quarta-feira, 15 de julho de 2015

O complexo de vira-latas dos brasileiros na visão de um estudante britânico

Estudante da Universidade de Oxford diz que brasileiros exageram na rejeição ao Brasil. “Ao mesmo tempo em que existe um exagero na idealização dos americanos, existe um exagero na rejeição ao Brasil pelos próprios brasileiros” (imagem ilustrativa)
Por Adam Smith, estudante de Oxford e blogueiro da BBC

“O Brasil tem uma reputação invejável no exterior, mas os brasileiros, às vezes, parecem ser cegos para tudo exceto o lado negativo". Estudante de Oxford em estadia no Brasil comenta o complexo de vira-latas dos brasileiros e diz considerar deprimente o endeusamento de alguns aos Estados Unidos como modelo de sociedade.

Pouco depois de chegar a São Paulo, fui a uma loja na Vila Madalena comprar um violão. O atendente, notando meu sotaque, perguntou de onde eu era. Quando respondi “de Londres”, veio um grande sorriso de aprovação. Devolvi a pergunta e ele respondeu: ‘sou deste país sofrido aqui’.

Fiquei surpreso. Eu – como vários gringos que conheço que ficaram um tempo no Brasil – adoro o país pela cultura e pelo povo, apesar dos problemas. E que país não tem problemas? O Brasil tem uma reputação invejável no exterior, mas os brasileiros, às vezes, parecem ser cegos para tudo exceto o lado negativo. Frustração e ódio da própria cultura foram coisas que senti bastante e me surpreenderam durante meus seis meses no Brasil. Sei que há problemas, mas será que não há também exagero (no sentido apartidário da discussão)?

Tem uma expressão brasileira, frequentemente mencionada, que parece resumir essa questão: complexo de vira-lata. A frase tem origem na derrota desastrosa do Brasil nas mãos da seleção uruguaia no Maracanã, na final da Copa de 1950. Foi usada por Nelson Rodrigues para descrever “a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo”.

E, por todo lado, percebi o que gradualmente comecei a enxergar como o aspecto mais ‘sofrido’ deste país: a combinação do abandono de tudo brasileiro, e veneração, principalmente, de tudo americano. É um processo que parece estrangular a identidade brasileira.

Sei que é complicado generalizar e que minha estada no Brasil não me torna um especialista, mas isso pode ser visto nos shoppings, clones dos ‘malls’ dos Estados Unidos, com aquele microclima de consumismo frígido e lojas com nomes em inglês e onde mesmo liquidação vira ‘sale’. Pode ser sentido na comida. Neste “país tropical” tão fértil e com tantos produtos maravilhosos, é mais fácil achar hot dog e hambúrguer do que tapioca nas ruas. Pode ser ouvido na música americana que toca nos carros, lojas e bares no berço do Samba e da Bossa Nova.

Pode ser visto também no estilo das pessoas na rua. Para mim, uma das coisas mais lindas do Brasil é a mistura das raças. Mas, em Sampa, vi brasileiras com cabelo loiro descolorido por toda a parte. Para mim (aliás, tenho orgulho de ser mulato e afro-britânico), dá pena ver o esforço das brasileiras em criar uma aparência caucasiana.

Acabei concluindo que, na metrópole financeira que é São Paulo, onde o status depende do tamanho da carteira e da versão de iPhone que se exibe, a importância do dinheiro é simplesmente mais uma, embora a mais perniciosa, importação americana. As duas irmãs chamadas Exclusividade e Desigualdade caminham de mãos dadas pelas ruas paulistanas. E o Brasil tem tantas outras formas de riqueza que parece não exaltar…

Um dos meus alunos de inglês, que trabalha em uma grande empresa brasileira, não parava de falar sobre a América do Norte. Idealizou os Estados Unidos e Canadá de tal forma que os olhos dele brilhavam cada vez que mencionava algo desses países. Sempre que eu falava de algo que curti no Brasil, ele retrucava depreciando o país e dando algum exemplo (subjetivo) de como a América do Norte era muito melhor.

O Brasil está passando por um período difícil e, para muitos brasileiros com quem falei sobre os problemas, a solução ideal seria ir embora, abandonar este país para viver um idealizado sonho americano. Acho esta solução deprimente. Não tenho remédio para os problemas do Brasil, obviamente, mas não consigo me desfazer da impressão de que, talvez, se os brasileiros tivessem um pouco mais orgulho da própria identidade, este país ficaria ainda mais incrível. Se há insatisfação, não faz mais sentido tentar melhorar o sistema?

Destaco aqui o que vejo como um uma segunda colonização do Brasil, a colonização cultural pelos Estados Unidos, ao lado do complexo de vira-latas porque, na minha opinião, além de andarem juntos, ao mesmo tempo em que existe um exagero na idealização dos americanos, existe um exagero na rejeição ao Brasil pelos próprios brasileiros. É preciso lutar contra o complexo de vira-latas. 

Uma divertida, porém inspiradora, lição veio de um vendedor em Ipanema. Quando pedi para ele botar um pouco mais de ‘pinga’ na caipirinha, ele respondeu: “Claro, (mermão) meu irmão. A miséria tá aqui não!” Viva a alma brasileira!

O estudante britânico Adam Smith (reprodução)

MPF engaveta prova contra Aécio enquanto busca incriminar Lula


Há muitas evidências de que a Operação Lava Jato não passa de uma farsa que visa, exclusivamente, destruir Lula e o PT, mas, talvez, a mais contundente resida em entrevista que o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, do Ministério Público Federal (MPF), deu à Agência Reuters na última terça-feira (23).

Perguntado sobre os boatos de que Lula estaria sendo investigado no âmbito da Lava Jato, Santos Lima, que integra a força-tarefa do MPF que investiga o caso Petrobras, afirmou que, “Neste momento”, não há investigação contra o ex-presidente porque o que há contra ele são “só notícias da imprensa”, mas que, se a força-tarefa conseguir encontrar algo, Lula será investigado.

Antes de prosseguir no tratamento que o MPF e a própria Operação Lava Jato estão dando a políticos de acordo com o partido a que pertencem, vale comentar uma segunda informação do procurador Santos Lima, de que essa Operação “deve levar ao menos mais dois anos” para ser concluída e irá chegar ao setor elétrico, mais especificamente a obras da Eletrobras como Belo Monte e Angra 3.

Saiba, leitor, que a crise econômica que o país está vivendo tem ligação íntima com a Operação Lava Jato. Sem ela, o país já poderia estar recomeçando a crescer.

Na verdade, se não houvesse exploração política das investigações e o segredo de Justiça estivesse sendo mantido, a Lava Jato não estaria interferindo na economia. Contudo, essa investigação se transformou em um espetáculo regado a vazamentos seletivos que atingem, única e exclusivamente, o PT e seus aliados, de modo que o mercado tem dúvidas sobre a governabilidade e, sem governabilidade, não há confiança do empresariado para investir, e, sem investimento, ficamos atolados na crise.

A Lava Jato e sua força-tarefa, que congrega MP e Polícia Federal, demonstram, com seus vazamentos seletivos, o claro objetivo de, em primeiro, impedir que o país volte a crescer, pois isso poderia resultar em recuperação da popularidade da presidente Dilma Rousseff, e, em segundo, de estender essas investigações até a próxima eleição presidencial.

Enquanto um procurador do Ministério Público Federal diz abertamente à imprensa que está caçando elementos para implicar Lula, a mesma instituição engaveta evidência escandalosamente forte contra o líder da oposição, presidente do PSDB, Aécio Neves.

Lula nunca foi acusado diretamente de nada, jamais foi sequer citado nas delações premiadas, nada existe contra ele além de mísera especulação da imprensa de que teria “proximidade” com a Odebrecht, como se a empreiteira não tivesse igual “proximidade” com vários outros políticos de oposição, como Aécio Neves, Fernando Henrique Cardoso etc.

Ao contrário de Lula, porém, Aécio Neves foi citado pelo doleiro Alberto Yousseff. Em delação premiada, o doleiro afirmou que o ex-deputado José Janene (PP/PR) – condenado no processo do Mensalão e mentor do esquema de propinas na Petrobrás – lhe contou que “dividia diretoria de Furnas com Aécio Neves”.

“O partido (PP) tinha a diretoria, mas quem operava a diretoria era o Janene em comum acordo com o então deputado Aécio Neves. Tinha algumas operações que ele (Janene) dividia com o então deputado Aécio Neves (PSDB).”

Youssef disse que não sabia qual diretoria Janene controlava em Furnas. “Mas ouvi dizer que, na verdade, ele dividia essa diretoria com o então deputado na época Aécio Neves. O partido (PP) tinha a diretoria, mas quem operava a diretoria era o Janene em comum acordo com o então deputado Aécio Neves.”

Youssef disse que não falara sobre esse caso antes porque “Janene era compadre dele e ele não quis abordar”. Como ninguém perguntou, ele também não falou. Indagado sobre quem lhe disse sobre Aécio, ele respondeu: “O próprio deputado José Janene. Mais de uma vez.”

