quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

México diz que não pagará por muro na fronteira com os Estados Unidos


O governo mexicano declarou que não pagará a conta do muro, que cobrirá 3.200 km de fronteira. O preço da obra pode chegar a US$ 12 bilhões, de acordo com cálculos do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald  Trump, durante a campanha.

O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, reafirmou que o México não pagará pelo muro, mas se disse disposto a trabalhar para ter uma boa relação com o governo Trump.

"É evidente que temos algumas diferenças com o próximo governo dos Estados Unidos" mas, ainda assim, o governo mexicano trabalhará "para ter uma boa relação com os Estados Unidos e seu presidente", disse Peña Nieto.

O novo chanceler mexicano, Luis Videgaray, avaliou que "os Estados Unidos têm o direito de proteger suas fronteiras", mas é "inadmissível que o México pague por infraestrutura dos Estados Unidos. Isso não vai acontecer", declarou.
"Nem hoje, nem amanhã, nem nunca o México pagará por esse muro estúpido. Se Trump quiser um monumento ao seu ego, ele que pague!", disse o ex-presidente Vicente Fox.

Migração pode ser evitada
O presidente eleito dos Estados Unidos declarou que, em menos de um ano, construirá o muro na fronteira com o México para evitar a imigração e garantiu que o vizinho pagará pela obra “de uma maneira ou de outra”, possivelmente pagando impostos. Trump ameaça intervir em remessas enviadas por mexicanos nos Estados Unidos.

A afirmação foi feita por Trump em sua primeira coletiva de imprensa em 167 dias. Ele já havia ameaçado intervir nas remessas que milhões de trabalhadores mexicanos enviam dos Estados Unidos - uma das maiores receitas do México e sustento de muitas famílias -, se o país não pagar a construção do muro ao longo dos 3.200 km de sua fronteira sul.

O vice-presidente eleito Mike Pence está trabalhando com várias agências e com o Congresso para aprovar o financiamento do muro e dar início à sua construção, segundo Trump. A polêmica ideia do muro foi lançada no início de sua campanha.

Oposição venezuelana descarta retomada de diálogo com o governo


A oposição venezuelana descartou nessa quarta-feira (11) a retomada do diálogo com o governo do presidente Nicolás Maduro, congelado desde dezembro passado, mas se mostrou disposta a conversar com o enviado do papa Francisco. A informação é da Agência France Press (AFP).

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"O diálogo não pode ser concebido como uma maneira de fazer o país perder tempo", declarou Jesús Torrealba, secretário executivo da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD).

Alegando que o governo não cumpriu os acordos acertados, os delegados opositores suspenderam sua participação, em 6 de dezembro passado, quando deveria ocorrer a terceira rodada de negociações para superar a crise política e econômica.

Amanhã (13) vence o prazo proposto pelo Vaticano e a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) - facilitadores do diálogo - para que sejam criadas as condições que permitam a retomada do diálogo.

Os facilitadores haviam exortado os poderes públicos a se "abster de tomar decisões" passíveis de torpedear os contatos, mas as tensões acabaram se aprofundando.

A maioria opositora do Parlamento declarou, esta semana, Maduro em "abandono do cargo", ao responsabilizá-lo pela crise, e exigiu a convocação de eleições presidenciais.

A decisão é considerada ilegal pelo chavismo, que pediu sua anulação pelo Supremo Tribunal e uma ação penal contra os deputados que aprovaram a medida.

Apesar de rejeitar os contatos diretos com o governo, Torrealba contemplou a possibilidade de um encontro com o enviado do Papa, monsenhor Claudio María Celli.

"Se, por alguma razão, aqui chegar na próxima sexta um representante do Vaticano, monsenhor Celli ou qualquer outro, vamos recebê-lo com os braços abertos".

O principal delegado de Maduro, Jorge Rodríguez, anunciou na terça-feira que Celli viajará à Venezuela para reativar a negociação.

"Nos entrevistamos com o monsenhor Celli em sua residência, e ele nos manifestou que o papa Francisco persiste em acompanhar o diálogo na Venezuela", declarou Rodríguez, que se reuniu com o religioso na sexta-feira passada, em Roma.

A MUD exige a convocação de eleições, mas o chavismo nega discutir esse tema na mesa de negociações. "Não discutimos e nem vamos discutir antecipar qualquer data para as eleições presidenciais", afirmou Rodríguez.

As eleições na Venezuela estão previstas para dezembro de 2018.

Agencia Brasil

Mães e mulheres de presos aguardam notícias em frente à cadeia pública de Manaus


A tarde dessa quarta-feira (11) em Manaus foi de chuva forte, o que não impediu que um grupo de mães e mulheres de presos na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, no centro de Manaus, se mantivesse em frente ao local à espera de notícias. O grupo, formado por sete mulheres, está há quase duas semanas em uma espécie de vigília.
“A gente não está conseguindo visitá-los. Eles [funcionários da cadeia] só falam que está tudo bem. Se estivesse tudo bem, não tinha entrado ambulância aí, não tinha preso ferido”, diz uma delas. Com medo de represálias, elas pedem para não ser identificadas. Relatam a entrada de homens do Batalhão de Choque e de um batalhão com cães. “A notícia que eles dão para todas é 'está bem'. E por que entra cachorro aí dentro?”, disse dona Augusta*.

