segunda-feira, 17 de julho de 2017

Núpcias inusitadas


Por Antonio Luiz Carlini - Santa Teresa 11/05/1989

Aconteceu o enlace matrimonial. Nubentes na maior expectativa de como seria a primeira noite compartilhando leito conjugal. Já noite, quando a casa onde iriam morar, desde o dia do casamento, estava sob a guarda de um solteirão, este que trabalhava ora para uma, ora para outra família, martirizado com sua impopularidade entre as moças da comunidade, das quais já havia assistido duas gerações passarem sem que ele nunca tivesse de qualquer uma delas, nada mais que uma saudação respeitosa... Não lhe era cômoda aquela situação, pois, causava até certo complexo de inferioridade, já que por não pertencer à etnia italiana ou alemã, maioria absoluta, enquanto ele, filho de nordestinos, minoria, dificilmente por ali teria uma namorada, mesmo que uma viúva, pois, não se encaixava no meio, com os requisitos que dispunha, embora eram frequentes os elogios pelo seu carácter, associado a outras virtudes positivas, como  sua qualidade de trabalhador, e exímio lavrador. Por isso aceitou não ir à festa daquele casamento, ficando por uma pequena paga, sozinho na casa onde os nubentes iriam morar, vigiando-a, até eles chegarem lá, depois das vinte e três horas, já que a festa de casamento acontecera na casa do pai da noiva, patrocinada pelo Fazendeiro, que lhes concedia meia de café e lavouras sazonais.  Aquele capixaba, filho de alagoanos e mineiros do Vale do Suaçuí, naquela noite feito segurança, mal escureceu, dormiu ouvindo um programa Sertanejo de uma emissora de Rádio paulista, só sendo acordado pelas batidas na porta, as vinte e três e quarenta e cinco, por parte do noivo, que fora trazido por um fusca que não chegou perto da casa, em virtude da falta de estrada. Ficou muito longe, a ponto de não acordar aquele que dormia sonhando com as ninfas de suas utopias!

Em seu quarto, hóspede que fora até meia noite, antes vigia, na casa onde núpcias se consumariam, podia ouvir tudo o que era falado no quarto dos recém-casados. Podia ouvir o noivo informar, mesmo em sussurros, que nada mais o deteria. Consumaria o pretendido, mesmo que fosse indo para trás das bananeiras, lá para as bandas do paiol, se a noiva ficasse constrangida ali, dado o risco de o hóspede os ouvir, com seus inevitáveis ruídos para chegar ao que ele, o noivo, esperava por três anos. Sussurrava que o prazo de espera havia acabado e, agora seis horas até que o vigia se retirasse, seria demais. Confessava um descontrole.

Dois jovens, ambos criados ali no meio rural, cremos inclusive que sabiam pouco sobre o assunto, mas pelo ímpeto dele, deram início ao intercurso, ignorando o barulho, ou ranger, de uma cama nova, um colchão novo em um quarto, ao qual não estavam acostumados.  Ocorreu que a entrega deles aos deleites de busca pelo objetivo para a satisfação dos instintos naturais, onde a Doutrina Religiosa, por mais que queira, não consegue se intrometer, produziu no outro quarto, uma curiosidade naquele solteirão. Este ouviu mais do que devia e como seu atraso vinha de duas gerações, resolveu que precisaria fazer alguma coisa, para também ele sufocar aquele interesse assaz forte em fazer o que os dois faziam lá no outro cômodo. Sabia que sair, faria barulho com as portas, avisá-los seria interromper o ato. Não queria ainda que eles soubessem que eles, o tendo esquecido, se entregaram ao ato, sem se importar com o mundo à volta. No entanto, o que fazer? Como poderia dormir e esquecer, se os dois lá não apagavam a lamparina e ela sussurrava entre gemidos, vocábulos de poucas sílabas, antes nunca ouvidos pelo solteirão, agora excitadíssimo, palavras vindas de voz feminina e não da masculina, vindas dos humoristas nas reuniões de jovens, onde ele poucas vezes participou?