Segundo Youssef, esse assunto surgiu em conversas políticas que eles estavam tendo”. Eu estava junto, acabava escutando. Por exemplo, ele (Janene) conversando com outro colega de partido, então, naturalmente, saía essa questão de que na verdade o Partido Progressista não tinha a diretoria só e, sim, dividiria com o PSDB, a cargo do deputado Aécio Neves.”

Quem era o operador do PSDB na época?, perguntaram os procuradores ao doleiro na audiência de fevereiro. “A gente sabe por ouvi dizer. Ouvi dizer, não tenho certeza, não posso afirmar, mas diziam que era a irmã dele, a irmã do Aécio. Uma das irmãs, não sei se ele tem duas ou uma. Ouvi do seu José [Janene], na época”.

Os defensores de Aécio poderão dizer que as acusações são vagas. Sim, de fato são. Contudo, as acusações ao hoje presidente do PSDB são muito mais do que existe contra Lula, contra quem não existe absolutamente nada.

Ora, como falar em investigar Lula sem que exista nada contra ele além de suposta “proximidade” com a Odebrecht enquanto, contra Aécio, existe uma citação formal na delação premiada de Alberto Yousseff? Como é que o MP e a mídia não dizem nada sobre isso enquanto ficam transformando especulações sem prova alguma contra Lula em investigação iminente?

Poder-se-ia perguntar, também, por que, apesar de tantas relações que a Odebrecht e tantas outras empreiteiras têm com o PSDB, só se fala nas relações dessas empresas com o PT.

Defensores dos tucanos dirão que quem controla a Petrobras é “o PT” – o que é falso, porque a Petrobras é controlada por um governo de coalizão integrado pelo PT. Mas o PSDB controla vários governos estaduais que têm íntimas relações com as empresas investigadas.

Se houvesse interesse real em acabar com a corrupção no Brasil, todas as relações dessas empreiteiras com governos de todos os níveis estariam sendo investigadas. Porém, como está se vendo, a Lava Jato irá continuar investigando só o PT até 2018, a fim de manter a economia andando de lado e, no ano eleitoral, inventar alguma coisa contra Lula para que nem se candidate ou tenha possibilidade de influir no pleito.

Assista, abaixo, vídeo em que Alberto Yousseff acusa Aécio Neves e a irmã. As principais acusações estão nos primeiros minutos.

Prisão a quem prega golpe militar ou comete crimes de ódio


Em artigo publicado em (09.12.2014) na Folha de São Paulo, o professor da USP Vladimir Safatle defende de forma lúcida e correta punição rigorosa (inclusive com cadeia) a quem prega golpe militar no Brasil. Destaca o professor que soa como ironia o fato de às vésperas de se publicar, via Comissão Nacional da Verdade, relatório com os nomes de torturadores e assassinos da época em que generais comandaram governos militares por aqui, meia dúzia saiam às ruas para pedir a volta de um novo golpe militar no país.

"Quem clama por um golpe militar pede, necessariamente, a implementação de um regime de exceção, com assassinatos sistemáticos de Estado contra oponentes, comandado por uma casta militar que fará o que o Brasil nomeará na quarta: a destruição física e simbólica de quem não está acostumado com o silêncio".

Saflate, nesse trecho de seu artigo, além de caracterizar com precisão os defensores do golpismo, refere-se também ao fato de que hoje (quarta, 10.12.2014) é a data marcada para publicação do Relatório com os nomes dos criminosos da ditadura militar brasileira e da descrição de todos os crimes cometidos.

E conclui o professor: "Por isso, quem levanta um cartaz a favor de um golpe militar não pode estar na rua, mas deveria estar ou respondendo a processos por incitação à forma máxima de violência ou diretamente na cadeia". Ler artigo completo do professor

Crimes de ódio

Além dos defensores de golpes militares, há também um bando de fascistas que estão a cometer crimes de ódio no país, em particular pelas redes sociais. Olavo de Carvalho, um dos mentores de Aécio Neves e do PSDB nas eleições presidenciais deste ano, teria chegado ao absurdo de defender em post no seu twiter "que se atire em público na cara de comunistas".

Isto é crime previsto em Lei, algo que pode ser denunciado nas organizações abaixo:

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

SAFER.NET

POLÍCIA FEDERAL

terça-feira, 14 de julho de 2015

Lava-Jato: PGR e PF cumprem 53 mandados de busca e apreensão em 7 estados


Medidas foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal

Com informações do site do Ministério Público Federal - 14/07/2015

A Procuradoria-Geral da República, com o auxílio de diversos membros do Ministério Público, e em conjunto com a Polícia Federal, cumpre nesta terça-feira, 14 de julho, 53 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, Bahia, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas e Santa Catarina. Os mandados foram expedidos pelos ministros do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski nas investigações em curso no STF relacionadas à Operação Lava-Jato.

Esta é a primeira fase da Lava-Jato no âmbito do STF, batizada de Politeia. Estão sendo cumpridas buscas nas residências dos investigados, em seus endereços funcionais, em escritórios de advocacia e nas sedes das empresas a eles vinculadas.


As medidas foram requeridas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. “As medidas são necessárias ao esclarecimento dos fatos investigados no âmbito do STF, sendo que algumas se destinaram a garantir a apreensão de bens adquiridos com possível prática criminosa e outras a resguardar provas relevantes que poderiam ser destruídas caso não fossem apreendidas”, explica Janot. Segundo ele, as medidas ora executadas refletem uma atuação firme e responsável do Ministério Público Federal em busca dos esclarecimentos dos fatos. “Adsumus (aqui estamos)”, concluiu.


quinta-feira, 9 de julho de 2015

Intervenção militar

Por Vladimir Saflate na Folha de S.Paulo

Na próxima quarta-feira (10/12/2014), a Comissão Nacional da Verdade deve apresentar o relatório de seus trabalhos. Espera-se que nomes de torturadores e assassinos sejam enfim publicados, que seus crimes sejam fartamente descritos, a fim de que, ao menos, ganhem força processos para terminar com a impunidade aos que cometeram crimes contra a humanidade durante a ditadura militar.

Mas, como por ironia da história, neste exato momento, o Brasil conhece manifestações periódicas de pessoas que saem às ruas pedindo por um golpe militar. Não uma mobilização pelo dever de memória, mas um clamor para a repetição da destruição do país.

Mas o que dizer destas pessoas? Estariam elas a exercer seu direito de liberdade de expressão expondo seu descontentamento com a situação política atual ou estariam a cometer o mais vil e torpe de todos os crimes, o mais imperdoável, a saber, este que clama pela destruição do mínimo de liberdade que dispomos atualmente?

Notem, quem sai à rua e levanta um cartaz pedindo "intervenção militar" não está fazendo a mesma coisa que alguém a gritar "Fora Dilma" ou "Fora FHC". "Fora X, Y ou Z" é algo que se ouve em todas as partes do mundo onde há descontentamento. Significa normalmente um pedido de impeachment, de renúncia ou a afirmação da deslegitimação do poder.

Já quem clama por um golpe militar pede, necessariamente, a implementação de um regime de exceção, com assassinatos sistemáticos de Estado contra oponentes, comandado por uma casta militar que fará o que o Brasil nomeará na quarta: a destruição física e simbólica de quem não está acostumado com o silêncio.

Quem quer a causa quer as consequências. Por isto, pedir por uma "intervenção militar" não é uma "opinião" política, mas pura e simplesmente o crime por excelência.

Claro que haverá aqueles a dizer que eu deveria então criticar os que saem às ruas e pedem, por exemplo, por "revolução" (onde? Faz tempo que não vejo ninguém fazer isso). No entanto, uma revolução é uma sublevação popular que dá voz ao poder instituinte. Nada a ver com um golpe que, por sua vez, é a forma máxima do fim da política.

Por isso, quem levanta um cartaz a favor de um golpe militar não pode estar na rua, mas deveria estar ou respondendo a processos por incitação à forma máxima de violência ou diretamente na cadeia.


Uma sociedade que não pune quem pratica tal violência, mas convive com os que a elogiam como se fosse algo meio pitoresco, cava sua própria cova.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Debate sobre Parlamentarismo no grupo Consciência Política - Facebook



Depois dos bons resultados obtidos com a proposta de debate sobre Regime, Sistema e Forma de Governo ou Estado, venho mais uma vez convidar os amigos participantes do grupo para um debate sobre um tema especifico, o PARLAMENTARISMO. Quais são suas virtudes e falhas e como ficaria o Brasil caso esse sistema VOLTASSE a ser adotado por aqui.

No debate anterior, onde houve uma ótima participação e os debatedores serpentearam com propriedade, sabendo explorar cada possibilidade que o tema permitia, pode-se perceber que, quando feito um balanço final, houve certa polarização sobre os sistemas de governo, mais especificamente entre o presidencialismo e o parlamentarismo. Diante do resultado considerei oportuno trazer a baila uma nova proposta, porém, desta vez mais restrita, ao invés de um leque variado de possibilidades, proponho tratarmos especificamente do SISTEMA de governo, deixando para os próximos debates o REGIME e a FORMA.