As mulheres se instalaram do outro lado da rua, em frente à cadeia. Se revezam nas poucas cadeiras de plástico disponíveis na calçada para descansar. Vez ou outra, atravessam a rua e gritam por notícias, agarradas à grade do local. Lá dentro, na porta da cadeia, policiais militares apenas observam o movimento. Maria Tereza* é outra que espera notícias. Agitada, anda de um lado para outro, grita em direção à cadeia pedindo informações.

Com telefones celulares nas mãos, são alimentadas de informações por grupos de WhatsApp de outros parentes de presos. Cada mensagem é recebida com indignação. Um dos grupos foi batizado de “As Guerreiras”. São informadas de que seus parentes, apesar de receberem roupas que as famílias entregam, estão apenas de cuecas lá dentro. Então, Maria Tereza vai até o portão da cadeia pública e grita: “onde estão as roupas que trouxemos para eles?”

A rotina, que está perto de chegar a duas semanas, deixa dona Augusta angustiada e cansada. Enquanto conversava com a reportagem, tinha crises de choro. Se recompunha e minutos depois, chorava novamente, principalmente quando falava do filho, preso por porte de drogas. “Meu filho é viciado, ele é. Mas eu sei que meu filho vai sair daí vivo, eu sei! E meu filho nunca mais vai fazer besteira”, diz, em uma nova crise de choro. “Eu já tô revoltada, cansada. Eu não aguento mais isso não”.

Ela conta que desde a rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), nos dias 1º e 2 de janeiro, não vai para casa. “Meu marido já ligou e disse que nem me quer mais, porque 'não tem mais mulher'. Eu sei que aqui fora a gente não faz nada, mas só de estar aqui sinto que estou salvando meu filho”.

Na espera por notícias, as mães e esposas se ajudam. São senhoras e jovens grávidas, esperando pelos pais dos seus filhos. Compartilham comida e carinho. “A gente não sabe mais o que é dormir. Quando uma vai para casa, as outras ficam aqui. Às vezes, a gente tem pena umas das outras e fala 'vai, mana, vai para casa tomar um banho'. Tem que estar aqui direto”, diz Maria Tereza, sob os olhares de aprovação de outra mãe, Nilza*, uma senhora de cabelos brancos e olhar cansado.

O filho de Nilza está preso há um ano e dois meses. Já existe um alvará de soltura, mas o recesso do Judiciário, segundo ela, atrasa a libertação do rapaz. “A gente chega de manhã e não tem hora para sair. Na última terça-feira [10], eu saí daqui quase à meia-noite. É muito difícil a gente, como mãe, passar por isso”.

Em frente à cadeia, outro grupo reza. Com bíblias, parentes e amigos de presos cantam louvores e estendem as mãos em direção à porta do local. Algumas choram, enquanto cantam pedindo proteção aos detentos, na torcida para que não haja mais mortes, a exemplo do que ocorreu no início da semana, quando quatro presos morreram .

“Liberdade!”
Minutos após a conversa com o grupo de mulheres, uma movimentação discreta chama a atenção delas. Um preso é libertado e muitas comemoram, com grito de “liberdade!”. Outra abraça o rapaz, que estampa um sorriso tímido e, ao mesmo tempo, aliviado. Acompanhado por um funcionário da cadeia, ele deixa o local rapidamente.

Em seguida, outro é liberado. Entra em um carro do governo do estado do Amazonas e, acompanhado pela mãe, também ganha liberdade. Logo, os ânimos cessam. As pessoas que rezavam em frente à cadeia vão embora, mas dona Augusta, Maria Tereza, Nilza e as outras continuam lá, vigilantes e angustiadas.

Suspensão de visitas
A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) informou, em nota, que as visitas aos presos estão suspensas por período indeterminado. A justificativa é a segurança deles e dos familiares.

“[...] está temporariamente suspensa a entrega de alimentos e materiais em todas as unidades prisionais e a visita de familiares aos internos durante o fim da semana. A medida visa a garantir a segurança e a integridade física dos familiares, funcionários e internos do sistema prisional”, diz a secretaria.

O órgão também confirma que os alimentos entregues por parentes não estão sendo repassados aos presos, mas não explicou o motivo. “A Seap reforça que as refeições diárias dentro das unidades prisionais permanecem como programadas, e que os internos não estão recebendo apenas os alimentos trazidos pelos familiares. A Seap esclarece que assim que a situação no sistema for estabilizada, os procedimentos voltados para os familiares serão retomados”.


Agencia Brasil

Conflitos de interesse de Trump podem violar a Constituição, dizem especialistas


José Romildo - da Agência Brasil

O plano do presidente eleito Donald Trump de se separar de seu império imobiliário mundial não atende aos padrões mínimos recomendados pelos órgãos éticos de vigilância. Se Trump insistir nesse plano, ele poderá violar a Constituição dos Estados Unidos (EUA) no seu primeiro dia no cargo, de acordo com estudiosos do direito ouvidos pela revista Time.

Em entrevista nessa quarta-feira, o presidente eleito anunciou que vai transferir o controle operacional da Organização Trump para seus dois filhos mais velhos - Eric e Donald Jr - a fim de ficar fora de novos negócios com parceiros estrangeiros. Ele disse também que evitará discutir assuntos da empresa e que vai nomear um conselheiro de ética independente para examinar novas oportunidades de investimentos, evitando com isso conflitos de interesse.

