O advogado Arnaldo
Malheiros Filho, que defende o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, disse que seu cliente operou caixa 2 durante a campanha eleitoral de 2002.
Segundo ele, os recursos recebidos ilegalmente pela legenda não serviam para
comprar parlamentares, conforme a acusação do Ministério Público.
"O PT não podia
fazer transferência bancária porque o dinheiro era ilícito mesmo (..). Delubio
não se furta a responder ao que é responsável. Ele operou caixa 2? Operou. É
ilícito? É. Ele não nega. Mas ele não corrompeu ninguém", disse Malheiros.
Delúbio Soares é
acusado de formação de quadrilha e corrupção ativa. Entretanto, para Arnaldo
Malheiros a acusação é “pífia”. “A verdade é que a prova é rala, não se presta
à condenação de Delúbio Soares de maneira nenhuma”, disse durante a sustentação
oral na sessão de julgamento do mensalão desta segunda-feira. Ele usou 40 dos
60 minutos a que tinha direito para fazer a defesa de seu cliente. De acordo
com regra estabelecida pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), uma
hora é o tempo máximo para cada advogado.
Segundo Malheiros,
Delúbio Soares nunca se envolveu com jogo político e não pode ser
responsabilizado pelo crime de formação de quadrilha. “O problema dele era
arrecadar dinheiro para custear despesas de campanha. Não se pode comprar a
maioria parlamentar com 13 deputados (..). Isso não é quadrilha. O Delúbio se
associou ao Partido dos Trabalhadores. Eles se associou em torno de um sonho,
um projeto de poder e isso não é quadrilha”.
Malheiros entregou aos
ministros do STF versão impressa de material que seria apresentado em Power
point. O uso de recursos tecnológicos foi negado semana passada pela maioria
dos ministros do STF.
Segundo acusações do
Ministério Público, Delúbio integrou o grupo que operava o mensalão desde 2003,
tornando-se o principal elo entre o núcleo político e os núcleos operacional e
financeiro, liderados pelo publicitário Marcos Valério. Ao apresentar a
denúncia, na última sexta-feira (3), o procurador-geral da República, Roberto Gurgel,
afirmou que, sob o comando de José Dirceu, coube a Delúbio Soares os primeiros
contatos com Marcos Valério para viabilizar o esquema de obtenção dos recursos
que financiaram a cooptação de parlamentares para votação de projetos de
interesse do governo.
De acordo com Gurgel,
era também competência de Delúbio Soares indicar a Marcos Valério os valores e
os nomes dos beneficiários dos recursos. Recebida a indicação, Simone
Vasconcelos e Geiza Dias, funcionárias das empresas de Marcos Valério,
executavam os repasses, “dentro da engrenagem de lavagem disponibilizada pelo
Banco Rural”.
Gurgel afirmou que
Delúbio Soares não hesitou "em se locupletar [enriquecer]" com o
esquema. O procurador-geral da República disse ainda que a atuação de Delúbio
não se limitava a indicar os parlamentares que receberiam o pagamento e
ressaltou que o ex-tesoureiro se beneficiou de pagamentos de R$ 550 mil. Sobre
essa acusação, Malheiros não se manifestou durante sua sustentação oral hoje.
Em entrevista aos jornalistas, na semana passada, rebateu o desvio de recursos.
"Se há uma coisa notória é a simplicidade do Delúbio. Não conheço ninguém
que tenha roubado e more na casa da sogra", disse.
A fase da exposição
dos advogados de todos os réus do processo está prevista para terminar no dia
15 de agosto.
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