terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Na Europa, Dilma avisa: "Venezuela não é Ucrânia"


Presidente Dilma Rousseff saiu em defesa da Venezuela e rechaçou comparações entre as manifestações no país sul-americano e a crise na Ucrância; "Não cabe ao Brasil discutir a história da Venezuela nem o que ela deve fazer, pois iria contra o que defendemos em termos de politica externa. É importante que se olhe para a Venezuela sempre do ponto de vista também dos efetivos ganhos sociais que eles tiveram nesse processo, em termos de saúde e de educação para o seu povo", afirmou; posição contrasta com a de seu adversário, o senador Aécio Neves; mais cedo, ele criticou a posição do Brasil em relação aos protestos no país parceiro

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (24) que há diferenças entre a crise na Ucrânia e as manifestações na Venezuela, onde os protestos já causaram, até agora, 13 mortes. "Não cabe ao Brasil discutir a história da Venezuela nem o que ela deve fazer, pois iria contra o que defendemos em termos de politica externa. Não nos manifestamos sobre a situação interna dos países. É importante que se olhe para a Venezuela sempre do ponto de vista também dos efetivos ganhos sociais que eles tiveram nesse processo, em termos de saúde e de educação para o seu povo", afirmou.

"Quando há o vazio politico, é possível que outro o ocupe. Mas há sempre um outro candidato que busca ocupá-lo. Ele se chama caos. Com o caos vem toda a desconstrução econômica, social e politica. O caso da Venezuela é distinto, não é uma situação igual à da Ucrânia. Sempre tivemos dentro dos órgãos latino-americanos uma posição de dar apoio À democracia, e vamos continuar", defendeu.  Declarações de Dilma foram dadas à imprensa, em Bruxelas, onde a presidente se encontrou com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e o presidente do Conselho Europeus, Herman Van Rompuy.
DIAS DIFÍCEIS NA VENEZUELA
A situação na Venezuela continua muito complicada. Manifestantes contrários ao governo montaram barricadas e iniciaram incêndios na capital nesta segunda-feira (24), apesar dos chamados da oposição para um maior controle dos protestos que já provocaram a morte de pelo menos 13 pessoas no maior protesto popular do país em uma década.
O tráfego ficou confuso em Caracas e muitas pessoas permaneceram em casa, uma vez que os manifestantes queimaram lixo e empilharam material nas principais avenidas, um dia depois de o líder da oposição Henrique Capriles pedir que os protestos fossem pacíficos.
"Sabemos que estamos incomodando as pessoas, mas temos que acordar Venezuela", disse Pablo Herrera, um estudante de 23 anos, perto de uma barricada no distrito de Los Palos Grandes, em Caracas.
As autoridades do Estado fronteiriço de Táchira confirmaram outra morte: um homem que caiu de seu apartamento no segundo andar depois de ser atingido por uma bala de um protesto nas proximidades.
As manifestações são o maior desafio enfrentado pelo presidente Nicolás Maduro durante o seu governo de dez meses, mas não há sinais de que ele possa sair do poder ou que os carregamentos de petróleo do maior exportador do produto da América Latina possam ser afetados.
O governo diz que 529 pessoas foram acusadas pelos protestos - a maioria recebeu apenas uma advertência, mas 45 foram para a cadeia. Cerca de 150 pessoas ficaram feridas, segundo autoridades.
Capriles, de 41 anos, rejeitou um convite para se reunir com Maduro à tarde, como parte de um encontro de prefeitos e governadores que poderia abrir o diálogo entre ambos os dois lados após duas semanas de violência.
"Este é um governo que está morrendo... eu não vou ser como a orquestra do Titanic", disse ele a jornalistas. "Miraflores (palácio presidencial) não é o lugar para falar de paz, é o centro de operações de abusos dos direitos humanos."
Capriles e outros líderes da oposição exigem que o governo liberte o líder preso das manifestações, Leopoldo López, e mais uma dezena de estudantes que participavam de protestos.
Eles também querem que Maduro desarme grupos pró-governo e faça algo em relação a problemas como criminalidade e falta de produtos básicos. Alguns líderes estudantis, no entanto, querem a saída do presidente.
"Se há uma coisa que esses protestos violentos têm feito é unir o 'chavismo'", disse Maduro à televisão estatal, usando o termo que se refere aos partidários do governo durante a gestão de 14 anos de seu antecessor, Hugo Chávez.
O presidente, um ex-sindicalista de 51 anos, seguidor de Chávez, acusa os adversários de planejar um golpe com o apoio de Washington.
A mãe de López disse que o filho preso está bem. "Ele é forte, mas ele é um prisioneiro, e para uma mãe, é terrível ver o filho na cadeia", declarou Antonieta López à Reuters.
Do Brasil 247 (com Agência Reuters)

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