Partidos também fizeram pressão para
ele deixar comissão
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Manifestantes protestam em frente à Comissão de Direitos Humanos da Câmara |
Após reunião com o líder do PSC,
André Moura, e apelo do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)
para que deixasse a presidência da Comissão de Direitos Humanos, o deputado
Marco Feliciano (PSC-SP) afirmou que continuará no cargo.
“Eu continuo e sou presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos
Deputados”, afirmou ao deixar o gabinete da liderança do partido.
Feliciano é alvo de protestos pelo
país em razão de declarações consideradas homofóbicas e racistas.
Sessão
Nesta
quarta, o deputado entrou no plenário às 14h26 e ocupou a poltrona da
presidência da comissão para a segunda sessão do colegiado. No momento em que
começou a falar, ativistas gritaram palavras de ordem, como “racismo é crime”.
Pressionado a renunciar, Feliciano deixou o local cerca de oito minutos após
abrir uma audiência pública que iria discutir os direitos de portadores de
transtorno mental.
Os manifestantes comemoraram a saída do deputado da sala. Quem assumiu o
comando da comissão foi o Henrique Afonso (PV-AC), autor do requerimento para a
convocação da audiência. Devido ao tumulto, um dos convidados, Aldo Zaiden, do
Ministério da Saúde, deixou a audiência, que foi encerrada em seguida.
O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), conhecido por declarações polêmicas contra
homossexuais, passou a discutir duramente com ativistas sociais no meio do
plenário e teve de ser retirado da sala sob escolta.
Frente
Uma
frente suprapartidária foi criada nesta quarta contra a permanência de
Feliciano na comissão. Parlamentares de vários partidos realizaram um ato
contra Feliciano, num auditório lotado por representantes de entidades. Até o
líder do PT, José Guimarães (CE), que teria participado do acordo que acabou
levando Feliciano para presidir a comissão, criticou o deputado do PSC.
Vídeo motivou pedido de renúncia
O presidente da
Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), reuniu-se na tarde desta
quarta com o líder do PSC, André Moura (SE), para discutir sobre a situação do
deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP).
O vídeo exibido na terça-feira no Twitter de Feliciano, com críticas aos
deputados que se opuseram à sua indicação, foi a gota dágua para Henrique
Alves.
Segundo Moura, o presidente da Câmara fez um apelo para que o deputado renuncie
ao cargo na comissão, voltada à defesa das minorias.
O líder do PSC se comprometeu com Henrique Alves a conversar com o pastor sobre
a possibilidade de ele deixar o comando da comissão, mas Feliciano se recusou a
abandonar o posto.
“O presidente fez um apelo para que a gente converse com o pastor Marco
Feliciano e analise a possibilidade de ele deixar a presidência da comissão.
Vamos cumprir o apelo. Vamos conversar e fazer uma avaliação das manifestações
externas e das ponderações do presidente da Casa”, relatou Moura.
Para Gurgel, deputado não é
"adequado"
Autor da
denúncia de homofobia contra o deputado Marco Feliciano no Supremo Tribunal
Federal (STF), o procurador-geral da República Roberto Gurgel afirmou ontem que
o pastor não está “minimamente indicado” para presidir a Comissão de Direitos
Humanos da Câmara.
Para Gurgel, a saída dele do cargo seria positiva. “É uma pessoa que por sua
história de vida, por sua trajetória, não está minimamente indicado para
presidir uma comissão importantíssima como essa”.
Em janeiro, Feliciano foi denunciado por Gurgel, que considerou homofóbica a
frase do deputado no Twitter: “A podridão dos sentimentos dos homoafetivos
levam ao ódio, ao crime, à rejeição”. Como não há crime de homofobia, o
procurador o enquadrou em crime de discriminação, com pena de um a três anos de
prisão.
O pastor ainda responde por estelionato por ter recebido R$ 13,3 mil para
realizar dois cultos no Rio Grande do Sul, mas não compareceu. Ele foi intimado
ontem pelo STF para prestar depoimento sobre o caso no próximo dia 5 de abril.