De acordo com a revista Time, Sherri Dillon, um dos advogados do presidente eleito, afirmou que Trump está voluntariamente renunciando ao controle gerencial da empresa que construiu porque "quer que não haja dúvidas do público americano de que ele está se isolando completamente de seus interesses comerciais". Entrevistados pela revista, estudiosos do direito afirmaram que essa decisão é insuficiente.

O certo seria, segundo eles, que o presidente eleito tomasse duas medidas para evitar conflitos de interesse. A primeira seria abrir mão (vender) de seus negócios em expansão pelo mundo. A segunda seria nomear um administrador independente para os negócios já consolidados, com o objetivo de criar uma "confiança cega" da população americana, e seguir os padrões de presidentes que o antecederam e que se afastaram de empresas particulares.

"Se ele não se desligar [dos negócios], estará violando a Constituição", disse Norman Eisen, ex-embaixador dos EUA na República Tcheca, que serviu como conselheiro de ética da Casa Branca no governo de Barack Obama, de acordo com a Time.

A publicação afirma que Trump, no entanto, resiste a essa opção, o que quebra décadas de tradição de presidentes dos dois partidos norte-americanos: o Democrata e o Republicano. Trump segue a interpretação de que está isento de leis que impedem os detentores de escritórios federais de lucrar com negócios governamentais. Os advogados de Trump alegam que se ele decidisse vender seus ativos, teria que dar um desconto acentuado.

Na entrevista dessa quarta-feira, Donald Trump deu a entender que as restrições legais não o atingem como presidente dos Estados Unidos. "Como vocês sabem, tenho uma situação sem conflito porque sou presidente". De fato, segundo a revista, a lei exime presidentes e vice-presidentes da exigência de seguir estatutos federais de conflitos de interesses. Mas a Time acrescenta que, ignorar os impasses éticos criados pelo seu vasto império de negócios colocará sombras sobre as ações como presidente.

A extensão dos potenciais conflitos de interesse da Trump é incerta, observa a revista.  De acordo com a Time, a Organização Trump é uma empresa de capital fechado e o presidente eleito rompeu  um precedente durante a campanha eleitoral, ao se recusar a divulgar as declarações de renda, o que proporcionaria uma visão mais completa de sua participação nas empresas.


Mas, conforme balanços financeiros de empresas, Trump parece ter ou controlar mais de 500 empresas em cerca de duas dezenas de países, incluindo uma série de nações que são atores geopolíticos importantes na esfera dos Estados Unidos.

Entenda como a inflação é calculada e como afeta a sua vida

A inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou 2016 em 6,29%. O número ficou abaixo do teto da meta fixada pelo Banco Central, de 6,5%. Mas o que isso tem a ver com a sua vida? Qual é a influência desse número na prática? 

O IPCA é a inflação oficial do Brasil. Esse indicador mede o valor de todos os produtos que compõem a cesta de consumo do brasileiro.

Para medir a variação da inflação, entra de tudo na conta: gasolina, lazer, transporte, taxas, alimentação, escola e outros itens. Para chegar ao resultado final, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divide os produtos em grupos e cada um deles tem peso diferente, de acordo com o que o brasileiro consome mais.

Mas ao contrário do que muita gente pensa, a inflação não é apenas um aumento dos preços dos produtos e serviços. Estes fatores são, na verdade, consequências da variação da inflação, segundo especialistas.

O aumento dos preços pode ser causado também por um problema em algum setor específico da economia, por exemplo, e não estar necessariamente vinculado à inflação. Seca, pragas e excesso de chuvas podem causar a alta dos preços de determinados produtos. Além disso, o excesso de procura por bens e serviços faz com que os valores aumentem.

Dinheiro em circulação
A inflação tem uma relação com a quantidade de dinheiro que circula na economia em determinado momento, com o aumento do acesso ao crédito, gastos do governo e crescimento desordenado dos meios de pagamento, de acordo com o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) Newton Ferreira.

Em qualquer lugar do mundo, segundo o economista, os governos determinam qual é o melhor índice de inflação, que acaba sendo um termômetro para a demanda de bens e serviços. Quando a inflação é superior ao aumento de salários, por exemplo, há perda de poder de compra da população assalariada. Quando o contrário acontece, com mais dinheiro no bolso, as pessoas demandam mais bens e serviços e sobrecarregam a economia.

“Em geral, quando a sociedade demanda em excesso bens e serviços, além do que é ofertado, gera-se preços inflacionados. É um fenômeno macroeconômico medido com uma metodologia, que leva em consideração renda de pessoas com entre 1 e 40 salários-mínimos”, explica.

Mas essa amplitude pode gerar uma grande dispersão no resultado final. “Uma pessoa que ganha, por exemplo, dez salários-mínimos, tem um perfil de consumo muito diferente de quem ganha 20 salários-mínimos. Os gastos com alimentação, transporte, moradia, saúde serão diferentes. Para compensar isso na metodologia, existe uma ponderação entre as variáveis consideradas.”

Para Ferreira, a dificuldade em entender a influência da inflação na vida de cada pessoa está na dissociação dos valores, porque os números levantados pelo IBGE são uma média e não o valor real. “Esse valor médio é o parâmetro do governo para a economia de acordo com estudos técnicos realizados pelo Banco Central”, complementa.

Meta
A meta da inflação é determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e cabe ao Banco Central orientar sua oferta de moeda e controlar o acesso ao crédito de acordo com esse limite. A meta permite uma margem para amortecer possíveis crises e choques de preço.

O especialista em finanças Marcos Mello diz que é preciso haver um esforço para conter a inflação e mantê-la em um nível baixo e controlado. “A principal ferramenta que o governo tem para isso é a taxa básica de juros”, explica. Mas a medida tem consequências para a economia. “Quando se mantém uma taxa elevada, o efeito que se pretende é diminuir a atividade econômica. Essa redução da atividade econômica ajuda a reduzir a inflação. O problema é que essa redução da atividade também gera desemprego e isso nos atinge mais diretamente”, pondera.

Saiba quais são os principais índices de inflação:

IPA – Índice de Preços no Atacado
INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor
IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo
INCC – Índice Nacional do Custo da Construção
CUB – Custo Unitário Básico
IPC – Índice de Preços ao Consumidor

Piso salarial dos professores terá reajuste de cerca de 7,5%, calculam entidades


Agência Brasil
O Ministério da Educação (MEC) deve anunciar amanhã (12) o índice de reajuste do piso salarial dos professores de 2017 que, de acordo com cálculos de entidades educacionais, deverá ser de aproximadamente 7,5%. Com isso, o menor salário a ser pago a professores da educação básica da rede pública deve passar dos atuais R$ 2.135,64 para um valor entre R$ 2.285 a R$ 2.298. Uma reunião com com representantes dos estados, municípios e trabalhadores para discutir o assunto está marcada para amanhã. O encontro chegou a ser cancelado, mas foi confirmado na noite de hoje (11).

O piso salarial dos docentes é reajustado anualmente, seguindo aa regras da Lei 11.738/2008, a chamada Lei do Piso, que define o mínimo a ser pago a profissionais em início de carreira, com formação de nível médio e carga horária de 40 horas semanais. Pela lei, o anúncio do reajuste deve ser feito sempre em janeiro. O ajuste deste ano deverá ficar 1,2 ponto percentual acima da inflação de 2016, que fechou em 6,29%.

A reunião é a primeira do ano do Fórum Permanente para Acompanhamento da Atualização Progressiva do Valor do Piso Salarial Nacional, criado em 2015 com o objetivo de discurtir formas mais sustentáveis de pagar os professores. O Fórum é composto por representantes do MEC e por entidades como o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).

Crise
Para estados e municípios, em um contexto de crise orçamentária, o reajuste vai pesar nas contas. “Hoje, no Brasil, a grande dificuldade dos estados é conseguir responder às obrigações correntes. Temos pelo menos 15 estados que estão apresentando dificuldade para pagar os salários correntes, alguns precisam de renegociação de dívida com o governo federal”, afirma o diretor institucional do Consed, Antônio Neto. “Os estados estão apresentando dificuldade a qualquer tipo de reajuste do servidor público. Essa questão está diretamente ligada à dificuldade na arrecadação”.

Nos municípios, a situação é semelhante. “Nos dois últimos anos essa questão foi bastante complicada para os gestores municipais. O piso tem crescido, desde a criação, em velocidade maior que a inflação e maior que o crescimento real do Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação]”, diz o presidente da Undime, Alessio Costa Lima. Segundo ele, os municípios deverão apostar na gestão e reorganização das redes de ensino para cumprir o pagamento mínimo. 

Para a CNTE, é preciso um esforço dos entes para garantir a qualidade da educação. “Precisa de muita determinação e muito compromisso com a educação por parte dos gestores públicos para entender que não vai ter educação de qualidade se não tiver professores e funcionários trabalhando com um salário decente. O reajuste deve ocorrer mesmo com toda a crise que possa estar acontecendo”, defende o presidente da confederação, Roberto Franklin de Leão.

Novas regras
Nem estados e nem municípios negam a importância do reajuste a da valorização dos professores, fundamentais para a melhoria da qualidade da educação. Os gestores defendem, no entanto, uma revisão da lei do piso, para que haja critérios de reajuste "mais factíveis" aos entes e que permitam um reajuste também para o restante da carreira.

A lei vincula o aumento à variação ocorrida no valor anual mínimo por aluno definido no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Pela lei, os demais níveis da carreira não recebem necessariamente o mesmo aumento. Isso é negociado em cada ente federativo.

“Defendemos o piso nacional, mas defendemos um mecanismo que seja compatível e tenha sustentabilidade financeira. Algumas possibilidades foram discutidas, mas o cenário econômico é outro e requer sentar à mesa e chegar a um reajuste compatível com a economia”, diz Lima. “Se não estabelecermos fontes claras de financiamento para que possamos organizar a educação do Brasil poderemos perder o bonde da história”, acrescenta Neto.

Já a CNTE defende a manutenção das regras atuais, que favorecem ganhos reais aos professores e a valorização desses profissionais. "De jeito nenhum vamos levar à reunião alguma proposta de mudança da lei”, diz Leão.

Valorização dos professores
Em 2009, quando a Lei do Piso entrou em vigor, o pagamento mínimo para professores passou de R$ 950 para R$ 1.024,67, em 2010, e chegou a R$ 1.187,14 em 2011. No ano seguinte, o piso passou a ser R$ 1.451. Em 2013, subiu para R$ 1.567 e, em 2014, foi reajustado para R$ 1.697. Em 2015, o valor era R$ R$ 1.917,78. Na série histórica, o maior reajuste do piso foi registrado em 2012, com 22,22%. No ano passado, o reajuste foi de 11,36%.