Como deve ser de conhecimento da maioria o Brasil já passou por uma experiência PARLAMENTARISTA, porém, como sabemos e aí depende da interpretação de cada um, ele não foi bem aceito, nem pelos políticos da direita, muito menos pelos militares, fator que levou a um plebiscito e a consequente volta ao PRESIDENCIALISMO.

Sugiro a leitura da postagem do link abaixo, não para formar uma ideia sobre qual sistema seria o melhor, pois certamente essa opinião cada um já deve tê-la formada, mas sim, para uma reflexão sobre o que teria motivado o fim do parlamentarismo no Brasil. Observem as datas e as justificativas para o seu fim e tirem suas conclusões.

A influência dos militares no fim do Parlamentarismo no Brasil - 
http://dagmarvulpi.blogspot.com/2015/03/os-militares-e-o-plebiscito-de-1963.html

"Depois dos bons resultados obtidos com a proposta de debate sobre Regime, Sistema e Forma de Governo ou Estado, venho mais uma vez convidar os amigos participantes do grupo para um debate sobre um tema ESPECÍFICO, o PARLAMENTARISMO, quais são suas virtudes e falhas e como ficaria o Brasil caso esse sistema VOLTASSE a ser adotado por aqui.

Essa é uma ótima oportunidade para que cada participante deste grupo colabore para que ele atinja seus objetivos, ou seja, que cada um contribua através de suas opiniões, para uma conscientização coletiva. 

Lembro aos participantes deste debate que suas ideias deverão focar exclusivamente no tema aqui proposto, ou seja, ela não tem por objetivo fazer críticas à forma como A ou B governam ou governaram o Brasil, tampouco está em questão, ideologias partidárias, mas sim, tentarmos encontrar um ponto de equilíbrio no tocante a qual "seria" o melhor SISTEMA de governo para o Brasil. 

Dagmar Vulpi - Sintam-se todos incitados a participar do debate.

Martins Miragaia - Teve outra vez que o Parlamentarismo também perdeu em plebiscito, em 93, mas também foi uma confusão entre parlamentarismo monárquico e presidencialista. Infelizmente perdeu também. Na minha opinião o parlamentarismo presidencialista seria melhor para nosso país.

Dagmar Vulpi - O período parlamentarista foi marcado por grandes instabilidades políticas, situação que perdurou mesmo após a volta do presidencialismo. Esta permanência revela que a instabilidade do sistema político possuía raízes profundas, remetendo a questões que estão além das alternativas entre presidencialismo e parlamentarismo. Trabalhamos com a ideia de que o sistema político de então se encontrava em “crise orgânica”, situação que é caracterizada quando os partidos políticos tradicionais não são mais reconhecidos como representantes dos interesses das classes sociais, a exemplo do que afirma René Armand Dreifuss em seu trabalho clássico sobre o golpe de Estado. 

Marco Lisboa - Em tese o parlamentarismo acabaria com o presidencialismo de coalizão e valorizaria os partidos, duas grandes deficiências do sistema atual. Na prática, ninguém quer esse sistema. Nosso povo personaliza tudo e tem fixação numa figura paterna ou materna forte. Isso está arraigado em nossa cultura. Nossos parlamentares preferem ter um presidente distribuindo favores e não querem arriscar. Nossa constituição atual começou como quem vai para o parlamentarismo, mas desandou para o presidencialismo, quando o centrão se articulou. Minha opinião geral sobre reformas políticas é: não esperam mudanças radicais nelas. A solução não é por aí. 

Dagmar Vulpi - Perfeito Marco Lisboa, mas considerando uma hipotética situação onde a implantação do sistema parlamentarista fosse o desejo da maioria do povo brasileiro. E ainda, considerando que os políticos continuariam sendo os mesmos. Como você imaginaria um Brasil Parlamentarista? Seria muito diferente do que temos hoje, ou mudaria apenas de nome? 

Marco Lisboa - O Parlamentarismo, sem dúvida valoriza os partidos e despersonaliza a política. E de quebra reduziria o número de siglas, naturalmente. Programas seriam mais valorizados. Em tese, eu sou a favor também do unicameralismo, outra coisa que nossa tradição não contempla. Essa até que seria uma tese popular. Seria um avanço, o parlamentarismo, nessa situação hipotética.

Outro dia alguém falou que há um estudo provando que nove partidos dariam conta de todo o espectro político. Só de partidos comunistas no Brasil nós temos isso. Mas eu gostaria de ver a esquerda numa federação, uma frente parlamentar. Longe do poder, mas debatendo um projeto de país sem a demagogia explicita que marca a esquerda governista. Fazendo uma pregação doutrinária de longo prazo, com um jornal, sedes e uma vida partidária permanente.

Talvez depois do desastre do populismo latino americano, longe do poder, a esquerda pense em se unir em torno de uma plataforma comum, sem que cada um abra mão de sua identidade. Uma federação de esquerda. 

"Longe do poder, mas debatendo um projeto de país sem a demagogia explicita que marca a esquerda governista". Esse é o ponto, aliás, quando oposição, tanto a esquerda quanto a direita, se é que essa segunda de fato exista, são muito boas quando fazendo oposição, porém, quando estão no poder, ambas tiveram suas oportunidades e provaram ser muito mais eficazes falando e cobrando do que fazendo.

Dagmar Vulpi - "Eu entendo que a adoção do parlamentarismo permitirá uma completa separação entre governo e Estado, o que diminuirá significativamente a promiscuidade entre a atividade político-partidária e a administração pública. Sem contar que governos caem quase que automaticamente quando ocorrem impasses ou escândalos no governo. E ainda permite uma real profissionalização do funcionalismo público, porque acaba a existência de cargos de confiança." Celio De Jesus Ribeiro. Essa me parece ser uma das virtudes do parlamentarismo.

Neoli G. da Silva - O Presidencialismo geralmente é mais rápido na tomada de decisões mais eficiente quando um presidente sabe o que faz e indica os ministros certos, em especial o da Economia. O mal é que a popularidade se concentra numa pessoa só, tornando o populismo bem mais fácil. Todos sabem quem é Dilma, mas quantos sabem o nome do Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, um Ministério de suma importância ao desenvolvimento do país?

Sou Presidencialista, Republicano e Federalista. República Presidencialista e Federalista é a melhor forma que já se encontrou para governar um país. Mas tem que ser as três coisas em mesma medida. Mais ou menos como é nos EUA.

Selma Gisolfi - Sr. Dagmar Vulpi, considerando sua pergunta, acho que mudaria apenas o nome com base nos políticos que temos hoje.

Marco Lisboa - A federação é outra ilusão. Somos um país altamente centralizado, onde a federação é apenas nominal. Acho que isso não é um problema. O problema real é que a repartição entre as atribuições dos entes e o dinheiro que eles recebem não correspondem. Nós somos um país com uma forte identidade nacional, então a federação, como no caso americano, não cabe aqui.

Martins Miragaia - A quem diga que estamos vivendo o "parlamentarismo branco"  e pelo andar da carruagem, três meses depois desse artigo, foi o período que mais se colocou propostas em votação no congresso, algumas passaram outras não, e muito não se aprovou por que o governo não queria, assim, como, até agora não conseguiu aprovar o ajuste fiscal.

Loulair Harton - Com o Congresso que temos hoje, como apoiar o parlamentarismo?

Celio De Jesus Ribeiro - Houve parlamentarismo no Brasil em duas épocas. Uma foi no Império e funcionou bem, tanto que garantiu a integridade nacional, ao contrário da América Espanhola, que fragmentou-se. Na segunda vez, o parlamentarismo foi imposto casuisticamente para possibilitar a posse de Jango Goulart, e na realidade foi um semi-parlamentarismo. Foi imposto num período extremamente instável e sem planejamento prévio. Não tinha como dar certo.

Neoli G. da Silva - O bom que quando cai um cai todos.

Celio De Jesus Ribeiro - Quanto à desvantagem do parlamentarismo, pode-se repetir o que ocorreu por um longo período na Itália, onde houve uma série de governos de curta duração. Corremos este risco, mas isso tende a normalizar-se, como também aconteceu na Itália. De qualquer forma, avalio que isso é menos desgastante do que estas sequências de governos presidencialistas que passam a maior parte do mandato arrastando-se, sem condições de implementar uma agenda no parlamento.

Eduardo Alves - Temos que mudar se vai ser parlamentarismo, Democracia participativa não me interessa o que importa e que essa fraude não representa mais o povo e isso que temos que discutir como nesse tópico.

Neoli G. da Silva - O Federalismo existe justamente para quebrar a centralização e colocar o povo mais perto do poder.