A cama de solteiro, onde ele estava tinha um colchão de palha de milho, aqueles que nossos nonnos chamavam PAIÃO. Consistia em um saco de tecido, daqueles fortes e quase impermeáveis, sempre maior que o corpo de uma pessoa, aproximadamente com um padrão de um metro e oitenta. Em sua parte superior, distando uns cinquenta centímetros, uma da outra, duas abertura de quinze centímetros, com o formato de uma vagem ou uma canoa, que para uma imaginação de um homem excitado, trazia ao subconsciente, a lembrança da semelhança com a perseguida. Aquelas aberturas eram destinadas à introdução das palhas de milho e, posteriormente, a facilidade de revolver as mesmas, quando o colchão apresentasse rigidez. Aquelas aberturas, que mais pareciam uma casinha de botões de camisa, só que muito maiores, com o colchão arrumado em seu lugar, observadas por um desesperado, eram até muito sensuais em sua apresentação!

Nosso protagonista observou a abertura do colchão, amais próxima da peseira da cama. Decidiu que aquilo era a sua perseguida. Introduziu na abertura, a sua cabeça pensante. Deitado de barriga para baixo deu inicio ao movimento de erguer e baixar o corpo no movimento vai e volta. Segundos depois, esqueceu onde estava e, que aquilo era um colchão. Não sua consorte em coito. Empolgou-se. Não prestava mais atenção no barulho que fazia!

No outro quarto, os noivos em um momento de silêncio, ouviram o exagerado ruído e gemidos do hóspede. Resolveram ir ver o que acontecia, pois, sabiam de muitos casos onde uma crise de epilepsia podia, em suas convulsões, levar o portador a produzir aqueles barulhos, sejam da cama, ou da voz grave daquele solteirão que balbuciava, com um indescritível romantismo, louvores aos ouvidos do travesseiro, que junto com o colchão, por alguns segundos, quase às duas da madrugada, em um faz de conta delirante com os devaneios inimagináveis, ouviam as mais belas declarações, antes só dirigidas a uma musa.

Chamaram-no! Assustou-se! Inquirido justificou que sonhava correr. Não colou por que o noivo sabia que ele não sonhava produzindo ruídos. Mas... No outro dia foi encontrado naquela cama de solteiro, as provas inacreditáveis. Três anos depois, aquele vigia por uma noite confessou para o noivo, sua absurda, desvairada e inusitada noite de núpcias! 

quinta-feira, 13 de julho de 2017

CCJ rejeita parecer favorável ao prosseguimento da denúncia contra Temer


A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara rejeitou o parecer que pedia a admissibilidade da denúncia contra o presidente Michel Temer. Por 40 votos a 25, os membros do colegiado derrubaram o relatório de Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), que autorizava o prosseguimento da acusação pelo crime de corrupção passiva perante o Supremo Tribunal Federal (STF). Foi registrada uma abstenção.

A denúncia foi elaborada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e encaminhada pelo STF à Câmara, a qual cabe autorizar ou não se o presidente pode ser investigado pela Corte. A primeira etapa da análise é feita pela CCJ, que agora deve designar um novo relator que faça um parecer com mérito divergente em relação ao de Zveiter.

Desde o início da tramitação do processo, 11 deputados já apresentaram votos em separado, dos quais seis são contrários à aceitação da denúncia. Por isso, o presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), pode designar um dos autores desses pareceres ou escolher um novo relator para acolher a posição majoritária dos deputados contra a admissibilidade da denúncia.

Entre os 18 partidos que tem representação na CCJ, nove encaminharam voto favorável à denúncia: PT, PODEMOS, PSB, PDT, PCdoB, PPS, PHS, PSOL e Rede. A liderança da minoria também orientou a bancada em favor da denúncia.

Os sete partidos contrários à autorização de prosseguimento da denúncia foram: PMDB, PP, PR, PSD, PTB, SD, e PSC, acompanhados da orientação das lideranças da maioria e do governo. O PSDB e o PV liberaram a bancada para que os deputados votassem independentemente das orientações das bancadas.

Independente da decisão da CCJ, o parecer que for aprovado pelo colegiado deve ser ainda analisado pelo plenário da Câmara. Uma vez no plenário, a denúncia precisa ter o apoio de pelo menos 342 votos para ter prosseguimento na Justiça ou para ser interrompida.

