Ramon Hollerbach,
publicitário e sócio da empresa SMP&B, não participou do esquema do
mensalão, disse o advogado Hermes Guerrero durante o julgamento no
Supremo Tribunal Federal (STF). Para o defensor, além de não haver provas
consistentes, Hollerbach só foi incluído no processo porque era sócio de Marcos
Valério.
“Ele não pode ser
condenado por causa do CNPJ [Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica], mas pelo
CPF [Cadastro de Pessoas Físicas]. Ele é acusado de tudo o que o Marcos Valério
também é acusado. Na denúncia, ele cita o núcleo publicitário [operacional] 55
vezes. O que o Ministério Público não entendeu é que Marcos Valério, Cristiano
Paz e Ramon Hollerbach são pessoas distintas, que têm de ser examinadas
individualmente”.
Hollerbach é acusado
pelos crimes de corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, formação de
quadrilha e evasão de divisas. O publicitário e seus sócios Marcos Valério e
Cristiano Paz, integrantes do chamado núcleo operacional, são os réus que têm mais
crimes segundo o Ministério Público Federal. Eles respondem a 143 acusações
cada um.
De acordo com
Guerrero, as acusações de formação de quadrilha contra Hollerbach não procedem.
O advogado disse ainda que Hollerbach nunca teve participação na área financeira
da empresa. “O Ministério Público disse que o núcleo operacional montou uma
intricada rede societária. Não é verdade, a SMP&B existe desde 1981, foi
criada por outras pessoas. O Ramon entrou em 1986 e sempre trabalhou com
publicidade”.
Durante a defesa,
Guerrero disse ainda que, nos depoimentos, nenhuma das testemunhas confirmou a
participação de Hollerbach no esquema. “Não há nenhuma testemunha que tenha
visto Ramon entregando ou pegando dinheiro. Algumas testemunhas, ex-empregados,
disseram que o Ramon era uma das melhores pessoas que tinham conhecido no
mundo”.
Segundo o Ministério
Público, Marcos Valério teria oferecido ao então presidente da Câmara dos
Deputados João Paulo Cunha a quantia de R$ 50 mil, em nome de Hollerbach,
Cristiano Paz e Rogério Tolentino, para receber tratamento privilegiado em uma
licitação para contratação de uma agência de publicidade. “De onde o Ministério
Público extraiu que Marcos Valério agia em nome de Ramon Hollerbach? A denúncia
presume”.
O advogado também
negou que Hollerbach fosse sócio da empresa DNA, que também é citada no
processo. “Marcos Valério era o único sócio que participava da administração da
DNA. Ramon não possuía qualquer cargo de direção ou gestão na DNA”.
Segundo o ex-deputado
federal Roberto Jefferson, que denunciou o esquema do mensalão, a cúpula do PT
autorizava o empresário mineiro Marcos Valério a captar recursos de
instituições financeiras e empresas públicas por meio das agências de
publicidade DNA Propaganda e SMP&B Comunicação. A verba era distribuída,
então, entre aliados do governo, camuflada em pagamentos a fornecedores.
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