João Cirilo - Eu digo e repito: sou amplamente favorável ao parlamentarismo. Mas por outro lado, devo dizer que também sou muito propenso ao presidencialismo.

Dagmar Vulpi - Analisar as diferenças entre presidencialismo e parlamentarismo, não é uma tarefa tão difícil, muitos autores tratam sobre o assunto, dentre tantos temos Tavares (2002:859) que explica que “A grande diferença entre os dois modelos está no papel do órgão legislativo. Enquanto no parlamentarismo este não se limita a fazer leis, mas também é responsável pelo controle do governo, tomando posições políticas fundamentais, no Presidencialismo aquela atividade lhe é atribuída em caráter principal. Além disso, naquele o Parlamento pode destituir o Gabinete, por razões exclusivamente de ordem política, enquanto neste isso só poderia ocorrer em relação ao Presidente da República e em razão da prática de certos delitos. Ao comparar os dois sistemas, Celso Bastos afirma: “(…) o que o presidencialismo perde em termos de ductibilidade às flutuações da opinião pública, ganha em termos de segurança, estabilidade e continuidade governamental”. 

Martins Miragaia - Uma das diferenças que eu acho fundamental entre parlamentarismo e presidencialismo é que, no parlamentarismo o poder é descentralizado em chefe de estado e chefe de governo, algo centralizado no presidencialismo em uma pessoa, e na minha opinião só por isso já é mais democrático.

Alan Freitas Pereira - Eu já fui a favor do parlamentarismo, porem hoje com o sistema eleitoral que dispomos onde os parlamentares não representam o povo, sequer muitas vezes são eleitos pelo povo, como no caso dos suplentes de senador que muitas vezes nem imaginamos quem possa ser, com esta eleição parlamentar de lista aberta que beneficia que grupos políticos utilizem Tiriricas da vida com único intuito de que sendo muito votados levem com ele pessoas desconhecidas e descompromissados com o povo, não sou mais a favor. Sem uma reforma politica decente ( coisa difícil de acontecer com este parlamento), o parlamentarismo seria extremamente danoso a nosso país. Prova disso são os políticos atuais no Congresso Nacional onde mais de 35% foram financiados pelo sistema econômico do país, outros 30% pelo setor agrícola, outros 30% financiados pelos setores de mineração do país. Da pra imaginar como seria.

Celio De Jesus Ribeiro - As vantagens do parlamentarismo são evidentes, a começar pelos exemplos de países parlamentaristas: 1) Monarquias parlamentaristas: Reino Unido, Holanda, Bélgica, Espanha, Dinamarca, Japão, Noruega, Suécia, Canadá e Austrália 2) Repúblicas parlamentaristas: Itália, Alemanha, Finlândia, Islândia e Áustria.

O sistema parlamentarista permite uma rígida separação entre governo e Estado, ou seja, separa a atividade parlamentar e político-partidária da administração pública, tornando o cenário menos susceptível à corrupção, além de propiciar condições para a profissionalização do serviço público e evitar a descontinuidade administrativa a cada mudança de governo.

Além disso, o sistema parlamentarista permite que as trocas de governo ocorram automática e naturalmente quando crises eclodem e o governo perde a maioria parlamentar. Bem ao contrário do presidencialismo, onde governos arrastam-se até o final de mandato, mas sem condições de promoverem uma agenda parlamentar para encaminhamento de questões, inclusive de reformas necessárias.

O sistema de votação pode ser distrital, proporcional ou misto. O sistema distrital permite uma maior identificação entre os eleitores e seus representantes, bem como uma maior identificação entre representados e representantes.

O voto proporcional permite a eleição de de candidatos que defendem bandeiras que são gerais mas não possuem uma base eleitoral localizada. Exemplos que tivemos: Ulisses Guimarães, Delfim Neto, Roberto Campos, só para falar no passado.

O sistema misto permite a agregação das vantagens de cada sistema, elegendo-se metade do parlamento através do voto distrital e a outra metade através do voto proporcional.

O voto proporcional pode ser com ou sem lista fechada. O sistema de lista fechada tem a vantagem de fortalecer a identificação ideológica dos partidos, o que é sempre salutar. Críticos deste sistema afirmam que esse sistema favorece ao poder dos caciques partidários. Concordo que sim, porém em todos os sistemas há uma grande influência dos caciques partidários. O fato é que os partidos que não tiverem um processo de renovação, tanto de nomes como de ideias, tendem a se enfraquecerem perante os outros partidos. Então, que a concorrência e as disputas modelem isso. Aí estão os nossos partidos, como exemplos de estagnação e enfraquecimento. E sob o sistema presidencialista e voto proporcional sem lista fechada.

Dagmar Vulpi - Para quem ainda não possui uma opinião pré-formada sobre o assunto vou colar abaixo dois links que poderão servir como base.
Eduardo Alves - A discussão aqui é parlamentarista ok sou a favor. Alias sou a favor de qualquer mudança desse regime que perdura a mais de 30 anos e nada muda.

Durante um período de 20 anos no Brasil a gente tinha que colocar vários regimes a teste e ver qual o que mais atente ao povo a nação. Podemos fazer um teste 10 anos com o parlamentarismo. Fazer um teste com democracia participativa e assim vai ok. Isso seria democracia e não a fraude que existe no Brasil que está preocupada não com a nação e sim em não perder poder. Acho que esse regime não representa mais ao povo a não se que esteja representando vocês.

Celio De Jesus Ribeiro - Outra vantagem do parlamentarismo: os parlamentares e partidos, que compõem a maioria e sustentam o governo, têm um maior comprometimento com o governo porque se o governo perder votações importantes cai o governo e assume outro primeiro-ministro. No presidencialismo, vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores tendem a fazer exigências absurdas ao chefe do executivo, verdadeiras chantagens.

Jobel Ferreira - Mas com a qualidade dos nossos parlamentares, não devemos ter tanta esperança, assim como no presidencialismo precisamos ter maioria para governar, o mesmo ocorre no parlamentarismo, e o dando que se recebe vai continuar, penso que o problema não está só na forma de governar, mas no caráter dos governantes e no povo que elege em geral.

Teca Campelo - No momento não penso em mudanças, mas melhorar o que está sendo feito com responsabilidade e união de todos! Vou continuar lendo, pois sou meio tosca pra essas coisas, quem sabe alguém me convence o contrário, vamos ao tópico! 

Celio De Jesus Ribeiro - Nós construímos a nação, e nosso governo, com os cidadãos que temos. Podemos melhorar com um bom sistema educacional e com o aprimoramento das instituições. No caso do parlamentarismo, o cenário é mais inóspito ao "toma lá, dá cá" porque há uma separação radical entre governo e atividade parlamentar, de um lado, e Estado/administração pública, de outro. Diz o ditado que a ocasião faz o ladrão. E a mistura de administração pública com atividades parlamentares e político-partidárias é uma ocasião e tanto.

Nelson Batista - Penso que antes de mais nada, os parlamentares de hoje deveriam, ao menos, deixar o ego ganancioso de lado, e isto nunca. Muita gente mamando nas tetas do povo. Com o parlamentarismo as regras ficariam restritas a um único setor ou câmara parlamentar, com menos integrantes, menos divergência de ideias e, por conseguinte menos ladrões da república. Daí, também, o descontentamento ou opinião do povo teria mais força em questões governamental. Por outro lado, penso que nós brasileiros não entendemos bem de regimes de governo, já que nem os eleitos por nós entendem. A CF parece a Bíblia, muitos pregam, mas nem todos respeitam. O parlamentarismo, até que nossos políticos adaptem-se seus caráteres seria uma briga danada... Ah, sem voto obrigatório, é claro, pois quem faz tal por obrigação, não faz bem como com responsabilidade de fato.

Rubens Santana - O caríssimo e demais já conhecem minha opinião sobre o tema. A forma de governo pouco importa se não tivermos consciência política para implantar uma democracia PARTICIPATIVA. Precisamos nos ver como ACIONISTAS do País, e não apenas eleitores.

Yara Rangel - Dagmar Vulpi, É um prazer imenso colocar aqui minha humilde opinião na tese em questão. Seria uma grande chance se todos os brasileiros conhecerem um pouco de cada coisa que existe dentro da nossa grande administração politica, se sairmos por ai perguntando as pessoas o que é um governo parlamentarista, te digo de coração que muitos não saberia responder. Admiro você de preocupar com o povo brasileiro em busca de uma mudança, a qual eu acredito que seria ótimo para todos nós, o importante na vida é tentar, e acreditar, pois não somos terno, mas vamos deixar nossas heranças aqui nesse Brasil lindo e ele precisa sim tomar outro rumo pra melhor, e essa seria a melhor reciclagem na área do novo milênio, um pais onde o povo que vem sofrendo deis de sua colonização ter o direito de escolha. Espero que, eu tenha contribuído para com sua tese em questão, e acredita lhe dou o maior valor por lutar por um Brasil melhor.

Selma Gisolfi - Fiquei pensando, li os comentários e acho que o modelo de Parlamentarismo no Brasil, seria diferente do que vemos hoje, não quero ser preconceituosa, mas, a própria educação e o processo cultural que nosso povo está inserido, não teria resultados tão positivos como vemos na cultura europeia. Agradeço a gentileza do. Senhor Dagmar Vulpi.

João Cirilo - Dagmar Vulpi, interessantíssimas colocações, o pessoal anda realmente antenado, mas como já disse, por mim, acho Parlamentarismo um sucesso; mas vejo as mesmas qualidades no Presidencialismo.

Rubens Santana - Grupos de debates iguais a estes das redes sociais, servem para a construção de nosso modelo. Não precisamos copiar nada. Modelos servem apenas como paradigmas.

Rubens Santana - Exemplo de como vejo mudança na administração municipal: Ao eleito, seria obrigatória formulação de Orçamento Participativo para o mandato inteiro, com planejamento específico ano a ano. Ao final do primeiro ano, Audiência Pública para prestação de contas. O que não foi realizado mereceria defesa, explicações e justificativas. Caso convincente, mais um ano seria confiado à administração, desde que cumpra o planejado pro segundo ano, mais o restante do primeiro (cartão amarelo). Se não for convincente ou justificável. Sinto muito! Novas eleições (cartão vermelho). Não podemos mais é dar um cheque em branco com validade de 4 anos.

Leonidea Mendes - Eu prefiro continuar depositando minha confiança em uma única pessoa, assim também fica mais fácil cobrar e responsabilizar apenas uma pessoa pode ser uma visão simplista demais, mas também pra que complicar?

Dada Lima - Eu sou pelo parlamentarismo, mas houve referendo no Brasil e o presidencialismo ganhou, aceitei que dói menos.

Celio De Jesus Ribeiro - O sistema francês, igualmente ao português, é semi-parlamentarismo. Num país atrasado, como o nosso, só vai dar confusão. Precisamos separar radicalmente a administração pública da atividade parlamentar e isso só é possível no parlamentarismo puro. É assim que penso, Martins Miragaia.

Martins Miragaia - A quem chame de "semi-presidencialismo" na minha opinião não importa o nome, o importante seria a divisão do poder em chefe de estado e de governo Celio De Jesus Ribeiro. E acredito que o que nos faz ainda um país atrasado é justamente a rejeição a reformas, e o que faz países como a França serem desenvolvidos é o seu sistema de governo, eles não alcançaram os altos níveis de serviços públicos de um dia para o outro, foi com o tempo e o sistema parlamentarista foi primordial para esse desenvolvimento. Que se comesse assim uma reforma, para depois ir para um "parlamentarismo puro", o importante é começar a mudar o nosso sistema.

Celio De Jesus Ribeiro - Entendo a sua opinião, mas creio que a divisão de poderes irá acarretar apenas mais encrencas. Algo que já chega a acontecer na França e em Portugal, imagine aqui com nossa política rastaquera. E tenho como importante aspecto do parlamentarismo puro a separação total entre administração pública e a atividade parlamentar e político-partidária. Neste semi-presidencialismo ou semi-parlamentarismo, continuará havendo a mistura entre estas atividades.

Hildeni Antonio Gomes Junior - Sandro Vaia o parlamentarismo foi a pior coisa que existiu no Brasil.

Sandro Vaia - O parlamentarismo que existiu no Brasil foi para resolver uma crise institucional, não foi para valer.

Getulio Venancio Junior - Pessoal, excelente tópico. Parabéns Dagmar Vulpi. Celio De Jesus Ribeiro temos nossas diferenças mas se eu usasse chapéu tiraria para você agora.

Getulio Venancio Junior - Minha opinião, o parlamentarismo eh a forma de governo ideal porque afasta a ideia do Salvador da pátria e transfere os ônus e bônus do governo para o grupo que detém a maioria no congresso. E com a separação do estado e governo, elimina-se o toma lá dá cá para composição da base aliada. Mas p implantar no Brasil creio que teríamos q tornar mais equitativa a quantidade de habitantes/deputado (hoje um deputado carioca "representa" mais pessoas q um deputado de Roraima. Então estados com populações maiores (e em alguns casos mais propensas a cobrar dos políticos) são subrepresentadas. Eliminar a figura do puxador de votos e implantar o voto distrital. Acredito q isso melhoraria a qualidade dos políticos eleitos. Eliminação dos cargos comissionados, diminuindo a troca de apoio por cargos e por aí vai.

Celio De Jesus Ribeiro - Getulio Venancio Junior, ao separar Governo (atividades parlamentar e político-partidária) do Estado (administração pública) o parlamentarismo permite a extinção dos cargos comissionados e a profissionalização do serviço público. Isso diminui muito a facilidade para o "toma lá, dá cá" e também torna o ambiente da administração pública menos propício à corrupção.

Rubens Santana - Permite a extinção dos cargos comissionados?! Os órgãos não terão chefias? Os setores não terão coordenadores, gerentes? Como funcionariam?

Celio De Jesus Ribeiro - Ao separar Governo do Estado e extinguindo os cargos comissionados, é possível profissionalizar o serviço público. E as chefias serão ocupadas por concursos ou promoções, como ocorre nas empresas. Então o brasileiro tem um gene da corrupção?

Sandro Vaia - Concordo com o Célio: profissionalizar o serviço público.

Celio De Jesus Ribeiro - A frase tem efeito, inclusive faz parte de uma frase maior: "Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos". Mas isso é inviável na prática. Então o melhor é aprimorar as instituições e a legislação.

Rubens Santana - Precisamos mesmo é nos aprimorar, para estar à altura de nosso país. Para fazer jus a ele! Um país é formado basicamente pelo seu povo! Quanto mais instruído, mais digno e forte é o país.

Getulio Venancio Junior - Rubens Santana claro que ministros e secretários de estados e municípios continuariam a ser nomeados pelo partido com a maioria do parlamento. Mas não chegaríamos aos milhares de comissionados que temos hoje. Um diretor da Petrobras seria nomeado por um Headhunter e se não desse resultado, rua.

Celio De Jesus Ribeiro - O país oferece um sistema educacional de nível de sarjeta e parece que você espera que tenhamos um povo com consciência de um sueco. Parece que há uma grande incoerência em seu comentário.

Rubens Santana - Olha a dimensão territorial, sua diversidade, sua estrutura. O Brasil é uma potência mundial, meu. Como poderia funcionar sem esta hierarquia? Talvez você queira falar de cargos de apaniguados políticos.

Getulio Venancio Junior - Simplificando: Partamos do pressuposto que somos todos uns sacanas. Criemos mecanismos para evitar que aqueles de nós com mais poder possam ser sacanas demais. Isso é Hobbes, não é?

Celio De Jesus Ribeiro - O parlamento fiscaliza a administração pública e determina seu rumo. Mas não indica ninguém para trabalhar nela, com exceção dos ministros ou secretários.

Hildeni Antonio Gomes Junior - Parlamentarismo é retrocesso. É depender de um parlamento corrupto, para decidir quem manda no país, prefiro eu, você e todos nós decide quem é o presidente, não os parlamentares.

Rubens Santana - E você acha que se consegue mudar a educação de um país imenso, com estalar de dedos? Para isto demandará gerações. Em Cuba não há analfabetos. Mas lá é uma ilha do tamanho do Acre. Aqui em Xapuri, ainda há analfabetos. E a educação é obrigatória.

Wilson Fernandes Lobo Filho - Parlamento é golpe da direita, ignore-o.

Getulio Venancio Junior - Não Rubens Santana o Brasil não e potência mundial. Não temos poder decisivo em órgãos internacionais, não temos poderio militar nem para fazer um desfile cívico, nossas universidades não são referências mundiais em pesquisa e desenvolvimento e a maior parte da nossa indústria apenas monta o que é desenvolvido fora. Somos um mercado consumidor respeitável e só.

Wilson Fernandes Lobo Filho - Será o fim, é uma forma velada de golpe pra não passar a imagem de um golpe igual ao de 1964, tentam mudar a forma de governo pra tentar tirar de forma legitima uma pessoa que foi eleita de forma legitima por um sistema eleitoral legitimo e veja quem está por detrás disso? com o impeachment com menos de dois anos Temer assumiria e com noventa dias seria realizada outra eleição com mais de dois anos ele assumiria e terminaria o mandato ou seja de ambas as formas o PMDB ficaria de alguma forma no poder, como viram que isso não é possível tentam agora mudar o sistema de governo pra tentar arrancar o poder a todo custo e quem mais uma vez se beneficiaria? Fui ver e nos últimos trinta anos só tivemos dois presidentes do senado de 1985 a 2015 que não eram dessa doença crônica chamada PMDB na minha humilde opinião esse partido é o atraso da nação me mostre algo de relevante proposto por eles depois deles vem os de aluguel, PTB, PP e etc... Mesmo não se bicando, mas concordando em alguns pontos os partidos que fizeram algo de relevante pelo país foram PSDB e PT cada com sua forma de pensamento assim como deixaram de contribuir ainda mais pela mesma forma de pensamento e se teve algum caso de corrupção nos dois governos pode ir atrás essa doença crônico-degenerativa chamada PMDB se deu bem de alguma forma, o que temos que ver é que o apoio dessa célula cancerígena aos governos e ao país vem saindo caro a muito tempo. Wilson Fernandes Lobo Filho venha participar, é o poder popular contra a direita fascista. Parlamentarismo não! é um golpe que eles estão querendo aplicar.

Celio De Jesus Ribeiro - Hildeni Antonio Gomes Junior, talvez ainda não tenham te avisado, mas os nossos presidentes tornam-se reféns dos congressistas. Nossos parlamentares determinam o rumo do executivo, mas não precisam ser comprometidos com o governo, embora indiquem muitos ocupantes de cargos comissionados. No parlamentarismo, ao contrário, eles precisariam estar comprometidos com o governo e não indicariam ocupantes de cargos comissionados. Em resumo, o seu argumento é totalmente sem lógica.

Getulio Venancio Junior - Então não educar realmente o nosso povo, seremos uma república presidencialista em a somente se governa com o aval do PMDB. Com a educação a população poderá entender, replicando o FSM, que "outro mundo é possível".

Celio De Jesus Ribeiro - Wilson Fernandes Lobo Filho, defendo o parlamentarismo para ser adotado ao fim deste mandato da Dilma. Até porque defender o parlamentarismo para já, além de ser um golpe branco, também seria prematuro, porque precisa de um período de preparação.

Getulio Venancio Junior - Mas mudanças em regime nunca são para o governo atual, sempre vale para o governo seguinte. Embora no meu entender o governo Dilma não seja exatamente o mais forte da história, seria perigoso mudar o sistema apenas porque o governo está num momento frágil. Isto causaria apenas mais instabilidade política.

Rubens Santana - O modelo/forma de governo sairá deste maior conhecimento político. Neste sentido, quanto mais debatermos, maior nível de consciência e mais caminharemos na formatação de nosso modelo. Se futuramente derivar para parlamentarismo será por opção da população, sempre advindo de uma maior consciência do que é melhor para a sociedade. Não existem sistemas melhores ou piores. Existem mais adequados a determinada sociedade ou grupos sociais. A sociedade brasileira prefere claramente o Presidencialismo.

Celio De Jesus Ribeiro - Até porque sempre foi adestrada para preferir o presidencialismo. Mesmo você, por exemplo, que parece ter um nível cultural acima da média da população, nunca teve a postura de analisar os prós e os contra do parlamentarismo e do presidencialismo. Sempre defendeu o presidencialismo e sempre dispersou o assunto.

Rubens Santana - Eu nunca defendi um modelo, irmão. Não há dispersão num assunto que tenha uma diversidade de desdobramentos, causas, motivações, efeitos tão ampla. Não dá pra enfiar tudo numa caixinha, meu.

Celio De Jesus Ribeiro - Então que tal abordar o parlamentarismo e apontar os prós e os contra, comparado com o presidencialismo?

Hildeni Antonio Gomes Junior - Celio, meu nobre amigo. Admiro debater contigo. Vamos lá. Em qualquer país capitalista, sabemos que o presidente é uma marionete, em qualquer esfera política e econômica. Porém os nossos legisladores ou parlamentares, eles se sentem o máximo por uma simples questão: eles sabem que os principais cobradores deles, não cobram.

Celio De Jesus Ribeiro - Você poderia analisar melhor esta questão, verificando as diferenças, os prós e os contra, entre presidencialismo e parlamentarismo. Além disso, há o sistema de votos, que também pode ser mudado. O nosso sistema proporcional é falho. Sou favorável ao sistema misto.

Selma Gisolfi - Boa noite, amigos e my brother Celio De Jesus Ribeiro. Mesmo que se debata os prós e contra para implantação de um Parlamentarismo depois deste mandato, penso que o maior impasse seria como explicar as diferenças e as vantagens de um sistema de governo para com o outro, para uma população que aprendeu ou sabe o nome do Presidente de alguns anos pra cá (a partir de Lula). Nós, que participamos do grupo, temos um pouco de conhecimento sobre política. Mas, a maioria não tem. Creio que para chegarmos a um modelo como vocês apresentam, querendo ou não, certamente estaria ligado com a Educação. A população de hoje, teria que ser instruída para aceitar ou não um Parlamentarismo ou Presidencialismo, porém, o risco de manipulação seria bem maior e acho que corríamos o risco de ter um Parlamento pior que esse Congresso que aí está. Sei que o tópico não é de Educação e nem Cultura. Mas, o brasileiro não está preparado para um modelo parlamentar como vemos na Europa. Acho que tudo aqui no Brasil deveria ser adequado para o brasileiro.

Hildeni Antonio Gomes Junior - Selma, eu sei a diferença entre parlamentarismo e presidencialismo. Te garanto. Parlamentarismo é atraso. Não deixa o povo, decidir quem será o presidente da nação. Mas sim depender dos parlamentares. Se os países desenvolvidos têm o parlamentarismo, temos que ter também? É errado pensar desse jeito, os países desenvolvidos se desenvolveram por outro jeito.

Celio De Jesus Ribeiro - 1º - Esse argumento de que o Brasil não está preparado para isso ou para aquilo faz parte de nosso complexo de vira lata. 2º - Se elegermos um parlamento pior do que temos, mereceremos um Prêmio Nobel por termos conseguido o impossível. 3º - Mesmo que consigamos o impossível, antes um parlamento pior, mas que não interfira no funcionamento da administração pública do que um parlamento um pouco menos pior mas que interfira na administração pública. 4º - Tudo é questão de informar e temos exemplos de campanhas de informação que são exemplos para outros países; as campanhas para a redução do uso do tabaco é um exemplo.

Sandro Vaia - E também não é verdade que o parlamentarismo não deixa o povo decidir quem é o presidente da Nação. O povo elege sim o Chefe de Estado. E elege quem elegerá o chefe do governo.

Hildeni Antonio Gomes Junior - Celio, meu nobre amigo, isso beneficiaria, eu que quero ser parlamentar. Mas não com a nação.

Celio De Jesus Ribeiro - Nos países parlamentaristas o povo não elege o chefe de Estado. Ou é um monarca ou é eleito pelo parlamento. E o chefe de Estado tem mais um cargo simbólico.

Hildeni Antonio Gomes Junior - Sandro, mas o parlamentarismo com república é uma coisa. Com monarquia é outra.

Celio De Jesus Ribeiro - Por que, Hildeni?

Hildeni Antonio Gomes Junior - Celio, olha nossos parlamentares. Já sabem que o povo não muda figurinhas. Imagina nosso país com o Cunha como primeiro ministro. Olha esses seis meses que estamos, me fala se foi um desenvolvimento ou um retrocesso para o Brasil.

Sandro Vaia - Por acaso a Itália é uma monarquia ? A Alemanha ?

Hildeni Antonio Gomes Junior - Sandro Vaia a Itália tem o parlamento mais corrupto da Europa. E à Alemanha está a 16 anos um UDC.

Celio De Jesus Ribeiro - Hildeni Antonio Gomes Junior, então imagine os parlamentares italianos indicando ocupantes de cargos comissionados na administração pública.

Hildeni Antonio Gomes Junior - Celio, eles elegeram Berlusconi. 

Sandro Vaia - Ah, entendi. Só vale o parlamentarismo que eleger quem você quer que seja eleito, Hildeni. Muito elucidativo. Não se esqueça que eles também derrubaram Berlusconi.

Celio De Jesus Ribeiro - Selma Gisolfi, a desinformação predomina em nosso povo, tanto para o parlamentarismo como para o presidencialismo. Aqui mesmo entre os membros do grupo, se aprofundarmos os debates, constataremos que muitos nem conhecem os rudimentos básicos de nosso sistema político. Então este argumento não tem validade; é apenas um pretexto ilusório para rejeitar algo.

Celio De Jesus Ribeiro - Hildeni Antonio Gomes Junior, então imagine o Cunha não podendo indicar ocupantes de cargos comissionados em estatais e na administração pública.

Hildeni Antonio Gomes Junior - Sandro Vaia não é isso. É mais benéfico para uma minoria o parlamento do que a maioria. Celio, amigo. Parlamentarismo ocorreu de 1889-1930 olha o que aconteceu no Brasil.

Sandro Vaia - De onde você tirou esse parlamentarismo, Hildeni?

Hildeni Antonio Gomes Junior - Sandro Vaia, não seja ingênuo. Oligarquias ocorreram no Brasil. Por causas dessas ondas parlamentares. Não dê mais poder para os parlamentares.

Sandro Vaia - Acho que estamos falando de coisas diferentes. Prefiro diluir o poder entre parlamentares do que concentrá-lo nas mãos de um caudilho ou um (a) incompetente.