Ainda durante a fase de debates, deputados da oposição já esperavam a derrota e lamentaram o que consideram como “resultado artificial”, em referência às trocas de membros da CCJ que foram feitas pela base governista. Desde que a semana em que a denúncia chegou à Câmara, 25 dos 66 integrantes da comissão foram substituídos.

O relator Zveiter também se manifestou previamente de forma crítica sobre o resultado negativo. Os governistas comemoram e consideram que a decisão de não aceitar a denúncia, que ainda deve ser referendada pelo plenário, pode trazer estabilidade ao país.

Votação
A expectativa para o resultado era tão grande no plenário que os parlamentares chegaram a ficar de pé, impedindo a visualização do painel de votos. Logo após o anúncio pelo presidente do colegiado, deputados oposicionistas protestaram contra a rejeição do relatório, criticando o que classificaram de "vitória de Pirro".

Pouco antes da votação, o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) encaminhava o voto de sua bancada, quando reclamou da intervenção do deputado Major Olímpio (SD-SP), o que gerou bate-boca entre os parlamentares e um princípio de confusão. Deputados atuaram para acalmar os ânimos e o presidente da comissão, Rodrigo Pacheco, teve que solicitar calma ao plenário e conceder mais tempo a Olímpio para dar seguimento à fala dos líderes.

Apesar de ocorrer em uma quinta-feira à tarde, período geralmente pouco movimentado no Congresso, a votação se deu sob grande expectativa das lideranças. A segurança dos corredores de acesso ao plenário da CCJ foi reforçada. Mais cedo, um grupo de manifestantes invadiu o plenário gritando palavras de ordem contra o presidente Michel Temer.

Após o protesto, a segurança foi reforçada na entrada da CCJ. Mesmo com as restrições, o plenário ficou lotado, com vários parlamentares em pé. Durante a apresentação dos encaminhamentos dos votos, os líderes das bancadas repetiram os argumentos de defesa ou crítica ao parecer pela admissibilidade apresentados nas mais de 20 horas de debate da CCJ.

Governistas e oposição traçam estratégias para votação de denúncia no plenário


Enquanto os membros da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) encaminham votação sobre o relatório do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), que recomenda a aceitação da denúncia contra o presidente Michel Temer, governistas e oposicionistas  já falam sobre estratégias a serem adotadas no plenário da Câmara dos Deputados, que irá também analisar o relatório.

Para a base aliada do governo, quem precisa garantir o quórum para garantir o prosseguimento da denúncia é a oposição. No Plenário, 342 deputados precisam votar autorizando o Supremo Tribunal Federal (STF) a investigar o presidente Michel Temer. Já a oposição diz que o governo está mudando de estratégia, por não ter votos suficientes para barrar a denúncia.

Oferecida pela Procuradoria-Geral da República, a denúncia por corrupção passiva contra Temer precisa ser autorizada pelos deputados em dois momentos. Na tarde de hoje, os 66 deputados da CCJ devem concluir a votação do relatório de Zveiter: aceitando ou não. Se o parecer for aceito, vai direto para a votação no plenário. Caso o parecer seja rejeitado na CCJ, um novo relatório será elaborado pela comissão e encaminhado ao plenário. Ainda não há consenso sobre quando essa nova votação deve ocorrer, já que na próxima segunda-feira (17) o Congresso Nacional deve entrar em recesso parlamentar.

De acordo com o Regimento Interno da Câmara, uma sessão deliberativa pode ser aberta com o registro de pelo menos 257 votantes, mas o número é inferior ao mínimo necessário para autorizar ou barrar a denúncia. Por isso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tem sinalizado que vai aguardar um quórum bem alto de deputados presentes para abrir a sessão.

Base governista
Carlos Marun (PMDB-MS), da base aliada do governo, afirmou que a oposição está "fugindo" da votação e promove assim uma atitude "antipatriótica". "Eles é que têm que trazer os votos necessários. A oposição, como não tem esses votos, mente. E o que queremos agora? Que a oposição adie a ida para a praia. Não é hora de ir para a praia. Não é hora de fugir, é hora de trabalhar. O recesso ainda não chegou. Temos que suspender o recesso, se for o caso, e votar essa situação", defende.