Apesar do crescimento, atualmente, os professores recebem o equivalente a 54,5% do salário das demais carreiras com escolaridade equivalente. A melhoria da remuneração dos professores faz parte do Plano Nacional de Educação (PNE), lei que prevê metas para a educação até 2024. Até 2020, os docentes terão que ter rendimento equiparado ao dos demais profissionais com escolaridade equivalente.

Falta de dados
Não há oficialmente um levantamento que mostre com exatidão o valor da remuneração dos professores da rede pública no país, tanto nos estados, quanto nos municípios. No ano passado, a CNTE divulgou um levantamento no qual mostra que mais da metade dos estados brasileiros não cumpre o salário estipulado na Lei do Piso. Eram 14 os estados que pagam aos professores menos do que os R$ 2.135,64 por mês.

Para buscar mais transparência, o Ministério Público Federal assinou um acordo com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para disponibilizar um sistema que estados e municípios possam informar o salário de cada professor. O cronograma para a implementação desse sistema vai até agosto de 2017.

Argentina e Venezuela investigam casos relacionados à Odebrecht

A justiça argentina recebeu, nesta quarta-feira (11), um pedido para investigar o chefe da Agência Federal de Inteligência (AFI), Gustavo Arribas, suspeito de ter recebido mais de meio milhão de dólares em propinas da Odebrecht, em 2013. O nome dele foi citado numa reportagem do jornal argentino La Nación, com base em documentos fornecidos a justiça brasileira pelo doleiro paulista Leonardo Meirelles, como parte de um acordo de delação premiada.

Segundo o La Nación, na documentação à qual teve acesso, Meirelles registrou cinco transferências para uma conta suíça do chefe da AFI, entre 25 e 27 de setembro de 2013. No total, foram transferidos US$ 594,518. O jornal tentou entrar em contato com Arribas, que está de férias com a família no Brasil, mas só conseguiu falar com seus assessores, que só confirmaram uma transferência de US$ 70,495. O dinheiro, segundo eles, foi o resultado da venda de um imóvel em São Paulo, onde Arribas vivia na época.

O La Nación diz que as cinco transferências para a conta do Crédit Suisse foram feitas um dia apos a reativação de um contrato da Odebrecht na Argentina. A deputada municipal Graciela Ocaña, cujo partido Confiança Píblica apoia o governo, pediu ao presidente Macri que suspenda Arribas do cargo, ate que ele esclareça a sua situação perante a justiça.

Na Venezuela
O líder opositor Henrique Capriles informou nesta quarta-feira (11) que foi citado pela Controladoria Geral da Venezuela para comparecer ao local nesta quinta-feira (12) por conta de uma suposta ligação dele com o caso de corrupção envolvendo a Odebrecht no país. 

"Eles pretendem jogar meu nome na lama com um caso como o da Odebrecht. Eu gosto das coisas claras e isso sabem aqueles que estão a meu lado", disse Capriles. Ele sustenta que essa convocação é uma espécie de tentativa de puni-lo por ser um dos líderes da ação que pede um referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro.

Capriles ainda acusou que o governo querer envolvê-lo no caso "mesmo sendo inocente. Quem não deve não teme, mas eu gosto das coisas bem claras", disse o atual governador do estado de Miranda, que desde 2008 é um dos maiores opositores de Maduro no país.


Com informações da Agência Ansa.

Juíza suspende aumento de todas as tarifas de transporte em São Paulo

Agência Brasil

A juíza Simone Viegas de Moraes Leme, da 15ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo, suspendeu hoje (11) o aumento das passagens de todas as linhas de ônibus intermunicipais administrados pela Empresa Metropolitana de Transporte Urbano (EMTU). Cabe recurso da decisão.

Na decisão, a juíza disse que a razão para o aumento “não está detalhado tecnicamente, o que impede a análise de sua pertinência e, ademais, supera, sem explicação, os índices inflacionários”.

Na tarde de ontem (10), o presidente do Tribunal de Justiça Paulo de São Paulo, Paulo Dimas, decidiu suspender o aumento na integração (ônibus+trilhos) do transporte público em São Paulo que estava em vigor desde domingo (8). Com essa decisão, a Secretaria Estadual de Transportes notificou, na noite de ontem, o Metrô, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), a EMTU e a SPTrans, empresa gestora do Bilhete Único, para que as tarifas de integração fossem alteradas ao valor que era praticado antes do aumento, o que começou a ocorrer na manhã de hoje.

No caso da EMTU, a secretaria já havia determinado ontem que a empresa voltasse a cobrar o preço anterior no caso das linhas de ônibus intermunicipais da área 5 da região metropolitana (que corresponde ao ABC) e, a partir de sexta-feira (13), também nas linhas das regiões metropolitanas de Sorocaba,

Vale do Paraíba e Litoral Norte.

No entanto, a secretaria não abaixou o preço das passagens nas regiões metropolitanas de Campinas, Baixada Santista, as áreas 1,2,3,4 e o corredor ABD da região metropolitana de São Paulo, pois, de acordo com a secretaria, não estavam incluídas na determinação de ontem do tribunal. Porém com a decisão de hoje, da juíza Simone Viegas de Moraes Leme, a secretaria será obrigada a abaixar o preço de todas as passagens da EMTU.

Por meio de nota, a Secretaria de Transportes Metropolitanos (STM) informou que tomou conhecimento da ampliação da liminar, mas que ainda não foi notificada. "A STM não foi citada ainda e tomará todas as medidas necessárias para cumprimento da decisão", disse.

