Ministério Público Federal quer acesso ao material recolhido pelo Cade nos escritórios de empresas como Alstom e Siemens, que ajudaram a financiar a campanha de Alckmin
por Redação do site da Revista Carta capital
O Ministério
Público Federal em São Paulo pediu à justiça acesso ao material recolhido pelo
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) nos escritórios das empresas
suspeitas de participar do cartel em licitações de trens no estado de São Paulo
entre 1998 e 2008. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Segundo a
procuradora da República em São Paulo Karen Kahn, a resistência do Cade em
ceder cópias dos documentos representa uma "obstrução" ao trabalho de
investigação.
A existência
do cartel foi revelada pela empresa alemã Siemens ao Cade, que investiga abusos
de poder econômico. A multinacional havia feito um acordo com o órgão ligado ao
Ministério da Justiça para ficar livre de punições administrativas e entregou
vários documentos sobre suas negociações.
Campanha. Além
da suspeita de participar do cartel que teria atuado em licitações de trens em
São Paulo, as multinacionais Alstom e Siemens ajudaram a financiar a campanha
do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, quando o tucano disputou o cargo
em 2002 (Leia aqui a
matéria de CartaCapital).
Na eleição
seguinte, os atuais secretários estaduais José Anibal (Minas e Energia) e Julio
Semeghini (Planejamento), ambos do PSDB, e Rodrigo Garcia (Desenvolvimento
Social), do DEM, e o líder de Alckmin na Assembleia Legislativa, o tucano
Barros Munhoz, receberam contribuições de uma ou de outra empresa.
As doações
foram legais e informadas pelos candidatos em prestações de contas entregues à
justiça. Perto do gasto eleitoral total que eles declararam, são irrisórias.
Por isso, valem pelo simbolismo. O patrocínio expressou uma preferência
política das companhias pelos tucanos e seus aliados. Neste sentido, alimenta a
suspeita de que PSDB, Alstom e Siemens são parceiros em obras superfaturadas e
desvio de recursos públicos, um esquema sob apuração de várias autoridades.
Em 2002,
Alckmin recebeu 5 mil reais da Siemens e 1 mil reais da Alstom. Era a primeira
vez que concorria ao cargo. Ele concluía o mandato de Mario Covas (PSDB), morto
em 2000. Segundo as denúncias sob investigação, foi no governo Covas
(1995-2000) que começou o vínculo tucano com as multinacionais. As duas são
responsáveis até hoje por contratos bilionários com o trem e o metrô paulistas.
Alckmin gastou no total 12 milhões de reais na eleição de 2002. Ele foi o único
candidato a governador de São Paulo a ser financiado pelas multinacionais
naquela campanha.
Quatro anos
depois, Anibal e Semeghini disputaram e conquistaram uma vaga na Câmara dos
Deputados com financiamento da Siemens. O primeiro recebeu 4 mil reais da
empresa. Ele declarou ter gasto 1,3 milhão na campanha. Na ocasião, Anibal era
vereador em São Paulo, cargo para o qual se elegera em 2004 com apoio
financeiro da Alstom. Na Câmara de Vereadores, Anibal foi líder do então
prefeito José Serra (PSDB). A secretaria que Anibal comanda hoje cuida de uma
área em que atuam Alstom e Siemens. Ambas fornecem equipamentos para usinas
térmicas e hidrelétricas.
Em 2008, o
jornal norte-americano Wall Street Journal publicou reportagem que
informava que o Ministério Público da Suíça investigava a Alstom por subornar
agentes públicos em diversos países em troca de contratos. Um dos casos de
pagamento de propina teria ocorrido na obra da hidrelétrica de Itá, localizada
em Santa Catarina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi