Enquanto
os membros da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) encaminham
votação sobre o relatório do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), que recomenda a
aceitação da denúncia contra o presidente Michel Temer, governistas e
oposicionistas já falam sobre
estratégias a serem adotadas no plenário da Câmara dos Deputados, que irá
também analisar o relatório.
Para
a base aliada do governo, quem precisa garantir o quórum para garantir o
prosseguimento da denúncia é a oposição. No Plenário, 342 deputados precisam
votar autorizando o Supremo Tribunal Federal (STF) a investigar o presidente
Michel Temer. Já a oposição diz que o governo está mudando de estratégia,
por não ter votos suficientes para barrar a denúncia.
Oferecida
pela Procuradoria-Geral da República, a denúncia por corrupção passiva contra
Temer precisa ser autorizada pelos deputados em dois momentos. Na tarde de
hoje, os 66 deputados da CCJ devem concluir a votação do relatório de Zveiter:
aceitando ou não. Se o parecer for aceito, vai direto para a votação no
plenário. Caso o parecer seja rejeitado na CCJ, um novo relatório será
elaborado pela comissão e encaminhado ao plenário. Ainda não há consenso sobre
quando essa nova votação deve ocorrer, já que na próxima segunda-feira (17) o
Congresso Nacional deve entrar em recesso parlamentar.
De
acordo com o Regimento Interno da Câmara, uma sessão deliberativa pode ser
aberta com o registro de pelo menos 257 votantes, mas o número é inferior ao
mínimo necessário para autorizar ou barrar a denúncia. Por isso, o presidente
da Câmara, Rodrigo Maia, tem sinalizado que vai aguardar um quórum bem alto de
deputados presentes para abrir a sessão.
Base
governista
Carlos
Marun (PMDB-MS), da base aliada do governo, afirmou que a oposição está
"fugindo" da votação e promove assim uma atitude
"antipatriótica". "Eles é que têm que trazer os votos
necessários. A oposição, como não tem esses votos, mente. E o que queremos
agora? Que a oposição adie a ida para a praia. Não é hora de ir para a praia.
Não é hora de fugir, é hora de trabalhar. O recesso ainda não chegou. Temos que
suspender o recesso, se for o caso, e votar essa situação", defende.
"Estamos
fazendo um desafio para a oposição: que a gente vá para o plenário ou amanhã,
ou na segunda-feira, ou em qualquer tempo, para que a gente possa todos juntos
dar quórum e votar essa denúncia", provocou o deputado Beto Mansur
(PRB-SP), acrescentando que o governo tem votos para ganhar a disputa na CCJ e
no plenário.
Oposição
Para
o deputado Pompeu De Mattos (PDT-RS), o governo “perdeu o controle da base”.
"Tiveram que trocar os membros aqui, no plenário não tem como trocar. O
governo não tem quórum para instalar a sessão com 342 votos. Então vamos viver
um impasse. Em julho, não se decide nada. Agosto vai ser uma briga feita",
disse o parlamentar da oposição, em referência a estratégia do governo de ter
substituído membros na CCJ para evitar que votem a favor do prosseguimento da
denúncia.
De
acordo com Alessandro Molon (Rede-RJ), o governo está "jogando a
toalha" e "batendo cabeça". "Seja qual for o resultado hoje
aqui, o governo já perdeu porque precisou trocar membros da comissão para
fabricar um resultado artificial, para manipular a votação da CCJ e isso à
custa do dinheiro do povo brasileiro", disse, adiantando que a estratégia
dos contrários ao presidente será de apenas garantir quórum caso a sessão não seja
"esvaziada".
Desde
que a denúncia chegou à Câmara, 25 dos 66 integrantes da comissão foram
substituídos, de partidos como PMDB, PR, PTB, PRB e Solidariedade.
todos juntos querendo se salvar.
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