Segundo a secretaria, a extensão da liminar abrange os reajustes aplicados nas tarifas da EMTU em sete contratos de concessão nas regiões de São Paulo (áreas 1,2,3,4 e Corredor ABD), Baixada Santista (inclusive o VLT) e Campinas.

“A STM reafirma que o atendimento da ordem liminar impacta financeiramente, de forma drástica e prejudicial, o sistema de transporte e o orçamento do governo do estado. Se mantida a decisão, causará um impacto financeiro de mais R$ 212 milhões em 2017, além dos R$220 milhões envolvendo Metrô, CPTM e permissionárias da EMTU”, diz a nota.

Maduro afirma que não abandonou cargo e que é alvo de golpe na Venezuela


O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou a Assembleia Nacional, que tem maioria da oposição ao seu governo, de ter feito um "manifesto irritante, nulo e golpista" ao acusá-lo de abandono de cargo. "Eles estão utilizando os recintos da Assembleia Nacional em desacato com a lei para promover um golpe de Estado. Assim eu os denuncio", disse o mandatário sobre o texto aprovado por 106 parlamentares. As informações são da Agência Ansa.

Segundo Maduro, a declaração aprovada no Parlamento "está copiando os diferentes golpes que durante os últimos 17 anos querem derrotar a revolução bolivariana.  A quadrilha da Assembleia Nacional autoriza para que haja o que eles querem: intervir na Venezuela para fazer atentados terroristas contra nosso país para buscar o objetivo que se manifesta", declarou, convocando a população para "não cair nas provocações".

Os parlamentares aprovaram o "abandono de cargo" porque consideram o mandatário como o responsável pela "completa crise socioeconômica" que atinge a nação e pela "ruptura da ordem constitucional e democrática". Com isso, os parlamentares querem pedir a convocação de eleições presidenciais imediatas.


Da Agência Ansa

Banco Central reduz Selic para 13% ao ano e surpreende o mercado

Agência Brasil

Pela terceira vez seguida, o Banco Central (BC) baixou os juros básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu hoje (11) a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, para 13% ao ano. A decisão surpreendeu os analistas financeiros, que previam o corte de 0,5 ponto percentual.

Com a decisão de hoje, a Selic está no menor nível desde abril de 2015, quando estava em 12,75% ao ano. Mantida em 7,25% ao ano, no menor nível da história, de outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Somente em outubro do ano passado, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia.

Em comunicado, o Copom informou que a demora na recuperação da economia contribuiu para a autoridade monetária acelerar o corte dos juros. “O conjunto dos indicadores sugere atividade econômica aquém do esperado. A evidência disponível sinaliza que a retomada da atividade econômica deve ser ainda mais demorada e gradual que a antecipada previamente”, destacou o texto.

O Copom ressaltou que as incertezas externas ainda não trouxeram efeitos sobre o Brasil e que o comportamento da inflação, que fechou 2016 abaixo das expectativas, favoreceu a redução maior da Selic.

“A inflação recente continuou mais favorável que o esperado. Há evidências de que o processo de desinflação mais difundida tenha atingido também componentes mais sensíveis à política monetária e ao ciclo econômico. A inflação acumulada no ano passado alcançou 6,3%, bem abaixo do esperado há poucos meses e dentro do intervalo de tolerância da meta para a inflação estabelecido para 2016”, acrescentou o Banco Central.

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA fechou 2016 em 6,29%, o menor nível desde 2013 (5,91%).

Até o ano passado, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelecia meta de inflação de 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos, podendo chegar a 6,5%. Para 2017, o CMN reduziu a margem de tolerância para 1,5 ponto percentual. A inflação, portanto, não poderá superar 6% neste ano.
Inflação

No Relatório de Inflação, divulgado no fim de dezembro pelo Banco Central, a autoridade monetária estima que o IPCA encerre 2017 em 4,4%. O mercado está um pouco menos pessimista. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, a inflação oficial fechará o ano em 4,81%.

Até agosto do ano passado, o impacto de preços administrados, como a elevação de tarifas públicas, e o de alimentos, como feijão e leite, contribuiu para a manutenção dos índices de preços em níveis altos. De lá para cá, no entanto, a inflação começou a desacelerar por causa da recessão econômica e da queda do dólar. Em dezembro, o IPCA ficou em 0,30%, a menor taxa para o mês desde 2004.

A redução da taxa Selic estimula a economia porque juros menores impulsionam a produção e o consumo num cenário de baixa atividade econômica. Segundo o boletim Focus, os analistas econômicos projetam crescimento de apenas 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em 2016. No último Relatório de Inflação, o BC reduziu a estimativa de expansão da economia para 0,8% este ano.

A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação.


Presidente da Argentina marca visita de Estado ao Brasil em fevereiro

O presidente da Argentina, Maurício Macri, virá ao Brasil no próximo dia 7 de fevereiro para uma visita de Estado, na qual se encontrará com o presidente Michel Temer. Os dois conversaram nesta quarta-feira (11) por telefone, de acordo com o porta-voz da Presidência, Alexandre Parola.

Além dos assuntos de interesse dos dois países, os mandatários discutirão a agenda do Mercosul, do qual a Argentina se tornou presidente temporária depois de um impasse sobre a permanência da Venezuela . Segundo o porta-voz, Brasil e Argentina estão "empenhados em redinamizar e fortalecer" as pautas do bloco.