"Estamos fazendo um desafio para a oposição: que a gente vá para o plenário ou amanhã, ou na segunda-feira, ou em qualquer tempo, para que a gente possa todos juntos dar quórum e votar essa denúncia", provocou o deputado Beto Mansur (PRB-SP), acrescentando que o governo tem votos para ganhar a disputa na CCJ e no plenário.

Oposição
Para o deputado Pompeu De Mattos (PDT-RS), o governo “perdeu o controle da base”. "Tiveram que trocar os membros aqui, no plenário não tem como trocar. O governo não tem quórum para instalar a sessão com 342 votos. Então vamos viver um impasse. Em julho, não se decide nada. Agosto vai ser uma briga feita", disse o parlamentar da oposição, em referência a estratégia do governo de ter substituído membros na CCJ para evitar que votem a favor do prosseguimento da denúncia.

De acordo com Alessandro Molon (Rede-RJ), o governo está "jogando a toalha" e "batendo cabeça". "Seja qual for o resultado hoje aqui, o governo já perdeu porque precisou trocar membros da comissão para fabricar um resultado artificial, para manipular a votação da CCJ e isso à custa do dinheiro do povo brasileiro", disse, adiantando que a estratégia dos contrários ao presidente será de apenas garantir quórum caso a sessão não seja "esvaziada".


Desde que a denúncia chegou à Câmara, 25 dos 66 integrantes da comissão foram substituídos, de partidos como PMDB, PR, PTB, PRB e Solidariedade.

Temer sanciona reforma trabalhista


O presidente Michel Temer sancionou hoje (13), sem vetos, a reforma trabalhista, intitulada Lei de Modernização Trabalhista, em evento no Palácio do Planalto. Diante de uma plateia repleta de ministros e parlamentares, Temer disse que os direitos dos trabalhadores estão sendo preservados.

“Esse projeto de Lei é a síntese de como esse governo age. Como eu tenho dito, o diálogo é essencial, mas também a responsabilidade social. Estamos preservando todos os direitos dos trabalhadores. A Constituição Federal assim determina”, disse.
O presidente reafirmou a importância do diálogo com o Congresso durante o seu governo. “Eu devo registrar, que desde o início do meu mandato, eu assumi o compromisso de levar adiante as reformas com apoio expressivo do Congresso Nacional. O Legislativo quando aprova, como aprovou agora, está ajudando a governar. E de outro lado, nós dialogamos com a sociedade”.

Foi o capítulo final de um longo caminho para o governo e seus aliados no Congresso. Debates em comissões na Câmara e no Senado e, no dia da votação final, senadoras de oposição impedindo a realização da votação no plenário por sete horas. Sem citar diretamente a oposição, Temer criticou a disputa política no âmbito das reformas.

“Vejo que não é discussão de conteúdo, é disputa política. Faríamos muito bem se discutíssemos o conteúdo. Quando a disputa é apenas ideológica, política, é como se tivessem uma venda nos olhos e não contribuem”, disse.

A aprovação da reforma, tida pelo governo como uma de suas prioridades, divide opiniões. Mas o presidente e sua equipe garantem que a modernização da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) vai aumentar a geração de empregos e dar segurança jurídica tanto para empregados quanto para empregadores.

“O que fizemos foi avançar. Contratos que antes não comportavam carteira assinada hoje estão previstos expressamente. Nossa consolidação, que foi na época um grande avanço, é de 1943. É claro que o mundo não é mais de 1943, é do século 21. E fizemos a adaptação ao século 21. Hoje há uma igualdade na concepção. As pessoas são capazes de fazer um acordo, de um lado os empregados, de outro, os empregadores”, frisou Temer.

Pontos polêmicos
Alguns pontos da lei, no entanto, serão alterados após diálogo com o Congresso. O governo enviou aos parlamentares uma minuta com os pontos da medida provisória (MP) com a qual pretende alterar a reforma trabalhista. A minuta toca em dez pontos da reforma, entre eles temas polêmicos que foram discutidos durante a tramitação, como o trabalho intermitente, a jornada 12 por 36 horas e o trabalho em condições insalubres das gestantes e lactantes.