Hildeni Antonio Gomes Junior - Sandro Vaia, os parlamentares tiram com impeachment, mas precisa de uma coisa: Provas.

Sandro Vaia - A lei não prevê impeachment por incompetência. No parlamentarismo, o governo cai e é substituído por outro.

Hildeni Antonio Gomes Junior - Sandro Vaia cabe quando houver ilegalidades. E quando tiver provas! Na Itália o Berlusconi saiu. Mas ele saiu do parlamento? 

Sandro Vaia - Estou falando de incompetência. A incompetência não é ilegal. 

Hildeni Antonio Gomes Junior - Sandro Vaia, se um legislativo é corrupto, a culpa é da presidência? Eu não vou ceder meu voto direto pra presidência meu amigo. Como cidadão não pode fazer isso.

Sandro Vaia - Se a presidência é incompetente a culpa é do parlamento? Estamos discutindo sistemas de governo e não o que você quer fazer com seu voto.

Hildeni Antonio Gomes Junior - Se o parlamento não faz leis progressistas é culpa do governo? Voto indireto para o representante maior do governo é suicídio.

Celio De Jesus Ribeiro - Selma Gisolfi, a adoção do parlamentarismo já seria a maior reforma política que poderíamos fazer. E eu já escrevi acima que o parlamentarismo deveria ser adotado no final deste mandato presidencial.

Hildeni, você está argumentando contra o parlamentarismo sem saber como funciona o parlamentarismo e com falhas em seu conhecimento de História do Brasil. O parlamentarismo existiu durante todo o Império e em um curto período do início da década de 1.960. De 1.889 a 1.930 vigorou o presidencialismo. E suas objeções ao parlamentarismo são basicamente equivocadas. Você está posicionando-se contra algo que você não conhece e seria bom você informar-se melhor sobre o parlamentarismo.

Por exemplo, você fez a seguinte afirmação: "Voto indireto para o representante maior do governo é suicídio"// Se você tivesse alguma noção sobre como funciona o parlamentarismo, saberia que o Chefe de Estado tem um poder simbólico, podendo ser um monarca ou um presidente da república. E o chefe de governo é um líder parlamentar que consegue formar uma coligação de maioria no parlamento.

Aliás, o brasileiro típico vive correndo para encontrar um salvador e a eleição presidencial alimenta esta ilusão. No parlamentarismo, com um bom sistema de votação (o que significa que não pode ser o nosso sistema proporcional), os cidadãos elegem seus representantes e têm mais condições de cobrar e fiscalizar a atuação deles. Por enquanto, escolhemos pessimamente os parlamentares e depois cobramos do Presidente. É algo totalmente incoerente. E tem outro aspecto importante no parlamentarismo: induz a uma maior caracterização ideológica dos partidos.

Hildeni Antonio Gomes Junior - Celio De Jesus Ribeiro, problema é o seguinte. O Parlamentarismo é bom só para quem é parlamentar. Para o pessoal civil, nem se compara.

Celio De Jesus Ribeiro - Hildeni Antonio Gomes Junior, você já afirmou isso mais de uma vez. Falta explicar como e por que. Aproveite e explique porque esse sistema é ruim, mas vigora em praticamente todos os países com alto IDH e democráticos.

Selma Gisolfi - Será que o não haveria mais corrupção? Talvez, eu esteja muito desconfiada com os políticos de agora.

Celio De Jesus Ribeiro - Qual é a razão deste seu temor? E o atual sistema não é praticado por políticos?

Selma Gisolfi - Sim, mas acho que com esses políticos, tipo Cunha, Caiado, Calheiros... Huuumm não sei, não! Parlamento alemão, Hitler, Parlamento Italiano, Mussolini. Entendeu o "medinho"? Pode ser que seria até melhor. Mas, quando lembro destes dois já era!

Celio De Jesus Ribeiro - Francisco Franco, Pinochet e Salazar, por exemplo, eram presidentes. E agora como fica?

Fabio Libertario - Em verdade Dagmar, o Brasil passou por duas experiências parlamentaristas. A primeira delas, muito bem sucedida foi fruto de um consistente pacto entre as elites agrárias que permitiram com que a monarquia gozasse de sólida estabilidade por mais de 50 anos. A segunda por sua vez aconteceu como uma manobra que visava o esvaziamento das prerrogativas presidenciais de Jango, Sua gênese espúria, sem a legitimidade conferida por uma assembleia constituinte levou-a ao fracasso. Interessante observar que foi por intermédio de um instrumento de democracia direta, um plebiscito, que se decretou sua extinção. A constituinte de 88 determinou a realização de outro plebiscito sobre a questão, tendo resultado semelhante ao primeiro. Como a história só se repete como tragicomédia, assistimos a um novo movimento promovido por BellusCunha no mesmo espírito do golpismo do início dos 60. Ou seja, aplicar um golpe branco, coroando o conjunto de ações que se fazem desde o início do segundo mandato de Dilma, visando esvaziar seus poderes constitucionais. As elites latino americanas não conseguem sustentação no regime democrático por mais limitado que ele seja.

Celio De Jesus Ribeiro - Pelo que li, Eduardo Cunha defende a implantação do parlamentarismo no final deste mandato presidencial. Selma Gisolfi, como é de se esperar de uma pessoa do tipo dele, ele defende um parlamentarismo que nascerá morto. É burrice demais para o meu gosto. Por outro lado, eu gostaria que tanto esse assunto, como muitos outros, fossem debatidos com lucidez e racionalidade, para que possamos encontrar ideias e propostas adequadas ao Brasil e seu povo. Não será com emocionalismo e maniqueísmo que encontraremos caminhos adequados aos interesses de nossa nação.

Hildeni Antonio Gomes Junior - Cunha quer ser primeiro ministro. Por isso ele apoia Parlamentarismo.

Nelson Batista - Celio De Jesus Ribeiro, pera aí, será que o parlamentarismo não acaba com a representatividade dos entes, estados, e passa a federalizar os votos, em estado único? Daí os representantes políticos seriam sem bairrismo comungando com o que é melhor para odos? Explica pra eles que não querem entender. Abraço.

Celio De Jesus Ribeiro - O parlamentarismo não provoca este efeito. Inclusive o voto distrital tende a localizar representados e representantes. Até por isso, para evitar uma representação mais paroquial, é que sou adepto do sistema misto; metade dos parlamentares eleitos pelo voto distrital e outra metade por voto proporcional (através de lista fechada).

Nelson Batista - Algumas coisas não deram certo porque foram mal adaptadas, mas o ser humano evoluiu. Alguns nem tanto!

Hildeni Antonio Gomes Junior - Nelson, estamos vivendo o melhor momento do Legislativo?

Fabio Libertario - O esforço de Cunha no sentido do esvaziamento das prerrogativas presidenciais do atual governo culminando com uma possível instalação do parlamentarismo, visa acima de tudo, neutralizar os efeitos de uma vitória de Lula em 2018. Isso está cristalino.

Nelson Batista - Mas mesmo que seja, ou aconteça isso, o Lula pelo seu prestígio internacional, seria o representante. Lula foi o maior presidente que este pais já teve em toda sua história, mas pecou ao colocar Dilma diante de políticos profissionais, ela é amadora e muito fácil de cair nas lábias do seu vice que é do mesmo partido do "Cunha" Campos!

Fabio Libertario - Mas não é a aspiração de muitos que se queixavam dos políticos profissionais?

Hildeni Antonio Gomes Junior - Parlamentarismo não respeita voz das ruas. Não se iludem.

Nelson Batista - Raciocinando como um ser pensante, caso Lula se candidate, ele será eleito no primeiro turno porque os pobres se deram bem em seu governo. Pensem bem! Na época dele estava tudo bem e o brasil só cresceu. Dilma não teve discernimento para suportar a carga da oposição, os caras que são contra o Brasil, esta oposição, não são contra o brasil, são contra os pobres malditos que invadem nossos espaços. Antes a gente ia abastecer nossos carros e não tinha fila, agora virou um inferno. Pobre nasceu para dar lucro para ricos como se fossem escravos. Pobre tem que morrer no ninho, segundo a globo, mas quem vai plantar e colher nossos alimentos? Eis a questão! E, para concluir definitivamente, sou a favor do parlamentarismo.

Celio De Jesus Ribeiro - Parlamentarismo sem voto obrigatório, só votos com responsabilidade, penso que funciona sim. Mas reforma política tem de ser nos conformes. Também sou favorável ao voto facultativo e a mecanismos que democratizem o Estado. Não adianta ter direito ao voto e ser totalmente impotente ante injustiças cometidas pelo Estado. Ou mesmo nada poder fazer perante o péssimo funcionamento das repartições públicas.

Hildeni Antonio Gomes Junior - Celio De Jesus Ribeiro, viaja na Europa e vê se não tem problemas lá. E não compara com o Brasil. Porque o Brasil só tem 192 anos. Mas como países que tem uma história milenar ainda tem muitos problemas. E com Parlamentarismo, você vai deixar que o banco investe no Parlamento. E conforme a música ele que manda no país.