"Os presidentes decidiram instruir suas equipes a intensificar esforços com vistas a continuados avanços na pauta bilateral, sempre em busca de resultados concretos em benefícios das sociedades brasileira e argentina", afirmou Parola.

Da Agência Brasil

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Após Ford e GM, Trump ameaça Toyota por fabricar carros no México


O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor tarifas de importação à Toyota caso a empresa prossiga seus planos de investimentos em uma fábrica no México, que exportaria carros para o mercado americano. As declarações foram feitas após a Ford, que também foi pressionada por Trump, cancelar seus planos de construção de uma filial no território mexicano.
Depois da Ford anular o projeto de uma nova fábrica no México, e da General Motors ser ameaçada de retaliações pela fabricação de carros no país vizinho, agora foi a vez da gigante japonesa ser alvo das declarações protecionistas de Trump.

"A Toyota disse que construirá uma nova fábrica em Baja, no México, para produzir carros Corolla para os Estados Unidos. De jeito nenhum! Construa uma fábrica nos Estados Unidos ou pague uma tarifa de importação", disse o presidente eleito numa rede social.

A declaração é uma reação ao anúncio feito em novembro pela Toyota, que comemorou a instalação de uma fábrica de US$ 1 bilhão no território mexicano. No entanto, a filial não se situa em Baja, na fronteira da Califórnia, como apontou Trump, e sim em Guanajuato, no centro do México.

Além disso, pouco antes da declaração do futuro chefe da Casa Branca, o presidente da Toyota, Akio Toyoda, havia afirmado que manter um bom relacionamento com Trump é fundamental, demonstrando disposição de trabalhar com o presidente eleito. Um porta-voz da gigante automobilística disse que a empresa pretende responder a Trump.

Acordo de livre comércio é questionado
O presidente eleito contesta o fato de que essas empresas se beneficiam do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio, assinado entre Washington, México e Canadá, que permite, sob condições, mas sem taxas aduaneiras, exportar para os Estados Unidos mercadorias produzidas no território mexicano.

O texto foi um dos principais alvos durante a campanha presidencial de Trump, que prometeu renegociar a parceria, em vigor desde 1994.

Mas com essa ameaça visando a Toyota, o republicano ultrapassa mais um limite em sua cruzada protecionista, pois pela primeira vez ele ataca um grupo estrangeiro.


Agência Brasil

Os 4 eventos que prenunciam um 2017 turbulento para Temer (e o que mais vem por aí)



Por Lara Rizério 

O ano mal começou, os parlamentares ainda estão em recesso, mas o presidente Michel Temer já tem uma prévia do que será 2017 para a política - bastante turbulento.

Já na primeira semana do ano, quatro eventos mostraram que o ano não será nada fácil para o presidente: i) as decisões no STF contra o bloqueio nas contas do Rio de Janeiro, ii) a disputa cada vez mais acirrada Câmara dos Deputados que pode levar ao acirramento da disputa e à pressão para que Temer tome uma posição, iii) as possibilidades de corte no Orçamento com a revisão para baixo no PIB brasileiro e o mais grave, a crise penitenciária deflagrada pelo massacre em Manaus, o que pode ter impacto inclusive fiscal.

Confira as dores de cabeça que Temer teve que enfrentar já no início do ano:

i) Decisões no STF
O STF (Supremo Tribunal Federal) está em recesso, mas duas decisões da presidente da corte, ministra Cármen Lúcia, nestes primeiros dias do ano já são observadas com atenção pelo Planalto.

Na terça, a presidente do Supremo concedeu liminar em que evitou o bloqueio pela União de R$ 192 milhões nas contas do Rio de Janeiro e, na quarta, suspendeu o bloqueio de mais R$ 181 milhões. Com a medida, os servidores estaduais fluminenses que ainda não tiveram seus salários integralmente pagos receberão ontem (5) a primeira das cinco parcelas dos vencimentos de novembro, no valor de R$ 316.

A liminar da presidente do STF, deferida em atuação durante o plantão do recesso do Tribunal, tem validade até reapreciação pelo relator da ação, ministro Ricardo Lewandowski, ou a sua submissão ao colegiado para referendo.

O Tesouro Nacional está discutindo com a Advocacia-Geral da União (AGU) quais providências serão tomadas em relação às decisões do STF. Conforme destaca a LCA Consultores, existe a possibilidade de a AGU recorrer da decisão e pedir ao STF a reconsideração do despacho." A decisão da corte abre um precedente delicado, pois tem implicações não apenas para o Rio, mas também para outros Estados e municípios que estão atrasando pagamentos de dívidas", afirma a consultoria. Vale destacar que, na quarta o ministro da Fazenda Henrique Meirelles se reuniu com Cármen Lúcia e afirmou que existe uma "agenda de trabalho" entre os dois órgãos para tratar de assuntos que envolvem a União, o Tesouro e os Estados. O ministro, no entanto, não respondeu se a decisão sobre o desbloqueio de recursos para o Rio foi um dos assuntos abordados

ii) Disputa na Câmara.
A Câmara de Deputados está em recesso e a eleição para a presidência ocorrerá só no mês que vem (mais precisamente dia 2 de fevereiro), mas a disputa pelo comando da Casa está cada dia mais acirrado, o que pode respingar na governabilidade de Temer. Enquanto os maiores jornais do Brasil apontam que o presidente teria uma preferência pela reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ), outros candidatos estão fortemente no páreo, inclusive questionando a candidatura do democrata.

