O
Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu a primeira das sete etapas do
julgamento do chamado mensalão – Ação Penal 470 -, condenando cinco réus. O
último a votar foi o presidente da Corte, Carlos Ayres Britto, que destacou a
existência de “provas robustas”. O julgamento será retomado na próxima
segunda-feira, sem a presença do ministro Cezar Peluso, que completa 70 anos e
vai para a aposentadoria compulsória.
Na
segunda-feira, o ministro-relator da ação, Joaquim Barbosa, dará continuidade à
leitura de seu voto sobre a imputação do crime de gestão fraudulenta de
instituição financeira aos dirigentes do Banco Rural. Esse item refere-se
diretamente à ex-presidenta do Banco Rural Kátia Rabello, ao ex-vice-presidente
da instituição José Roberto Salgado, ao ex-diretor da entidade Vinícius
Samarane e à ex-executiva do órgão Ayanna Tenório.
Ao
iniciar a leitura do voto, Barbosa cita a denúncia, mencionando o crime de
gestão fraudulenta, que consistiu na concessão de empréstimos supostamente
simulados para o financiamento do esquema de compra de apoio político e lavagem
dos valores ilicitamente movimentados. Para o Ministério Público Federal,
os dirigentes foram coniventes ao ocultar o real risco dos créditos
concedidos.
O
ministro-relator relator disse que os documentos “examinados em conjunto
revelam a violação dolosa de normas legais e infralegais aplicáveis à espécie”.
Segundo ele, no laudo de exame contábil, o Banco Rural não observava as
exigências relativas aos cadastros dos seus clientes, especialmente do Partido
dos Trabalhadores, da SMP&B Comunicação e da Graffiti Participações.
Para Barbosa,
o Banco Rural manipulou dados sobre os empréstimos concedidos em 2003 às
empresas de Marcos Valério e ao PT. Segundo ele, a instituição “extraviou
dezenas de microfichas de livros, balancetes diários e balanços, incluindo
todas as do segundo semestre de 2005”. O ministro-relator disse ainda que foi
ocultada a movimentação referente ao mês de novembro de 2004.
O
ministro-relator apontou ainda a ausência de levantamento de dados contábeis
confiáveis das empresas e entidades tomadoras dos empréstimos e seus avalistas
e a utilização de dados discrepantes em empréstimos diversos.
Peluso
O
decreto com a aposentadoria do ministro Cezar Peluso foi publicado nesta
sexta-feira no Diário Oficial da União. Ao completar 70 anos, na
segunda-feira, Peluso é aposentado compulsoriamente. Quinta-feira foi o último
dia dele na Suprema Corte. Peluso votou na primeira etapa do julgamento do
mensalão.
Ao
despedir-se do STF na quinta, Peluso recomendou que as autoridades
voltem a analisar a aposentadoria compulsória, aos 70 anos, em algumas
categorias do serviço público. Para ele, a ordem causa prejuízos ao país. O
ministro informou que não tem planos consolidados para o futuro, mas que vai
continuar trabalhando na área jurídica.
-
[Ficar inativo] faz mal para a cabeça. Acho que um país inteligente mudaria a
regra de aposentadoria para todo o serviço público. Para não pagar duas vezes,
a quem se aposenta e a quem chega para ganhar experiência - concluiu o
ministro.
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