Celio De Jesus Ribeiro - O problema é que algumas pessoas nada entendem sobre o parlamentarismo, tanto quanto nada entendem sobre o presidencialismo. E essa ignorância sobre estes sistemas é um cenário perfeito para fazer afirmações sem nexo.

EuLuciano Hee Chul Oh - sou uma dessas, por isso não tenho me atrevido a dar pitácos mas sou curioso sobre o assunto. Esse tópico tem me ajudado a formular as ideias, muito bom tudo que tenho lido. Deveríamos ter mais tópicos como esse, esclarecedores.

Celio De Jesus Ribeiro - Luciano Hee Chul Oh, você tem feito comentários pertinentes e sensatos. Ninguém sabe tudo e ninguém é dono da verdade. Pena é empunhar uma bandeira que nem conhece e insistir em argumentos sem nexo para defendê-la.

Hildeni Antonio Gomes Junior - Celio, não adianta mudar sistema de governo. Vai ficar tudo a mesma coisa. A Europa tem corrupção. Tem máfia. Tem tudo o que a gente tem. O problema é que nossa cultura acha que copiar o que deu errado, vai dar certo no Brasil. Hoje o presidencialismo você consegue ser presidente mais rápido do que o parlamentarismo.


Adriano Fernandes - Gostaria de esclarecer a minha ausência Dagmar (não que eu ache que alguém se importe muito, mas faz parte do discurso rsrs).
Quando eu cheguei aqui a conversa já estava bem adiantada e, ao ler os comentário foi me dando uma depressão que tem me abalado bastante e tirado meu ânimo. Sabe o que é? Tenho concordado com muito (não tudo, ai já seria caso de internação) do que o Celio  tem dito sobre o Parlamentarismo e como ele tem sofrido (respondido) nas mãos dos ideológicos, estou precisando até tomar remédio controlado por causa disso. Eu certamente choveria no molhado, isso se conseguisse algo próximo.

Celio De Jesus Ribeiro - Adriano Fernandes, minhas opiniões postadas sobre o parlamentarismo são totalmente desprovidas de viés ideológico direita/esquerda. Apenas defendo um sistema que seja mais adequado à disputa político-partidária e que seja mais permeável à vontade popular, inclusive proporcionando um cenário menos favorável ao toma lá dá cá de cargos, que sempre acaba transformando-se em corrupção. Então não precisa ficar constrangido em concordar comigo nesta questão. Nossas diferenças estão em outro campo, já que você é defensor ferrenho do ultra-liberalismo, enquanto eu sou crítico ferrenho.  

Hildeni Antonio Gomes Junior - Para quem não sabe ou tem dúvida do parlamentarismo: https://www.youtube.com/watch?v=66HV0W9o2pY 

Getulio Venancio Junior - Continuando com o assunto: se fôssemos uma república parlamentarista o processo político não seria mais impessoal, já que não teríamos mais a imagem de "pai da pátria" que os candidatos a cargos executivos precisam mostrar durante a campanha e nem a baixaria e o conjunto de mentiras que todos os lados mostraram na última campanha eleitoral. E talvez não tivéssemos os tiriricas. Com relação ao parlamento atual, quando ele foi melhor? Estas pautas que são votadas.

Celio De Jesus Ribeiro - Ou o processo político seria mais impessoal?

Getulio Venancio Junior - Então, concluindo, não só hoje, mas creio que desde a redemocratização, o parlamento, por pior que ele fosse e por mais que algumas regiões sejam subrepresentadas, está mais afinado com os anseios populares que o executivo. O parlamento é conservador? A população também é.

Celio De Jesus Ribeiro - O problema não é o parlamento ser conservador; o grande problema do atual parlamento é o seu baixo nível. E seja conservador, ou não, ele não representa adequadamente a população porque a maioria dos votos são efetivados sem o mínimo discernimento. A maior prova disso é que a maioria dos eleitores nem lembra em quem votou para deputados e senador.

Getulio Venancio Junior - Mas nem o executivo eh de alto nível (não estou aqui me referindo a presidente atual, mas todos os outros TB) porque a forma como eles são eleitos é tudo, menos racional. A pulverização dos votos no legislativo pode gerar períodos com idiotocratas no poder, mas a tendência eh tanto eleitores quanto candidatos irem melhorando. Alguém conhece um parlamento ruim mundo afora? (Em países com histórico parlamentarista).

Celio De Jesus Ribeiro - Getulio Venancio Junior, o sistema eleitoral também tem grande importância. O nosso sistema proporcional é ilógico tanto para o parlamentarismo como para o presidencialismo.

Celio De Jesus Ribeiro - Boa noite, Selma Gisolfi, se o eleitor nem lembra em quem votou, é porque votou sem discernimento. Esse tipo de voto é típico de nosso sistema proporcional. Exatamente por isso é que sou favorável ao sistema misto: metade eleito pelo voto distrital e metade pelo proporcional de lista fechada.

Getulio Venancio Junior - Obrigado por corrigir Celio De Jesus Ribeiro, o processo político seria mais impessoal, e com um pouco de sorte, o embate seria entre ideias e não entre pessoas. E dificilmente teríamos essa salada que temos hoje.

Celio De Jesus Ribeiro - Selma Gisolfi, o nosso sistema proporcional induz a este tipo de voto sem discernimento. Não adianta esclarecer de um lado e aparecer um caminhão de candidatos de outro lado. Reitero que é por isso que defendo o sistema misto.

Getulio Venancio Junior - Mas aí teríamos outro problema: como reduzir o número de candidato sem restringir o direito de qualquer cidadão se candidatar?

Celio De Jesus Ribeiro - No sistema distrital, cada distrito elege um parlamentar. E cada partido pode ter um candidato por distrito. No sistema proporcional de lista fechada, vota-se no partido. E tem um limite para o número de candidatos de cada partido. E fica mais fácil para o eleitor escolher.

Selma Gisolfi - Getulio Venancio Junior, eu acho que deveria ter uma prévia daqueles que quisessem se candidatar, aberto pra todos, como você disse. Dos mais votados, sairiam para concorrer. Sei lá, algo assim.

Gilberto Svitek - Gostei da discussão deste post. Parabéns para todos os participantes.

Celio De Jesus Ribeiro - Em primeiro lugar, numa democracia não se pode limitar o número de candidatos. Diante disso, pergunto sobre o que você não entendeu sobre como um sistema eleitoral misto torna a escolha dos eleitores mais simples e com menos nomes a escolher.

Sandro Vaia - Cuba resolveu esse problema: tem 655 candidatos ao parlamento para 655 vagas.

Selma Gisolfi - Eu imaginaria como uma prévia. Todos que querem participar cada um no seu partido por região. Exemplo: candidatos da zona sul de São Paulo. Os mais votados formam uma chapa com os das outras zonas. São esses que representaram a cidade de São Paulo.

Nelson Batista - O parlamentarismo teria menos pessoas, menos tiriricas e menos votos comprados, e, além disso, menos golpistas em Brasília. Menos bons de prosa para os leigos.

Selma Gisolfi - Nelson Batista, mas se acha que antes de fazer uma Reforma Política, daria certo?

Nelson Batista - Não, Selma Gisolfi! Já postei atrás que a reforma política, caso aconteça, tem de ser nos conformes.

Selma Gisolfi - Nelson Batista, não tinha lido, me desculpe! Mas, se for como o PT defende seria melhor?

Nelson Batista - Claro! Selma Gisolfi, minha lindíssima amiga, pelo menos os parlamentares seriam eleitos, como já disse, através da maioria pelo voto responsável, facultativo. E pelo que vejo nos posts dos colegas, os responsáveis são a maioria e a globo perderia o poder de manipulação. Mas, por enquanto, é só utopia.

Celio De Jesus Ribeiro - Selma Gisolfi, a adoção do parlamentarismo seria o principal tópico da reforma política. Também deveria mudar o sistema de votos, e o de minha preferência é o sistema misto, com lista fechada para os votos proporcionais. O PT anda defendendo uma tal reforma política que insiste basicamente na proibição do financiamento privado para as campanhas eleitorais. Propõe algo que é somente de seu interesse mais imediato. Mas precisamos defender uma reforma que seja mais adequada aos interesses da nação como um todo.

Dagmar Vulpi - Para a sequência deste debate será usado o espaço para os comentários das postagens que pode ser acessado no final da postagem, na opção ''comentários'. 

Sobre o Blog

Este é um blog de ideias e notícias. Mas também de literatura, música, humor, boas histórias, bons personagens, boa comida e alguma memória. Este e um canal democrático e apartidário. Não se fundamenta em viés políticos, sejam direcionados para a Esquerda, Centro ou Direita.

Os conteúdos dos textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, e nem sempre traduzem com fidelidade a forma como o autor do blog interpreta aquele tema.

Dag Vulpi

Seguir No Facebook