mesmo que um agente de saúde ou de endemias
passe por uma residência, a visita só se repetirá em três meses ou mais. “Aí já
criou muito mosquito neste período. É preciso que haja a consciência de cada
cidadão não só para proteger a população brasileira, mas os nossos visitantes.
A gente tem várias cidades que dependem do turismo e não gostaríamos que
houvesse um comprometimento da nossa economia por conta da redução dos turistas
no nosso país.”
No caso de empresas, a
recomendação da Unicef para as instituições que queiram aderir à campanha de
combate ao Aedes aegypti é criar brigadas contra o inseto nas comissões
internas de prevenção de acidentes (Cipas). De acordo com a especialista do
Unicef, algumas secretarias estaduais de saúde estão fazendo treinamento de
funcionários em empresas. “São brigadas que podem se juntar às Cipas para
também proteger os funcionários desse agravo que seriam as infecções
transmitidas pelo mosquito".
Teste
rápido
Na avaliação de Francisca, o teste rápido para diagnóstico da dengue, Zika e chikungunya, que começará a ser distribuído para os laboratórios centrais da Fundação Oswaldo Cruz até o fim de fevereiro, vai contribuir para o tratamento das doenças.
“A gente já tem uma
boa experiência no Brasil com o teste rápido do HIV, que traz resultado em 15
ou 20 minutos para dar uma resposta, então, se a gente tiver também nas três
doenças causadas pelo Aedes, vai ser um avanço maravilhoso para o diagnóstico e
para o tratamento das pessoas”.
A pediatra defendeu
que gestantes, crianças e idosos tenham prioridade no uso dos testes. “O ideal
é que este teste esteja disponível para a população inteira, para todos que
manifestem os sinais e sintomas das doenças, que procurem os serviços de saúde,
mas com prioridade para esses grupos”, apontou.
Segundo a especialista,
atualmente, os diagnósticos de Zika se baseiam nas manifestações clínicas como
sinais e sintomas, o que dificulta a definição de estatísticas da doença no
Brasil.
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