Entre os principais adversários de Maia, estão Rogério Rosso (PSD-DF), Jovair Arantes (PTB-GO) e André Figueiredo (PDT-CE). Os dois primeiros postulantes ao cargo fazem parte do denominado "Centrão", grupo que faz parte da base aliada de Temer e é crucial para a aprovação de projetos de interesse no governo. Qualquer sinalização de que o presidente teria preferência em relação a outro pode causar mal estar com essas legendas e, assim, prejudicar a governabilidade.

Arantes, por exemplo, reuniu-se na última quarta-feira com Temer e afirmou que o Planalto não tem candidato preferido à disputa, em meio a notícias de que o presidente teria "discreta preferência" por Maia. " O presidente Temer me garantiu que o Planalto não tem nenhuma preferência, e que vai determinar que ministros não interfiram na eleição", afirmou o petebista.

Enquanto isso, Rosso critica Maia e quer que ele admita candidatura, chegando inclusive a pedir um debate para a presidência para provocar atual comandante da Casa; já Jovair prometeu ir ao STF caso Maia ganhe. A candidatura de Maia abriu questionamentos entre parlamentares sobre a viabilidade legal da reeleição para o posto. Enquanto isso, o atual presidente da Câmara dos Deputados afirma que ainda não é a hora de oficializar sua possível candidatura e que só fará isso se entender que sua candidatura “representa um caminho de harmonia na relação entre os poderes e, principalmente, no plenário da Câmara

iii) Mais pessimismo com a economia.
O ano mal começou, mas o mercado e o próprio governo está revisando as suas estimativas para a economia prevendo uma retomada do crescimento em 2017 mais lenta do que a esperada. Dados da indústria e de emprego do final do ano passado corroboram a previsão de que a economia está demorando a reagir, enquanto o último Focus apontou que a estimativa do mercado é de que o PIB cresça apenas 0,5% este ano

Com o crescimento mais lento do PIB, a expectativa é de que haja um corte de até R$ 50 bilhões do Orçamento de 2017, conforme apontou o jornal O Estado de S. Paulo. Apenas por conta da revisão de crescimento do PIB feita pelo governo, de 1,6% para 1%, o corte previsto chega a pelo menos R$ 20 bilhões. Mas a avaliação é que o contingenciamento de despesas deverá ser ainda maior, por conta de frustrações de receitas extraordinárias que foram incluídas na Lei Orçamentária em agosto, já com o objetivo de preencher uma lacuna entre gastos e a arrecadação que ameaçava o cumprimento da meta fiscal, que é de R$ 139 bilhões. Em conversas recentes, o ministro da Fazenda já admitiu a parlamentares que a economia pode crescer ainda menos que 1% - algo como 0,5% como prevê o Focus

iv) Massacre em Manaus e seus impactos.
O início do ano ficou marcado por mais uma evidência da crise em que o sistema prisional brasileiro enfrenta; a rebelião no Complexo Prisional Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, que resultou na morte de pelo menos 56 presos, em meio a um conflito de facções.

Além do desgaste político e das críticas sobre a demora de Temer em se pronunciar, o presidente deve observar com atenção essa crise por outros motivos. Conforme apontou a consultoria de risco político Eurasia Group, o massacre no presídio de Manaus traz “risco significativo” de ter reflexos em outras penitenciárias de todo o país, agravando ainda mais uma crise aguda de segurança, justamente quando governos estaduais estão passando por crise fiscal.

Segundo a consultoria, tais dinâmicas sugerem que poderia aumentar a pressão política para administração Temer levar ajuda adicional aos governos estaduais para enfrentar uma crescente crise de segurança, acima e além do que a equipe econômica quer conceder. Vale destacar que, na quinta-feira, Temer anunciou que pretende disponibilizar R$ 150 milhões para a instalação de bloqueadores de celulares em pelo menos 30% dos presídios de cada estado, e R$ 200 milhões para a construção de mais cinco presídios federais.

Vem por aí...
Desta forma, as dores de cabeça de Temer no início do ano prenunciam os problemas que ele enfrentará mais à frente. O noticiário está aparentemente mais calmo em meio ao recesso, mas muitos políticos seguem temerosos com novos vazamentos ou até mesmo a liberação do sigilo da delação da Odebrecht, que cita diversos políticos (inclusive o próprio presidente). A expectativa é de que o relator da Lava Jato no STF, Teori Zavascki, homologue a delação só em março. Porém, novos vazamentos podem aparecer até lá.

Além disso, chama a atenção o desafiador processo de reforma da Previdência. Rodrigo Maia afirmou que vê a reforma aprovada na Câmara até março, enquanto o postulante à presidência do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), afirmou que ela deve ser aprovada na Casa até junho. Porém, até lá, muitas negociações devem acontecer (assim como mudanças na proposta).

Porém, a maior fonte de risco vem com o julgamento da chapa vencedora das eleições presidenciais de 2014 formada por  Dilma Rousseff e Temer, que deve acontecer no segundo semestre deste ano. Contudo, conforme informa a Bloomberg, Temer avalia contar com apoio de uma apertada maioria dos juízes que compõem atualmente o Tribunal.

Assim, por esses e outros "imponderáveis" fatores, o ano de 2017 promete ser bastante conturbado para o presidente Michel Temer.


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