Ação do partido é uma
"tentativa de tumultuar", disse atual prefeito de São Paulo
Um dia após o confronto entre a
Guarda Civil Metropolitana (GCM) e moradores da Favela do Moinho, o prefeito
Gilberto Kassab (PSD) acusou o PT de "explorar
eleitoralmente a tragédia" e disse que a ação do partido é uma "tentativa de tumultuar". O prefeito
também negou que a GCM tenha sido truculenta. O conflito deixou nove pessoas
feridas: três guardas e seis moradores, um deles baleado na perna.
"Estão usando as pessoas simples,
com dificuldades na vida, para que com essa utilização haja exploração
eleitoral. O PT à frente", disse Kassab, durante evento no Anhembi. O
prefeito afirmou ainda que o tráfico e o PT impedem a ação do poder público na
favela. E criticou a atuação do senador Eduardo Suplicy (PT), que foi ao local
anteontem. "No primeiro incêndio (em
dezembro), ele fez de tudo para que os moradores continuassem debaixo do
viaduto, todos sabem, tanto é que continuaram."
Kassab ressaltou ter distribuído
bolsa-aluguel para os desabrigados da favela e defendeu a ação da Guarda Civil
Metropolitana. "A GCM não atira com
bala de borracha", disse, questionado os relatos de moradores que
dizem ter sido agredidos.
Os moradores do Moinho negam o viés político e dizem que não foram atendidos
pela Prefeitura. "Em nove meses
(desde o primeiro incêndio), eles (os agentes públicos) não fizeram nada, tanto
que tem gente que mora em barraca improvisada", afirmou a líder
comunitária Alessandra Moja Cunha, de 28 anos.
Procurado, o senador Suplicy disse que foi ao local em dezembro e voltou
anteontem a convite dos moradores. E diz ter visto pelo menos sete atingidos
por balas de borracha. "Tentar me
transformar em responsável pelos abusos das autoridades é virar coisas de
cabeça para baixo."
Propaganda
O candidato do PT à Prefeitura, Fernando Haddad, gravou cenas para a propaganda
eleitoral de TV na Favela do Moinho, que foram exibidas na sexta-feira. A
campanha de Haddad diz que ele esteve na favela, na quarta de manhã, para
prestar solidariedade às famílias. "A
gravação foi feita porque a Favela do Moinho é um exemplo da ausência de
política habitacional do prefeito Gilberto Kassab", disse o vereador José
Américo Dias, coordenador de Comunicação de Haddad. "A política
habitacional da Prefeitura, hoje, é o bolsa-aluguel."
Dias rebateu Kassab e ressaltou que ele "fala absurdos" quando sustenta que o PT quer fazer uso
político da tragédia. "O problema do
Kassab é a resistência que ele tem ao programa Minha Casa, Minha Vida para até
3 salários." O presidente do PT municipal, Antonio Donato, afirmou, em
nota, que ao acusar o partido de exploração política, Kassab tenta "encobrir a maneira covarde como sua guarda
vem tratando a população mais pobre".
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