A defesa do
ex-assessor do PP João Cláudio Genu, acusado de distribuir o dinheiro do
mensalão para a cúpula do partido, manteve hoje (9) a principal linha de defesa
desde que as denúncias sobre o esquema vieram à tona. Segundo o advogado
Mauricio de Oliveira, seu cliente era apenas um assessor do partido, que
desconhecia a origem e o destino ilícito do dinheiro que passava por suas mãos.
“Ficou provado nos
autos que ele era um mero assessor parlamentar que atuou como mensageiro do PP
nas idas ao Banco Rural. (...) Ele não passa de grão em terreno arenoso
descrito pelo PGR [Procuradoria-Geral da República]”, disse Oliveira. Genu é
acusado dos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de
dinheiro na Ação Penal 470, que está em julgamento no Supremo Tribunal Federal
(STF).
O advogado admite que
o assessor sacou dinheiro com intermediários de Marcos Valério, três vezes, a
mando da cúpula do PP – duas diretamente no Rural e uma em um hotel de
Brasília. Oliveira alega que Genu era recém-contratado e nunca teve relação
profissional com os integrantes do partido, desmentindo a tese de que seu
cliente era “homem de confiança” do PP.
Para o advogado, o
Ministério Público Federal (MPF) só incluiu Genu no crime de formação de
quadrilha para atingir os parlamentares da cúpula da legenda que figuram como
réus no processo do mensalão – José Janene, Pedro Correa e Pedro Henry – já que
o tipo criminal só pode ser designado para mais de três pessoas.
Oliveira leu trechos
de depoimentos de testemunhas e de réus do processo – como o próprio Janene, que
morreu em 2010 – para reforçar que Genu desconhecia qualquer esquema criminoso.
“Não seria razoável que ele presumisse que os outros deputados fossem cometer
algo irregular ou mesmo que iam pedir para ele fazer alguma irregularidade”,
observou.
A acusação de
corrupção foi rebatida com o argumento de que Genu não tinha qualquer vantagem
para oferecer no esquema do mensalão, uma vez que não era parlamentar e não
poderia dar apoio político. O advogado também disse que não há qualquer prova
de que Genu tenha recebido verbas do esquema, pois a evolução patrimonial de
seu cliente condiz com os rendimentos.
O crime de lavagem de
dinheiro também foi negado sob a justificativa de que Genu nunca escondeu que
sacava o dinheiro para o PP. “A entrega da carteira profissional no momento de
tirar o dinheiro é suficiente para derrubar a acusação de que foi montada
estrutura para lavagem de dinheiro, em que o destinatário não era
identificado”.
Oliveira ainda
classificou de imprecisa a denúncia do MPF no que diz respeito aos valores dos
saques de Genu e quando eles ocorreram. “Há diversas versões sobre o mesmo
fato. É evidente que a pretensão acusatória abusou do direito de acusar”.
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