terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

As dificuldades de um mediador frente a multiplicidade de conceitos


 Por Dag Vulpi

Alguns acontecimentos recentes nesta magnífica rede social que é o Facebook, onde quase todos os cidadãos do mundo possuem o direito à participação, me fizeram refletir sobre alguns pontos. Foquei principalmente, talvez até por ser administrador de um deles, na forma como os grupos ali criados conseguem atrair a atenção de muitos e, consequentemente, a solicitação da maioria para se tornarem membros desses grupos.

Normalmente, os grupos são criados com objetivos bem definidos, e suas concepções são "gestadas" durante ou na sequência de um bom debate realizado entre formadores de opinião sobre um assunto específico e de interesse coletivo.

Nove entre dez grupos do Facebook possuem como foco principal tratar de assuntos relacionados à política. E é esse detalhe, a política, que torna esses grupos tão interessantes, onde basta uma vírgula mal colocada durante um debate para transformar o grupo em um grande barril de pólvora. É nesses momentos de efervescência que os administradores finalmente são lembrados e "convidados" a mediar os ânimos, atuando como bombeiros para apagar o fogo o mais rápido possível e com o menor dano possível.

Por serem previamente projetados, eles são, em sua quase totalidade, direcionados para determinada matriz ideológica político-partidária, seja ela de esquerda, centro ou direita. O que deve ser evitado para a harmonia e bom entendimento entre todos os membros desses grupos é a miscelânea dessas matizes, pois os grupos que insistirem em não respeitar essas regras correm um sério risco de fracasso.

Há alguns anos, eu e mais alguns amigos resolvemos desafiar essas regras, imaginando ser possível reunir, com imparcialidade, tato e bom senso, uma multiplicidade de conceitos e culturas inerentes aos variados membros que pretendíamos agregar. Cada um teria que conviver da forma mais harmoniosa possível diante das diferenças dos outros. Assim nasceu o grupo Consciência Política e Razão Social.

No início, com um número reduzido de membros, a mediação de divergências era uma tarefa fácil. Porém, com o sucesso do grupo e o consequente aumento do interesse de novos participantes, as coisas começaram a ficar mais difíceis. Um complicador maior foi o fato de que, mesmo entre os criadores do grupo que idealizaram um espaço suprapartidário, alguns não conseguiam mais manter uma postura neutra diante de determinadas críticas, que nitidamente eram direcionadas propositalmente para desestabilizá-los.

No início, os ânimos eram contidos entre nós mesmos através de mensagens inbox, mas com o passar do tempo a situação foi ficando incontrolável, chegando ao ponto de haver um racha entre os criadores do grupo. A situação saiu do nosso controle, e só havia duas saídas: ou aqueles que estavam sofrendo pressão de determinada parcela de participantes por fazerem parte de uma mesma corrente ideológica assumiam o comando e transformavam o grupo em mais um espaço partidário, ou eu assumiria, por conta e risco, a defesa do grupo como ele havia sido idealizado. Infelizmente, não foi possível um acordo entre nós criadores do grupo, e minha postura de defender a continuidade do grupo conforme ele foi idealizado custou-me algumas amizades e uma enxurrada de críticas, principalmente de membros que tentaram transformar um espaço plural em algo unilateral.

O tempo passou, as feridas cicatrizaram, e alguns dissidentes retornaram.

Porém, afirmo que seria impossível manter o grupo minimamente coerente e com um relacionamento satisfatório entre os membros, apesar de tantas diferenças, caso eu tivesse alguma preferência partidária. Quem de fato me conhece sabe o quanto gosto de política, inclusive das participações ativas que já tive à frente de executivas de partidos políticos do meu município. Mas consigo, apesar de muitos não concordarem, manter-me apartidário — o que não se confunde com apolítico — e certamente é por esse motivo que consigo, ainda que não da forma ideal, manter a unidade do grupo.

A interação harmoniosa numa rede social não é tarefa fácil, dada a multiplicidade de conceitos e culturas que o tempo lapidou em cada um de nós.

2 comentários:

  1. bom, bom mesmo...
    http://homehinos.blogspot.com.br/
    http://homehinos.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Boa noite homehinos,

      Seja sempre bem-vindo!
      Agradeço sua visita e participação.

      Fraterno abraço e sucesso.

      Excluir

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Abração

Dag Vulpi

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