O advogado Marcelo
Luiz Ávila de Bessa admitiu durante a sustentação oral em defesa do deputado
federal Valdemar Costa Neto (PR-SP), no julgamento do mensalão no Supremo
Tribunal Federal (STF), que o parlamentar recebeu dinheiro do PT para quitar
despesas da campanha eleitoral de 2002. O deputado responde pelos crimes
formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Ao defender seu
cliente do crime de corrupção passiva, Bessa afirmou que Costa Neto recebeu
recursos na condição de presidente do partido (então PL) e não usou seu cargo
público, de deputado, no esquema. Durante quase 15 minutos, o advogado discutiu
a caracterização dos crimes de corrupção ativa e passiva e citou o julgamento
do ex-presidente Fernando Collor de Mello no STF, que foi inocentado da
acusação de corrupção passiva.
Marcelo de Bessa
rebateu a acusação do Ministério Público Federal (MPF) de que o dinheiro era
destinado a apoiar votações importantes do governo, lembrando que o partido já
integrava a base aliada do governo federal. "O PL fazia parte do governo.
O vice-presidente José Alencar fazia parte dos quadros do PL".
Bessa destacou que
houve um "acordo eleitoral" para garantir a aliança entre o PT e o PL
nas eleições presidenciais de 2012, o que desencadeou o acordo financeiro.
“Existia um temor com relação ao PT, que seria inimigo dos empresários, que
entraria para estatizar a economia e se tornava necessário colocar um
empresário que acalmasse [os ânimos do eleitorado] e desse aparência à chapa,
de que não se teria um governo ‘esquerdizante’. [...] Houve ‘partilhamento’ do
caixa de campanha, exclusivamente com recursos para a campanha eleitoral. Se
fez uma proporção então: três quartos daquele caixa ficariam com o PT e um
quarto, com o PL. Não se faz campanha sem dinheiro. E isso não é errado”,
detalhou o advogado.
O procurador-geral da
República, Roberto Gurgel, afirma, na denúncia, que Valdemar Costa Neto
recebeu, nos anos de 2003 e 2004, a quantia de R$ 8,8 milhões para votar a
favor de matérias de interesse do governo federal.
O defensor de Costa
Neto explicou que o pagamento do acordo para campanha de 2002 não foi feito, e
o PT, por meio do ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, sugeriu que o PL
pegasse um empréstimo a ser pago depois pelo Partido dos Trabalhadores. Segundo
Bessa, em agosto e setembro de 2002, o PL tomou empréstimo no valor de R$ 5
milhões com Lúcio Funaro, da empresa Guaranhuns. “O acordo e os pagamentos
aconteceriam fosse Valdemar Costa Neto deputado federal ou não. E ele não
recebeu esse dinheiro pelo cargo de deputado federal e, sim, como presidente de
partido”.
O advogado encerrou a
defesa dizendo que Valdemar Costa Neto não pode ser acusado por lavagem de
dinheiro porque os recursos recebidos por ele "transitaram pelo sistema
bancário nacional".
Atualmente, Valdemar
Costa Neto é secretário-geral do PR. Em 2005, para evitar a cassação, o
parlamentar renunciou ao mandato de deputado federal, ao admitir que recebeu
recursos do publicitário Marcos Valério. Ele voltou à Câmara dos Deputados, com
a reeleição em 2006 e 2010.
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