Segundo o líder do governo senador Romero Jucá, relator da reforma na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), não há prazo definido para a conclusão da MP e que há tempo para sua edição. “Encaminhei hoje [a MP] para vários parlamentares os pontos que são objeto do acordo no Senado para serem discutidos. Na hora que estiverem amadurecidos, a MP será editada. Não tem previsão. É importante dizer que esta lei só vale daqui a 120 dias. Para ter uma medida provisória que modifique a lei, ela tem que ocorrer antes de 119 dias. Então nós temos um prazo razoável”, disse.

Apoio

Romero Jucá também discursou durante o evento e reiterou seu apoio – e dos partidos da base aliada – a Michel Temer. "Tenho sido testemunha da sua coragem para com o país. Entre a saída mais fácil e o correto, o senhor tem escolhido o correto para a grande maioria da população. Persevere no caminho do bem. Os partidos da base não faltarão a Vossa Excelência. Os congressistas brasileiros, na sua grande maioria, vão avançar nas reformas”.

Reforma consolida direitos e traz segurança jurídica, diz ministro do Trabalho

O Governo Federal brinca com a capacidade cognitiva da população brasileira ao afirmar que as mudanças nas leis trabalhistas consolidam direitos e trazem segurança jurídica. Obviamente que elas, as alterações na Lei, não consolidam direitos, muito ao contrário, elas reduzem drasticamente direitos que foram conquistados em décadas de lutas. Quanto a tal segurança jurídica, se ela existir, e pelo jeito existe, ela assegura somente os direitos dos patrões, uma vez que com as alterações aprovadas já não vale o que manda legislado, mas sim o combinado entre patrão e empregado. Essa poderia até ser uma evolução na Lei no tocante a celeridade dos processos caso vivêssemos num pais com equilíbrio entre a oferta e aa procura de empregos, porém, com a defasagem na oferta de vagas de emprego, quem está com a faca e o queijo na mão são os patrões, cabendo aos que necessitam trabalhar, deixarem-se submeter as vontades de seus patrões.

A reforma trabalhista consolida direitos e traz segurança jurídica, disse hoje (13) o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira. Durante a cerimônia de assinatura da nova legislação trabalhista, ele disse que as mudanças favorecerão a criação de empregos e a recuperação da economia.

“A proposta vem para criar ambiente com segurança onde o empregador não fique com medo de contratar e o trabalhador empregado tenha garantia dos seus direitos e da preservação do emprego”, discursou o ministro.

De acordo com Nogueira, a reforma se centra em três eixos, a consolidação de direitos, a segurança jurídica e a geração de empregos. Ele disse que a legislação trabalhista foi modernizada após um amplo diálogo e que representantes tanto dos trabalhadores como dos empregadores foram ouvidos pelo governo em dezembro do ano passado.

O ministro do Trabalho destacou que a reforma trabalhista será um instrumento importante na recuperação da economia e do mercado de trabalho. “De dezembro de 2014 a dezembro de 2015, o Brasil fechou mais de 1,5 milhão de postos de trabalho. O fechamento levou muitos pais e mães de família a passarem dificuldades. O governo está se esforçando para alcançar esse objetivo de proporcionar um endereço para morar e para trabalhar para cada família do país”, acrescentou.

Conflitos
O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Ives Gandra Filho, disse que a nova legislação reduzirá o número de conflitos trabalhistas e trará mais segurança jurídica, não apenas para o empresário como para o empregador. Segundo ele, a reforma representa um momento histórico de modernizar as relações de trabalho no país.

“Nós, como juízes do trabalho, sentíamos falta de um marco regulatório seguro. As empresas precisam de segurança jurídica e os trabalhadores precisam de proteção, mas muitas não eram reais. A proteção sem marco regulatório seguro é proteção de papel”, disse.

Para Gandra, a reforma trabalhista ajudará a garantir o direito dos trabalhadores terceirizados, ao trazer para a legislação critérios para decisões que antes dependiam de uma súmula do TST. “A Justiça do Trabalho pode ser mais rápida, mais célere e dar mais segurança jurídica à medida que os marcos regulatórios preenchidos. Não temos mais lacunas a preencher”, declarou.


O presidente do TST ressaltou que a prioridade das negociações coletivas é o ponto central para, segundo ele, modernizar as relações trabalhistas. “O Brasil segue o caminho de outros países, que estabelecem legislação enxuta com direitos básicos para todos os trabalhadores. Aquilo que é próprio de cada categoria, como portuários, aeronautas, professores, a gente estabelece por meio de negociação coletiva. Quem melhor conhece as condições de trabalho são aqueles que trabalham na área. Estabelecer negociações coletivas é a espinha dorsal dessa história”, concluiu.

Julgamento de Lula em segunda instância pode demorar cerca de um ano


A 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), responsável pelos processos da Operação Lava Jato, julgará em segunda instância o processo que levou ontem (12) à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.  Os desembargadores, sediados em Porto Alegre, têm levado em média um ano para julgar os casos da operação.

Se for condenado em segunda instância até 15 de agosto do ano que vem, quando se encerra o prazo para registro de candidaturas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Lula não poderá concorrer a cargo eletivo. Isso porque a sentença de Moro prevê que Lula fique interditado para o exercício de cargo ou função pública por 19 anos, caso a decisão seja confirmada pelos desembargadores. Aliados do ex-presidente têm afirmado que a decisão tem como objetivo inviabilizar sua candidatura à presidência da República em 2018.

Tramitação e prazos
O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, estipulou pena de 9 anos e meio de prisão e determinou que Lula poderá responder em liberdade a fase recursal. O resultado do julgamento em primeira instância foi comunicado às partes por meio de intimações publicadas no sistema eletrônico da Justiça Federal do Paraná (JFPR).

Os advogados de Lula têm até dez dias para abrir a intimação. A partir de então, passa a correr novo prazo de cinco dias para que a defesa apresente recurso.

Em um primeiro momento, a apelação será recebida pelo próprio juiz de primeira instância, Sérgio Moro, que fará uma avaliação técnica da peça e a remeterá ao tribunal. No TRF4, os processos são encaminhados à 8ª Turma, composta pelos desembargadores federais João Pedro Gebran Neto, Leandro Paulsen e Victor Luiz dos Santos Laus. Ao chegar no tribunal, as ações são abertas para vistas do Ministério Público Federal, responsável pela acusação, que pode gerar recursos contra as argumentações da defesa.

No papel de relator, Gebran será o responsável por analisar o processo de Lula e, em seguida, apresentar um relatório e a sua decisão a respeito do caso a Paulsen, revisor da 8ª Turma. Quando este trâmite for finalizado, a data do julgamento será marcada.

Paulsen e Laus podem acompanhar ou discordar do voto do relator. Caso a decisão da 8ª Turma seja contrária ao pedido da defesa de Lula, os advogados podem entrar com novo recurso. Caso a decisão colegiada seja unânime, encerra-se o julgamento em segunda instância.

Os desembargadores da 8ª Turma poderão votar pela absolvição de Lula, pela confirmação da sentença de Moro ou pela alteração da pena para mais ou para menos.

Julgamento de processos
Desde a deflagração da Operação Lava Jato, o TRF4 concluiu o julgamento de 12 apelações contra 48 sentenças proferidas em primeira instância.

Até o momento, o tribunal absolveu cinco pessoas que haviam sido condenadas por Moro — inclusive o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, em um dos processos a que responde na Lava Jato. Ele havia sido condenado a 15 anos e 4 meses de prisão, mas a 8ª Turma entendeu que a sentença em primeira instância havia sido fundamentada em depoimentos que não foram comprovados com outras provas.

O TRF4 manteve, ainda, dez sentenças condenatórias da 13ª Vara. Oito réus tiveram a pena reduzida e 16 tiveram a pena aumentada pelo Tribunal.


A 8ª Turma está atualmente com 16 apelações oriundas da Lava Jato pendentes para julgamento. Destas, sete já estão sob análise do revisor. Outras três apelações foram registradas recentemente e ainda estão na fase de processamento inicial.

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Os conteúdos dos textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, e nem sempre traduzem com fidelidade a forma como o autor do blog interpreta aquele tema.

Dag Vulpi

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